sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Poemas das Oitavas de Final e Repescagem (Mulheres de Chico)


Sejam bem-vindos, poetas e leitores!

ERAM 562...

FICARAM 80...

32...

E AGORA...

16!

Dezesseis guerreiros batalham nas Oitavas de Final
E outros 11 lutam aguerridamente
Por uma SEGUNDA CHANCE

QUEM SAIRÁ VITORIOSO
NO
III CONCURSO DE POESIA AUTORES S/A?

ESTÁ NO AR MAIS UM POST-POÉTICO!

         Os poetas tiveram que versar sobre os versos de ninguém menos do que CHICO BUARQUE. Um obstáculo e tanto! Intransponível? Nunca! Para os poetas desse concurso, qualquer barreira pode ser superada com louvor.  Desejamos a todos uma ótima leitura deste post riquíssimo!
  

PREMIAÇÃO DAS OITAVAS DE FINAL

Os dois poetas que mais se destacarem nas Oitavas de Final, ou seja, vencerem seus respectivos duelos por 4 x0, serão agraciados com 1 livro cada. Caso nenhum poeta vença por 4 x 0, será considerado quem venceu por 3 x 1. Em caso de mais de dois poetas terem vencido pelo mesmo placar, o critério de desempate a ser utilizado será o número de pontos feitos na fase de grupos, seguido do número de pontos do haicai.

O mais destacado receberá o livro “Signos de Camões”, de Luis Maffei.



O segundo mais destacado receberá o livro “miniSertão”, de Nonato Gurgel.




NOTA

O poeta Nathan Sousa, que estava classificado para as Oitavas de Final e enfrentaria o poeta Hugo Costa, desistiu do certame por motivos pessoais. Bianca Velloso substitui o poeta por ter alcançado a terceira colocação no GRUPO A. Já os poetas André Kondo, Jacqueline Salgado, Dora Oliveira e Isadora Bellavinha não quiseram ou não puderam tentar a segunda chance na Repescagem. Agradecemos e parabenizamos a todos pela trajetória até aqui.



MAPA DAS OITAVAS

O seu Estado está representado nas Oitavas de Final do III Concurso de Poesia Autores S/A? E a sua região? Confira, abaixo, como está o mapa do concurso!




TEMA/DESAFIO DAS SEXTAS DE FINAL


         O que seria as Quartas de Final se tornou Sextas de Final, considerando-se, agora, a entrada de mais dois duelos na etapa (vindos da repescagem, que é equivalente às oitavas).
         Independente de saber quem irá avançar ou não, é recomendado a todos os poetas que já comecem a matutar sobre os desafios que aqui serão lançados. São eles:

1º DESAFIO:

ESCREVA UM POEMA, DE NO MÁXIMO 01 LAUDA (EM TIMES NEW ROMAN, 12) COM A TEMÁTICA “CINEMA”.




2º DESAFIO:

ESCREVA UMA TROVA, DE TEMA LIVRE, RESPEITANDO AS REGRAS INERETES A ESTE GÊNERO POÉTICO. SIGA ESTA CARTILHA: http://www.falandodetrova.com.br/pequenacartilhadatrova





TANTO O POEMA QUANTO A TROVA DEVEM SER ENTREGUES JUNTAMENTE, ENVIADAS ATÉ O DIA 09/11, DOMINGO, ÀS 20 HORAS, PARA O E-MAIL DO CONCURSO.

POR QUE UM SEGUNDO DESAFIO?

PORQUE, NAS SEXTAS DE FINAL, SERÃO 04 JURADOS JULGANDO O POEMA PRINCIPAL E 01 JURADO ESPECIALISTA JULGANDO A TROVA, TOTALIZANDO A CONTAGEM ÍMPAR DE 05 PONTOS DISPONÍVEIS. DESSA FORMA, SERÁ INVIÁVEL UM EMPATE. LOGO, A TROVA PODERÁ SER DECISIVA NA CONCLUSÃO DO DUELO.


TABELA DAS FASES FINAIS


         Vejam como está e quais cruzamentos poderão acontecer nas próximas fases finais do concurso:





POEMAS DA REPESCAGEM

Quatro serão os poetas sortudos que se livrarão da degola, isto é, serão repescados. Quem será? Quem soube aproveitar melhor a segunda chance? O tema proposto foi “Mulheres de Chico”. Caso desconheçam a canção que inspirou o poeta, o link da música foi disponibilizado logo antes do título do poema. 

A SEGUIR, OS POEMAS DA REPESCAGEM:

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “MANINHA”

Do Rio de Janeiro, RJ: Marcelo Asth
Título: Daninha
(para a mana Daniela)

Se lembra do peixe morto
Que eu disse que não te mordia?
Por detrás do guarda roupas
O cemitério de mosquinhas!
Laranjeira carregada
No quintal que não se ia...
O espiral de "Durma Bem"
Espantando tontas asas.
Arandelas, paz da noite:
Varandas praianas de casas.

