quinta-feira, 15 de julho de 2010

The beauty of gray


Meu bem, talvez você não saiba que eu preciso expressar você em textos, fotos e pensamentos. Não é um pedido de permissão, algumas perguntas não pedem resposta, algumas paixões não pedem licença, assim como aquele refrão que não sai da cabeça, feito um disco arranhado.

Hoje a saudade veio tingir meu dia com seu cinza insistente, chuvoso e nublado. As gotas molham a janela, pedindo discretamente para entrar e pelo frio que elas trazem, tenho medo de que o inverno se instale em mim. Sabe, o vermelho do meu cabelo desbotou desde a última vez, uma verdade diante do espelho, dizendo que o tempo também desbota, que a saudade torna tudo mais antigo e faz algo intenso parecer gelo derretido num copo de whisky, altera o gosto...

O tempo é desafiador, te leva para um lugar sem endereço e te deixa à deriva, longe de qualquer realidade, parece testar a resitência da memória. Ainda assim, guardo comigo aquela lembrança de nós dois às três da tarde, a sós em meio a multidão. Em um dia de sol radiante de Maio, teus olhos azuis e meu sorriso de moleca eram a coisa mais linda que havia naquela cidade.

Preciso te dizer que desisti da eloquencia de escrever contos com começo, meio e fim, desisti da poesia rimada, métrica, que cabe perfeita em cada estrofe. Desfiz o frágil laço, cujas pontas ao se cruzarem apontavam diferentes direções, deixei minhas palavras soltas, à espera do seu complexo e definitivo nó, marinheiro. Vou apostar na sorte, ainda que corra o risco de permanecer desatada.

Talvez o tempo não seja nada, talvez tudo termine mesmo em um refrão repetitivo, uma cor desbotada e um copo de whisky. Talvez o tempo se resuma a duas verdades absolutas, você veio e você foi.

4 comentários:

Camila disse...

Pessoal, estou publicando hoje porque minha vida essa semana está uma loucura e eu não pude postar antes. Peço licença então aos autores do dia... Beijos a todos!

Andréa Amaral disse...

A saudade vem e volta. Às vezes ela passa pra nunca mais, às vezes ela passa, agente pensa que será um adeus, mas ela continua voltando e nos perseguindo, mesmo quando nos damos conta, de que a nossa espera e a nossa vontade nunca se concretizarão novamente.

Ana Beatriz Manier disse...

Camila, coisa doída a saudade, e algo frequente em seus textos...
Textos lindos, por sinal.
É mesmo angustiante ficar à deriva, mas às vezes é preciso relaxar e se deixar levar pela correnteza. Só assim vamos conhecer lugares diferentes e surpreendentes, nos conhecer e nos supreender com nós mesmos. Se vamos ou não tomar alguns uísques nessa trajetória, isso depende de cada um. Eu tomo. Vários!!!! Mas nada termina neles. Não mesmo.
Vc escreve maravilhosamente bem. Parabéns.

Ana Beatriz Manier disse...
Este comentário foi removido pelo autor.