segunda-feira, 25 de julho de 2011

Feliz dia do Escritor!

Comemora-se hoje (25 de julho) o Dia Nacional do Escritor. A data foi criada nos anos 60 pela União Brasileira de Escritores, que tinha como uma das lideranças Jorge Amado, um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos.
O Blog Autores S/A não poderia deixar de homenagear os escritores que contribuem com nosso trabalho, os que dividem suas experiências e talentos conosco. Somos todos parte desta sociedade, que vem se mostrando realmente diferente das outras. Parabéns a você colunista e Autor S/A e parabéns aos poetas participantes do I Concurso de Poesias. É uma honra e uma satisfação poder contar com escritores tão talentosos em nossa página. Conforme anunciado em postagem anterior, estamos presenteando o poeta mais votado da semana com o livro "Eu e outras poesias" de Augusto dos Anjos. Esperamos que este livro possa contribuir com quem o obtiver, agregando para o mesmo, crescimento como escritor e proporcionando momentos de prazerosa leitura. Vamos conferir uma poesia do livro?!

                                                               A idéia

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegração maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica!

(Augusto dos anjos, Paraíba, 1909.)

domingo, 24 de julho de 2011

Eliminação do Top 9 e Anúncio do Tema e/ou Estilo do Top 7

ANÚNCIO DA ELIMINAÇÃO

Mais duas eliminações marcam a semana do I Concurso de Poesia Autores S/A. Hoje, após mais uma disputa (acirrada, diga-se de passagem) no Campo Platônico, viemos anunciar oficialmente a eliminação dos poetas Aline Monteiro (19 votos) e Alan de Longe (18 votos).  O poeta Alan de Longe obteve a nota total 28,5 no ranking das notas, o que justifica, de acordo com as normas do concurso, sua saída. O poeta Paracauam obteve 29 pontos neste mesmo ranking de notas, portanto salva-se do Campo Platônico, apesar de seus também 18 votos na enquete.

Vamos recordar um pouco da trajetória dos poetas eliminados?

Despede-se da competição a doce poeta Aline Monteiro. Estudante de Letras, de 25 anos, da cidade de Macapá, Amapá, a única representante da região Norte classificou-se para as etapas finais através da Repescagem. Com o poema ''Elizabeth'', Aline Monteiro alcançou a  marca de 183 votos a seu favor, na enquete. No Top 17 (O Velho e o Tempo), Aline Monteiro nos presenteou com o poema ''Resistência''. No Top 15, a rodada dos haicais, Aline Monteiro traduziu o outono em ''Outono''. No Top 13, a crítica social de Aline Monteiro foi voltada para uma problemática comum em sua terra: ''Ressaca''. Aline Monteiro ainda escreveu "Vidasolidão" no Top 11 (O Sertão) e deu adeus à competição com seu poema "Sonho", no Top 9 (Poema baseado em imagem). Para Aline Monteiro "vencer o concurso significaria libertar meus poemas que por agora estão presos em mim, debaixo das minhas asas..."


Minha Rainha,
Da tua beleza
Não tenho dúvida
Mas por que não sorris?
(Elizabeth - Aline Monteiro)

Despede-se da competição o poeta Alan de Longe, mineiro, de 43 anos de idade, Alan de Longe é proprietário de um bar, e um dos dois mineiros que restava no concurso. Alan de Longe entrou na competição com o pé direito: o poema "Dilema" encantou a todos. Sua musicalidade poética continuou a deslumbrar os leitores com o soneto "Quinquagésimo ano", no Top 17 (O Velho e o Tempo). No Top 15, a rodada dos haicais, Alan de Longe trouxe o seu ''Gato matreiro'' para surpreender pela sua criatividade. ''Operariado'' foi a sua crítica social no Top 13 (Crítica Social). Já no Top 11 (O Sertão), Alan de Longe provou com seu poema ''Sertão e Assombração'' que não existe sertão sem assombração. Seu último poema na competição foi ''Impassividade'', no Top 9 (Poema baseado em imagem). Alan de Longe desejava reconhecimento neste concurso. Decerto que ele teve, haja vista seus belos poemas.


''Como escrever poesia
havendo a nostalgia
do transcorrer dos dias,
mas se, somente ela me alivia,
como não escrever poesia?''