Batuque de madrugada
De um dezembro de folias?
Das noites no meio do mato,
Pós-sarau-de-poesia!
Sessões de dança clássica
Que mamãe julgava e ria.
Cópia da Comanecci
No filme que a gente assistia.
O batismo da boneca
Com pipoca e fantasia!

Se lembra da corrida
No anúncio do almoço?
Strogonoff era a comida
De um certeiro alvoroço!
O vinil tocando antigo
Trazendo nosso pai mais moço.
E a espadinha do He-Man?
Te batia com o plástico grosso!

E os desenhos de mundos
Com as cores que a gente quis?
Infância esboçando o agora
Com nossos traços sutis...

Se lembra quando bailando você caiu no chafariz?
Dani, Dadá, Nié! Oh Daninha!
A gente foi feliz!


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “MULHERES DE ATENAS”

Do Rio de Janeiro, RJ: Bruno Baptista
Título: Afrodite

afrodite não acreditava em zeus
nem nas promessas de prometeu
quanto mais afrodite estudava
menos acreditava

na mitologia grega
e mais em café pão e manteiga
se ela confiava em poeta?
nem em ninguém nem em dieta

indiferente à celulite
não ia à academia - afrodite
não estava nem aí pra estria -

nunca quis ser miss
nunca quis representar o seu país
um dia


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “GENI E O ZEPELIM”

De Riachão do Jacuípe, BA: Georgio Rios
Título: GENI: It's All True

Seus olhos calmos
em violentos violões vagam,
vidrados na voraz vertigem
das pedras do cais do porto.

Sei que encontrou várias pedras na vida,
nas costas, nas dobras feridas do cais,
olhando os tons de prata do zepelim.

Dos teus ais, árias foram tecidas,
músicas minam dos teus muros:
sonhos de pedra retorcida.

Geni, It's All True
no voo rasante dos teus dias
notas sangram da rosa encarnada
que habita o cume de tuas pernas:
Jardins Suspensos de dor e alegria.


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “ANA DE AMSTERDAM”

De Santos, SP: Natasha Félix
Título: Desventura

Cartomante dos versos borrados de açúcar
Esboça na mesa o futuro
um trago de sorte,

A hora da estrela num fundo
bem fundo de poço
enlaçada num homem
qualquer

Ana, o ventre colado no asfalto
a pele envidrada de cacos mal pagos
e a mágoa nos olhos
não pariram distâncias

aborta teus becos
teus medos, teus riscos

diga agora:
“de nada”.

De nada valeram as mãos
sem palavras, rachadas
nos peitos de donzela ferida,
até outro dia.

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “A RITA”

De Conceição do Mato Dentro: Francisco Ferreira
Título: À Rita, com amor

É pra lá, além, que navegam meus pensamentos,
amor em estado gasoso,
desde que fluidificaste em saudade
virada em assombração boa e sumiste na chaminé das noites
em estradas de estrelas apagadas.

Firo-me e me refiro nos muros que a ausência tua
planta nos quintais de minha vida.
Choco-me, ave tonta, contra eles
arrebento-me de peito e alma em estilhaços de saudade.

Porém redimo-te pela dor do meu sexo e violão jejunos,
meu canto inconcluso, o disco do Noel,
a vida plena de sua ausência,
e saudade que me empoeira os objetos.

Só não lhe perdoo a tortura de frases ditas
sem serem jamais pronunciadas ou sequer ouvidas,
perdidas nos anos que mos levaste, deixando-me aqui.


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “CAROLINA”

De Porto Alegre, RS: Gerci Oliveira
Título: Súplica de um trovador

Vem, descerra as nuvens
que embaçam a luz de teu olhar
se o bilhete de volta queimou
alimenta teu tempo
com o perfume
da rosa que secou
planta em teu jardim
flores sem espinhos
olha! No horizonte
pautas, esperam nova história

Sei agora que minha lira não te consola

Vem, cavalga as ondas que levaram teu barco
reescreve tua paisagem
dança, a orquestra te espera
rodopia feito pião
desfaz as amarras
dos contratos de tua mágoa

Não quero carregar no meu canto
a tristeza de não te ver sorrir.


