quinta-feira, 5 de julho de 2012

Comentários e Notas dos jurados (2º etapa - Mitologia)

APRESENTAÇÃO:

Jurados Oficiais: Afonso Henriques, Ronaldo Cagiano, Paulo Fodra e Tânia Tiburzio
Jurados Convidados: Marcelo Asth e Nonato Gurgel.

Nota: os jurados Homero Gomes e Roldan-Roldan tiveram que se ausentar desta etapa, por motivos de força maior.

HOMENAGEM DA SEMANA: RONALDO CAGIANO

Mineiro de Cataguases, Ronaldo Cagiano é um dos jurados do II Concurso de Poesia Autores S/A. O autor é formado em Direito e já publicou 12 livros. Ronaldo está entre os 20 finalistas da categoria “Poesia” de um dos prêmios mais importantes da literatura de língua portuguesa: o Prêmio Portugal Telecom, concorrendo com o seu livro “O Sol nas Feridas” (Dobra Literatura), ao lado de poetas renomados como Affonso Romano de Sant’anna, Manoel de Barros e Nuno Ramos.


(Capa do livro de Cagiano)


“Os poemas de Ronaldo Cagiano cobrem um amplo espectro de temas e formas, que vão do sentimento amoroso à reflexão indignada com os desmazelos do tempo presente”.

(Trecho da sinopse oferecida pela Ed. Dobra Literatura, do livro “O Sol nas Feridas”, de Ronaldo Cagiano).

Abaixo, um dos poemas que figuram em seu mais recente livro, ''O Sol nas Feridas'':



SOLIDÕES,

                          Por Ronaldo Cagiano

                          para Antônio Mariano Lima

A metrópole fatigada dá lições de entardecer.

Todas as estações cheiram a outono

com seu velório de folhas

e entre o burburinho dos animais metálicos

e o silêncio das almas

a ausência ergue suas dioceses.


Onde está o outro lado

nesse beco sem saídas,

território labiríntico onde a morte,

concubina do tempo,

como um Minotauro reciclado desafiando Dédalo,

resiste aos fios que uma Ariadne qualquer

em vão estica?.


Um oceano confuso de corpos e olhares

soprando suas tormentas

é o que nos aguarda nessa escura projeção,

onde se perdem as pátrias sem nome

e sem rosto.


“O Sol nas Feridas” é composto por 63 poemas, que revelam, sobretudo, a inquietude e a perplexidade do poeta perante a sociedade, bem como com o lugar que a literatura ocupa em nosso tempo, com a nossa realidade, entre outros assuntos recorrentes ao nosso quotidiano.

Ronaldo Cagiano estava há 14 anos afastado da publicação poética. Suas últimas obras foram prosas, embora o autor não negue a simbiose existente entre prosa e poesia (a prosa poética) em seus trabalhos.

“Quando escrevo, ou quando leio um livro de poesia, de conto ou romance, prendo-me principalmente no olhar poético que o autor pode conferir à sua obra. Algo que caminha na direção do que disse Baudelaire e que assimilei integralmente: ‘sê poeta, mesmo em prosa’. A construção, a forma literária que não incorpore verdadeiramente esse viés poético, não me satisfaz.”

(Ronaldo Cagiano, em resenha elaborada por Nahima Maciel).



“Há um centro de gravidade na poesia hoje: o egocentrismo”.
(Ronaldo Cagiano, em uma entrevista concedida a Chico Lopes).


A seguir, mais um poema de Cagiano, que também está compondo o livro "O Sol nas Feridas":


DESPEDIDA,
                Por Ronaldo Cagiano.

          Da morte, só sabia ele o que todos sabem:
          que ela nos toma e nos atira no silêncio.
                             Rainer Maria Rilke.

No agosto em que meu pai morreu
a vida tornou-se uma pátria incompreensível
e o mundo um albergue de inverdades.

No leito em que dormitavam com ele
todas suas dores e
                   falhavam as energias
eu depositava décadas de silêncios
                   e olhares mudos.

Já não haveria mais tempo
           o abraço tardio
           e o beijo adiado

pois sua consciência hemiplégica
não respondia aos apelos
              dos clamores envelhecidos
              que tantas vezes ensaiei.

Na tarde que se despedia, como ele,
a noite definitiva descia sobre seu quarto
                   (e sobre nós)
                  mas não sobre a cidade
cujo ritmo não se dissolvia, imune
às dores universais

E suas mãos visitadas por uma glacial presença
já não conseguia ancorar-se à minha

Como amêndoas murchas,
seus olhos não interceptaram
a flecha de cicuta
pelas costas

                     não era apenas o seu fim,
                     mas a derradeira extinção de todas as respostas.

...e a morte, faxineira impiedosa,
nome escuro da vida alaridando seu pesadelo
com sua potência niveladora,
sorria mais exata do que nós.

Caro Ronaldo: afinal, o que é POESIA, para você?

“Para mim não só a poesia – mas a literatura – é o que me ajuda a transcender esse mundo de cosificação e etiqueta e realizar o salto dialético sobre os escombros e abismos existenciais. A criação literária é, para mim, farol, teto, chão, pulmão, norte e evangelho. Como já dizia Alphonsus de Guimaraens Filho, ‘Se não for pela poesia, como crer na eternidade?’”

