quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Poemas da Terceira Rodada da Fase de Grupos

Olá, queridos poetas e leitores!

Chegamos a um momento decisivo no III Concurso de Poesia Autores S/A: a terceira rodada da fase de grupos. Na quinta-feira, teremos a definição de todos os 16 classificados para as oitavas de final. Os duelos dessa rodada estão quentíssimos! Já dá para imaginar quem vai enfrentar quem nas oitavas. Abaixo, segue a tabela de como ficarão os emparelhamentos. Lembrando que isso já foi definido desde o sorteio dos grupos. Façam suas análises, poetas!



(clique na imagem para melhor visualização)



         Nesta rodada, os 32 bravos guerreiros da poesia tiveram de elaborar poemas inspirados em imagens. Será que uma imagem vale mais do que 32 poemas? Vamos descobrir isso, mais adiante, neste post.


VOTAÇÃO POPULAR

Desejamos a todos uma ótima leitura e, claro: não deixem de comentar e votar, no campo dos comentários deste post. A votação só será válida se o comentarista estiver LOGADO COM A CONTA DO GOOGLE! A votação será iniciada às 19:00 de segunda-feira e encerrada às 17 horas de quinta-feira, dia 30/10/14. Ao final das 3 rodadas, serão somados todos os votos dados e elegeremos o poeta vencedor pelo voto popular.

  
PREMIAÇÃO DA RODADA

Abaixo, seguem as respectivas premiações, divididas por grupos:

GRUPO A

Nathan ou Bianca: quem vencer o duelo receberá “Do todo que me cerca”, de Cinthia Kriemler. Em caso de empate, será considerada a classificação final do poeta no grupo.

Danilo ou Jacqueline: – mesmo esquema anterior – “Sob escombros”, de Cinthia Kriemler.

GRUPO B

Dora ou Herton – quem vencer o duelo receberá “Um esboço de nudez”, de Nathan Sousa. Em caso de empate, será considerada a classificação final do poeta no grupo.

André ou Hugo – mesmo esquema anterior – “Um esboço de nudez”, de Nathan Sousa.

GRUPO C

Álvaro ou Adalberto – quem vencer o duelo receberá o livro “Tio Francisco” de Jacqueline Salgado. Em caso de empate, será considerada a classificação final no grupo.

André ou Bruno – mesmo esquema anterior - livro “Coletânea Prêmio Off-Flip”, doado e com participação Jacqueline Salgado.

GRUPO D

Isadora ou Raimundo - quem vencer o duelo receberá o livro “Palavras de areia” de André Kondo. Em caso de empate, será considerada a classificação final no grupo.

Andressa ou Simone – mesmo esquema anterior – livro “Contos do sol nascente”, de André Kondo.

GRUPO E

Ricardo ou Marília - quem vencer o duelo receberá o livro “Dança dos dísticos” de Francisco Carvalho Jr.. Em caso de empate, será considerada a classificação final no grupo.

Gerci ou Luiz Otávio – mesmo esquema anterior – livro “Dança dos dísticos”, de Francisco Carvalho Jr.

GRUPO F
Maria Amélia ou Desirée – quem vencer o duelo receberá o livro “Formol”, de André Oviedo. Em caso de empate, será considerada a classificação final no grupo.

André ou Francisco – mesmo esquema anterior – livro “Formol”, de André Oviedo.

GRUPO G

Danielle ou Georgio – quem vencer o duelo receberá o livro “Coletânea Elos Literários”, doado e com participação de André Anlub. Em caso de empate, será considerada a classificação final no grupo.

Cinthia ou Marcelo – mesmo esquema anterior – livro “O melhor de poesia encantadas – vol. 7”, doado e com participação de André Anlub.

GRUPO H

Natasha ou Thiago – quem vencer o duelo receberá o livro “Luiz Otávio Oliani – Entre-textos”, de Luiz Otávio Oliani. Em caso de empate, será considerada a classificação final no grupo.

Jorge Augusto ou Francisco – mesmo esquema anterior – livro “A eternidade dos dias”, de Luiz Otávio Oliani.

POEMAS DA 3º RODADA


GRUPO A
3º RODADA
IMAGEM TEMÁTICA:



DUELO 01

“Hiato”, de Danilo Fernandes

X

“De como silenciar canções”, de Jacqueline Salgado


Título: Hiato (Danilo Fernandes)

À minha volta, homens sisudos
estremecem gravemente.
Vejo-os incautos do meu ponto
equilibrado de doçura.
Que homens perdidos em si,
logo fertilizarão o chão pisado.
Quanta agressão indumentária,
nesta pesada combinação inerme.
Não irão me corromper com pele
vincada de história inconclusa.
Olhar essa face infantil não põe medo
me faz ser muda, me faz ser Deus. 

Título: De como silenciar canções (Jacqueline Salgado)

Tinha mãos de espinho porque destruíste as rosas. Eu, também rosa,
desabitei  o seu gesto, com o que restara de minhas asas de gelo.
Tocamo-nos apenas no silêncio
por trás da tarde, levemente crivado
de palpites acinzentados. As horas ficam.
Curvam-se ágeis as palavras mortas, em um ou dois
bagaços da memória. Estrelas
se desdobram por baixo revirando minhas metáforas
todas repousando delicadas
por ironia da noite.

