quinta-feira, 26 de julho de 2012

Comentários e Notas da 5ª etapa: Fatos do ano do Nascimento


APRESENTAÇÃO:



Jurados Oficiais: Afonso Henriques Neto, Ronaldo Cagiano, Paulo Fodra e Tânia Tiburzio.



Jurados Convidados: Nilto Maciel, Ludmila Maurer, Marcos Bassini, Henry Alfred Bugalho e Rodrigo Octavio.



Bem-vindos a mais uma etapa de resultados! Muita tensão no ar. E, como vocês leram acima, muitos jurados convidados também, prestigiando o nosso concurso. Ao todo, são nove jurados nesta etapa. Nove opiniões sobre os grandes poemas desta etapa. Entre os convidados, temos os escritores Nilto Maciel e Ludmila Maurer, que, no ano passado, foram jurados oficiais no I Concurso de Poesia Autores S/A. Nilto Maciel era o mais temido dos jurados pelos seus comentários diretos, sem rodeios. Já Ludmila, a madrinha do concurso, foi eleita a jurada mais querida entre os poetas, sempre à caça das famosas ‘armadilhas do diabo’ nos poemas. Também estamos recebendo Marcos Bassini, músico e poeta; Rodrigo Octavio, poeta e grande difusor da poesia através do reconhecido concurso de poesia Poesiarte; e, por fim, o escritor e editor Henry Alfred Bugalho, o qual edita a famosa revista virtual Samizdat. Henry merece nossa imensa gratidão também por ter fechado um acordo com a organização do concurso. Novidade para os poetas:



OS 4 PRIMEIROS COLOCADOS AO TÉRMINO DO CONCURSO TERÃO PUBLICADOS UM (01) POEMA CADA, NA EDIÇÃO DE SETEMBRO DA REVISTA SAMIZDAT. OBS: OS POEMAS, QUE VIRÃO DAS FASES FINAIS DO CONCURSO, SERÃO ESCOLHIDOS PELA ORGANIZAÇÃO E PELO PRÓPRIO HENRY.



Que grande premiação, não? Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre eles:



                                               LUDMILA MAURER



Ludmila Maurer é pós-graduada em Leitura e Produção Textual de especificidade em Sintaxe e Estilo na Produção Textual, Leitura, Escrita e Cognição, Linguística Textual, Abordagem Semiótica do Texto , Argumentação, Análise do Discurso e Formação do Leitor. Tem participações em: Projeto de Pesquisa Científica na área de Língua e Literatura Clássica; Grupo de Resenha para criação de sinopses de clássicos da Literatura;

Mesa Redonda “Homero e a poesia épica” da Semana de Letras da Universidade Estácio de Sá; Seminário Tendências da Literatura Brasileira Contemporânea, na ABL, com foco em Memórias: o gênero que não envelhece; I Seminário de Leitura e Produção Textual e Produção Editorial na Universidade Estácio de Sá – campus Rio de Janeiro; Palestrante na Semana de Letras da Universidade Estácio de Sá; Autora do livro Máximas da Modernidade Tardia – um convite à reflexão, com lançamento nacional na Bienal Internacional do livro de São Paulo (2010), de temática sobre a condição humana na hipermodernidade; Publicação do artigo Discurso de uma Identidade em Littera Discenti em Revista, revista semestral da Universidade Estácio de Sá; Palestrante sobre Leitura e Compreensão dos Sentidos do Texto na Universidade Estácio de Sá – campus Nova Friburgo; Ouvinte do Mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – tendo optado em 2012 pela continuidade de mestrado na área de Letras; Jurada Oficial no I Concurso Poesia Autores S/A; Publicação do artigo Nem sempre é amor, uma avaliação do Sertanejo Universitário sob a Teoria da Análise do Discurso, na Littera Discenti em Revista, revista semestral da Universidade Estácio de Sá. Em 2012, participará do IV Colóquio de Semiótica (IV COLSEMI- 2012), Rio de Janeiro, com o trabalho “Semiótica e ensino em Adélia Prado”, escreve biografia romanceada enquanto ghost-writer para empresário da cidade de Nova Friburgo com lançamento agendado para 2014 e mantém-se na diretoria do site: www.nofiodapalavra.com.br .



Lohan: Olá, Ludmila! É um prazer te receber aqui no Autores S/A, a madrinha deste concurso de poesia! Você que, no ano passado, foi eleita a jurada mais querida entre os poetas da competição, diga-nos: você sempre alertava aos poetas em relação às famosas 'armadilhas do diabo'. O que seriam as armadilhas do diabo no poema e como evitá-las?



Ludmila: Armadilha do diabo é o eu-lírico ser falado e não falar enquanto sujeito: é permanecer no lugar comum, que significa trazer o já dito, sem a reinvenção peculiar à poesia.





MARCOS BASSINI



Marcos Bassini é redator, compositor e vocalista de uma banda que mistura rock e samba, o Mané Sagaz.



Lohan: Olá, caro Marcos! É um prazer te receber no Autores S/A. Você é músico e poeta, dois segmentos artísticos que entram em comunhão. De onde nascem suas composições, sejam elas músicas ou poesias? E em relação à poesia: o que um poema deve ter/ser para ser considerado um poema nota 10, na sua concepção?



Marcos: As composições nascem, na maioria das vezes, de um fragmento de música que vem à cabeça, acompanhado de uma frase que - também na maioria das vezes - pode não fazer sentido. Compor é buscar um sentido àquela frase, ainda que ela desapareça da música, depois de pronta. Um poema nota 10 é aquele que estimula o riso e a reflexão. O grande poeta é irônico e, muitas vezes, debochado. Finge que sendo dramático. Drummond e Shakespeare, por exemplo, eram/são humoristas geniais.



HENRY ALFRED BUGALHO



Henry Alfred Bugalho é curitibano, formado em Filosofia pela UFPR, com ênfase em Estética. Especialista em Literatura e História. Autor dos romances “O Canto do Peregrino” (Editora Com-Arte/USP), "O Covil dos Inocentes", "O Rei dos Judeus", da novela "O Homem Pós-Histórico", e de duas coletâneas de contos. Editor da Revista SAMIZDAT e fundador da Oficina Editora. Autor do livro best-selling “Guia Nova York para Mãos-de-Vaca”, cidade na qual morou por 4 anos, e do "Curso de Introdução à Fotografia do Cala a Boca e Clica!". Após uma temporada de um ano e meio em Buenos Aires, está baseado, atualmente, na Itália, com sua esposa Denise e Bia, sua cachorrinha. Site:
http://www.henrybugalho.com/



Lohan: Olá, Henry. É um prazer recebê-lo no Autores S/A! Você é editor de uma famosa revista virtual, a Samizdat, que preza pelas artes, em geral, sobretudo pela literatura. A Revista, inclusive, premiará os 4 primeiros colocados com a publicação de um poema de cada um deles na edição de setembro. Como nasceu esta iniciativa da Samizdat, caro Henry? E o que você acha sobre a realização de concursos literários, como este? Você crê que as competições são válidas para o reconhecimento e para a divulgação dos poetas?



