terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Fragmentos

As vezes parece que o teto se move...

que a direção do ciclo nunca é a mesma.

Parece, as vezes, que não somos,

mas as coisas ao redor nos fazem.

E, sendo ou não, estamos.

Correndo em direção ao que parece ter brilho...

mosquitos alucinados, chocando-se à lampada acesa

sem pensar se é belo ou morte


Mas.. se luz, por que não o sol?

A recompensa não vale a dificuldade?


Somos o ser que se prende em se soltar

asas em teias de aranha de um voo inexistente

em buscar a liberdade falsa

inventamos nossa própria jaula

esquecemos.. logo tornamos real

assim finalmente presos

insetos grudados na lampada

a luz que cegava é tudo que ainda resta

insólita e escura

insetos grudados na lampada

e os poucos fragmentos de realidade

3 comentários:

Simone Prado Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Simone Prado Ribeiro disse...

Mauri,
Que poesia! Viajei nessas palavras e adorei!
Realmente, o vôo não existe, pois a luz é falsa, mas fascina e cega. E o interessante é que esta mesma "luz" está em todos os lugares...
Jóia essa poesia, me fez lembrar muito uma música do Zé Ramalho, “ A Dança das borboletas” que por sinal é muito interessante e intrigante também a sua interpretação no que concerne a vaidade do homem que , alucinado, só quer “girar” como insetos, mariposas em torno dessa luz diante de uma manipulação.Um grande desencontro....
Legal ler uma poesia como essa... Sem palavras!
Que você consiga ser sempre assim: “o cara que escreve”
Abração.

Lohan Lage Pignone disse...

''Como varizes que vão aumentando, como insetos em volta da lampada... Vamos pedir piedade, Senhor, piedade! Pra essa gente careta e covarde''.
Piedade aos alienados deste mundo.
Mauri, sou seu fã.
Abraços!