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “OLHA, MARIA”

De Brasília, DF: Maria Amélia Elói
Título: Olha, poeta

olha, poeta,
eu vou, sim, sem culpa
porque minha sina
é ser liberdade
não sofras saudade
porque não sou sua
só era contigo
pra caber no verso

parto, querido
a vida me chama
já criei bom gosto
pelo movimento
do canto do vento
do pulso da valsa
danço além do tempo
pra me redimir

parto disposta
em pele ouriço
com viço na face
o colo oferente
rompendo cancelas
sou mulher rebento
galgando triunfos
não tenho pesar

sabe, meu caro,
que não vou fugida
me dá tua bênção
quem sabe ainda volto
em onda robusta
ressaca dos mares
num beijo de espuma
pra te aninar

esta Maria
é só alegria
já sente a alforria
de madurecer
não fiques tão triste
refaz tua vida
escolhe uma aurora
pra pôr na cantiga

tchau, meu amigo
sou grata por tudo
mas vou desprendida
sou mais que a canção

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “MULHERES DE ATENAS”

Do Rio de Janeiro, RJ: Luiz Otávio Oliani
Título: Nossas mulheres

(A Chico Buarque)

mulheres não devem
ser de Atenas

infrutífero
não deve ser o amor

se o tempo passa na janela
não vê o que sobrou?

o retrato
o trapo
o papel
o disco de Noel?

mulheres não devem
ser de Atenas

infrutífera
não deve ser a dor

a vida vale mais
que o voo de Iracema

mas por que não ser
mulher de Atenas?

não há mais samba
se a rosa murchou
não há mais graça
se a vingança de Rita imperou
se Carolina não viu o amor...
se Renata Maria não sai do meu mar...

mulheres não devem  ser
como Geni
tão malvista por aí

não devem ser
tristeza banal

se Luísa está em mim
faço a lua faço a brisa
em carmim

mas por que
o silêncio à voz de Cecília?
que voz angelical é essa
que ouço tanto?

mesmo tão linda
Maria, não lhe dou atenção
uma voz me sopra
é primavera
tem que partir
estou amargo
sem meu violão não canto

e mulheres devem ser
amadas cantadas
em verso e prosa
nunca achincalhadas

Chico, nossas mulheres
nossos tesouros
que não sejam de Atenas
pois os tempos são outros


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “NINA”

De São Paulo, SP: André Oviedo
Título: Menina

minha menina
se esqueceu
de mim.
permitiu
que outra boca
comesse nosso
começo, meio
e fim.
minha menina
dança
de olhos fechados.
salta, desliza
e encanta quem
estiver por perto,
enquanto meus pés
só querem
achar a beira
de qualquer
buraco aberto.
minha menina
continua combinando
sapatilha e lenço.
aquela de cor preta
e aquele amarelo intenso.
minha menina
diz coisas bonitas
por escrito.
dirige palavras
a outro
sem saber
que colidem comigo
e me ferem
com tal atrito.
minha menina
hoje cabe
num monitor
de treze polegadas
que repousa sobre
a estante.
até eu me dar conta
de que minha menina
está assim distante,
vou continuar
encarando a tela,
fingindo que a imagem
me olha exatamente
do jeito que olho
para ela.


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “GENI E O ZEPELIM”

De Curitiba, PR: Andressa Barrichello
Título: Eu, tua Geni

Hoje sobe aos céus nova crisálida
significante sem sujeito
um zepelim prateado afeito
para levar aos ares
as cores todas
de uma aposta 
Pálida; indirigível 
Sobe aos céus
meu corpo
de amante
Combustível
Inflamável
Flutuante.

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “CECILIA”

De Crato, CE: André Barbosa
Título: Bucólico Eu

Um bardo e suas moças, suas musas,
São suas asas em êxtase – motor propulsor;
Buscam paixões arquitetadas, minudências focadas,
Na alma, no corpo e no papel...
No entanto e no intuito elas extravasam nuvens,
Voam assim: avivadas e soberbas, plumas,
Buscando a veemência – a coerência, ao léu.

“Buarqueando” - Como não falar de Chico?
- Se a moradia na emoção é o botão de liga/desliga de uma alma incendiária.
E por falar em musas...
São obsoletas?
São absolutas?
Algumas reais:
“A Marieta manda um beijo para os seus...”.

Agora, veio-me a mente “Cecília” (nome da minha mãe);
Mas vivem muitas na permuta aos olhos do poeta;
Tornam-se paixões, canções, tentames, rabiscos infames,
Fragmentos do meu bucólico Eu. (que nunca se completa).

POEMAS DAS OITAVAS DE FINAL

Hora do mata-mata. Quem perder, dança no certame. Por hora, bailemos ao som de Chico Buarque, apreciando tão belos poemas. 