Henry: A Revista SAMIZDAT foi a terceira etapa de um processo de aperfeiçoamento literário que se iniciou em 2005, na comunidade virtual "Escritores - Teoria Literária" e, posteriormente, na oficina literária virtual "Oficina da E-TL". O grupo inicial de autores da Revista SAMIZDAT era composto por membros desta oficina literária, mas, com o transcorrer dos meses, passamos a receber contribuições espontâneas de outros autores que, aos poucos, também foram incorporados à equipe fixa da revista. Hoje, somos 26 autores fixos, inúmeros colaboradores externos, quase mil textos publicados no blog e 34 edições da revista digital, tendo recebido centenas de milhares de leitores nestes anos de publicação. E estamos sempre abertos para novos talentos que desejem participar das nossas edições digitais. Eu possuo uma relação bastante conflituosa com concursos literários. Por um lado, acredito que seja uma maneira para um autor em ascensão adquirir visibilidade, conquistar credibilidade e leitores. Por outro lado, a maioria dos concursos não possui transparência, com resultados escusos, com visível apadrinhamento. No final das contas, cabe ao autor pesquisar a idoneidade dos concursos do qual participa, para não acabar com a sensação de ter sido passado para trás. Todavia, também reconheço que todos nós já nos sentimos injustiçados um dia por causa de um resultado desfavorável num concurso...





Lohan: Caro Henry, diga-nos: o que, na sua concepção, um poema deve ter/ser para receber a sua nota 10? O que deve prevalecer em um poema e qual o conselho que você deixa a todos os 12 poetas dessa competição?



Henry: A poesia, assim como qualquer outro gênero literário, precisa tocar fundo, abalar e comover o leitor. E por mais que existam teorias e teorias, e toda sorte de conjeturas estéticas, a recepção de uma obra de Arte é muito subjetiva, e também determinada por fatores históricos, sociais, geográficos e, às vezes, até políticos. O que apraz um chinês pode não ser o que agrade um brasileiro, e o que era belo na Era Vitoriana talvez não seja tão interessante hoje. Assim, um poema nota dez para mim, que reverbere em minha mente, talvez não tenha o mesmo efeito em outra pessoa. E penso que isto é o mais deslumbrante sobre a Arte e a Literatura, esta capacidade de causar diferentes sensações, de criar polêmica, de escandalizar, de instaurar estranhamento e de afetar a cada um de nós de maneiras particulares. Por isto, não acho que um aspecto deva ter a primazia num poema, excetuando obviamente uma utilização excepcional e criativa da palavra. Um poema pode ser épico, trágico, lírico, de vanguarda, mas o que diferenciará um bom poema de um medíocre será, acima de tudo, a capacidade do poeta de traduzir em palavras preocupações e anseios íntimos de todos nós seres humanos. Se eu pudesse dar um conselho aos poetas - ah, quisera eu estar em condições de dar conselhos! -, acredito que qualquer escritor deveria ser sempre fiel ao que acredita, escrevendo sobre temas o agradem, num estilo que lhe diga respeito. A meta de qualquer escritor deveria ser a de escrever livros que ele gostaria de ter lido e que ninguém jamais ousou escrever até aquele momento. Escrever poesia em nossos tempos é - nesta época de faroeste digital, quando tudo é permitido e tudo é possível - para os audaciosos ou para os ingênuos, e a diferenciação ocorrerá justamente ao se pesar a convicção e o comprometimento, entre aqueles que extraem os versos de seu sangue, sofrimento e angústias e aqueles que foram tomados pela ilusão da facilidade do fazer poético. Hoje, qualquer um pode se proclamar escritor, mas, como desde sempre, são poucos os que podem bater no peito e afirmar, sem hesitação, que vivem a escrita. Não há evidentemente espaço suficiente nas galerias da História da Literatura para recordar todos os poetas talentosos e comprometidos, mas não é só de louros vindouros que nos alimentamos, mas principalmente da certeza íntima que fizemos o melhor de nossas forças, com a maior honestidade do nosso labor criativo, num diálogo silencioso e terno com os nossos leitores invisíveis.



NILTO MACIEL



Nilto Maciel nasceu em Baturité, Ceará, em 1945. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará em 70. Criou, em 76, com outros escritores, a revista O Saco. Mudou-se para Brasília em 77, tendo trabalhado na Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal e Tribunal de Justiça do DF. Regressou a Fortaleza em 2002. Editor da revista Literatura desde 91. Obteve primeiro lugar em alguns concursos literários nacionais e estaduais: Secretaria de Cultura e Desporto do Ceará, 1981, com o livro de contos Tempos de Mula Preta; Secretaria de Cultura e Desporto do Ceará, 1986, com o livro de contos Punhalzinho Cravado de Ódio; “Brasília de Literatura”, 90, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Distrito Federal, com A Última Noite de Helena; “Graciliano Ramos”, 92/93, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Estado de Alagoas, com Os Luzeiros do Mundo; “Cruz e Sousa”, 96, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Estado de Santa Catarina, com A Rosa Gótica; VI Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 1996, Fundação Cultural de Fortaleza, CE, com o conto “Apontamentos Para Um Ensaio”; “Bolsa Brasília de Produção Literária”, 98, categoria conto, com o livro Pescoço de Girafa na Poeira; "Eça de Queiroz", 99, categoria novela, União Brasileira de Escritores, Rio de Janeiro, com o livro Vasto Abismo. Organizou, com Glauco Mattoso, Queda de Braço – Uma Antologia do Conto Marginal (Rio de Janeiro/Fortaleza, 1977). Participa de diversas coletâneas, entre elas Quartas Histórias – Contos Baseados em Narrativas de Guimarães Rosa, org. por Rinaldo de Fernandes (Ed. Garamond, Rio de Janeiro, 2006); 15 Cuentos Brasileros/15 Contos Brasileiros, edición bilingüe español-portugués, org. por Nelson de Oliveira e tradução de Federico Lavezzo (Córdoba, Argentina, Editorial Comunicarte, 2007); e Capitu Mandou Flores, org. por Rinaldo de Fernandes (Geração Editorial, São Paulo, 2008). Tem contos e poemas publicados em esperanto, espanhol, italiano e francês. O Cabra que Virou Bode foi transposto para a tela (vídeo), pelo cineasta Clébio Ribeiro, em 1993.



Livros publicados:

- Itinerário, contos, 1.ª ed. 1974, ed. do Autor, Fortaleza, CE; 2.ª ed. 1990, João Scortecci Editora, São Paulo, SP.

- Tempos de Mula Preta, contos, 1.ª ed. 1981, Secretaria da Cultura do Ceará; 2.ª ed. 2000, Papel Virtual Editora, Rio de Janeiro, RJ.

- A Guerra da Donzela, novela, l.ª ed. 1982, 2.ª ed. 1984, 3.ªed. 1985, Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, RS.

- Punhalzinho Cravado de Ódio, contos, 1986, Secretaria da Cultura do Ceará.

- Estaca Zero, romance, 1987, Edicon, São Paulo, SP.

- Os Guerreiros de Monte-Mor, romance, 1988, Editora Contexto, São Paulo, SP.

- O Cabra que Virou Bode, romance, 1.ª ed. 1991, 2.ª ed. 1992, 3.ª ed. 1995, 4.ª ed. 1996, Editora Atual, São Paulo, SP.

- As Insolentes Patas do Cão, contos, 1991, João Scortecci Editora, São Paulo, SP.

- Os Varões de Palma, romance, 1994, Editora Códice, Brasília.

- Navegador, poemas, 1996, Editora Códice, Brasília.

- Babel, contos, 1997, Editora Códice, Brasília.