(Dilema - Alan de Longe)

Obrigado pela nobre participação de vocês. Obrigado pela enorme consideração pela poesia. Sucesso na caminhada poética de vocês. Continuem nos acompanhando: a poesia agradece.

ANÚNCIO DO TEMA E/OU ESTILO DO TOP 7

Aos 7 poetas que prosseguem: agora será anunciado o 6º tema e/ou estilo da sexta rodada, o TOP 07

PARA O TOP 7, OS POETAS FINALISTAS DEVERÃO ESCREVER UM POEMA DE ESTILO LIVRE E TEMA: POEMA EM HOMENAGEM AO SEU AUTOR(A) FAVORITO. QUAL É O SEU AUTOR(A) FAVORITO, CARO POETA? É HORA DE HOMENAGEÁ-LO!


Lembrando que: os poemas deverão ser enviados até as 23:59min. desta quinta-feira (28/07/2011). Fiquem ligados!


Antes de encerrarmos esta postagem, gostaríamos de anunciar uma excelente notícia aos poetas que permanecem na disputa! O poeta que obtiver a pontuação mais alta na próxima rodada, ganhará automaticamente o livro "Eu e outras poesias" de Augusto dos Anjos; edição especial (48° edição), revista e ampliada, 293 páginas. Um livro belíssimo; o único publicado pelo poeta e, como sabemos, uma verdadeira obra de arte.





Boa sorte a todos!
Autores S/A.

sábado, 23 de julho de 2011

Comentários, notas e anúncio do Campo Platônico do Top 9

APRESENTAÇÃO:

Jurados: Ângelo Farias e Nilto Maciel.

Jurados convidados: Hélio Alvarenga Nunes e Paulo Fodra.

NOTA:

A jurada Ludmila Maurer não pôde participar do Top 9, por motivos pessoais. Ela mandou um “boa sorte” a todos os poetas.

Hoje teremos a presença de dois jurados especiais: Hélio Nunes é Mestre em Artes e doutorando em Artes na Escola de Belas Artes. Sua visão direcionada à imagem que foi proposta aos poetas foi de suma importância para o resultado da análise dos poemas do Top 9. Já Paulo Fodra é o jurado que, até então, mais se aproximou do mundo dos poetas desta competição. Escritor, Paulo Fodra divulga seus textos em um blog, e seu olhar leitor, além da intimidade com o mundo virtual, também contribuiu bastante para esta avaliação.

Hélio Alvarenga Nunes

Observação: a entrevista com Hélio será publicada posteriormente.

Doutorando em Artes na Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG, bolsa CAPES. Mestre em Artes pela EBA-UFMG, bolsa FAPEMIG, com a dissertação Pintura para catálogos: notas sobre o arquivamento da arte, defendida e indicada para publicação em 2009. Graduado também pela EBA-UFMG, habilitação em pintura, em 2005. Integra o grupo de estudos e pesquisa Estratégias da arte numa era das catástrofes, liderado pela Profª Drª Maria Angélica Melendi de Biasizzo. No 2º semestre de 2009, foi professor substituto, com bolsa REUNI, das disciplinas Artes Visuais II e Artes Visuais no Brasil II, ambas do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, EBA-UFMG. Em 2005, foi bolsista de iniciação científica no projeto Memória, mimese, amnésia: criação museológica virtual sob coordenação da Profª Drª Mabe Machado Bethônico, participando da elaboração de diversos aspectos do projeto museumuseu relacionado. O trabalho resultante, Criação de coleções, inventários e “tatogartas”, foi selecionado como um dos melhores na área de Lingüística, Letras e Artes na XIV Semana de Iniciação Científica da UFMG. Foi monitor da disciplina Técnicas e Materiais Pictóricos em 2003. Administra o site: http://www.dedalu.art.br/#info


Entrevista com Paulo Fodra

Paulo Fodra nasceu e vive em São Paulo. Formou-se arquiteto, mas trabalha com marketing e branding. É também músico, membro da banda Chevy 69, arqueiro e leitor compulsivo. Viciado na agitação da metrópole, escreve para se livrar das vozes que moram em sua cabeça. Participou da coletânea steampunk Deus Ex Machina – Anjos e Demônios na Era do Vapor (Editora Estronho, 2011), com o conto “A Seita do Ferrabraz”. Seu livro de microcontos Insólito – microalucinações (Selo 3x4, Editora Multifoco), tem lançamento previsto para outubro de 2011Mantém o twitter @paulofodra e divulga seus contos fantásticos no site www.paulofodra.com.br.  