Cerro os olhos de dentro para não ver a espera.
Por fora, sou um jardim atento.
Verdades sobre ti
passam-morrem,
escoam et caeteramente
pelos olhos cúmplices do entorno.
Eis-me na dor da hora suja. Eis-me
secreta, hermética, profunda, divagada
pela rosa muda que sonhei, em mim.

Movo-me cada vez mais distante dos teus riscos
e o que vês em mim, é o seu único
refúgio.
Eu sei, é certo. Não faltarão simulacros
de rosas outras
a desdizer-me enquanto canção,
nem outras mãos miúdas. Nem braços descruzados
à despertar pássaros ferida abaixo.
Nem rosas cantadas em silêncio. Silêncio
grande demais, para se habitar só em gestos.


DUELO 02

Títulos:

“Caudilho”, de Nathan Sousa

X

“resistência”, de Bianca Velloso


Título: Caudilho (Nathan Sousa)

Moro em um país que não
me cumprimenta, onde o meu

melhor está enterrado. Peço
bênçãos aos trovões entre

uma morte e outra, forjando
meu metal sem brilho. Estou

no cerne da tela; abstrato e
seco feito um líder ingrato.

O que me escapa está impregnado
de fuga e fome; lavado de língua

e regresso. O que me transborda
me depura. Me aceita feito cura;

me afoga feito excesso.

Título: resistência (Bianca Velloso)

novembro de mil novecentos e setenta e nove
primavera no hemisfério sul
e era medo o que florescia
no jardim lá de casa
...
diziam que o pior já havia passado
mas a gente engolia ideais
e vomitava escuridões
a gente calava o que sentia
...
quando aqueles homens cinzas
levaram meus pais
deixaram no meu peito
esta pústula acesa
que carrego até hoje
...
criança exilada da infância
:
existo, resisto, insisto

GRUPO B
3º RODADA
IMAGEM TEMÁTICA:



DUELO 01

Títulos:

“Nunca mais”, de André Oviedo

X

“Não reciclável”, de Hugo Costa


Título: Nunca mais (André Oviedo)

há assuntos
que viraram
feridas
ainda assim
arranco a casca
deixo a pele
exposta
até achar
uma resposta
que me satisfaça
e a paz
transforme tudo
em nunca mais.

Título: Não Reciclável (Hugo Costa)

Outubro
de dois mil e quatorze.
A tarde se despede
na rua Deputado Álvaro Gaudêncio,
mais conhecida como Rua das castanholas 
e, na calçada do residencial  Gabriela,
- entre os frutos amadurecidos pelo tempo - 
Uma imagem prematura:

não é um morador de rua, 
que mais deveria ser chamado de nômade;
muito menos um recém-nascido
-- apesar da semelhança --
abandonado numa porta

São sonhos desfeitos
verões na memória
dois filhos em breve
promessas, viagens
Escritas à lápis 
a fio, 
sem pressa
numa noite dessas
de muita saudade

no fim, 
eu te amo
dois nomes e um beijo
do batom vermelho 
que já fez alarde
na gola de linho
quando era pra sempre
é o velho clichê
que no amor se faz parte

E a força da mesma mão,
que marcou de amor
todo um corpo,
amassou sem perdão
toda a carta
entregue aos mandos dos ventos
que varrem as folhas – sem rumo
pintando de outono a paisagem.

DUELO 02

Títulos:

“Desdobramentos”, de Dora Oliveira

X

“à queima roupa”, de Herton Gomes

Título: Desdobramentos (Dora Oliveira)

Fez-se homem e poeta
das dobraduras da infância:
Chapéu de soldado na cabeça.
Barquinho na poça d’água da rua.
Aviãozinho no céu azul da imaginação.
E a alegria contornou as formas.

A poesia aflorou em cadernos,
folhas brancas, pautadas
e rodapés de jornais.
Em qualquer espaço
onde a caneta pudesse
caligrafar efervescências.

O homem se descuidou...
Em fúria inclemente
a mão do destino amassou
tudo que era papel
e jogou no limbo dos desenganos:
O barquinho, o chapéu, o aviãozinho
e as centenas de poemas.

As urgências cotidianas
trataram de ajeitar sobre a mesa
o papel ofício timbrado.
Mudaram os planos,
imprimiram as planilhas.

Melancolicamente...
O homem, órfão do poeta,
desdobra-se em obrigações,
cumpre horários e acumula pesares.
Comodamente,
o cartão de crédito rígido
e o dinheiro aberto na carteira.
O paletó nas costas
sem os braços nas mangas.

Oh! Vida maçante!