DUELO 01
Títulos:

“Bebi a lua toda”
(Danilo Fernandes - MS)



X

“Ana contemporânea”
(Herton Gomes – RJ)





MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “LUIZA”


Rua,
Espada nua
Boia no céu imensa e amarela
Tão redonda a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
E no silêncio lento
Um trovador, cheio de estrelas
Escuta agora a canção que eu fiz
Pra te esquecer Luiza


Título: Bebi a lua toda (Danilo Fernandes)

No alto da praça uma estrela 
Emaranhado de cores piscantes
Rostos felizes e melancólicos 
Velhos calmos e jovens radiantes 
Minha alma sairia ilesa 
Não fosse a flor entre os corpos
Ornada de tamanha beleza 
Furtava até os mais ágeis olhos 

A boca treme e os ossos dizem 
que só o silêncio te exprimiria 
Fosse um velório e não véspera 
Pra ver-te o morto reviveria 
Minha imagem: pura fuligem 
Você queimara a força das pernas 
Naquele instante se me vissem 
Intuiriam: "Já está na sela" 

Depois das festas e dos fogos 
Saí maluco pelos cantos 
Perdi teus olhos cor de folha 
Num golpe duro de espanto 
Entre mil faces tão cansadas 
Fiquei doente na busca tola
Cavei nas falas e nas casas 
Ao menos uma nota boa

Mas foi de modo repentino 
que eu encontrei você sorrindo 
Gesticulando tal qual um anjo 
Arrebatou mais meu espírito 
Como irromper da concretude 
Aparecer,  assim, remando 
Tão fraco sem uma atitude 
Sentei inerme em um banco 

A praça toda conspirava 
pra que eu chegasse vagaroso 
Te confessasse o meu enlevo 
E ver-te rindo do meu corpo 
Mas foi, assim, só mesmo nada
Chegando a ti com este jeito 
Você me olhou tão encantada 
Que foi ao chão todos os medos 

Teu nome já saiu carinho 
da boca que antes me abalara 
Fugiu tão doce a minha sina 
A chave que ao coração trancara
A luz, o risco, a mina, a nota
Que me despiu  a alma e a vida 
Que destronou a minha lógica 
A rima rica,  tu! Luiza... 

E não demora um coração 
Para envolver-se e ser dois-um
E foi assim que nós ficamos 
Um sem o outro era nenhum 
Mas o sentido intuíra 
Alguma coisa a machucando 
Pois quando sua face ria 
Não se seguia um rosto brando 

"Luiza, o que está havendo? 
Conta pra mim, o teu Amor... 
me diga o que mais a ti fere 
que exorcizo a tua dor
Me diz, Luiza! Se me amas! 
Explica a mim que não conhece 
a formação do que inflama 
a está lágrima que desce 

Você é duas e amo ambas 
Às vezes triste, às vezes, leda
Quero salvar-te do teu carma
Não deixar nada aborrecê-la
Já te falei deste meu sonho 
No qual você enluarada 
me puxa intrépida de escombros 
Beija Meus lábios e me salva 

Este relato é um abraço 
Que é entregue mal formado 
Forcei Luiza a me dizer 
Fugiu tal bicho acuado 
No outro dia: lua cheia 
Não conseguiu mais se conter 
Pois paz quando se incendeia 
de amor endoida qualquer ser

Todos os dias pelas ruas
saía triste do insucesso 
de ser culpado de partistes 
E não mais crer no teu regresso 
Como perturba este teu nome 
que a mais vil chaga que existe 
Se foi, se está aqui, se esconde 
Na lua, volte! Mesmo triste... 

Volte amarga ou destruída 
Volte real ou imaginada 
Pra quem te ama e se ajoelha 
Na lua escura ou na de prata 
Faz o que quer de mim escravo 
Volte em partes ou inteira 
Que eu reparo o que jaz rachado 
Volte Luiza, reencher minhas veias... 


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “ANA DE AMSTERDAM”

Sou Ana de vinte minutos
Sou Ana da brasa dos brutos na coxa
Que apaga charutos
Sou Ana dos dentes rangendo
E dos olhos enxutos
Até amanhã, sou Ana
Das marcas, das macas, das vacas, das pratas
Sou Ana de Amsterdam

Título: Ana Contemporânea (Herton Gomes)