Lohan: Olá, Paulo, primeiramente, é um prazer recebê-lo aqui no Autores S/A. Escritor, blogueiro, arquiteto, músico, arqueiro, trabalha com Marketing... Quantas especialidades o compõem! Quais as semelhanças que você pode identificar entre ser um arquiteto com o ser um escritor? 

Paulo Fodra: O ofício do arquiteto, mais do que desenhar e construir, é organizar o espaço. É materializar uns sonhos e desejos. É se conectar às pessoas e provocar emoções. Escrever também é mais do que juntar palavras. É construir uma imagem dentro da cabeça de outra pessoa. Essa imagem, assim como a arquitetura, precisa de planejamento e técnica para a execução. Só que esses dois fatores, sozinhos, não têm a capacidade de emocionar um indivíduo. É uma equação delicada e deliciosa de se equilibrar.

Lohan: Em seu perfil na rede virtual, você diz que ''escreve para se livrar das vozes que moram em sua cabeça''. Desde quando você ''ouve'' essas vozes, Paulo? Quando se descobriu escritor, e como?

Paulo Fodra: A mesmice sempre me inquietou. Nunca me conformei com a rotina enquanto pano de fundo para a vida. Viver é sentir, experimentar. Por isso, sempre imaginei novas formas de fazer velhas coisas. Nunca me contentei, por exemplo, em escrever uma redação "Minhas férias" como as que os meus colegas liam, ano após ano, na escola. Não queria dizer o que todo mundo dizia, pois sentia que havia mais a ser dito. Nunca me contentava com uma explicação superficial. Escrever foi o modo que encontrei de canalizar a minha visão pessoal do modo como as coisas são, para compartilhá-la com outras pessoas.

Lohan: Paulo, você é blogueiro, e também já participou de uma antologia. Os melhores poemas deste concurso formarão uma antologia, que será publicada pela editora Multifoco. Você, que está imerso nesta realidade dos blogs, acredita que pode nascer daqui, deste concurso realizado no Autores S/A, um grande nome da literatura?

Paulo Fodra: Atualmente, tenho visto muitos talentos à deriva. A maior dificuldade continua sendo ser ouvido pelo público certo. Nesse processo, conta muito o empenho pessoal do autor,  os projetos encampados por blogs como o Autores S/A. Vamos torcer!

Lohan: Pra finalizar, qual é o conselho que você deixa aos poetas competidores, Paulo? Na sua opinião, qual será o perfil do poeta vitorioso neste certame?

Paulo Fodra: O grande conselho que eu dou para quem está no concurso, ou mesmo procurando sua trilha pela escrita, é insistir até encontrar uma voz própria. Ou várias. O que não se pode, nem se deve fazer, é ignorá-las ou sufocá-las pensando no lado comercial. Tapinhas nas costas são bons de vez em quando, mas ser porta-vozes é uma imensa e solitária responsabilidade. Ir contra isso não vale a pena.

SUGESTÃO DE LEITURA:
Hoje a dica de leitura é da jurada Ludmila Maurer que, embora ausente, enviou esta grande sugestão:
- O arco e a lira, de Octavio Paz. Ed. Nova Fronteira.

POEMAS COMENTADOS E NOTAS (NOTAS DE: 05 a 10)

Pseudônimo: Ivanúcia Lopes
Poema: Autoapresentação

Ângelo Farias: Bela associação de imagens, líricos início, meio e fim. Mas, infelizmente, há uma proposta.
Nota: 6,5

Nilto Maciel: Bom poema, mas parece ter sido escrito antes de o poeta ver a imagem do homem a empurrar o pacote.
Nota: 8

Hélio Nunes: Bela escritura da intervenção, mas em geral...
Nota: 9

Paulo Fodra: Uma bela representação da loucura que é, sem sombra de dúvida, uma das interpretações que surgem da imagem proposta. Bem trabalhada, coesa, a ponto de ser autônoma. Faltou apenas um diálogo mais direto com a imagem.
Nota: 9