Título: à queima roupa (Herton Gomes)

a folha tesa
de rancor e mágoa
mutila o verso
fulminante:
o fel
amargo da palavra
embrulhada pra viagem
do amante

que não comprou
passagem de volta
revolta
é agora  sua munição:
balas de goma
mofadas
a esmo disparadas
atingindo o próprio coração

quando a paixão é pouca
ao poeta  fatalmente
resta
a ironia:
rimas
são tiros à queima roupa
deliberadamente
à sua revelia.

GRUPO C
3º RODADA
IMAGEM TEMÁTICA:



DUELO 01

Títulos:

“La vie”, de Adalberto Carmo

X

“A faixa (de segurança) beatle”, de Alvaro Barcellos


Título: La Vie (Adalberto Carmo)

                Quatro pares de patas atravessam na faixa
                - Ato banal simulado no Tempo/Espaço
                inúmeras vezes, inúmeros passos – Abbey Road
                cruz informe La vie em close da música pop
                cantarei agora a tua glória intemporal!
[George]Bangladesh Bangla bamba em embrulhado azul
                - Hare Krishna Hare Hare Rama Rama Hare
                Hare Krishina Rama
– cantando enquanto
[Paul]    Govinda vem vindo com um fino a quem convém
                pobre pé pelado de abrasado Beat
                le Beata tre bien Loka came in throug
[Ringo] Padreco abençoado pedras pelas sombras
                ensaia o anúncio do último óctopus & clama
[John] Come back to Earth & purify the rock’n’roll
                - Ato banal simulado no Tempo/Espaço
                inúmeras vezes, inúmeros passos – Abbey Road
                cruz informe La vie em rose da música pop
                Seriamos todos sérios se não fossemos translúcidos
                pulsar de quasar astral em oito canais.

Título: A faixa (de segurança) beatle (Alvaro Barcellos)

Caminham calmos
os quatro cavaleiros (do apocalipse?)
– os (re)inventores
de outras ondas e canções
os arquitetos de uns ventos meio insanos
os habitantes da lua e da corda-bamba.

E se tecem o arco-íris da canção
– em plena primavera aquariana –
abre John o compasso
cata estrelas nos bolsos
– e Abbey Road
os aguarda logo ali.

Em que pensam
esses quatro cavalheiros
ora em sintonia ora distantes?
Em que pensam nessa faixa
– nessa aurora
que tramam sob a flor desses acordes?

Paul vai descalço
– com seu terno chumbo
e o seu cigarro –
depois de Ringo
– a baqueta pulsante
da moçada flower power.

Por fim vai George
– na cabeça um oriente
com que tempera
o seu peito trovador
e que equilibra nas manhãs
todo seu sonho zen.

Caminham calmos
esses quatro caval(h)eiros
mas resolutos: vão cumprir seu destino.
Porque jamais puderam esquecer:
já não espera por ninguém
o trem da história.


DUELO 02

Títulos:

“A escolha”, de André Barbosa

X

“abbey road”, de Bruno Baptista

Título: A escolha (André Barbosa)

Milhões de besouros deslumbrados aos brados,
Nutridos e alienados;
Som hipnotizante, atemporal e famigerado.
Fotos estampadas em revistas,
Jornais e memórias,
Faz da nossa história um pouco mais abençoada.

Mas tudo muda ao toque do botão...
Muda ou fala na opção escolhida,
Rompe-se a bolha e abre-se o inventário...

Por cada um, por cada muitos...

Não quero mais besouros pela sala,
Quero ouvir pedras rolando descendo o calvário.

Título: abbey road (Bruno Baptista)

why don't we do it in
the road?, disseram

com os pés na faixa
a cabeça no estúdio

ao fundo o céu azul
vai dali até liverpool
  
GRUPO D
3º RODADA
IMAGEM TEMÁTICA:



DUELO 01

Títulos:

“Rio, de janeiro”, de Simone Prado

X

“Da emotividade”, de Andressa Barrichello

Título:  Rio, de Janeiro (Simone Prado)

formação plúmbea,...

céu
(rezado)

precipitam
.
.
.

microfones
páginas
de jornais


Título: Da emotividade (Andressa Barrichello)

Essas lágrimas salgadas e cruas
transparentes como vidro
Das quais mesmo depois de choradas
não se sabe dizer o sentido
Confirmam nunca o nome de suas nascentes
E bem poderiam ser das gentes e das ruas
Não fossem os olhos vertentes
a torná-las suas
Essas lágrimas
Derramadas quando é noite
Não se saberá nunca
saudade ou lenta despedida
Porque são um pranto vazio, açoite
que a gente inventa pra chorar
As dores todas e outras da vida.