me pague um chope
em troca eu chupo
o canto esquerdo
do seu lábio inferior
que eu juro que lhe adoro
que lhe tenho tanto amor                   
me pague um sorvete
e meu bilhete do metrô
que passeio contigo de mãos dadas
apesar desse calor
numa tarde de domingo na Antero de Quental
não me leve a mal
se eu não fechar os olhos
quando me beijar
mas fui adestrada
pra não me emocionar
mas posso fazer de conta
que lhe dou meu coração
se me pagar um prato feito
ou um mate com limão
sussurro no seu ouvido
sacanagens com paixão
e lhe deixo me exibir como prêmio
como um troféu, um bicho de estimação
me pague um drops, um cigarro                                                                                                                              
e um batom
meu chocolate preferido
que massageio o seu ego
lhe abraçando sem pudor
em pleno calçadão
como cachaça
não sou de graça,
mas também não saio caro.
sou a refeição mais barata
pra você comer no carro
ou num motel de quinta
numa sexta-feira cinza
depois do expediente
mas cuidado!
a minha língua
é aguardente
meu corpo é como pinga:
gastando pouco
se consome diariamente
e como a bebida, que vem da cana
você se torna dependente
da minha presença na sua cama
ou no banco de trás do seu veículo
e sem sua porra,
lambuzando o meu pescoço,
você se sentirá andando em círculos
por isso corra
enquanto é tempo
pois sou blindada a sentimentos
depois não diga que não avisei:
caso se apaixonar
a coisa muda de figura depois.
vou querer ser tratada como uma puta rainha
e meu preço sobe pra bandeira dois
daí em diante
enxergarei com desprezo
qualquer forma barata de tentar me impressionar
muito pra mim será pouco
lhe ordenarei, ir à esquina me trazer a lua
e caso não encontre, tudo bem
do mesmo modo, lhe arranco até a roupa do corpo
em troca, lhe dou prazer
lhe faço o ser humano mais realizado                                                                                                    
e enquanto pego as chaves do conjugado
que comprou pra mim no Estácio                                                                                                              
lhe faço crer
que gozo                                                                                                                                                  
só                                                                                                                                                            
de lhe ver                                                                                                                                                   
de dia, de tarde, de noite, de madrugada
que estou completamente apaixonada.


DUELO 02

Títulos:

“Carta de teresa”
(Hugo Costa – PB)



X

“à espera de Francisco”
(Bianca Velloso – SC)




                                     
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “TERESINHA”

Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração.

Título: Carta de teresa (Hugo Costa)

                                        Calma, coração levado
                                        Sustenta os impulsos e impasses urgentes
                                        Dai tempo e lugar a curiosidade
                                        Não pergunte tanto,
                                        não pouse, não ladre
                                        Aprenda a me ouvir pelo gesto latente

                                        Surpreenda-me 
                                        sempre aos poucos
                                        sem pressa
                                        como quem faz tatuagem
                                        Brinca sem pedir licença
                                        Bagunça teu colo,
                                        teu quarto - meu corpo 
                                        Deixai cicatrizes         
                                        para além do exposto 
                                        e que borracha alguma
                                        jamais vos apague

                                        Não teima de novo
                                        em ligar novamente
                                        Fazei com que eu sinta o ardor da saudade
                                        escuta o que eu calo 
                                        gritando por dentro
                                        roendo as unhas e dedos
                                        perdendo
                                        impressões digitais
                                        escrevendo mensagens

                                        Não sejas assim tão afoito,
                                        meu menino homem,
                                        meu menino bobo
                                        Saiba ser o meu presente
                                        Diga não
                                        Suporte o tempo
                                        Me dome aos poucos
                                        para que eu seja não só
                                        mas toda
                                        e irreversivelmente
                                        sua.

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “LUIZA”

Vem cá, Luiza
Me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza
Dá-me tua boca
E a rosa louca
Vem me dar um beijo
E um raio de sol
Nos teus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar Luiza
Luiza
Luiza


Título: à espera de Francisco (Bianca Velloso)

vestido branco coração sereno
não era neve era apenas névoa
em silêncio eu te ditava
as notas desta melodia

eu burilava a lua
para exorcizar o medo
e segredava ao ar o meu desejo
de navegar teus beijos

o olhar ausente mergulhado em sóis
não era indiferença nem desdém
era uma valsa de sedução
que escondia as sete cores
só para ver explodir em ti
todo o brilho dos sete mil amores

vem, Francisco, e me resgata o tempo
Francisco
Francisco


DUELO 03

Títulos:

“Curaçau Blue”
(Adalberto Carmo – SP)


X

“só Carolina não viu”
(Raimundo de Moraes – PE)





MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “A HISTÓRIA DE LILY BRAUN”

E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão
Foi desde então ficando flou

Título: Curaçau Blue (Adalberto Carmo)

Noite de confete em terra de eterno dancing
          lança na boca o
           perfume delirante
Ai! As loucas que fizeram tantas vontades em cor/ação estático no porto da saudade
- Colombinas que boiam
        no fundo
           olho licoroso


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “CAROLINA”

Lá fora, amor
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
Só Carolina não viu


Título: só carolina não viu (Raimundo de Moraes)

                                        se tules rasgados
                                        enfeitassem o céu
                                        seriam tua mortalha
                                        se outras manhãs
                                        não mais viessem
                                        seria possível
                                        sentir o café
                                        se no quarto de brinquedos
                                        o velório fosse um playground
                                        serias aquela que não calou
                                        se a foto não fosse um poema
                                        esta página não seria uma janela
                                        onde meus olhos tristes
                                        buscam o último sorriso
                                        de quem partiu




DUELO 04

Títulos:

“Para Chico”
(Simone Prado – RJ)