- A Rosa Gótica, romance, 1.ª ed. 1997, Fundação Catarinense de  Cultura, Florianópolis, SC (Prêmio Cruz e Sousa, 1996), 2.ª ed. 2002, Thesaurus Editora, Brasília, DF.

- Vasto Abismo, novelas, 1998, Ed. Códice, Brasília.

- Pescoço de Girafa na Poeira, contos, 1999, Secretaria de Cultura do Distrito Federal/Bárbara Bela Editora Gráfica, Brasília.

- A Última Noite de Helena, romance, 2003. Editora Komedi, Campinas, SP.

- Os Luzeiros do Mundo, romance, 2005. Editora Códice, Fortaleza, CE.

Panorama do Conto Cearense, ensaio, 2005. Editora Códice, Fortaleza, CE.

- A Leste da Morte, contos, 2006. Editora Bestiário, Porto Alegre, RS.

- Carnavalha, romance, 2007. Bestiário, Porto Alegre, RS.

- Contistas do Ceará: D’A Quinzena ao Caos Portátil, ensaio, 2008. Imprece, Fortaleza, CE.



Lohan: Olá, caro Nilto Maciel. É sempre um prazer te receber nesse concurso. Você é considerado o padrinho do Concurso de Poesia Autores S/A por ter sido um dos jurados oficiais do ano passado e, neste ano, ter auxiliado nas fases de pré-seleção e agora, nesta etapa, como jurado convidado. Nilto, em relação ao concurso de poesia do ano passado, o que mudou na 'cara' desse concurso (quanto à qualidade dos poetas, etc.)? E, na sua concepção, o que um poema carece ter/ser para receber a sua nota 10?



Nilto: Como agora não li tudo (desde o início), como o fiz da vez anterior, não tenho como comprar um concurso com outro. Pelo visto ontem, o nível continua mediano. Nenhum grande poeta apareceu. Nem aparecerá. Porque os bons não participam de concursos "pequenos". Desculpe se o ofendo. Um poema para ser considerado bom ou ótimo precisa ser como o "Opiário". Se não estou sendo claro, direi o que se tem dito desde que a onça foi beber água: o poema precisa tocar o leitor (ser entendido); precisa ser novo, mesmo que aborde o mais trivial assunto; há de ter cadência (sem necessidade de os versos terem a mesma medida), ritmo; o vocabulário será objetivo (a metáfora está na frase, no enunciado e não nas palavras em si). Além disso, só escrevendo e lendo para saber o que é bom e o que ruim. Poesia é como doce: para saber o sabor, é preciso levar à boca. No caso do poema, aos olhos ou aos ouvidos. O leitor não precisa comer o poema. Se comer, não sentirá o sabor. Porque comerá papel.



RODRIGO OCTAVIO


Rodrigo Octavio é Poeta, Professor de Língua Portuguesa, Literatura e Téc. de Redação; Palestrante; Ministra oficinas voltadas para Valores Humanos, Ética & Cidadania, Poesia, Literatura Regional, etc. Pesquisador sobre cultura local. Ativista cultural. É Presidente e Membro da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo/RJ. Membro da Academia de Artes de Cabo Frio/RJ. Membro Correspondente da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba Grande/RJ. Cônsul pelos Poetas Del mundo em Cabo Frio/RJ (entidade do Chile). Conselheiro Islâmico de Assuntos Shiita do Centro Estudantil Árabe Iman Ali de São Paulo/SP. Conselheiro de Assuntos Sociais e Culturais Afro-Brasileiro pela FTABH de São Paulo/SP (Faculdade de Teologia Afro Brasileira e Holística Livre).  Membro Correspondente da Academia Barramendense de Letras de Barra do Mendes/BA. Membro Correspondente da Academia Itapirense de Letras de Itapira/SP. Membro Correspondente da Academia de Ciências, Letras e Artes de Minas Gerais – Sede Manhuaçu/MG. Membro Correspondente da Academia de Letras e Artes de Valparaíso do Chile. Membro Honorário da Academia Cabo-friense de Letras. Membro Honorário da Academia Marataizense de Letras. Organizador do “Poesiarte”.


Lohan: Olá, caro Rodrigo. É um prazer recebê-lo aqui no Autores S/A. Rodrigo, você é um dos organizadores de um grande concurso de poesia, o ''Poesiarte''. Como nasceu essa iniciativa do Poesiarte e quais são os fatores positivos que um concurso pode trazer para a poesia e para os poetas?



Rodrigo: O PROJETO POESIARTE nasceu em 2002 como intuito de promover a poesia nas escolas. Comecei numa escola pública na zona rural, depois fiz em diversas outras na Região dos Lagos no Estado do Rio de Janeiro. O projeto cresceu. Foi criado em 2007 o GRUPO PROCESSO DE POESIA, que durou 3 anos. O CONCURSO POESIARTE sai das escolas e se torna de âmbito nacional e internacional. Nasce o blog POESIARTE e periféricos. Este é um resumo deste projeto, que em setembro completará 10 anos com o lançamento do meu livro intitulado POESIARTE. O projeto tem como principal objetivo em divulgar a poesia e também entregando arte através de suas iniciativas. Parceiros é que não faltam desde o nascimento deste projeto e claro sempre sendo transparente para sua credibilidade.



Lohan: E, pra finalizar: o que um poema deve ter/ser para receber a sua nota 10? O que deve prevalecer no poema?



Rodrigo: O poema deve ter um bom vocabulário, ter um bom jogo de palavras (conotação), uma boa intertextualidade, ritmo e criatividade.  O poema só é poesia se tiver a magia das palavras bem trabalhadas, ou seja, saber utilizar as figuras de linguagem é de suma importância para o poema ser POESIARTE.



NOTAS E COMENTÁRIOS DA 5º ETAPA – FATO DO ANO DO NASCIMENTO DO POETA



Pseudônimo: Gaspar

Título: A Morte que amava Stalin

Ano do nascimento: 1953



Afonso Henriques:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: O poeta consegue passar para o leitor certa atmosfera da era stalinista. Gostei principalmente do trecho “bem no fundo a cova aberta: / fica o cheiro do teu rastro / como um dano permanente”. Pois foi, na verdade, uma época de “dano permanente”, e isto poderia ter sido enfatizado com mais força.





Ronaldo Cagiano:                                       

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Poema criativo, que faz uma analogia, com inflexão crítica e metafórica, entre a morte do ditador russo, coincidente com o ano do nascimento do poeta.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Belo poema, com imagens fortes. Senti falta, porém, de um diálogo mais consistente com o tema. O texto ficou muito atemporal.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Não gostei, poema muito longo e com formas muito conhecidas.



Nilto Maciel:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Apesar de ser poema político, os versos são bem elaborados. O poeta não se perde em defesas ou ataques, não ergue bandeiras, não blasfema, não grita, não berra. Drummond escreveu assim também (na defesa de Stalingrado). Ironia?



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: Se a morte condoesse-se, chega a seu fim? Está mais para a oposição ao verbo escolhido (enternecer), pois no nível da expressividade o sujeito (morte) mostra-se fiel a seu propósito quando “desliza a eternidade nos bigodes de barata, da fome tua (dela) carcomida”. Cabe ao poema a boa associação entre a oposição morte/nascimento.