DUELO 02

Títulos:

“feliz natal”, de Raimundo de Moraes

X

“Tudo pode ser dito”, de Isadora Bellavinha

Título: feliz natal (Raimundo de Moraes)

o cartão de crédito
explode em fogos
de artifício
a chuva de verão
encharca a decoração
kitsch da municipalidade
o amigo secreto
me servirá estricnina?
é quase meia-noite
estala o chicote
sobre as renas
um papai noel
furioso

Título: Tudo permanece por ser dito (Isadora Bellavinha)

Tudo.
Tudo permanece por ser dito.
Por ser dito permanece o sonho,
concreto-físico.
Por ser dito permanece o Aleph,
buraco infinito.
Mas tudo,
tudo permanece por ser dito.
Na babel de escombros,
tijolo por tijolo,
erguem-se arranha-céus famintos.
Devoram o ar, impenetráveis blocos rígidos
e Deus – muito longe -
permanece por ser visto.
Sendo quase/entorno/coisa
toda coisa à vista permanece no olhar
e na coisa não dita,
e quando dita
não há nada que satisfaça a vista.
Por isso, toda coisa
é em palavra só pista.
Mas tudo,
tudo só permanece sendo dito,
dita-se a coisa
- agora escrita
bota-se,
pois,
a coisa à vista.
Transvestida a coisa
em palavra transcrita,
já essa é outra,

embaça-se a vista.

GRUPO E
3º RODADA
IMAGEM TEMÁTICA:



DUELO 01

Títulos:

“Enredo”, de Ricardo Thadeu

X

“Enverdecer”, de Marília Lima

Título: Enredo (Ricardo Thadeu)

O homem é um só e se divide
em mil balões atados por um nó;

é um elo que, na rua, se bifurca:
nada busca, além de dissolver-se.

As portas expõem o ego partido,
inflado com ar que o outro respira.

Em mil bexigas de mil mentiras,
o ser, na avenida, se decompõe.

Título: Enverdecer (Marília Lima)

O moço dos balões
passa vendendo infância

Contra o gris cotidiano
floresce
o buquê multicolorido

Colho as flores
nos olhos renovados

Ah, se uma das flores aéreas
se soltar,
correrei para apanhá-la
e,
rindo-me da lógica enfadonha dos adultos,
subirei com ela ao céu
para,
com meu anzol de infância, 
enferrujado,
(agora livre)
pescar leves nuvens fugidias.


DUELO 02

Títulos:

“Travessia de cores”, de Gerci Oliveira

X

“Traços”, de Luiz Otávio Oliani

Título: Travessia de cores (Gerci Oliveira)

envolta na esperança ela segue
os passos completam travessias em pauta
escrevem no asfalto a leveza do dia que começa

indiferentes ante o colorido em cascata
marcham as criaturas
esquecem a magia
de levitar feito balão
preso ao cordão do sonho de ser criança

Título: Traços (Luiz Otávio Oliani)

as casas geminadas
veem a infância passar

nos balões de gás
reconhecem o tempo
que flui silenciosamente

não choram
frente à efemeridade

apenas guardam consigo
o passado a sete chaves

GRUPO F
3º RODADA
IMAGEM TEMÁTICA:


DUELO 01

Títulos:

“Rapina”, de Maria Amélia Elói

X

“À espreita”, de Desirée Jung

Título: Rapina (Maria Amélia Elói)

Baila comigo hoje?
─ convida o abutre-do-velho-mundo.
Mas o menino nem dá ligança.

Brinca comigo agora?
─ roga mãe Ísis, regaço fértil.
Mas a criança não crê carícia.

Dessabendo sentir sede da infância
─ pois a dor amadura e entorta
Absorto na carência presente
─ já que a guerra não instrui esperança,

continua firme o garoto:
vivo, teimoso, eterno
pelo menos na fotografia

Título: À espreita (Desirée Jung)

No corpo, o homem sente-se vigiado pelo caos da cidade,
que soterra os seus sonhos, lhe faz carniça, e lhe persegue
com a arrogância de um urubu. Na carne, a sua criança
se curva, e sente fome de vida.

É feito de terra o caminho até a vila, e as rachaduras
do solo lhe dão sede, a falta de água no campo caótica
e deixando seus olhos molhados, pedintes. Quando chega
para visitar a família, lembra-se do útero do mundo.

Na alma, ele vive em dois hemisférios, um pobre de palavras,
o outro rico de objetos. Na cidade, é homem feito, solitário.
No campo, a mata do seu coração abriga elementos estranhos, estrangeiros.
Teme, como um ser abandonado, a vingança da memória. 


DUELO 02

Títulos:

“Clarão”, de Francisco Carvalho

X

“asas famintas”, de André Kondo


Título: Clarão (Francisco Carvalho)

a fome – ave de rapina –
fita o que nos desalimenta,
cada farelo que nos consome:

os ásperos grãos
de pão,
de guerras,
de prêmios,
de dinheiro,
de poder...

caberia tudo
num só clarão de espanto ou
num bater de asas sovinas?

a fome, de modo inclemente,
mata com pílulas de culpa,
de exílios e silêncios cortantes!

um sonho de capa de jornal:
em fase de inapetência e autoflagelo,

a fome suicida-se,
com uma garfada,
no fundo da vasilha
em que jantava vazios...

a vida, agora,
depende apenas
da sede de cada ser.