X

“Os olhos e o tempo”
(Álvaro Barcellos – RS)




MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “A RITA”


Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão

Título: Para Chico (Simone Prado)

, malas
echarpe 
são francisco
deixados  no chão

entrada –

aparente vazio
habita cômodos

meus passos
(sem pressa)

na sala
o rosto
o verde das íris
o dedilhar no violão
invisíveis

paredes
quarto –
terra estranha:
aqui a guerra
é mais longa

na mão o desejo infinito
sobre a maçaneta de ferro
envelhecido:

bastava um giro
um fechar a porta
virar as costas
e fazer vibrar as cordas
daquele mudo violão


MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “CAROLINA”


Lá fora, amor
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu


Título: Os olhos e o tempo (Álvaro Barcellos)

Como cabiam, Carolina, tanta dor
nesses teus olhos fundos?
Em nossa dança  
abriam e fechavam janelas
caíam estrelas
partiam barcos
lembras, Carolina?
e inútil restava teu pranto…

Que diriam as Carolinas?

E hoje, quando portas outras se abrem
rumos outros se oferecem
ventos outros refrescam as varandas…
e agora? ainda armazenam teus olhos
toda a mesma imensa tristeza?

Que me dizes, Carolina?

E o que podes ver
nos cais dos portos?
o que podem teus olhos de hoje, Carolina?
Teus olhos que viram – lembras?
também uma rosa nascer
também todo mundo sambar…

Quem, enfim, és hoje
frente ao mundo?
Se quiseres, Carolina,
vem comigo, vem rodar
pelos salões
pra que eu te mostre sorrindo
(pela janela: ói que lindo)
o amor que contigo aprendi
– o amor de todo esse mundo.

 DUELO 05

Títulos:

“Dona do mundo”
(Marília Lima – SP)




X

“Legado”
(Francisco Carvalho – MA)




MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “VALSINHA”

Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como
há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça
E começaram a se abraçar

Título: Dona do mundo (Marília Lima)

Tirou do armário
“cheirando a guardado”
Seu vestido mais decotado

Batom Vermelho
Sandálias brancas
Cabelos soltos
Olhos pintados

Pulseira, anéis
E brincos

“Pra seu grande espanto” 
não o esperou tirá-la pra rodar

Rodou sozinha
No meio do baile
No meio da noite

Do seu jeito

Rodou feliz
Seios e dentes
ancas e pernas

E riu seu riso mais bonito

Rodou mulher
Dona de si
Ventre à mostra
Dona do mundo

Os homens acercando-se

E roçou sua perna em tantas pernas
E colou seus lábios em tantas bocas 

E se libertou
E se iluminou
E se compreendeu

E se amanheceu em paz.

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “A RITA”


A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
O que me é de direito
E arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel


Título: Legado (Francisco Carvalho)

escuta, Rita,

dos reveses
estou em recuperação...

sorrisos e discos
quebrados;

todas as fantasias
e o mais tão surrado;

dos anos,
não quero de volta
nem o fogo dos vinte.

“a imagem de são Francisco!”
foi o que, um dia, anotaste
sobre minha fotografia...

hoje, só tua deslembrança me guarda,
do nosso amor o legado:

seis cordas por um imensilêncio afinadas.


DUELO 06

Títulos:

“Neera”
(Cinthia Kriemler – DF)




X

“Acepção da atriz”
(Thiago Carvalho – RJ)





MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “MULHERES DE ATENAS”

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas

Título: Neera (Cinthia Kriemler)

anda, Neera, termina, limpa 
logo essa latrina 
que ainda falta a pia entulhada
copo, prato, garfo, xícara 
cuidado com as unhas, Neera
não quebra as garras pintadas 
com flores, laços, estrelas
que Estéfano espera no quarto, que Estéfano 
anseia no lombo uma trilha de arrepios
riscada por tais punhais
limpa o chão, esfrega, encera, mas corre
te apressa, Neera
que ainda te faltam dois ônibus, do Leblon 
a Cascadura, do ganha-pão à prisão
lá tem mais uma latrina, uma cozinha 
encardida, um chão de terra
batida, roupa a lavar na mão 
e tem a fome de Estéfano, que não se
importa com nada, que se consome
em urgências, que bate, puxa
arrebenta, fedendo a cachaça, a tesão
não reclama, não chora a Neera
pórnē julgada de Atenas, mulher de um 
direito a-penas, que deita, rebola
implora, ajoelha, geme 
e adormece
sonhos de Aspásia 

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “BEATRIZ”

Olha
Será que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Título: Acepção de atriz (Thiago Carvalho)

Beatriz, contorções de graciosos kabukis,
De barrocas pelúcias, poses espelhadas,
Por cujas rendas sangram encantados truques,
Que ao berço do silêncio impelem suas falas.