Fica, aqui, os sinceros agradecimentos do Autores S/A pela sua nobre participação neste certame.
Obrigado, Ronaldo Cagiano!


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Vamos, agora, conhecer um pouco sobre os nossos jurados convidados para esta segunda etapa? Leia, abaixo, as pequenas entrevistas realizadas com eles, e também suas biografias.


ENTREVISTA COM MARCELO ASTH

Marcelo Asth tem 24 anos e é poeta, blogueiro, designer, professor de teatro (formado em licenciatura em Artes Cênicas pela UNIRIO), performer e integrante do Coletivo de Performance Heróis do Cotidiano. Participou das antologias: “A Polêmica Vida do Amor” (Ed. Oito&Meio) e “POESIA.COM” (Ed. Multifoco). Foi jurado no I Concurso LínguA'fiada de Poesias e é o vencedor do I Concurso de Poesia Autores S/A.
Publica em seus blogs:




Lohan: Olá, Marcelo! Que prazer receber, hoje, como jurado, o grande vencedor do I Concurso de Poesia Autores S/A. Conte para os leitores e finalistas desta edição, Marcelo, um pouco sobre sua trajetória no concurso do ano passado. Do concurso, o que você levará por toda sua vida literária?

Marcelo: Olá a todos! Agradeço pelo convite de estar aqui, hoje de maneira bem diferente em relação ao ano passado! Fiz minha inscrição no I Concurso de Poesia Autores S/A depois de um grande intervalo em participações em concursos. Estava num período fértil no exercício da minha escrita, produzindo muito, mas também queria sair um pouco do meu umbigo, estar em contato com a visão dos outros, analisando como os jurados, poetas e comentaristas poderiam me ajudar a crescer e como poderiam me influenciar dentro do que eu fazia.
Desta forma, aprendi muito no concurso. Observando o outro, na tentativa de me entender mais no meio daquilo tudo, durante o processo de várias etapas, fui modificando a minha escrita para me aprender.
Os poemas que elaborei para a minha participação no concurso não são nem de perto os que eu costumo escrever naturalmente – quando estou na minha e não estou sendo “observado”. Talvez os do início estivessem mais próximos a uma liberdade artística. Mas no caso do certame, sendo julgado, analisado e comentado e tendo que caber na “caixinha” do tema da rodada – fora a pressão da entrega –, fui me burilando para ver aonde chegava.
Do concurso levo essa experiência de escuta, o exercício de me adequar a temas e formas – me colocando em desafio – e o reconhecimento da singularidade da escrita do outro.


Lohan: Marcelo, com certeza os poetas fariam essa pergunta para você caso te encontrassem: qual é o grande conselho, ou a melhor estratégia (se é que há), para ser vitorioso neste certame ou, no mínimo, bem sucedido, desenvolver bem os poemas cujas temáticas são propostas semanalmente? Você mantinha alguma estratégia?

Marcelo: Fora de um concurso a gente escreve o que quer, o que sonha, o que deseja. Já num concurso, aprendi que, além de escrever para temas que às vezes não parecem tão férteis ou que não são facilmente dominados por nós, é bom dançar conforme as regras. Medir numa balança a sua pessoalidade e a encomenda. Não sei se há estratégia fechada pra vitórias, mas na minha trajetória aqui, tentei ser humilde comigo mesmo e com o concurso em todas as rodadas, pois pensava: se estou aqui, me submetendo a julgamentos e críticas, não devo ficar defendendo o que faço e como escrevo “assim ou assado”. Quem está na chuva tem que querer se encharcar. Se existem pessoas que foram chamadas pelo blog para exercer o trabalho de apresentar suas visões, pra mim era óbvio que eu tinha que entrar no jogo do jogo. Eu escrevia só um poema e ficava trabalhando nele até o momento de enviar – pois se eu fizesse dez poemas, escolhesse um e fosse mal, não iria me perdoar de não ter pensado em mandar um dos outros nove... mas esse foi o meu lance. Descubram agora os de vocês e sigam em frente! Aproveitem. E muita boa sorte! Esse concurso é muito bem organizado, é gostoso e vale a pena!

Lohan: Você é tão jovem e já escreve tão bem, assim como também atua, realiza performances nas ruas, etc. Quais foram as influências artísticas que te conduziram para este universo e que lhe propiciaram tanta qualidade no que você faz?
Marcelo: Eu acho que tá tudo aí, à nossa volta. Seria impossível dizer como me meti na arte, mas deixei ela se meter em mim com tudo. Então, acho que é uma questão de abertura e escuta, atenção e permissão. Exercício e trabalho são pontos que não quero perder nunca na minha vida.

Lohan: Pra finalizar: o que um poema deve ter/ser para receber a sua nota dez, Marcelo? O que prevalece em sua concepção: o uso da técnica ou o teor subjetivo e emocional que o poema emana para o leitor?