Marcos Bassini:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Gosto da mudança de tom, da melancolia que conduz o poema até a virada, sob a ótica de quem observa de perto os vermes.



Henry Alfred:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Um poema bem executado. Interessante a descrição da chegada a Morte, que não poupa governantes, generais nem trabalhadores. A epígrafe de Ossip Mandelstein prestou um desfavor ao poema, pois quando o poeta resolve se munir de expressões como "montanheiro", "bigodes de barata" e "dedos de verme gordo" (em referência a "dedos gordurosos como vermina gorda"), penso que priva-lhe boa parte do impacto e da originalidade. Por outro lado, os versos: "toda a natureza é morta/ - o degelo vem depois" são de uma beleza ímpar.



Rodrigo Octavio:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Trabalhou bem a temática e usou bem a conotação, contando em versos fatos de uma história.







Pseudônimo: Lune

Título: Eu, Cabíria

Ano do nascimento: 1957



Afonso Henriques:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: O poema flui com espontaneidade. A “trapaça / felicidade” é um bom fecho.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Relacionando o ano do nascimento com fatos que marcaram o cenário mundial na mesma época, como o filme de Fellini e a cadela que foi à lua, o autor realiza um trânsito entre duas realidades oníricas.



Paulo Fodra:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: A autora conseguiu usar os fatos ligados ao seu ano para construir imagens poéticas mais atemporais, que usou para destacar o ponto que escolheu trabalhar. O resultado é um poema forte, coeso e muito interessante.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Bonito, o poeta escolheu muito bem as palavras. Gosto muito do som do poema. Bom de ler.





Nilto Maciel:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: De outra linhagem, este poema faz um passeio pelo mundo de 1957: Tom Jobim, Sputnik, Fellini, etc. Sim, buscamos todos a mesma trapaça. Ou a mesma ilusão. Na música, no cinema, no espaço. O poeta não se perde em descrições ou narrações. Apenas toca levemente a flauta do verbo. Como se fosse vento. 



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: Boa a ideia antitética dos versos 11 e 15 que mantém a lógica discursiva. O poema perde-se no fim, pois que “felicidade” não encerra as ideias contidas em “os traços do arquiteto” e “estertor de Laika”.



Marcos Bassini:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Belo poema, apesar da frase “e trepam com a mentira das possibilidades”.



Henry Alfred:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: A poetisa optou por inspirar-se numa obra cinematográfica de Fellini, atendo-se aos sentimentos e frustrações da protagonista. Apesar de sua beleza, é um poema mais duro, repleto de desalento e frustração, que fica evidente nos últimos seis versos: "que ainda não sabem/não se deram conta/que buscamos/todos/a mesma trapaça/: felicidade".

A própria escolha por versos curtos, alguns com uma única palavra, ressalta a vida difícil, ainda que cheia de esperança, de Cabíria. Já os versos iniciais, apesar de atuarem como uma introdução e ambientação, estão um pouco em desacordo com o tom geral do poema.



Rodrigo Octavio:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Bom poema. Usou bem o recurso da conotação, que ajudou bem ao poema ter um ritmo moderno e intrigante.





Pseudônimo: Dersu Uzala

Título: declaração dos direitos das crianças

Ano do nascimento: 1959



Afonso Henriques:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: O poema está em demasia “prosaico”. É quase uma crônica sobre os direitos da criança. “Trânsito” tem acento.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: O poeta se utiliza do fato de seu nascimento para questionar outras vidas sem-vida, numa postura crítica que alimenta seu poema e articula uma preocupação estética com o destino da humanidade.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Poema-manifesto, que resvala no tom panfletário ao abordar o fato escolhido. O resultado obtido, embora coerente, não alcançou grande vigor poético, se aproximando do prosaísmo.



Tânia Tiburzio:

Nota: 9,5

Comentário: o poema pode se referir a qualquer ano, muito genérico.



Nilto Maciel:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Este poema me pareceu mais gritado do que os anteriores. O assunto é muito sério, mas nem sempre a seriedade de um assunto pode levar à poesia. O título do poema não condiz com os versos.



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: Bom se poder atualizar o que nunca esteve adequado aos dias: os direitos. Bom o título contraditório à narrativa, que emerge da constatação da necessidade de reconhecimento de algo já decretado.



Marcos Bassini:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: Lembra a prosa, o que não diminui em nada o valor do poema, mas tropeça um pouquinho em frases como “sob o patrocínio da ausência de ações”.



Henry Alfred:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Este poema caminha em terreno arenoso, pois não é fácil abordar um tema como a exploração infantil sem soar panfletário. Não penso que o autor tenha conseguido se livrar da defesa explícita de uma tese, inclusive a própria seleção da "declaração dos direitos das crianças" já parece ser uma bandeira erguida. Alguns versos como "quantas crianças/serão assassinadas nesta manhã?" ou "quase três milhões de crianças/exploradas de todas as maneiras" lembraram-me bastante a poesia chinesa do período revolucionário. Por mais correta que seja uma causa, faltou um pouco de sutileza na abordagem do tema, um pouco mais de lirismo, de poeticidade. Uma revisão mais cuidadosa também evitaria alguns poucos errinhos ortográficos que passaram.





Rodrigo Octavio:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: O texto está de acordo com a temática, mas falta conotação e criatividade.  O vocábulo “trânsito” encontra-se sem acento. Um erro também primário e de falta de atenção!






Pseudônimo: Per-Verso

Título: Manchete Morna

Ano do nascimento: 1963



Afonso Henriques:

NOTA: 9.3

COMENTÁRIO: O poema inicia recordando Drummond, mas a força poética não se sustenta ao longo dele. É necessário repensá-lo.





Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: O poeta pretendeu fazer um diálogo com a poética drummondiana ao estabelecer um vínculo entre seu nascimento e a vida de paradoxos e impossibilidades.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: A terceira e a quarta estrofes desse poema são simplesmente perfeitas, um ótimo trabalho de resgate poético dos fatos. No entanto, a ligação da criança com os fatos precisaria ser melhor trabalhada, pois soa frágil ante a colossal imponência das estrofes que destaquei.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Muito bom, leve, bem humorado, simples na forma. Bom de ler.



Nilto Maciel:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Ainda político, mas já sem muito grito, como o poema anterior, o das crianças abandonadas. A louvação de Kennedy pode parecer saudosismo de estadunidense. Há momentos de pura poesia, como nas três primeiras estrofes.



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: O poema inicia-se no lugar comum, crescendo ao longo, porém, da associação entre os sujeitos (JFK/poeta), fica o desfecho incompreensível em sentido.



Marcos Bassini:

NOTA: 9,1

COMENTÁRIO: Um certo excesso de referências a Drummond e rimas, especialmente as terminadas em “ão”.





Henry Alfred:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Este poema pode ser facilmente dividido em duas partes: 1 - o poeta apresenta-se em seu nascimento, repleto de amor e com muita vida pela frente e 2 - o assassinato de Kennedy em Dallas. Inclusive, estas partes são tão independentes que quase poderiam ser consideradas como dois poemas fechados por si só. Os versos de transição "Das grandes insignificâncias é que se faz o mundo/Do alfinete que fura fralda do menino,/Ao artefato fatal que fura o ar, destrói destinos" é um salto tão significativo que soa forçado. Qual é a relação entre o bebê que nasce em 1963 e o assassinato de um presidente? Isto não fica bem evidenciado Por fim, a referência inicial ao "Poema de sete faces" de Drummond, publicado em 1930, causa ainda um pouco mais de confusão, pois pode passar a impressão que este poema faria parte da produção drummondiana da década de 60.