Título: asas famintas (André Kondo)

a morte fecha as asas
e observa a vida curvada
olhos semeados no pó
de onde nada se colhe

a criança busca
no seio da terra
o leite de alguma mãe
inexistente

a infância em oração
de preces mudas que na vetusta terra
estéreis caem
e nunca germinam
para alimentar a esperança

o berço é um árido útero
de um parto mal acabado
não há vazio mais vasto
do que um ventre faminto
parindo uma criança sem colo

a morte também tem fome
e se sacia de outra fome
ainda maior
que a devora
com a paciência do abutre

a negra morte emprestará
suas veladas asas ao anjo
que nesta dura terr’áfrica as perdeu
mas tais penas não o levarão
a céu algum

luto, silêncio...
e a criança ali sozinha a perguntar:
quem morreu?
e a humanidade a responder:
apenas eu.

GRUPO G
3º RODADA
IMAGEM TEMÁTICA:



DUELO 01
Títulos:

“descerteza”, de Danielle Takase

X

“Quotidiano”, de Georgio Rios

Título: descerteza (Danielle Takase)

é cedo e teresa faz café. teresa antes dos galos, antes dos sóis, antes dos primeiros busões, teresa. prepara roupa de um pro trabalho, comida de dois pra escola, separa a mistura do almoço e da marmita.  ainda cedo, teresa põe o copo d'água do lado do rádio pra bênção. faz sinal da cruz, descansa a mão sobre o peito que incansável joga sobre o tanque e sobre a pia e sobre e sob os móveis. é cedo, teresa, e já me ensinaram que pra gente da tua estirpe a gente não gasta verso, só verbo: age, teresa, age que essa gente tragicômica merece pouco. nem choro, nem riso. beira à insignificância do passar dos dias. nem acabou a manhã e teresa faz de tudo pouco, sendo ela pouco
− sentindo menos ainda.

mas teresa já foi tão mais,

teresa acorda em sonho e vai varrer as teias de aranha
do buraco obscuro e poeirento da memória
pra ressuscitar vontades de doces e
doçuras, que faziam cócegas
nos dedos, vontades
de querer-se
querer se
quiser

mas eram vetadas pela cruz sobre a cama e mais tarde viravam pai-nosso-ave-maria culpa introjetada penitência. mas dorme, teresa, porque do era uma vez te ensinaram a querer mais; dos reinos, castelos, príncipes, restaram a casa, o marido, a cama, e filhos e tanque geladeira mesa banheiro fogão enxaqueca livro de receitas. e agarra o guarda-louças e a boneca de trocar fraldas e veste o avental e senta na frente da tv e contempla o espetáculo da telenovela nem pisca vê o sangue deitado na manchete nem se surpreende observa a fofoca dos quilos a mais das rugas celulites divórcio. segunda terça quarta quinta sexta feira feira feira feira feira assiste de semblante secretamente estarrecido as vontades se esvaírem com a poeira. mas teresa, tão querida, quem poderia imaginar. algo mais.

ontem hoje amanhã
agora

teresa tédio médio, acre
medíocre da raiz até as pontas.

teresa desencontrada
em busca de coisa alguma.

Título: Quotidiano (Georgio Rios)

Volto à velha estrada da tarde,
a luz da janela em teus olhos
projeta um filme mudo,
de quadros compassados,
crestando suas íntimas colorações,
seus chamados desenhando a flora secreta
que habita as cortinas.

As frestas, na parede, ouvem quietas
o que conta o lado de fora,
a dança dos galhos movediços
anuncia trinados distantes,
resquícios de notícias longínquas,
lembranças desbotando, aos poucos,
nos meandros do dia, que desaba
perscrutando a infinita espera
pelo chamado.

Longe está meu templo:
as valsas do tempo,
decomposição, que repartida
na tarde, se dissipa.

DUELO 02

Títulos:

“Natureza morta”, de Cinthia Kriemler

X

“Espera”, de Marcelo Asth

Título: Natureza morta (Cinthia Kriemler)


                                                             Às vezes, não há nenhum aviso. 
                                   As coisas acontecem em segundos. Tudo muda. 
                                                             Você está vivo. Você está morto.
                                                                       (Charles Bukowski)


tenho cantos prediletos para 
esconder as loucas que me moram
para deslembrar os eus-
demônios (máscaras de kabuki 
que comem as minhas carnes 
internas com pauzinhos japoneses
usados
os medos-inquilinos foram 
subornados por girassóis 
de plástico [amarelos como o riso
o roupão, o peito da coruja 
da sorte < que namora o pássaro preto >
o soalho, a parede rachada, a garrafa 
de licor alcoólatra que se bebeu até 
a penúltima gota
; como as fotos antigas em que 
tudo é história que se conta 
distorcendo a gosto]
não há rotas para fora (só as de colisão
e as coisas de dentro fizeram acordo 
com a rotina apática
: panelas sem tampa. filtro de barro. louça 
na pia. roupa no varal. tábua de passar
a vida a limpo
na estante, um embornal de ácida
emergência — hilda, leminski, bukowski
rimbaud —,  para aplacar 
condescendências 
na cômoda, um telefone desbotado
para emprestar à solidão nos dias 
em que ela não me suporta


Título: Espera (Marcelo Asth)

Depois dos seus olhos,
Nada mais.
Tudo em torno, mero adorno.
O ar abafado de ais...