Marcelo: Legal a pergunta frisar: na minha concepção. Pois poesia é a coisa mais livre do mundo, desde que seguida em versos e nascida de um ato de expressão. Eu, avaliando um poema, posso variar os quesitos, pois sempre algo pode vir a surpreender. Prezo pela criatividade, pela originalidade na apresentação de imagens (que podem estar contidas na simplicidade, desde que feitas com esmero), ritmo, jogo com as palavras, coesão, potência e, na maioria das vezes, que não seja muito extenso e verborrágico. Eu aprecio a forma num poema, mas sei reconhecer quando a liberdade vale ouro – porque às vezes, a liberdade pode ser utilizada pra mascarar uma falta de profundidade.

                ENTREVISTA COM NONATO GURGEL


Nonato Gurgel é doutor em Letras (Ciência da Literatura) pela UFRJ e professor de Teoria da Literatura e de Literatura Portuguesa da UFRRJ. Cursou Mestrado em Estudos da Linguagem, Especialização em Literatura Brasileira e Graduação em Letras pela UFRN. Trabalhou como pesquisador da FAPERJ e da EMATER. É autor de “Luvas na Marginália – escritos sobre a poética de Ana Cristina Cesar” (2012) e “Memórias de um leitor ao pé da letra” (no prelo). Edita o blog Língua do Pé: http://linguadope.blogspot.com/


Lohan: Olá, caro Nonato. É com muita satisfação que o recebemos, mais uma vez como jurado, no Concurso de Poesia Autores S/A. Nonato, como você enxerga a literatura contemporânea brasileira, diante de tantas mudanças nos hábitos da leitura e da escrita, bem como da edição dos livros e da divulgação dos trabalhos pelas diversas mídias disponíveis? Qual é a cara do novo poeta brasileiro? Ele preza pela técnica, ele remete ao clássico, ou ele possui raízes firmes no movimento modernista da década de 20/30, quebrando paradigmas a seu modo?

NG: Agradeço pelo convite, Lohan. Parabenizo pelo concurso, cuja continuidade deve ser celebrada, e pela sugestão da mitologia como um tema repleto de possibilidades. Parabéns principalmente para os autores classificados. Creio que a qualidade cresceu. Vamos à pergunta que, na verdade, são três ou quatro. Quando penso em literatura contemporânea, falo principalmente do que foi produzido nas letras das últimas décadas do século XX e neste início de milênio. Na minha visão de leitor, essa produção tem pouco a ver com o que chamamos, por exemplo, de Literatura no século XIX – o mais literário de todos os séculos. Naquele contexto, a Literatura era feita basicamente do diálogo com a própria Literatura – uma arte calcada principalmente nas noções de gênero e oralidade que sedimentam a cultura clássica. Depois das vanguardas do início do século XX e de toda arte de ruptura produzida pelo Modernismo, ninguém acredita mais nisso. O cotidiano do século XX produziu uma sensibilidade maquínica e virtual onde os conceitos de tempo, espaço e identidade são relidos, alterando totalmente as concepções artísticas do classicismo.  A lição de Walter Benjamin nos ensina que quando mudam os meios de percepção de uma comunidade, transformam-se suas formas de fazer arte, de produzir cultura. Ou seja: não dá para viver no século XXI cercado de mídias, telas, teclas, Iphones e escrever como se estivesse num campo árcade tocando flauta, ouvindo o vento, sem IPTU para pagar. Por isso creio que a cara do poeta contemporâneo seja a do sujeito que, dialogando criticamente com o arquivo de formas que a tradição nos legou, consegue inscrever a sensibilidade do seu tempo.

Lohan: Independente do estilo dessa nova geração literária, quero saber, na sua concepção, o que um poema tem que ter/ser para receber a sua nota 10? Que técnica é imprescindível, a seu ver? A teoria deve sobrepujar a subjetividade na produção de um poema?

NG: Teoria é um instrumento contextual e produtivo, mas serve principalmente para dar aula. A poeta contemporânea Ana Cristina Cesar escreveu que foi salva pela técnica. Quando pensamos em arte, não há salvação sem técnica. Seja na vida ou no texto, é preciso o exercício de uma forma. Além da imagem, a forma remete a sons, noções de sintaxe e de extensão. Os materiais acústicos da forma têm a ver com ritmos e timbres, dentre outros, demarcando uma voz, um jeito de dizer. Por isso não curto poeta que não lê ou aprimora esse jeito. Independente de geração, a nota máxima vai sempre para o autor que acentua a sua voz. E essa acentuação vocal requer, hoje, um diálogo com diferentes linguagens – verbais e não-verbais – e um domínio da forma que leva em conta, dentre outros, as noções de rapidez, visibilidade e fragmentação.

