sábado, 3 de julho de 2010

Decreto

Alguém desligue o autorama engarrafado
isso vai explodir-se, de qualquer forma
todas as coisas que nos cansam multiplicam-se a nossa volta
Debaixo desse céu avermelhado e ferido
natureza apática e quase morta

deixe que o céu chova quando bem lhe entenda
aceite os pingos no rosto como uma dádiva
você não sabe o quanto precisa disso

decreto o fim da guerra contra o tempo
quebrem-se os ponteiros do relógio
que a partir de hoje,
toda manha de sol seja feriado
a ambição será crime e a pressa, delito.

faça-se o bem mas não só a si mesmo
troque-se a lei pela caridade
rasguem documentos, desfaçam contratos
proclame a liberdade do ser humano.

Um comentário:

Lohan Lage Pignone disse...

Estupendo, incrível!
Mauri, esse foi um dos melhores poemas seus que já li. Meus sinceros parabéns, cara. Ainda mais que eu sou fã desse estilo de poema; linguagem direta, e forte.
Abraços.