DUELO 07

Títulos:

“Ao Cair da Tarde”
(Desirée Jung – Vancouver/Canadá)




X

“De Carol para Chico”
(Ricardo Thadeu – BA)





MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “AQUELA MULHER”

As nossas noites são
Feito oração na catedral
Não cuidamos do mundo
Um segundo sequer
Que noites de alucinação
Passo dentro daquela mulher
Com outros homens, ela só me diz
Que sempre se exibiu
E até fingiu sentir prazer
Mas nunca soube, antes de mim
Que o amor vai longe assim
Não foi você quem quis saber?


Título: Ao Cair da Tarde (Desirée Jung)

Sua pele fica quente quando ela se debruça
sobre a janela do carro. Aquela Mulher, de Chico Buarque,
lhe traz um sorriso nos lábios. Ela toma um suco de laranja,
e clama, que seu ex-marido não entende nada,
porque ela ficou comigo. Mas Chico sabe,
você sabe, ela suspira, na tarde incandescida
de Vancouver.

Dentro de você, sinto o sol, ela me diz,
e são poucos os dias iluminados aqui. Ao redor,
os prédios tampam a luz, que fica escondido
no horizonte da baía. Eu quero ser sua melhor amante,
lhe digo, como uma estranha mulher, dentro da minha mulher,
ouvindo ela cantar com ele. Sinto o dia alucinar
numa outra cidade quando estou longe dela.

Eu sempre me exibi, fingi sentir prazer, mas só
agora o amor pausa na língua, aqui, onde os gomos
da laranja aguçam minha curiosidade de te beijar.
Ela sorri, enquanto Chico canta, sem explicação ou futuro.
Eu quero cuidar de você como meu mundo, meu rosto
amadurecido, que se transforma com a canção.

Quando estou contigo, tenho a sensação
de que a vida é eterna,
insisto, segurando a sua mão.

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “CAROLINA”

Carolina
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei que não vai dar
Seu pranto não vai nada mudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar

Título: De Carol para Chico (Ricardo Thadeu)

Meus olhos fundos, tu dizes,
são tristes, com teus versos em riste
apontados para a partida.

As comedidas lágrimas, tu sabes,
nublam-me as coisas lá de fora:
a flor que nasce, a estrela que cai.

Se cheia de amor me deixaste
reside ele ainda em minhas retinas
mesmo sem existir de fato.

Não importa a festa e os versos
que cantaste. Nada vale o que não vi.
Eu parti no mesmo barco que partiste.


DUELO 08

Títulos:

“Reversão para Luiza”
(Jorge Augusto Silva – BA)




X

“Quem são essas mulheres? (ou das Angélicas)”
(Danielle Takase – SP)




MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “LUIZA”

Luiza
Eu sou apenas um pobre amador
Apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda amor
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração

Título: Reversão para Luiza (Jorge Augusto)

I

cego dessa tua lua
luiza mas não como Chico
fico com outros sintomas
hematomas de corpo ferido
efeito invertido daquele
romantismo de Azevedo
azedo na sua distância

não canto como o poeta
vela acessa no escuro
luto contra o que não vejo
desejo de quem cego
cedo bate contra muros
murro em ponta de faca
falta a luz porque a lua
luta com o breu demais alta

escrevo luiza menos longe
onde se inscreva sem além
ou aquém do outro o corpo
a corpo da linguagem,
imagem que se grafa e
grafita na língua do corpo
outro é o ritmo que te tento
vendo-te na rima penso:

II

 Penso assim: teu corpo
 gesto de praia coisa
 esparramada em si
 gesto aberto que oferta
 à quem flor igual aberta

Tua forma de praia
é de quando nela
tem-se “água-viva”:

(posta coagulada de água
corpo remando dentro do corpo)
com seus líquidos fogos
queimando o que se lhe atrita

teu corpo é des-medida
plural de espaços mar-aberto
com a forma líquida dos
teus traços  faz do próprio

corpo simulacro do outro
a quem dominas faz como
o líquido sua mímica - decalca
a  geografia do que abriga

penso assim: teu corpo
espraiado maré sempre
cheia sem rasos transbor -
dando de si  a pré-cio

penso assim: teu corpo
como o sol,  ardendo em si
coisa feita só de fogo mas
que existe sem explodir

pra que assim resista o fogo
de comendo-se se exaurir
ela transpira incêndios e
faz do entorno uma extensão de si

comendo o corpo do outro
com seu calor de inferno
ela se expande – explode -
a tornar-se calor atmosférico

soprando seu hálito quente
em todo o resto
faz com que o ambiente
apreenda o seu verão interno

como quem sai do fogo
traz o corpo em carne viva
o meu – (carne nunca tão viva)
saiu dela todo em ferida

não chaga exposta a exame
é ferida-febre, queimadura -
temperatura acessa sob a pele -

teu corpo é  ainda  a coisa
que de dizê-la me escapa
o próprio signo carregado de si
demais à qualquer metáfora