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COMENTÁRIOS E NOTAS DOS POEMAS DA 2º ETAPA (MITOLOGIA)



Pseudônimo: G.D

Título: CAVERNA-SÃO PAULO ()



Afonso Henriques:

NOTA: 9.8

COMENTÁRIO: Este poema ficou ainda melhor construído que o da primeira fase. Trata-se de um poeta que segue demonstrando segurança em seu ofício. As citações clássicas/míticas/filosóficas misturadas ao cotidiano mais duro empresta boa força ao poema. Atenção: “physis” não tem acento.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Bem realizado o diálogo entre figuras da mitologia com a a realidade paulistana. Um trânsito onírico entre o medievalismo das cavernas e a vida na caverna contemporânea, a metrópole que tudo sitia e aparta.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Poema com boas imagens e versos fortes. Gostei do efeito de inversão/humanização da segunda metade: “Hércules tem apenas um ofício de oito horas”. Um ponto de atenção – que o afastou da pontuação máxima – é a forma um tanto quanto desleixada de apresentar o poema. Não consegui encontrar necessidade ou efeito que justificasse tantas quebras e espaçamentos dobrados. O poema é bom o suficiente para funcionar sem isso.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Adorei a abordagem do tema. Muito criativo. Só não gosto da disposição espacial dos versos, fica um pouco chata a leitura.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: O início, com as paredes da caverna refletidas na ideia, ambienta muito bem o poema, que é apresentado de maneira inusitada no destino de personagens míticos, como o Oráculo, Hércules e Helena – aqui realocados para a cidade de São Paulo, numa tentativa de contemporizar os mitos. Talvez esta seja a melhor parte do poema. De resto, as ideias expostas ficam pouco amarradas; um pouco confuso em sua apresentação – por mais que seja nítida a pesquisa do autor em relacionar termos, mitos e história. O final traz um tom de crítica social como arremate bem dado.



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: O poeta é exímio no recorte do tema proposto. Através dele atualiza o imaginário contemporâneo, trazendo o mito para o nosso cotidiano desencantado e veloz. Embora o poema apresente problemas na forma, curto vários versos como estes:



“O oráculo de delfos

                              Atende em hora fixa na Av. Paulista.

Hércules tem apenas

um oficio de oito horas”



Ouço no poema uma voz própria, mas questiono uma certa rigidez – no uso de algumas letras maiúsculas, colchetes e também na pontuação – dificultando a fruição no ato de ler. O que poderia ser mais leve, às vezes parece soar um pouco austero.



Pseudônimo: Lune

Título: Dia profano



Afonso Henriques:  

NOTA: 9.8

COMENTÁRIO: Poema bem construído. A repetida colocação de três verbos enfileirados em cada parte (sempre aberta por uma figura mitológica), tal como “arranha, sangra, fortalece” ou “arrebanha, equilibra, desaltera”, empresta boa estrutura ao todo (sempre bem completada por dois versos finais que dão bom fecho às cinco partes do poema). Gosto, assim, bastante do aspecto formal, até mesmo mais do que as soluções imagéticas. Nota-se um “crescimento” acentuado em relação ao poema da primeira fase.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: A linguagem, com ritmo, cadência e harmonia,  ajudou a compor um painel poético transportando mitos para a realidade humana e existencial do homem contemporâneo.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: O poema é bonito, gosto do som das palavras usadas, mas é muito longo. Algo mais sucinto seria perfeito.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Poema correto em sua forma, porém com versos falhos em formar imagens impactantes e consistentes. Talvez pela repetição sucessiva do esquema “verbo + substantivo + adjetivo”, que passa uma sensação de falso rebuscamento na linguagem e acaba cansando o leitor. O lança-chamas, aqui, me pareceu deslocado, moderno demais para o contexto. Porém, de maneira não-intencional.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Um dia contado na plenitude de seus momentos, aqui influenciados pelos mitos, que nutrem as emoções e situações da autora. O poema ganha grandeza ao demonstrar os mitos com ótimo nível de detalhes. Poema coeso, com ritmo e imagens muito bem construídas.  



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: O autor demonstra ter repertório estético e faz bom uso da forma. Embora não curta a sonoridade do verso “recompõem-me madrugadas...”, considero a última uma estrofe exemplar do domínio de forma que o poeta ostenta. Principalmente nos dois últimos versos. Como, no poema, vale mais o “como dizer” do que “o que é dito”, sugiro mais sintonia entre as linguagens do nosso tempo e o recorte vocabular do poema.



Pseudônimo: Alice Lobo

Título: ulisses,


Afonso Henriques:

NOTA: 9.8

COMENTÁRIO: Este poema é melhor do que o apresentado na primeira fase. A energia poética subiu bastante de tom: gostei logo de cara dessa estrela suja caída do céu arranhando os nervos de todas as ordens. O mito de Ulisses e Penélope está bem descrito por meio de adequadas imagens. “O amor, Ulisses, é só um estremecimento do azul”, é um bom verso. Já “a insistência vã deverá querer dizer algo” é mais fraco, prosaico em excesso. Se a gente prestar atenção nisso, certamente poderá incrementar a linguagem poética.



Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: O poema está bem escrito, porém a autora poderia ter evitado a repetição de expressões, como “estrela”, “céu”, “sujo” e usado outros recursos vocabulares ou metafóricos, que consolidasasem sua visão poética, como por exemplo em “o amor, ulisses, é só um estremecimento do azul” – belíssima construção, que dá força ao poema, pela imagem inusitada.