Rodrigo Octavio:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: O texto está de acordo com a temática, mas falta conotação e criatividade.  O autor abusou demais do uso de termos e até de fragmentos de versos do poeta Carlos Drummond de Andrade.  Isto se encontra nos versos 2 e 3 da primeira estrofe: “Não vim com soluções, nem com rimas, pois nem me chamo Raimundo/O mundo, o vasto mundo, há muito mais de mil acontecia...”/ O texto em si faltou identidade própria!





Pseudônimo: Barolo

Título: Ufanismo

Ano do nascimento: 1965



Afonso Henriques:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: Aqui também temos um poema que enfatiza o “prosaico” em detrimento de boas/fortes imagens poéticas.





Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Nascido após o golpe de 64, o autor utilizou-se do mesmo tom ufanista e conclamatório da ditadura, com suas palavras de ordem, o que comprometeu o poema, que poderia até ter se utilizado dessa glosa, mas com intuito crítico. 



Paulo Fodra:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Gosto do fim abrupto do poema, que apenas sugere uma ideia de futuro. Afinal, todos sabemos como essa história realmente acabou. E é aí que reside toda a graça desse poema que, em seu decorrer é bastante lugar-comum em termos poéticos, ainda mais depois do preâmbulo didático. O recurso é interessante para situar fatos e contextos, mas ele enfraquece o texto à medida que o poema segue, literalmente, seu roteiro.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Muito bom. Lembra muito uma música da banda Legião Urbana: o tema, a forma.







Nilto Maciel:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: Pode ser lamentável ter nascido em 1965. Como só pode ser um lamento lembrar o Brasil daquele ano.



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: A leitura do poema, feita através da isotopia (campo semântico que deflagra perspectivas de leituras) do ufanismo, revela tentativas otimistas do sujeito, dez ao todo, contra a declaração negativa do que existe no país, oito ao todo. Logo, o chamamento do eu-lírico (“Vamos”) tem sentido porque os fatos negativos constatados têm perspectivas de mudança, porém o poema, assim como todos os outros, não aliviou o lugar-comum.



Marcos Bassini:

NOTA: 9,1

COMENTÁRIO: Sim, é o pensamento vigente dos partidários do Golpe. Mas tenho dúvidas se, sem a epígrafe, que explica o que acontecia na época, o poema se sustenta.



Henry Alfred:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Este é um poema que incomoda. Primeiro, porque é daquela estirpe de obras panfletárias (às avessas). O próprio título é a contradição do poema, enquanto o poema é a contradição da realidade. Num tom positivista, típico das instituições governamentais brasileiras, ele apresenta todas as esperança para um futuro melhor que nós brasileiros desde sempre alimentamos. "A Terra do Futuro", jamais do presente. Em segundo lugar, o poema incomoda ao apresentar nossas próprias falhas enquanto nação e cidadãos, a nossa alienação política e cultural, e também a nossa própria ignorância sobre nossa História. Enquanto que a nota introdutória contribui para a compreensão do poema, por outro lado delimita a interpretação do texto. Na ausência desta nota, a leitura seria muito mais ambígua e, justamente por isto, também mais rica, pois obrigaria o leitor a refletir sobre a intenção da obra, apesar de o título "Ufanismo" já deixar isto bastante explícito. Talvez tenha faltado um pouco de trabalho sobre a linguagem, demasiadamente simplificada, o que, no entanto, deixa a leitura leve e ágil, sem muitas pirotecnias estilísticas.



Rodrigo Octavio:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Faltou criatividade, vocabulário e conotação. O texto só está de acordo com o tema.





Pseudônimo: João Saramica

Título: Reacionários de Todo o Mundo, Uni-vos!

Ano do nascimento: 1968



Afonso Henriques:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Este poema já apresenta um desejo maior na direção de boas imagens poéticas, mas ainda resvala bastante para o campo da prosa.





Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Influenciado pela mitologia do ano de 68, o autor tangencia os fatos que marcaram aqueles anos de chumbo no Brasil, e libertários no mundo, com certo grau de criatividade e jogo de palavras e anagrama interessantes.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: Poema excessivamente descritivo e bidimensional, tendendo ao prosaísmo. Abordagem em tom panfletário compromete muito o efeito.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Queria eu ter nascido em 1968 e poder escrever um poema como este. Parabéns!



Nilto Maciel:

NOTA: 9,1

COMENTÁRIO: A maioria dos poemas deste bloco se assenta em temas políticos. O que não é bom para a poesia. Expressões como “socialismo reacionário” e “bota stalinista” soam como antipoesia.



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: Válido o quiasmo apresentado pelo sujeito em “A imaginação no poder / é estancada, no poder da intervenção”.



Marcos Bassini:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: Apesar de alguns trocadilhos (AInda 5 formas de mordaça), usa de forma inteligente a referência às revoluções modernas, iniciadas via teclado do computador (e se decreta: _ É permitido proibir!)



Henry Alfred:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: 68 foi um período bastante turbulento, de revolta e protesto, e também de sonhos estilhaçados. O autor foi capaz de entrelaçar vários eventos desta época, como a Primavera de Praga e a crise do socialismo. A referência à peça de Chico Buarque, alvo da censura e da invasão do CCC, foi muito pertinente. Por fim, o assassinato de Martin Luther King Jr. está bem costurado, criando uma obra coesa e bem elaborada. Este poema consegue expressar muito bem este clima de transformação, de fim de todas as utopias, tanto no Brasil, com o AI-5 (o verso "havendo AInda 5 formas de mordaça." é brilhante e incômodo, ao mesmo tempo), quanto na França e EUA.



Rodrigo Octavio:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: O poema é bom. O autor só deve melhorar o seu vocabulário. Faz uma boa intertextualidade.





Pseudônimo: Anna Lisboa

Título: Yesterday (há de ser outro dia)

Ano do nascimento: 1970



Afonso Henriques:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: A poeta mantém o seu modo muito próprio de construir o poema, e isto é o que mais me chama a atenção (pois “estilo” é fundamental). Há humor, acidez e boas construções.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Poema criativo e ousado, tanto na linguagem e na forma, em que o autor estabelece uma interface crítica com os movimentos políticos, artísticos e sociais em curso nem 1970.



Paulo Fodra:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Se nos temas passados a autora foi prejudicada pelo seu estilo em “colcha de retalho”, neste, ela deitou e rolou. O tema vestiu como uma luva o seu estilo prolífico e caótico, fornecendo-lhe o fio condutor necessário para alinhavar e elevar seus belos jogos de palavras à máxima potência. Se ela souber repetir nas próximas semanas o mesmo tipo de efeito que conseguiu aqui, será uma concorrente muito difícil de bater.



Tânia Tiburzio:

Nota: 9,5

COMENTÁRIO: Achei muito confuso, talvez seja o ano, talvez seja o poeta. Muita informação e o leitor se perde.







Nilto Maciel:

NOTA: 9,1

COMENTÁRIO: Repito parte do comentário do poema anterior (o do socialismo). Não deixa de ser uma “crônica” inteligente e mordaz.