Por dentro, paisagens nossas.
Desdobro ao dobro as imagens:
Montanhas degelam grossas,
Eu rio alagando demoras,
Paredes se racham porosas –
Seus olhos abrindo passagens.

Eu crio, alargando as horas,
Roteiros de expectativas,
Vontades massivas, missivas,
Furtivas, festivas, festeiras.
Sinto a ideia voando ao longe
Como pomba mensageira.

O tempo se parte na tarde
No extático estático estado.
Estar contigo em mente,
Sem estar contigo ao lado,
Permite que eu nos reinvente
Num filme feliz desbotado.

Depois de seus olhos – pudera! –
Desfolho os roteiros da gente
Em cenas pruma primavera
Ornada de flores carentes,
De plástico, tecido e quimera,
Descritas nos toques candentes
Em escrita que nunca se encerra.

(E os seus olhos em mim tão presentes
Filmando os meus olhos de espera...)


GRUPO H
3º RODADA
IMAGEM TEMÁTICA:



DUELO 01

Títulos:
“Xeque-mate”, de Francisco Ferreira

X

“Avant-garde
(ou uma legenda para Capa de um álbum de guerra)”, de Jorge Augusto Silva


Título: Xeque Mate

A cada dia igual aperto os parafusos
que me sustêm a máscara.
Escamas de culpas
obstruem a visão de tardia fênix .
Minha atiradeira em repouso, funda calada.
 Assim, estou, Excalibur embainhada na pedra.

De dedos tortos
A sorte já preDESTINOu as regras do jogo:
Ganham as pretas.


Título: Avant-garde
(ou uma legenda para Capa de um álbum de guerra) (Jorge Augusto Silva)

I
no silêncio  preto e branco
da película
a guerra segue sua narrativa
duplicada
entre vida e jogo - metáfora -
olho por olho
um soldado enfrenta outro
a rainha
não entra no quadro
desfocada ao fundo
no xadrez ou no pentágono

II
no desenho preto e branco
do tabuleiro
o soldado sonda seu duplo
espelho
que refrata a imagem que abarca
entre
referente e referência – a guerra
delata
‘no campo dos signos’
a batalha que se trava
entre o soldado e o nada

III
mas esse caminhar para o abismo
exercício
do soldado quando se move
no tabuleiro
(campo minado / semiose da  morte
totem e tabu
para o soldado) serve de metonímia
do beco
sem saída que é a vida - xeque-mate
ou morra - o que está em jogo
é preencher o vazio a socos.

DUELO 02

Títulos

“Engatilhados”, de Natasha Félix

X

“Especular”, de Thiago Carvalho


Título: Engatilhados (Natasha Félix)

as trincheiras não marcam territórios.
dividem lares, carregam corpos

corações furados de bala
dentes rangem pecados
                                                    [queimam cartas. sonham branco. soletram nomes. pintam     
                                                    números: quantos foram?  quantos sobram?
                                                                                                          

marcas sepultadas em sacos fechados
de um mundo sem eco.
de um mundo sem nada.
gritos flechados ao vento
- inconclusos,

a Capa que veste as batalhas
há muito deixou o campo

quando o fotógrafo engoliu a mina
seu legado foi a condição
:

viverás teus exatos, teus planos
mas terás que lidar com retratos
da solidão

de uma época em que o poço mais fundo
mirava no outro
e atirava no pé.


Título: Especular (Thiago Carvalho)

Cada olhar fixo se refez
Congelado margem a margem
Do preto e branco do xadrez
Ao preto e branco da imagem

POESIA POESIA POESIA POESIA

Até quinta-feira, com os resultados e a definição dos confrontos 
das oitavas de final!

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47 comentários:

Antonio Sodré disse...

Meu voto vai para "Clarão", de Francisco Carvalho.

Alice Pinheiro disse...

Que poesia mais linda é essa, " Espera", do Marcelo! Quanto intimidade com as palavras! Amei, amei todas aquelas imagens delicadas e lindas.

"(E os seus olhos em mim tão presentes
Filmando os meus olhos de espera...)"

Ai, Ai... esses olhos, quase que morri!

Unknown disse...

Clarão!!! Carvalho Junior, poeta espetacular!

Unknown disse...

O autor conseguiu ler bem a imagem e trabalhar com as palavras, respondendo muito bem à proposta, trazendo o tema da fome de maneira muito poética. Muito bom, Carvalho!

Unknown disse...

Meu voto é para " Clarão" de Francisco Carvalho

Unknown disse...

Meu voto é para " Clarão" de Francisco Carvalho

Anônimo disse...

Não estou conseguindo votar.

Edelson Nagues disse...

Voto em "Asas famintas", do grande André Kondo.

Unknown disse...

voto no poema CLARÃO, de Francisco Carvalho.
Um belo poema.

Unknown disse...

Clarão de Francisco Carvalho nos faz ter sede de buscar uma saída pra essa fome que nos consome.

edweinels disse...