Paulo Fodra:

NOTA: 10,0

COMENTÁRIO: Perfeita abordagem não-convencional de um tema bastante batido. A própria forma do poema é um eco da Teia de Penélope, apresentada aqui por um viés psicológico e intimista, respeitando a inteligência do leitor ao não ser literal demais.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Poema lindo! Gosto do som, do tema escolhido. Parabéns ao autor (a). Só mudaria a disposição espacial dos versos.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Alice Lobo encarna Penélope e espera fazendo um poema magistral, carregado de dor poética. Sempre são reconhecidos os atos heroicos daquele que se vai e se embrenha no mundo e na sua glória, mas neste poema, Alice destrincha (num tom quase pessoal) os atos heroicos daquela que sofre e se sacrifica pelo amor. Seu título, vindo já como início, é um caminho gostoso de seguir. Poema bem arrumado e costurado em tear com a imagem da estrela. Ótima finalização.



Nonato Gurgel:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Gosto muito. Poesia na veia com eco de formas fragmentadas e leituras contemporâneas. Ouço uma voz cujo tom, meio confessional, é certeiro em versos como “talvez seja caso de renascer em azul, atropelando as fugas e reerguendo as gaivotas”. Nos versos finais – “meus dedos desmancham o ontem/ esperando a sua voz.” – o diálogo metonímico dos corpos (“meus dedos” e “sua voz”) com o tempo (“ontem” e o futuro encerrado na espera) inscreve a voz própria de quem escreve.
                                                                                                

Pseudônimo: Anna Lisboa

Título: O Coro do Caos



Afonso Henriques:

NOTA: 9.8

COMENTÁRIO: Bom poema, com força amplificada em relação ao apresentado na primeira fase. O “estilo” poético se mantém, o que é positivo, pois empresta personalidade à autora. O tom “caótico” desejado está bem construído em termos formais (há qualquer coisa de Ezra Pound em alguns momentos). E, entre os bons versos, há um que me chamou a atenção pela sua especial força: “vinho delirante de bagos esquartejados”.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: O poema é bem realizado a partir dessa ideia de fusão entre a mitologia universal e os mitos da cultura contemporânea da cultura. Porém, a autora deveria ter se policiado para evitar o recurso do vocativo ou da utilização dos verbos no imperativo, que parecem assumir um som de desiderato, de chamamento, invocação moral, algo meio passadista e bíblico, entre a elegia e o apelo, que retira a poesia possível do texto.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Muitos poemas diferentes em um só. Apresenta versos de qualidade que acabam se diluindo na longa extensão. O contraponto dos acertos é a falha pelo excesso de ousadia formal ou estilística, transformando a leitura em uma loucura sintética, porém carente de imagens aderentes. A autora, que vinha apresentando bons resultados em suas ousadas misturas, aqui errou a mão.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Extremamente confuso e longo. O poeta é bom, mas se esqueceu de que em poesia algumas vezes menos é mais.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: o Parodos do poema da “tragôida” Anna traz um coro que anuncia e empolga. Bom desenvolvimento, coesão e apresentação em partes. Poema divertido, apresentado como espetáculo, explode de tanto frescor e traz o inusitado a tudo, com passagens divinas, como, por exemplo, o eco de Hades, “o papo incesto de vime” e outros jogos ricos de palavras, calembur e expressões, como, em “debalde” e “balde”, “hímen cidade” e “passai Mercúrio nas chagas da desumanidade”. Talvez eu possa somente aconselhar a pensar no mais enxuto durante a competição, porém nunca deixando de lado seus jogos tão bem elaborados como estratégia de ataque. 



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Parabenizo a autoria pelo vasto repertório e pela profusão de referentes utilizados no desenvolvimento do tema; mas, acho que a extensão do poema compromete o resultado final. Isso se pensarmos nas linguagens contemporâneas e nas noções de síntese, concisão e brevidade que norteiam a escrita literária desde o século XX.



Pseudônimo: Gaspar

Título: Ciclope



Afonso Henriques:

NOTA: 9.8

COMENTÁRIO: Da mesma forma que na primeira fase, o poeta demonstra boa consciência da construção formal do poema. A nota foi mais alta porque também pude notar um trabalho mais apurado aqui. O final, com Ninguém (Ulisses) a perfurar o olho do ciclope (“até cuspir no chão / o olho cor de areia”) é muito bom.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Poema sintético e bem realizado, sem firulas.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Bom ritmo, boa apropriação do tema. A primeira parte é muito boa, contundente. No restante do poema, versos corretos e sem muitas novidades. Se tivessem mantido o tom da primeira parte, o resultado seria muito melhor.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Gostei muito. Simples, sem muita frescura. Palavras comuns, porém muito bem empegadas.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Os dois primeiros versos do prólogo iniciam de forma impactante, cheios de significado. O poema mostra a visão de um olho que habita seu cotidiano, compartilhando com o leitor a visão do Ciclope. Entramos nele. O mito é visto não pelo herói, mas por aquele que sofrerá a partir dele. Poema bem ritmado, que no final se dá em tom presto, num susto. Boa ideia e boa execução, mas o poeta deve ainda se arriscar mais. 