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: O poema é conduzido pela ideia central dos anos 70, que registra um dos anos mais tensos da história do Brasil e do próprio regime militar implantado em 1974, e a conquista da copa e da taça Jules Rimet. O título traz ainda a banda Beatles e sua projeção/finalização (“Exilavam-se os sonhos / os de vinil”; “Os besouros não vingaram”). A união das ideias confunde-se por vezes.



Marcos Bassini:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Mais trocadilhos que poesia.



Henry Alfred:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Um belo poema satírico, com um humor inteligente e bastante cáustico. O texto vai de 0 a 100 em 1 segundo, pondo tudo no liquidificador e socando goela abaixo do leitor. Tem Hendrix, Beatles, Janis Joplin, Copa do Mundo, Elis Regina e tudo o mais. Sem dúvida, a autora fez uma bela pesquisa histórica e soube criar alguns enigmas para quem estiver disposto a desvendá-los. Apesar da criação de algumas rimas na tentativa de impor um ritmo, elas soam um pouco forçadas na leitura, com várias rimas pobres como "colarinho-canarinho", "anil-vinil", "transviada-arregaçada" e "ar-luar". É um poema de leitura agradável e o verso final é de uma ironia incrível: "A T(r)aça do I(mundo) é nossa!"



Rodrigo Octavio:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Criativo, mas alguns termos utilizados pelo autor faz com que o texto tenha uma pequena quebra de ritmo.





Pseudônimo: Manoel Helder

Título: Se as almas transmigram, no quando...

Ano do nascimento: 1980



Afonso Henriques:

NOTA: 9.4

COMENTÁRIO: A tentativa do soneto tem alguns bons momentos, principalmente nos quartetos. Está interessante a homenagem a Vinicius.





Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: No refluxo de uma época marcada por outros valores, o poeta recorre ao poeta popular que acabara de partir para falar da necessidade da poesia nos tempos modernos, pela voz do poeta que acabava de nascer.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: O poeta mantém sua média de poemas bem construídos e estruturados. Essa semana, porém, não conseguiu brilhar com o mesmo vigor, sendo ofuscado por seus companheiros.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Lindo! Adorei a abordagem do tema. Bom de ler. Gostei muito.





Nilto Maciel:

NOTA: 9.7

COMENTÁRIO: Bela homenagem ao poeta Vinicius. Soneto sem métrica regular. Poderia ser em verso decassílabo. As rimas são comuns nos quartetos, mas raras nos tercetos.



Ludmila Maurer:

NOTA: 9.2

COMENTÁRIO: Ainda que no lugar comum, a poesia tem em seu fim a expressão maior: o sujeito empenhado em uma ida à transmigração das almas surpreende pela audácia na afirmativa “Eu rio, a pensar que - no quando - sou tu”.



Marcos Bassini:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: Apesar da falta de modéstia (Foi tua alma que a mim transmigrou?!) usa as rimas de forma inteligente – homenagem a um poeta-letrista?



Henry Alfred:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Antes de tudo, o poeta está duplamente de parabéns por homenagear um dos maiores e mais populares poetas brasileiros, e depois por se arriscar a tentar escrever um soneto italiano clássico. A métrica parece respeitar, na maior parte do tempo, o decassílabo, mas, como nunca fui um expert na contagem de sílabas poéticas, em alguns versos me pareceu que o poeta extrapolou para hendecassílabos, como em "Teu/ ver/so,/ Vi/ni/cius,/ ci/men/to,/ re/sis/-te." ou em "No es/pa/ço/ de um /mês,/ no/ (fa/tí/di/co?!) a/gos/-to,". Mesmo assim, só a habilidade em trabalhar com a versificação e com a métrica já seria o suficiente para que este poema se destacasse, além do lirismo do tema abordado. Não me agrada a interrogação seguida de exclamação (?!) em prosa, muito menos em poesia. É um recurso muito fácil (e um tanto amadoresco) para tentar expressar aporia ou surpresa. Não acho que sejam necessários neste poema, que está longe de ser obra de um poeta amador, na minha opinião. O eco "Foi tua alma que a mim transmigrou-Se as almas transmigram..." não me pareceu ser a melhor solução e, no desfecho, particularmente sinto que "tu sou" acabaria num tom mais elevado do que "sou tu". Independentemente destas observações, este é o melhor poema desta rodada, a meu ver.



Rodrigo Octavio:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Bom poema. Parabéns!





Pseudônimo: Jean Jacques

Título: Elis

Ano do nascimento: 1982



Afonso Henriques:

NOTA: 9.4

COMENTÁRIO: Esta rápida homenagem tem seu ponto mais consistente no ritmo veloz com que se apresenta, igual ao modo de ser da homenageada. A repetição (“anáfora”) de “a voz não se cala” é o melhor momento.





Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Poema elegíaco, reporta-se ao seu nascimento como os olhos que se abrem quando os de um ídolo da música se fecham.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Poema simpl-elis-mente meteórico. Simples e vigoroso, cumpre bem sua função. Só que, nesse meio campo incandescente, acaba queimando um pouco rápido demais.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Cada poema mais bonito do que outro. Linda homenagem, lindas palavras.





Nilto Maciel:

NOTA: 9.2

COMENTÁRIO: Homenagem a Elis Regina e lamento de sua morte precoce. Falta mais ânimo? Não, porque não se pode ter ânimo na morte. Deve faltar poesia. O que seria poesia?



Ludmila Maurer:

NOTA: 9.2

COMENTÁRIO: Boa a história, porém, se está a poesia para a reinvenção do mundo através da linguagem, faltam estratégias próprias do discurso poético. Sobram ‘armadilhas do diabo’.



Marcos Bassini:

NOTA: 9.3

COMENTÁRIO: Jogos de palavras são importantes na poesia. Mas jogos não são trocadilhos. Talvez com a idade o poeta perceba.



Henry Alfred:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Sou fã de Elis Regina, portanto sou um pouco suspeito para ser isento. O poema consegue retratar bem a personalidade pública da cantora, mas também passa raspando pela vida privada dela e pelos prováveis motivos de sua morte.

No entanto, a obra abusa um pouco de certos lugares-comuns, que sempre estão relacionados a Elis, como "pimentinha" e "Elis-cóptero", no entanto, a inserção de certas frases e expressões das canções dela como "equilibrista" e "corda-bamba" funciona bem, imediatamente trazendo à mente do leitor estas referências.





Rodrigo Octavio:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: Criativo, de acordo com o tema, mas usou pouco o recurso da conotação.







Pseudônimo: Nonada F.C.

Título: 1982

Ano do nascimento: 1982



Afonso Henriques:

NOTA: 9.1

COMENTÁRIO: É uma rapidíssima crônica, não um poema.





Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO Referindo-se a conquistas futebolísticas, o autor escreveu samba de uma nota só. Poderia aproveitar outros fatos de 82, para falar crítica e poeticamente de um mundo em mutação, porém soou monocórdico e sentimental.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Outro esforço que não consegue se desvencilhar do prosaico e acaba por enroscar-se no lugar comum, sobrecarregando-se de descrições.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Achei a abordagem muito simplória. Poderia ter explorado melhor o ano-tema.



Nilto Maciel:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Triste ano esse de 1982. Não ter nada mais a comemorar ou lamentar é lamentável. Além do mais, Nonada precisa cuidar mais do idioma.



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Prosaico





Marcos Bassini:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: Se a gente colocar as frases na mesma linha, em formato de prosa, o poema fica parecendo apenas um depoimento.



