sábado, 25 de setembro de 2010

O pulmão, o fígado e o cérebro

A fumaça adentra a boca
Passa por entre os dentes
Desce até os pulmões
E retorna pelas narinas

Uma leve pigarreada

A caneta na mão
Escorrega pelo papel

Palavras soltas
Às vezes sem nexo

Mais uma tragada no cigarro
E um trago do uísque

E a caneta continua
A escorregar e parar
Entre um trago e outro
Entre uma tragada e outra

Uma baforada de fumaça
Outra pigarreada

De repente a mente para
A mão para, tudo para
Nenhuma ideia na cabeça

Outro trago do uísque
Mais uma baforada de fumaça

Volta a inspiração
Volta a respiração
A mente volta a pensar
A mão pega na caneta
Que volta a escorregar

3 comentários:

Lohan Lage Pignone disse...

Muito bom, Basilio! Lembrei-me de Vinicius de Moraes, e seus porres homéricos de uísque! rsrs.

Eu não trago a fumaça, mas costumo trazer sempre uma caneta a escorregar pelos meus dedos, a escrever, rs.

Abração!

Ana Beatriz Manier disse...

Que um uisquinho e um cigarrinho ajudam a gente a se soltar, não há dúvida! E, se não houver excessos, por que não lançar mão deles?

Edson Basilio disse...

Vocês notaram que a letra está da cor da fumaça do cigarro?