Mais um lindo poema de Andre Kondo. Votado, amigo.

Inês Maciel disse...

Meu voto é para "Clarão" de Francisco Carvalho

Antonia Soares disse...

Meu voto é "Clarão" de Francisco Carvalho.

Silvna Felipe disse...

Primor de texto de André Kondo, meu voto é pra ele.

Unknown disse...

Meu voto é para " Clarão" de Francisco Carvalho.

Este poema é forte e marcante!!

Parabéns poeta, Caxias/MA está bem representada!!

Alipio Teixeira disse...

Clarão!!! Carvalho Junior, poeta sem par !!!!

Anônimo disse...

São tão chatos que eu não consigo nem ler...

Unknown disse...

Vamos todos com o CLARÃO de Francisco Carvalho.. meu voto é dele

Anônimo disse...

voto no poema CLARÃO, de Francisco Carvalho.

Anônimo disse...

voto no poema CLARÃO, de Francisco Carvalho.voto no poema CLARÃO, de Francisco Carvalho.

Anônimo disse...

voto no poema CLARÃO, de Francisco Carvalho.

Anônimo disse...

voto no poema CLARÃO, de Francisco Carvalho.

Anônimo disse...

Meu voto: Clarão- Carvalho
Junior

Unknown disse...

voto em CLARÃO, de Francisco Carvalho.

Unknown disse...

voto no poema CLARÃO, de Francisco Carvalho.

Márcia Magalhães disse...

voto no poema CLARÃO, de Francisco Carvalho.

RAIMUNDO MARIO disse...

Vamos todos com o CLARÃO de Francisco Carvalho.. meu voto é dele

Anônimo disse...

Gente, claro que pode vir e votar no poema do amigo, embora esse não seja o espírito da brincadeira. Mas não muda nada. O problema é votar anônimo e fazer isso varias vezes na mesma hora. Não precisa copiar e colar o mesmo comentário. Muito chato isso!
Dá seu voto, no seu amigo ou no poema que gostou mais (o que era pra ser) e pronto.

salve!

Admary disse...

"voto no poema CLARÃO, de Francisco Carvalho.

Unknown disse...


Voto no poema de Carvalho Junior: Lindo.não fala do pão, mas fala da sede e da fome do " filhos do padeiro"

André Anlub disse...

Meu abraço aos amigos das letras! Não li todos então não me acho apto à votar! Venho só deixar meu alô!
Muita inspiração a todos!

Anônimo disse...

meu voto vai para

"Asas Famintas" André Telucazu Kondo

Unknown disse...

Voto no poema Clarão de Carvalho Junior

Ju Blasina disse...

Meu voto:

A faixa (de segurança) beatle (de Alvaro Barcellos)

Luciana Bastiani disse...

voto CLARÃO de Francisco Carvalho

Joaquim disse...

VOTO NO POEMA CLARÃO, DE FRANCISCO CARVALHO!

Gerci Godoy disse...

Voto no no poema resistência de Bianca velloso

Filippi disse...

Gostei do entrecruzamento de imagens e ideias do Francisco Carvalho.

Ângela Maria gomes Pereira disse...

Fica mesmo tudo muito claro, é tudo muito claro: a vida não é propriedade, nem caridade, viver não é caridade, caridade não é o caminho. O abutre é o ser mais caridoso que existe: não mata, só espera morrer, para assim poder viver. A foto e o poema são claros: do quê nos orgulhamos? Carvalho, meu voto é para você, com seu "Clarão", lampejo de inteligência, sensibilidade humana.

Joaquim disse...

VOTO NO POEMA CLARÃO, DE FRANCISCO CARVALHO!

Gustavo Terra disse...

"Resistência", de Bianca Velloso.

Daniel Moreira disse...

o meu voto:

A faixa (de segurança) beatle (de Alvaro Barcellos)

Felipe Neto Viana disse...

Bom dia,

A leva elevou-se qualitativamente em comparativo com as anteriores. Notei tentativas de ousadia, muito embora ainda estejam aquém de triunfantes feitos.

A imagem do caudilho versus a rosa, tomando como suporte os poemas do grupo, é significativa. Os poetas se safaram. Escrever sobre imagens significativas denota um risco maior. O poeta jamais superará a força da imagem e tentar alcançar este feito resultaria em preciosismos baratos. Os dois primeiros poemas beiram o preciosismo. O poeta Nathan se mostra mais claro sem perder a batuta da metáfora e com isso ganha pontos. Azar de sua adversária.

Bolo de papel amassado. O que diz essa imagem? 'Nunca mais' traduz somente através do título/desfecho. O poema em seu ínterim foge à proposta.

'não reciclável' é um poema a ser destacado. O poeta Hugo se mostra bom competidor, definitivamente. Não fosse o título ruim seria um poema para ser lembrado. Olho nesse poeta.

'Desdobramentos' é um poema bonito que NARRA a trajetória de um poeta que precisa pagar as contas. Ponto. A poeta não se desapega do tom narrativo, embora tenha dado sinais de avanço. A intenção do desfecho cacófato não me agrada: 'amaçante', papel amassado. Verso desnecessário, que prejudica o desfecho.