Pseudônimo: Príncipe Desavisado
Poema: Branco gelo

Ângelo Farias: Procura também evidente por coesão com a referência, mas de qualidade de transmissão opaca. 
Nota: 7

Nilto Maciel: Chama a atenção a repetição de sons como “parcas marcas”, “calos que se calam”, “voa caçoa atordoa”, como se poesia fosse simples e pura diversão.
Nota: 7

Hélio Nunes: De várias imagens que se lê, uma que se vê.
Nota: 9

Paulo Fodra: Eficiente ao construir uma via crúcis dúbia. Se por um lado o protagonista é oprimido pela rotina árdua do seu fardo, por outro, sofre sozinho, pois seu esforço não é percebido aos olhos dos outros. Mais do que a recriação da imagem, o autor transparece uma nova história, oculta a quem meramente observa.
Nota: 9

Pseudônimo: O Velho
Poema: carregamentos móveis

Ângelo Farias: Aproveitamento de traços simbólicos de personagens literários e procura por coesão com a referência. 
Nota: 7,5

Nilto Maciel: A intertextualidade com Drummond, a mitologia grega e outras literaturas faz deste poema uma obra de arte.
Nota: 9

Hélio Nunes: “Tradutor, traidor”, mas também respeito verdadeiro por este outro, que é um outro-imagem.
Nota: 9,5

Paulo Fodra: Esse poema apresenta um ritmo melodioso, quase lúdico, que reforça a jornada inútil do “quixote abnegado” com a sensação de ir e vir sem fim. O autor optou por fazer uma tradução bem literal da imagem apropriando-se do absurdo para figurá-la no cotidiano opressor. Dentro dessa proposta, o trabalho está bem apurado e coeso.
Nota: 9,5

Pseudônimo: J. J. Wright
Poema: Errata

Ângelo Farias: Procura mais consistente por sinergia – insistirei nesses termo em todos os sentidos. 
Nota: 7

Nilto Maciel: Este é poema exato, matemático, certeiro feito flecha fincada no coração.
Nota: 10

Hélio Nunes: Quando se analisa uma imagem, sua legenda conta, e também o gosto do freguês – Por que não? – pode refazê-la: a ironia tem seu lugar.
Nota: 9,5

Paulo Fodra: Apesar da forma original e charmosa com que o autor busca reconstruir a imagem, ela não fica muito clara, ao final. A mera substituição das palavras, mesmo se levadas ao campo das idéias que elas representam, não trazem a completude do insight autoral. Falta a centelha que provocaria, na cabeça do leitor, uma forma nova de se olhar a imagem que, uma vez instalada, se mostraria irreversível.
Nota: 8,5

Pseudônimo: Alan de Longe
Poema: Impassividade

Ângelo Farias: Em si é interessantíssima, mas abstrai até o alheio. 
Nota: 7

Nilto Maciel: Protestar em poesia é tão difícil.
Nota: 6

Hélio Nunes: Aguardo as demais voltas nos círculos do Inferno...
Nota: 8

Paulo Fodra: O poema se apropria da imagem proposta buscando um significado simbólico para ela. Esse significado é interessante em si, mas a execução, a forma com que esse significado foi construído, deixou escapar alguns detalhes que diluíram o efeito final. A representação simbólica demanda uma construção imagética eficiente pois visa criar uma ponte entre o mundo das idéias e o mundo real. Acredito que se o autor evitasse figuras lugar-comum como “gelo da indiferença” e trabalhasse melhor o conceito de “peso da cultura cristã ocidental”, alcançaria um resultado melhor.
Nota: 7,5

Pseudônimo: León Bloba
Poema: Sísifo

Ângelo Farias: Mais uma vez vale rever Sísifo e também Camus. Há paradoxos intrigantes e outras iluminações – talvez as de Rimbaud.  E há contradições.  E a pouco se liga ou potencializa.  
Nota: 7

Nilto Maciel: A imagem apresentada aos poetas remete sempre a Sísifo. Neste poema o poeta sabe disso: “ao mito sou remetido”. Bem realizado o poema.
Nota: 8

Hélio Nunes: “Ao mito sou remetido” também; gostaria de ir mais adiante.
Nota: 7,5

