quinta-feira, 1 de julho de 2010

Napalm Death



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Caríssimos leitores autorizados,--
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¡É HORA DE SE LIGAR!
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Não, hoje não vou falar de nações e de seus hinos,
mas também não vou falar de música.
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Isso mesmo, não vou falar de música.-Darei (sim) início a uma pequena série de posts (eu diria...) antagônicos ao tema. Pra começar, definir qualquer gênero artístico é sempre o início de um debate infindável. O que é literatura? Pintura, escultura, se artesanato é arte, o que é música?---
Sobre a última pergunta, que comecem já a discussão e fiquem com a questão os amantes ‘disso’. 'Disso', isto é, de qualquer outra coisa que estes mesmos amantes insistem em chamar de música, mas que eu chamo de... Qualquer outra coisa. Quem sabe se conhecendo alguns exemplos de não-música (“qualquer outra coisa”) não cheguemos a uma idéia mais clara do que a música seja. Para isso vamos direto ao testemunho das tribos mais populares que, unidas, integram a Nação dos Não-Música: hoje, senhoras e senhores, é dia de lhes apresentar o clã pelo qual, diga o que quiserem, tenho grande admiração e respeito, sendo que o aprecio ainda mais pela integridade de assumir com certa modéstia sua nacionalidade não-musical do que pelo que produzem de não-música.-Refiro-me a um indivíduo do clã dos Grindcore, estes popularmente conhecidos como Noise Rocks. O indivíduo chama-se Napalm Death.---
Napalm Death é uma banda inglesa de Grindcore, vigorosa, forte, barulhenta sim, mas forte, que eu cismava em catalogar como Death Metal. (normal) Mas o que é Grindcore? É basicamente uma salada de estilos sonoros, todos bastante agressivos. Foi batizado e forjado na metade dos anos oitenta. Deste gênero se originou várias vertentes que acabaram por dar a tudo o que fosse catalogado como Metal a fama de música (?) barulhenta. Exemplo mais clássico: o invariável comentário “Isso não é música. É barulho!” O que considero uma terrível injustiça metonímica, pois dessa forma sempre se vale de uma parte para definir a vastidão do todo. Tentem comparar musicalmente Dream Theater e Napalm, e concluam se Rock Pesado é tudo a mesma coisa mesmo. Além da brutalidade do som, e dos vocais “superprimitivamente” guturais das cavernas, a rapidez quase sobre-humana da batida – metranca – também é uma característica quase que fundamental do Grindcore, típico gênero “ame-o ou odeie-o”. Alguém aí lembrou Sepultura? Sim, a banda mineira foi, assim como tantas outras, influenciada pelo estilo Napalm de fazer barulho (esporro).---

NAPALM
http://www.youtube.com/watch?v=VzmXQY0l5Xs

DREAM THEATER
http://www.youtube.com/watch?v=GcCz21K_MZw&feature=PlayList&p=8D553BCB4A7DBC87&playnext_from=PL&index=0&playnext=1

Agora, por que eu disse que tenho admiração e respeito por esse clã especial dos Não-Música? Porque, independente do som que eles fazem, se gosto ou não (shhhhhh, eu gosto um pouquinho sim... É bárbaro, empolgante), ou por exemplo, se é acessível a ouvidos e estômagos muito específicos, um massacre sonoro no sentido literal, os indivíduos dessa tribo têm com característica principal a Sinceridade.-Certa vez, numa dessas visitas de roqueiro em casa de roqueiro, fui apresentado a um dos primeiros vinis do Napalm. No encarte eis a minha surpresa: impresso nele o desenho de uma placa como as de trânsito, sendo que no meio a figura de um par de notas musicais vinha cortada pela característica faixa vermelha, ou seja, estava assumida de vez a Não-Música! Sim, nós não fazemos música e admitimos isso! Eu achei o máximo!
O segundo motivo pelo qual eu respeito os Napalm, essa tribo dos não-música, e um dos precursores do Grindcore, é porque esse estilo de “qualquer outra coisa” evoluiu (!) Algo que eu duvidava que fosse possível acontecer, até a banda norte-americana Death lançar o álbum Human. Seu líder, Chuck Schuldiner, demonstrou um poder criativo avassalador expresso em três grandes álbuns dessa banda que é um dos maiores expoentes do Death Metal, gênero herdeiro do Grindcore. Chuck trabalhou o que era primitivo e deu ao estilo status de música virtuosa, complexa, de arranjo intricado, tanto que muito poucos músicos conseguem executá-la. Apesar de toda complexidade contida na música dessa trinca de álbuns (Human, Individual Thought Patterns e Simbolic) a banda não perdeu em vigor, na força e no impacto das bases e nos vocais monstruosos, aliás, o único vocal gutural de que realmente gosto (muito).

Mas eu disse que não ia falar de música, ora...
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Então, voltemos aos Não-Música!--
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A verdade é que não dá pra dizer que num disco do Napalm tem um x número de canções, por isso eu dizia sempre ‘faixas’. E a faixa mais rápida da história da indústria fonográfica eu arrisco dizer que é Your Suffer, que está no disco Scum, primeiro do Napalm Death. Your Suffer tem apenas “00:01” segundo de duração. Quando eu ouvi, não tive outra reação: ri, ri e ri de todo aquele primitivismo explícito e sincero.
Não fazemos música, a placa no encarte diz.
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Sinceramente, modestos.

*Stop*

Até a próxima quinta!
Camillo (bárbaro) Landoni

VI.
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2 comentários:

Andréa Amaral disse...

Muito boa essa "convivência" virtual com todas as tribos. Devo admitir que este estilo de "música" realmente não me atrai, mas só quem já foi em um night club do gênero, sabe o quão impregnante é a vibe exercida pelo senso comum...e você entra mesmo na onda.É catársico.
Adorei a aula de hoje. Ainda não deu para ler a anterior (dos hinos), mas foi tão comentada que lerei tbm. Bom findi.

Lohan Lage Pignone disse...

Caraca, 1 segundo?? C ta de brincadeira!!

Essa eu quero ouvir, digo... Dá pra ouvir? rs

Gostei, to curioso pra descobrir esse universo. Vou procurá-lo agora mesmo.

Camillo, a cada semana vc manda melhor. Que texto elucidativo a respeito de música, mesmo quando seja uma NÃO-MÚSICA.
Incrível.
Abração, Lohan.