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: O verso “na alma a armadura” parece formatar a precisão e o rigor desta poética. Focado no tema proposto através do personagem anunciado já no título, o autor recorta de forma criativa as figurações deste mito personificado na figura do gigante de um olho só. O poeta acerta, logo de saída, ao conceituar – à lá Fernando Pessoa em “Mensagem” – uma poética do próprio tema: “o mito é fome viva/ em gravidez perpétua”. O poema tem achados inusitados. “Ninguém”, por exemplo, escrito em letra maiúscula reescreve a estratégia identitária de Ulisses, tornando contemporâneos o mito e o próprio poeta que o estetiza.



Pseudônimo: Dersu Uzala

Título: amazonas



Afonso Henriques:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: O poema é interessante, mas o tom excessivamente descritivo provoca certa diluição da força poética. O momento melhor está nos três últimos versos. E atenção com a crase: “faziam amor às margens dos rios amazônicos”.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,1

COMENTÁRIO: Fugiu ao tema, pois aqui conta-se uma história, mas não aprofunda nas suas raízes mitológicas, sobretudo para um ambiente como o Amazonas e sua gênese tribal, que poderia comportar um mergulho maior.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Narrativa de tom lírico, literal e sem surpresas. Senti falta de imagens mais poéticas. O recurso de espaçamentos dobrados me pareceu gratuito.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Ao ler o poema, tive a sensação de estar lendo um texto em prosa. Muito convencional. O tema é bom, mas faltou criatividade.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Legal a escolha da mitologia brasileira. Porém, o poema apresenta a história, como numa contação do mito e não poetiza com surpresa. O que há de mais interessante é o fato da traição da mulher ao grupo ser a origem da inveja, ciúme e desarmonia.



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Belo poema que surpreende pelo tom narrativo com voz própria.



Pseudônimo: Barolo

Título: Tântalo Moderno



Afonso Henriques:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: Os mitos do consumo moderno em contraponto com Tântalo sedento, com fome de frutos que fogem, se apresentam como uma ideia a ser melhor trabalhada. Isso em razão do final ter boa fatura poética (a partir de “Eu, Tântalo, tenho tudo.”), contra as frágeis imagens quando o poema fala em dorianas, iphones e hondas. Talvez tenha sido essa a ideia: mostrar a “superficialidade” das mitologias do consumo de massa em contraponto com a densidade do “mito clássico”, sedento da água que lhe foge perpetuamente dos lábios (na “Odisseia” homérica). De todo modo, insisto em que se deva repensar a construção imagética do poema.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: O autor situou bem a mitologia da sociedade de consumo e suas carências.



Paulo Fodra:

NOTA: 10,0

COMENTÁRIO: O poema usa uma estrutura muito simples para construir uma armadilha para o eu lírico. Armadilha que se fecha com maestria pelo paralelo com Tântalo, que faz com que o poema adquira uma nova e completa dimensão, sobreposta às demais, gerando um efeito bastante perturbador. Vale notar que se o texto fosse colocado em formato de prosa, não perderia em nada a sua força. Tampouco a sua poesia.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: O tema é interessante, mas não toca o leitor. Poderia ter uma abordagem mais “emotiva”.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Poema sucinto, bom na ideia e bem executado e apresentado. O Tântalo moderno quer chegar à felicidade, mas esta escapa. “Homens modernos” compram, adquirem, se satisfazem por um breve instante. E já querem mais, tendo tudo e nada. Como na música “Neguinho”, do novo cd de Gal Costa: “Neguinho compra 3 TVs de plasma, um carro GPS e acha que é feliz”.



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Parabenizo a autoria pelo belo trabalho com o significante linguístico (a parte acústica, o material sonoro) e com a sintaxe esculpida em versos como “Eu, Tântalo, tenho tudo.” Muito bom. Deste poema retiraria várias vírgulas; principalmente todas da última estrofe. Gosto muito da modernidade com a qual a autoria se reveste para estetizar este filho de Zeus.





Pseudônimo: Ocelot

Título: Ao Deus dos Labirintos



Afonso Henriques:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: Este poema está bem melhor construído do que o da primeira fase. Nota-se, assim, uma evolução do poeta. Por outro lado, encontramos nele alguma obscuridade no desenrolar das imagens: o “obscuro” (às vezes no sentido de “misterioso”) muitas vezes é parte integrante da poesia, desde que alimentada por uma voltagem poética bem forte.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: O poema é bem escrito, porém o autor pecou ao usar uma linguagem impregnada de tom profético ou como se escrevesse uma oferenda.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: O poeta segue com forma e versos bastante corretos. Por outro lado, não conseguiu nesse poema o mesmo jogo de densidade/profundidade que obteve nas fases anteriores, resultando em um poema “certinho”, mas que não empolga. Tenho certeza absoluta, pelo trabalho apresentado até agora no certame, que o poeta pode mais.