Paulo Fodra: O autor traça um paralelo da imagem com o mito de Sísifo, construindo sua dedução através de uma sequência lógica fato>mito>fato+mito>conclusão conduzida com habilidade. Ótimo exemplo de intenção executada com apuro. Dentre os poemas apresentados, é o que produziu em mim a imagem mais marcante.
Nota: 10

Pseudônimo: Paracauam
Poema: Sísifo

Ângelo Farias: Poesia também com valor de per si, mas é preciso rever Sísifo e Camus.  Mesmo se não for o caso, é visita sempre prazerosa.
Nota: 6,5

Nilto Maciel: Muito palavroso. O título não se justifica.
Nota: 7

Hélio Nunes: Este Sísifo precisa de mais cenas, para ser aquele que sabe enquanto sobe, bem como aquele que sabe enquanto desce, o do Absurdo.
Nota: 8

Paulo Fodra: A divisão do poema em três cenas mais complica do que contribui para o resultado final. A referência à imagem se torna explícita apenas na “Cena III”, que é a mais forte e impactante no sentido de construir uma imagem indelével na mente de quem lê. Se o autor tivesse se limitado a ela, poderia ter conseguido maior efeito em representar a imagem. Por outro lado, talvez não dissesse tudo o que gostaria com o poema. Assim, as duas primeiras cenas demandariam um trabalho mais intenso para formar, cada uma por sua vez, imagens únicas, nítidas, e consonantes com o enredo que o autor vislumbrou.
Nota:7,5

Pseudônimo: Aline Monteiro
Poema: Sonho

Ângelo Farias: Vislumbra-se um desejo de coesão, mas é preciso aqui que seja manifesto.
Nota: 6

Nilto Maciel: Muito lugar-comum.
Nota: 6

Hélio Nunes: “Dieu, touché de remords, avait fait le sommeil”.
Nota: 10

Paulo Fodra: Construído somente de efeitos, sem nenhuma causa aparente ou mesmo intuível, esse poema se revelou hermético à minha percepção, além de desconectado da imagem proposta. Pode até ser que a imagem tenha inspirado, em algum ponto, o poema. Se isso ocorreu, não foi explicitada em nenhum momento a ligação. Explorá-la talvez enriquecesse o texto, dando sentido à imagem construída com os versos.
Nota: 7

Pseudônimo: Cervan
Poema: turrão

Ângelo Farias: A poesia tangencia a ilustração.  Tem valor de per si, mas cria pouca sinergia.
Nota: 6

Nilto Maciel: Contido, como a imagem do homem a empurrar no chão o objeto. Só não gostei do título. Poderia ser “Sísifo”.
Nota: 7

Hélio Nunes: Nem sempre é necessário magoar-se, a ponta da faca é alvo inelutável e só. Em tamanha síntese, gostaria de um loop mais pontiagudo.
Nota: 7,5

Paulo Fodra: Concisão é a palavra-chave aqui. Sem passar pela óbvia descrição da imagem, o autor conseguiu traduzí-la em significado de maneira sintética e objetiva. O grande mérito desse tipo de abordagem é o impacto que ela pode causar, se trabalhada de maneira adequada.O autor foi muito feliz nesse intento.
Nota: 9

SORTEIO DO LIVRO DO GERALDO LIMA: NÃO HOUVE VENCEDOR! NINGUÉM ACERTOU O POETA MAIS VOTADO DESTA RODADA (O VELHO). O SORTEIO FOI ADIADO PARA A PRÓXIMA RODADA. ATÉ LÁ E OBRIGADO A TODOS PELA PARTICIPAÇÃO!

RESULTADO DO CAMPO PLATÔNICO DO TOP 9

De acordo com as notas atribuídas pelos jurados, os três poetas menos votados nesta rodada que irão disputar no Campo Platônico a permanência na competição são:

*PARACAUAM (Por “Sísifo” – 29 pts.)
*ALINE MONTEIRO (Por "Sonho" – 29 pts.)
*ALAN DE LONGE (Por “Impassividade” – 28,5 pts.)

(Acesse o perfil desses candidatos no blog, e saiba mais sobre o histórico deles neste concurso).