Henry Alfred:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Um poema literal demais, pouco poético demais. Os dois versos iniciais trazem informações desnecessárias e que, de certo modo, até conflitam com a data do nascimento do poeta. Tampouco o intertexto drummondiano contribui para o desenvolvimento do poema, a não ser o fato de denunciar as influências do autor. Versos como "Figueiredo era o 30º Presidente do Brasil", "bicampeão! gol do Nunes, 1 a 0 no Grêmio" e "que iluminaram 1982" causaram-me uma sensação estranhíssima, como se nem estivesse lendo poesia.



Rodrigo Octavio:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Falta conotação, ritmo, vocabulário. O texto é muito bom e bem descritivo, mas não é um poema mesmo estando de acordo com a temática. O autor pode transformá-lo em uma ótima crônica.









Pseudônimo: Alice Lobo

Título: minha filha

Ano do nascimento: 1988



Afonso Henriques:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: O nascimento da filha provoca esse arrancar poesia de um cotidiano igual a qualquer outro... Gostei da poesia a encontrar sua morada.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Um poema singelo, porém percorre com sutileza as imagens mais vivas que o poeta recolheu do ano em que nasceu, arrematando com chave de ouro. A estrofe final valeria por todo o poema se todo o resto não fosse bom.  



Paulo Fodra:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: O poema começa muito descritivo, mas cresce a partir da quarta estrofe. Resultou numa bonita homenagem à filha, porém abaixo do potencial demonstrado pela autora ao longo do certame.



Tania Tiburzio:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Gostei muito. Formas e palavras simples. Abordagem interessante do tema.





Nilto Maciel:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Belo poema. Imagens muitas. Frases musicais. Só nos falta saber quem é “minha filha”.



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,1

COMENTÁRIO: Como afirmar os mistérios se já se sabe as respostas? Válida a oposição entre a falta de 1988 e o ordenamento do ano vide a “poesia encontrar sua morada”. Qual seria a justificativa ao título?



Marcos Bassini:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Apesar de não precisar desta frase no fim (a poesia encontrara a sua morada), o poema passa bastante emoção (o título, parte integrante do poema, contribui).



Henry Alfred:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: O poema demora 4 estrofes para começar a engrenar, tempo precioso do leitor que a autora desperdiçou para demonstrar que fez uma pesquisa sobre os fatos do ano de seu nascimento. No entanto, de "mais um ano sem um disco de caetano" as coisas começam a esquentar e o poema mostra a que veio. Inclusive, penso que o poema poderia ter começado assim mesmo, abruptamente, puxando o leitor pelos cabelos e jogando-o no meio do nada, sem preâmbulos, sem enumeração de fatos históricos, apenas em "mais um ano sem um disco de caetano". Seria uma escolha muito mais honesta. Os versos "mais um ano em que nos aventuramos/rumo aos mistérios do cotidiano (já sabendo as respostas/pois que as perguntas chegam por outros tempos)" são lindíssimos e dolorosos. Este é o tipo de texto que precisa descansar algumas semanas ou meses, sobre o qual a autora refletirá e, ao cabo deste tempo, encontrará uma saída.





Rodrigo Octavio:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: O texto é descritivo nas 4 primeiras estrofes, depois passa a ter um ritmo nas outras estrofes. Faltou usar mais a conotação. Brincar mais com as palavras.





Pseudônimo: G.D

Título: Poema-Dividido

Ano do nascimento: 1989



Afonso Henriques:

NOTA: 9.4

COMENTÁRIO: O poema apresenta alguns bons momentos construtivos/imagéticos (“O sol é lodo e ofusca o sorriso cinza”, por exemplo).





Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Poema muito bem construído metafórica e criticamente. Nota-se um tom de reflexão irônica sobre a utopia, com um arremate em alto estilo.



Paulo Fodra:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Despido de seus cacoetes formais, os versos do autor ficam mais límpidos e claros, sem perder a qualidade imagética demonstrada nas outras etapas. Gostei, principalmente, do fato do poeta ter guardado alguns de seus elementos formais inusitados para aplicar, com muito bom senso, no momento oportuno. As quatro últimas estrofes são de uma beleza crua e magistral.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Muito bom! Apesar de um pouco longo o poema é bonito e prende o leitor. Parabéns!





Nilto Maciel:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Apesar de ser poema político, o poeta se mostra conhecedor das técnicas do fazer poético, sem expor demasiadamente o assunto, porém sem o esconder ou escamotear.



Ludmila Maurer:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: Poema-Dividido, Berlim não-dividida, sujeito-dividido: ora ‘em cima do muro’ (“nem homem, nem mulher”) ora comunista. Qual a intenção maior do eu-lírico?



Marcos Bassini:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: A frase “Disse o homem concreto - armado:” traz de forma inteligente a forma concreta ao poema, que depois volta ao formato inicial. Usa bem o humor. Inclusive encerra o poema com ele.



Henry Alfred:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Quando vi a epígrafe de Drummond, já fiquei um pouco receoso. No entanto, o poeta consegue se desvencilhar e encontrar seu próprio caminho por entre os escombros do muro de Berlim. É um poema ligeiramente esquizofrênico, que chega a namorar com o concretismo por uma estrofe, mas retorna triunfal ao fio da meada e ainda conclui com um chiste. Uma obra correta, que cumpre bem seu papel, mas sem o brilho necessário para torná-lo memorável.



Rodrigo Octavio:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Criativo, de acordo com o tema. Faz com que cada estrofe seja um micro poema dentro do próprio poema. Uma referência ao poema de Sete faces de Carlos Drummond de Andrade.







                                               VOTO DOS POETAS

                                               (PONTO-PRESENTE)



Nesta rodada, os poetas também tiveram voz em seus julgamentos. Todos eles presentearam um poeta com 1 ponto e justificaram seus votos. Todos os pontos serão somados no Ranking Oficial. Quem terá sido o preferido entre os poetas nesta rodada? Confiram, abaixo:



Barolo:

Ponto-Presente para: Wender Montenegro (Manoel Helder).

Justificativa: Acho que o poeta captou bem a personalidade/imagem de Vinícius e falou dele com respeito e admiração sentidos. O poema me agrada no tema, no ritmo, na escolha vocabular.



Flávio Machado (Dersu Uzala):

Ponto-Presente para: Barolo

Justificativa: Não precisei de muito tempo para votar no meu poema preferido. Independente da parceria estabelecida durante o concurso, nessa rodada o poema de Barolo é de extrema qualidade, um belo poema de fato. Meu voto então vai para o poema de Barolo: “Ufanismo”.



Marco Antonio Tozzato (Per-Verso):

Ponto-Presente para: Geovani Doratiotto (G.D)

Justificativa: Gostei muito do poema do G.D. Do título, que de forma inteligente e concisa introduz muito bem o assunto, até o último verso, que consegue extrair humor de um tema tão árduo. O "recheio" também é muito bom. Meu voto é para o Doratiotto.



Letícia Simões (Alice Lobo):

Ponto-Presente para: Lune

Justificativa: Meu poema predileto foi o “Eu, Cabíria”, de Lune. Achei que ela combinou, com suavidade e malícia, a aura de noites de Cabíria. Especificamente o fim do poema (que ainda não sabem/não se deram conta/que buscamos/ todos/a mesma trapaça:/ felicidade) é muito bonito. Bem construído, bem humorado e muito delicado. Adorei.