(mas devoto sou, mesmo,
é do santo e não da imagem
se traço aqui essas paisagens
teus abstratos retratos

é porque teu corpo é o caminho
por onde te amo, crendo
que são da mesma natureza
a aventura da alma e da carne)

III

é assim luiza que te vejo
escrevo como a viu Chico
dito ao contrário, pelo avesso
espelho do meu desejo vão
não quero luiza, que me exorcize
fique em mim, cravada a força
e foice não regenere nem cicatrize
fossilize em mim luiza teu abraço
farpado tua língua e dentes de aço
embaraço quero ficar luiza - presa
presa em teu ventre até amor
o amor dizer: chega.

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “ANGÉLICA”

Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar

Título: Quem são essas mulheres? (ou das Angélicas) (Danielle Takase)

Ecoa tal mulher
Canta outra o mesmo estribilho

Só queria embalar seu filho
Ser pra ele o que foi o mar.

Ecoa tal mulher
Nessa que mal teve alegria

Uma que não dorme noite e dia
Sem saber se o filho vai voltar.

Ecoa tal mulher
Nem sequer pôde ouvir a bala

Sabe o filho morto numa vala
Sabe, nunca mais vai o encontrar.

Ecoa tal mulher
alguém percorre mesmo destino

muitas mães, "apenas um menino
com toda uma vida pra durar".

Ecoa tal mulher
Tantas outras, mesmo estribilho

Só queriam embalar seus filhos,
Ser pra eles o que foi o mar.



ATÉ QUINTA-FEIRA, COM TODOS OS RESULTADOS!
AGUENTEM FIRME, POETAS!

AUTORES S/A:

UMA SOCIEDADE DIFERENTE DAS OUTRAS

PARCEIROS:




3 comentários:

Gerci Godoy disse...

Poemas lindos. Todos. Mas voto em Nossas mulheres de Luiz Otávio

Antonio Sodré disse...

O poema "Quem são essas mulheres?", de Danielle Takase, chamou muito a minha atenção pela leveza, pela força e sonoridade. Do mesmo modo, "Dona do mundo", de Marília Lima, gerou encanto. Belos poemas, como as letras das músicas de Chico Buarque. Mas meu voto vai para "Legado", de Francisco Carvalho.

"hoje, só tua deslembrança me guarda,
do nosso amor o legado:

seis cordas por um imensilêncio afinadas"

Essa (des)construção de palavras, agrada-me mais ainda. Parabéns, poeta!

Eu não passei nem pela fase da triagem (risos), mas tem sido muito bom participar como leitor. Sorte a todos, inclusive os poetas da repescagem.

Felipe Neto Viana disse...

Chico, Chico.

Alcançar o nível de Chico Buarque é impossível (como letrista. Como cantor, qualquer taquara rachada supera). Tolo foi o poeta que tentou ou cogitou. Sagaz foi o poeta que desvirtuou o tom da canção sem desafinar.

Inicio minha crítica lançando um foco de luz nos poemas ‘olha, poeta’, ‘daninha’, ‘curaçau blue’, ‘desventura’, ‘só Carolina não viu’, e ‘para chico’. Meu apurado faro crítico detectou uma quase excelência nesses poemas. O quase já pode ser visto de bom tamanho. ‘olha poeta’ encara com olhos leoninos. Encara como quem quer se ‘safar’ de uma repescagem. ‘daninha’ rebusca um lirismo pueril, nostálgico que flui ao sabor de um melódico ‘joão e maria’. ‘curaçau blue’ brinca com Chico. ‘desventura’ é o melhor da leva. Releitura digna da meretriz de Chico no tangente melódico e sutil que não escapa ao tom do compositor ainda bebericando em Clarice Lispector. ‘só Carolina não viu’ é triste como o olhar da Carolina musicada e assume este tom do primeiro ao último verso. ‘para chico’ recorta um ato de quase despedida com passagens memoráveis como a da mão hesitante na maçaneta.

Preferi me ater aos poemas que me agradaram. Os outros ou foram longos demais ou saíram do tom. Espero provocar imensa dor aos poetas que julguei terem desafinado. Sei que vocês têm coração mas coração não ganha concurso. Vence a cabeça, o tom competitivo. Miolo não serve só pra ocupar espaço. Não consigo enxergar riscos em muitos poetas. Entra leva sai leva e lá estão mórbidos seguindo o mesmo traço marcado a giz no pátio do comodismo. Aposto em quem arrisca como a poeta de ‘descerteza’ na última leva. Hoje escolho ‘desventura’.

Até a próxima leva.
Cordialmente,
F.N.V.