                        

Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: O poema é fraco. A abordagem do tema não foi feliz. Texto previsível.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: O poema é misterioso e traz o “olhar turvo” na própria feitura. Este labirinto pode ser referência ao de Creta, onde os filhos Ícaro (de “olhar tão turvo”, que voou mais que podia) e Minotauro (nascido de um “amor banal”, animal “e humano”) foram aprisionados. Mas o poema fala mais, nos deuses em geral, presentes e onipotentes, de todos os mitos, que manipulam os destinos e encarceram os heróis em situações complexas. São também os que salvam. Os fiéis ficam cegos, nos caminhos retos e estreitos. Depois da leitura deste poema, fico com mais perguntas que respostas. Mas o poema poderia evidenciar um pouco mais do que o autor escolheu tratar.



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Gosto do poema, mas a segunda estrofe precisa ser reescrita.





Pseudônimo: Jean Jacques

Título: Mitologia Íntima



Afonso Henriques:

NOTA: 9.7

COMENTÁRIO: Este poema é bem melhor do que o apresentado na primeira fase. A tentativa da complexidade, da enumeração de imagens de melhor qualidade com ideias bem amarradas atestam essa melhoria em relação ao poema anterior.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Demonstra conhecimento das entidades mitológicas, tentando situá-las à sua realidade existencial e íntima. Porém, há uma apropriação excessiva dessas figuras.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: O poema se desenvolve solto, em versos livres, mas lhe falta um norte, um elemento de coesão. Os jogos de palavras “Afrodites noites” e “frenesi frívolo” se perdem na estrutura tipicamente prosaica enquanto versos excelentes como “Tocado há muito pela solidão/De um Hades em meu peito” acabam diluídos. A última estrofe é brilhante em ritmo, profundidade e imagem poética. Fico a desejar um poema inteiro escrito com essa pegada.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Gostei muito, apesar de ser longo. Se fosse um pouco menor seria perfeito.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Soberbo. Cada verso está no lugar certo, sem exceder o tema, com referências bem feitas. Boa relação dos mitos apresentados com a vida contemporânea e sentimentos humanos. Apropriação da mitologia para poetizar um cotidiano. Por fim, toma Deus como mito e arrebata o leitor. “Por Zeus do céu” vem em boa hora, quebrando um pouco o rigor do tom dramático e renovando o poema.



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: O poema possui um dos mais belos títulos desta etapa. Gosto principalmente da penúltima estrofe, na qual o poeta dá mostras do seu domínio técnico e das conexões subjetivas sugeridas pelo tema, assim:



“Por Zeus do céu,

Sou um ciclope cego no labirinto mundano,

...

Bailando com ninfas a preços vis nas esquinas.”





Pseudônimo: João Saramica

Título: Apelo a Tânatos



Afonso Henriques:

NOTA: 9.7

COMENTÁRIO: Também aqui se nota um crescimento do poeta em relação ao que foi apresentado na primeira fase. Parece que o tema “mitologia” fez bem a todos os poetas. O refrão utilizado nos últimos versos das quatro partes do poema mostra-se como boa solução estrutural.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Poema bem realizado, usou com certo comedimento as figuras mitológicas para reencená-las na atualidade.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: O poema segue uma estrutura em eco, em que cada estrofe se resolve em si mesma e vai se somando com as demais. A penúltima estrofe não é tão brilhante quanto as primeiras, talvez pelo excesso de referências que prejudicou a clareza de sua intenção. Confesso que o último verso me soou um pouco óbvio, por causa do titulo, e raso em comparação com o restante do poema. Um verdadeiro pecado, considerando-se todo o esforço e habilidade demonstrados no desenvolvimento do texto.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Gostei, mas o poema perde a força no final. Ficou bem desenvolvido mas deixou a desejar no arremate.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: A Cruz da religião toma o trono de Zeus e impera o contemporâneo.  Comparação entre tempos e história com imagens bem dispostas. Os últimos versos de cada estrofe, na repetição de uma conclusão que traz elementos novos, é uma boa sacada na forma. Mas o verso de conclusão do poema é contrastante à beleza da condução dos versos de desenvolvimento, finalizando de forma rápida e sem impacto.



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Assim como Cronos e outros seres mitológicos aqui referidos, Tânatos é um mito bastante rentável na poética do ocidente, e ganha boa releitura nas letras deste autor.





Pseudônimo: Manoel Helder

Título: Mítica Cartografia de um Corpo em Naufrágio



Afonso Henriques:

NOTA: 9.8

COMENTÁRIO: Um bom poema, bem construído, com algumas imagens bastante fortes, do quilate de “dorme uma hidra à sombra dos cabelos”. Penso que no penúltimo verso há um erro de digitação: será “sol” no lugar de “seol”, não é isso?



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Poema que bem panoramiza o naufrágio humano da utopia no mundo moderno.



Paulo Fodra:

NOTA: 10,0

COMENTÁRIO: Linda colcha de retalhos de signos e significados mitológicos, costurada com bastante cuidado. A imagem latente me fez pensar novas histórias. Se a apropriação do tema, por um lado, parece superficial, por outro, é bastante eficiente em criar um novo mito, o que remete novamente ao tema.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Gostei bastante. As palavras foram muito bem escolhidas. O poema soa muito bem.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: O nível de referências do poeta é vasto – o que aqui enriquece seu poema. Um poema sisudo, de ritmo envolvente.