Hernany Tafuri (Nonada F.C.):

Ponto-Presente para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)

Justificativa: Meu ponto-presente vai para Anna Lisboa pela lembrança do ópio do povo, no qual sou viciado.



Wender Montenegro (Manoel Helder)

Ponto-Presente para: Lune

Justificativa: Ótimo poema! Lune mostrou intimidade com as palavras; manuseando-as como quem faz carinho. O ritmo do poema é preciso, as imagens nos tomam para além da possibilidade de fuga (Lune não nos dá tempo de escapar) e, com seus belos jogos de palavras, nos conduz num piscar de olhos ao arremate engenhoso: "...buscamos todos / a mesma trapaça: / felicidade".





Lune:

Ponto-Presente para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)

Justificativa: Vejo nela, desde o primeiro poema que li, uma autora ousada, atrevida, sem medo de arriscar e de falar de tudo com um jeito único. Com ela não há acordos, ajustes: ela rompe padrões e mimimis. Ana sai no papel do jeito que a vida lhe vem: de um fôlego só. Tenho sentido que alguns ficam com receio de deixar-se "converter" ao novo que a Ana apresenta. Mas, como ela mesma me disse naquela resposta da rodada anterior, ela está em paz consigo mesma. O estilo de Ana não é indicado para quem imita ou apenas finge ser. Nem é indicado para os que nunca se arriscam a sair do básico, do tradicional, do regrado. Porque só ela sabe se livrar das regras sem perder a poesia, fazendo isso com naturalidade e esbanjando uma cultura acima de qualquer tradição.



Francisco Ferreira (João Saramica):

Ponto-Presente para: Lune

Justificativa: Me emocionou pelo tom e me arrebatou em suas duas estrofes. Genial!



Henrique César Cabral (Gaspar):

Ponto-Presente para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)

Justificativa: Apesar de a maioria dos poemas serem acima da média há um diferencial nessa poeta, muito inteligente e com uma vocação rítmica muito acentuada. Quem disse que ironia não rima bem com poesia, deve ler esse poema e engasgar à vontade. Aliás, engasgar vai ser difícil, a poeta, num ato de generosidade exemplar, dota o poema com uma musicalidade tão fascinante que o mais correto é se deixar levar. O diferencial dessa poesia é o casamento perfeito entre a inteligência, representada pela ironia, e a musicalidade que não se perde em nenhum momento. A ironia começa pelo título até a impagável abertura “Aprovado e liberado pela Censura Federal:”. E assim continua, cutucando nossa inteligência, nossas lembranças, nossos ritmos passados, enfim, nossa, muitas vezes, triste história. O final mereceria um prêmio extra – um bônus- quem sabe o Lohan me ouve. O ritmo mereceria uma análise à parte. Todavia, deveria ser alguém mais competente do que eu. Não sei analisar, como dá pra perceber, sei é me deixar levar. Nem precisa esforço. Enquanto a inteligência, através da ironia segue como fio condutor do poema, o ritmo tende a nos convidar a dançar. Se o poema é crítico, não é nem um pouco rabugento, pelo contrário. O ritmo rápido intercalado, aqui e ali, por versos mais longos, mais cadenciados, muda nossa respiração, nos prepara melhor para outra mudança que está por vir. Embora seja uma poesia bem brasileira, na dicção, na música, na crítica ferina bem humorada, me lembra muito o jazz moderno, com vários ritmos se sobrepondo à melodia  principal. Parabéns à Poeta



Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa):

Ponto-Presente para: Lune

Justificativa: Sua poesia foi virgem, realista, carnal, dolorosa, salvadora. Tudo ao mesmo tempo, por incrível que possa parecer. Por isso, por representar com brilhantismo o que é a poesia, lhe dou meu voto com aplausos.



Thiago Luz (Jean Jacques):

Ponto-Presente para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)

Justificativa: Existem outros três poemas que também mereciam, mas fiquei com o da Anna. Confesso que as referências ao rock me cativaram. Um poema com muito "tesão", subversivo, por assim dizer.



Geovani Doratiotto (G.D):

Ponto-Presente: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)

Justificativa: A poesia de Anna Lisboa é um tijolo.





PONTO BÔNUS







O poeta que recebeu o ponto bônus na rodada foi: Wender Montenegro (Manoel Helder), após ter recebido 14 votos pelos comentários. Parabéns, Wender!







BÔNUS DO JÚRI







O poeta que mais se destacou positivamente, segundo o jurado Nilto Maciel, foi o poeta: Henrique César Cabral (Gaspar), com o poema “A Morte que amava Stalin”. Logo, o poeta Henrique César Cabral receberá 0,5 pontos de bônus. Parabéns, Henrique!





RANKING DA RODADA



1º GEOVANI DORATIOTTO (G.D) – 87,4 pts.



2º HENRIQUE CÉSAR CABRAL (GASPAR) – 87,3 pts.



3º WENDER MONTENEGRO (MANOEL HELDER) – 87,2 pts.

4º LUNE – 87 pts.



5º LETÍCIA SIMÕES (ALICE LOBO) – 86,2 pts.



6º ANA LÚCIA PIRES (ANNA LISBOA) – 85,6 pts.



7º THIAGO LUZ (JEAN JACQUES) – 85,4 pts.



8º FRANCISCO FERREIRA (JOÃO SARAMICA) – 85,3 pts.



9º BAROLO – 84,7 pts.



10º  MARCO ANTONIO TOZZATO (PER-VERSO) – 84,6 pts.



11º FLÁVIO MACHADO (DERSU UZALA) – 84,2 pts.



12º HERNANY TAFURI (NONADA F.C.) – 83,3 pts.



Obs: o poeta Geovani Doratiotto ganhou, como prêmio, o livro "Luz vermelha que se azula", de Nilto Maciel.

E ENTÃO, POETAS E LEITORES? O QUE ACHARAM DOS RESULTADOS? RESTAM AINDA 3 ETAPAS E MUITA COISA PODE ACONTECER. FIQUEM DE OLHO!

AUTORES S/A








3 comentários:

Anna Lisboa disse...

Olha... Bem... rs
Como podem ver, nem sei o que dizer... Vou tentar.

Recebi hoje meu Jabuti. Quanta indescritivel honra.

Os votos que me deram foram muito valiosos, matematicamente dizendo, entretanto nada tenho de matematica, de racional, e nunca escrevi por resultados, escrevo por paixao. Dessas que fazem a gente largar tudo, tudo, em nome talvez de nada. Realmente, nao escrevo seguindo o que os jurados desejam, escrevo seguindo poros, avenidas, medos, garfos, muros,linguas, trens, coqueiros... Quem me entende, ja seguiu isso tb. Lune, G.D, Gaspar, Thiago, Nonada, nao ha ponto, notas maiores do que o entendimento. Esse meu Jabuti, dado tao generosamente por vcs, ficara aqui, sempre, de pernas cruzadas, sentado ao meu lado, por toda minha vida. Muito obrigada.

Cinthia Kriemler disse...

Anna/Ana

Você é única mesmo! E uma querida! E obrigada pelo comentário que acompanhou meu ponto-presente! Esse, sim, foi meu presente!

Cinthia do sky

Anna Lisboa disse...

Minha querida Cinthia do sky, carinho inesquecivel!! Muito, muito obrigada.