'à queima roupa' está na medida certa. Não é o melhor poema do autor em questão mas comunica satisfatoriamente. É bom que preste atenção nos jogos pobres de palavras: 'volta' e 'revolta' não vale.

Beatlemaníaco que sou, dispus de um olhar mais exigente neste grupo. 'La vie': alguém traduz? Help, a need somebody that be a translator. O jogo 'la vie en rose' com 'la vie en close' não valeu. O poeta abre mão do sintetismo para um emaranhado de beatletices.

'Faixa de segurança' tem título convidativo. Mas só. Descrição dos caval(h)eiros não vale. Tampouco da imagem. Estou vendo que o Paul usa terno chumbo. Todo mundo conhece Beatles (retifico-me: ainda existe gente burra). Não foi dessa vez, poeta.

'escolha' foi uma escolha infeliz. Besouros? Santo Deus.

Salvemo-nos com 'abbey road'. Assim que se faz.

Se chove lá fora, nasce poesia. Boas. 'rio, de janeiro' mais uma aula de como se provoca um leitor com entrelinhas. 'da emotividade' é outro poema tocante que desvela sem pieguice a comoção humana muito mais do que a dor melosa de um amor.

'feliz natal' é um dos melhores de toda a leva. Olhar através do vidro e enxergar a festa natalina e todas as animosidades e falsidades inerentes ao evento (o qual odeio) e talvez por isso tenha me identificado de tal forma com o poema.

'e Deus muito longe permanece por ser visto' é um bom verso de um bom poema que vai se extrapolar por dois simples motivos: fuga à temática (o desfecho é forçado) e adversário forte. Pelo menos percebe-se que a poeta evoluiu e não encheu mais linguiça.

'enredo' vale só pela primeira estrofe. Arrebatadora. Lê-se Freud e a teoria do inconsciente. Lê-se com perfeição o superego humano. O poeta adotou um estilo que me parece zona de conforto. Time que está ganhando não se mexe. Odeio esta assertiva. Quebrar o ritmo e arriscar uma nova estética apraz e se faz essencial em uma competição.

'Enverdecer' é um poema encantador. Lê-se 'em ver descer' o anzol da infância, em um desfecho primoroso. A propósito, uma característica nata da poeta, boa em desfechos.

Felipe Neto Viana disse...

Definitivamente, o grupo dos balões promoveu os melhores poemas da leva. 'Travessia de cores' e 'Traços' são leves como o helium dos balões. São até mesmo semelhantes em suas 'pegadas criativas', diga-se de passagem.Se o poeta Luiz produzisse poemas desse nível desde o princípio, teríamos aqui um forte candidato.

'Rapina' é outro poema arrebatador. Me arrancaria uma lágrima não fosse seco o meu solo. Revelar uma imagem tão aberrante é serviço difícil. A poeta bebeu em Manoel de Barros em seu neologismo poético sem ser pedante e criou preciosidades como 'dessabendo sentir sede da infância - pois a dor amadura e entorta'. Memorável.

Não fui capaz de abstrair a proposta de 'à espreita'. A poeta se situa numa zona de conforto que me desagrada. Versos forçados como 'na carne a sua criança se curva e sente fome de vida' não desce pra hoje.

O jogo fome-sede de 'Clarão' me agrada mas falta algo de impacto no poema. Gosto do final de 'asas famintas' mas percebo excesso de estrofes. Termos como 'negra morte' também me incomodam.

O que dizer de 'descerteza'? Que não tenho certeza. Fantástico poema ou fantástica prosa poética? Eu queria ter esse peito da poeta: siliconado de coragem. Aplausos pela teresa memorável e pela ousadia, sempre bem-vinda.

'Quotidiano' é outro poema de destaque, merece atenção. 'a dança dos galhos movediços anuncia trinados distantes/resquícios de notícias longínquas' é um verso para se guardar em especial aposento.

'natureza morta' tem desfecho brilhante, mas 'espera' tem desenrolar brilhante. Desliza pelos olhos como música. Do primeiro ao verso derradeiro, um primor.

Xadrez e guerra e Capa. 'Avant garde' destaca-se pela leitura mais acertada da imagem, sem cair em obviedades. 'Engatilhados' também me agrada. 'Especular' é sintético e ganha pontos. Mas não diz a que veio. Lê o efeito imagético, não os elementos que compõem a imagem.

Votar? O fã-clube amigos para sempre do poeta-árvore deu o Golpe no espaço está tudo tomado. Mesmo assim, cravo meu voto: 'espera'.

Que vençam os melhores.
Aguardem que volto.

Cordialmente,

F.N.V

Tania Aguiar disse...

Vou de CLARÃO, de F. Carvalho

Unknown disse...

Meu voto vai para "Clarão", de Francisco Carvalho.

JIVM disse...

Meu voto é para o poema "Clarão" de Francisco Carvalho. Seu "Clarão" surge de um jejum que janta vazios.

JIVM