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Belo poema, exímia epígrafe. Transcrevo a seguir a estrofe que para mim, como leitor de poesia, sintetiza a beleza referida:



Morrer assim, sozinha...

Sem carpideira alguma a lhe tecer um canto,

sem ouro nos alforjes, sem filhos nos seios,

sem bravo argonauta em desvio de rota,

no rastro do ouro das tranças desfeitas...


Pseudônimo: Per-Verso

Título: Baco, now!


Afonso Henriques:

NOTA: 9.7

COMENTÁRIO: Essa anarquia báquica apresenta bons momentos, mas o poema ainda precisa de alguma carpintaria (apesar de soluções boas como a aliteração em “faunos felam-se festivamente”). É que há versos que necessitam ser melhor considerados, pois me parecem destoar do todo. Um exemplo é “O deus do rebuceteio diverte-se em perverter aquilo que parece ser” (“aquilo que parece ser” enfraquece muito a ação desse “deus do rebuceteio”: será necessário encontrar uma solução melhor pra fortalecer o tal “deus”).



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Bebendo nas taças de Baco, o autor embriagou-se demais e quase perde o rumo de sua nau poética, porém, vale pela explicitação do caos, também transferido à linguagem.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Nada contra a orgia. Aqui, a abordagem depravada, tão bem aplicada em outros contextos ao longo do certame, soou singela demais. Colocada no  contexto da orgia bacante, não traz nenhuma novidade, espanto ou choque, características tão valorosas nos outros trabalhos do poeta. Soou apenas forçada e exagerada demais.



Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Não gosto da abordagem do tema e das palavras escolhidas. É ruim de ler.



Marcelo Asth:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: O título é interessante e o tema escolhido também. Porém, deixa um pouco a desejar nas rimas - que são muito redondas - e em suas soluções. “Atenas a Salvador” é um verso mal engendrado. As imagens poderiam ter sido construídas com mais densidade. Alguns momentos melhores, como: “faunos felam-se festivamente” e outras repetições de letras e fonemas nos versos, pelo texto.



Nonato Gurgel:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Curto o pseudônimo da autoria em sintonia com o título do poema, a epígrafe e o tema sugerido. Sugiro corte, concisão, re-forma.


 
RANKING DA 2º ETAPA (MITOLOGIA):

1º Letícia Simões (Alice Lobo), por “ulisses,” – 58,9 pts.

2º Wender Montenegro (Manoel Helder), por “Mítica Cartografia de um Corpo em Naufrágio” – 58,8 pts.

3º Henrique César Cabral (Gaspar), por “Ciclope” – 58,3 pts. (maior nota: 9,9)

4º Geovani Doratiotto (G.D), por “Caverna – São Paulo” – 58,3 pts. (maior nota: 9,8)

5º Barolo, por “Tântalo Moderno” – 58 pts. (maior nota: 10)

6º Thiago Luz (Jean Jacques), por “Mitologia Íntima” – 58 pts. (maior nota: 9,9)

7º Lune, por “Dia profano” – 58 pts. (maior nota: 9,8)

8º Francisco Ferreira (João Saramica), por “Apelo a Tânatos” – 57,9 pts.

9º Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa), por “O Coro do Caos” – 57,8 pts.

10º Renan Duarte (Ocelot), por “Ao Deus dos Labirintos” – 57,2 pts.

11º Marco Antonio Tozzato (Per-Verso), por “Baco, now!” – 57,1 pts.

12º Flávio Machado (Dersu Uzala), por “amazonas” – 56,7 pts.

O POETA
WENDER MONTENEGRO (MANEOL HELDER) GANHOU 01 (UM) PONTO DE BONUS NA ENQUETE DA RODADA. PARABÉNS!

(OBS: Este ponto será somado apenas ao Ranking Oficial).

PARABÉNS, LETÍCIA SIMÕES (ALICE LOBO),

PELA PRIMEIRA COLOCAÇÃO NA 2º ETAPA!

PARABÉNS TAMBÉM A TODOS OS POETAS, QUE SE DEDICARAM E REALIZARAM UM BELÍSSIMO TRABALHO - TALVEZ UMA DAS RODADAS MAIS BONITAS DAS DUAS EDIÇÕES DO CONCURSO DE POESIA AUTORES S/A!

AINDA HOJE, ÀS 22 HORAS, IRÁ ACONTECER O BATE-PAPO POÉTICO NA PÁGINA DO AUTORES S/A NO FACEBOOK! EIS O LINK DA PÁGINA:

http://www.facebook.com/#!/pages/Autores-SA/229353043769403

O RANKING OFICIAL SERÁ ATUALIZADO, NA BARRA LARANJA.

ENTÃO, O QUE ACHARAM DOS RESULTADOS?

ATÉ A PRÓXIMA!

AUTORES S/A


4 comentários:

Anônimo disse...

Quem espera sempre cansa.... ops... alcança... :-)

Anônimo disse...

cadê os comentários dessa vez?

Anônimo disse...

que silêncio!!!

Anônimo disse...

Parece até que todos estão decepcionados... Anda, gente, comenta! Quero saber o que acharam do meu poema, comentem por favor.