Eis o ranking desta rodada (votação dos jurados):
1º O Velho (Por "carregamentos móveis" – 35,5 pts.)
2º J. J. Wright (Por “Errata”- 35 pts.)
3º León Bloba (Por "Sísifo" – 32,5 pts.)
4º Ivanúcia Lopes (Por "Autoapresentação" – 32,5 pts.)
5º Príncipe Desavisado (Por "Branco gelo" – 32 pts.)
6º Cervan (Por "turrão" - 29,5 pts.)
7º Paracauam (Por "Sísifo" - 29 pts.)
8º Aline Monteiro (Por ''Sonho" - 29 pts.)
9º Alan de Longe (Por "Impassividade" – 28,5 pts.)

Apenas um (1) desses três candidatos (em vermelho) irá se salvar. Dirija-se à enquete ao lado e vote naquele que você deseja que seja o eliminado da competição. Os dois menos votados deixarão o I Concurso de Poesia Autores S/A. Agradecemos a atenção de todos. Parabéns aos que resistiram nessa rodada e boa sorte aos candidatos que estão no temido Campo Platônico. A votação será encerrada amanhã, à 01:00 hora. Obrigado, Autores S/A.
O que acharam do resultado do Top 9? Comentem!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Top 9 (Poema baseado em imagem)

                                                      

 (Mona Lisa, Leonardo Da Vinci)

Uma imagem vale mais que mil palavras?
                
            É a pergunta que não se cala. Quantas palavras podem substituir uma imagem? E quantas palavras podem definir uma imagem?
            Mona Lisa é o quadro mais famoso que existe, não se há dúvida. O porvir do seu sorriso, o seu olhar misterioso... Quem ousa traduzir esta imagem em palavras?
            Os nobres poetas finalistas do I Concurso de Poesia Autores S/A tiveram uma difícil missão neste Top 9: escreverem um poema baseados em uma imagem. Ou seja, se traduzir em simples palavras já não é nada fácil, imaginem em poesia. Palavras poéticas!
            Mas não foi a Mona Lisa a musa inspiradora dos nossos poetas. A imagem em questão é esta:


Paradox of Praxis 1, de Francis Alÿs

E você, leitor? Seria capaz de escrever um poema baseando-se nesta imagem? Mais a frente, descobriremos se os poetas desta competição conseguiram tirar água desta pedra... Literalmente, desta pedra imensa de gelo!

Nesta rodada, haverá um novo sorteio! Sim, agora, vocês, leitores e poetas, poderão concorrer ao livro de minicontos Tesselário, do escritor Geraldo Lima. E melhor: autografado pelo autor! 
 
Sinopse: Tesselário é o sexto livro do autor. O volume reúne pequenas narrativas e microcontos escritos ao longo de 10 anos. Lima, que passou por outros gêneros da escrita como o romance, a literatura infantil e a dramaturgia, lança nesta obra textos minimalistas que tematizam a morte, o sexo e a loucura.

Para concorrer, basta que você:
- Seja um seguidor (a) do Autores S/A;
- Faça um comentário neste post do Top 9, identificando-se pela sua Conta do Google. No comentário, o leitor (a) deverá expressar sua opinião em relação aos poemas do Top 9, respondendo a seguinte pergunta: Na sua opinião, qual poema do Top 9 (Poema baseado em imagem) será o melhor pontuado pelos jurados? Cite o nome do poema, o pseudônimo do respectivo poeta e a soma total da nota a qual você acredita que ele alcançará (de 20 a 40 pts.). Ganhará o livro aquele que acertar o poema e a nota, ou aquele que acertar o poema e mais se aproximar da nota final que o poema obtiver. E, uma boa notícia para os poetas competidores: Vocês poderão concorrer ao livro! Mas, lembrem-se: no caso de vocês, só serão permitidos os comentários em anônimo. Identifiquem-se pelos seus pseudônimos no final do comentário. 
            O ganhador do livro será anunciado na postagem das notas e comentários dos jurados, por volta das 22:00 horas desta sexta-feira. Participem!

Na semana passada, o Autores S/A recebeu algumas críticas e sugestões em relação à votação dos jurados do concurso de poesia. Algumas pessoas questionaram a imparcialidade dos jurados, e entrou em cena a seguinte polêmica: enviar ou não o pseudônimo dos poetas para os jurados no momento da análise dos poemas.

Foi solicitada a opinião de todos os poetas envolvidos. Todavia, acreditamos que fosse justo conceder aos jurados o direito de resposta a todos os comentários e opiniões expressadas, tanto pelos poetas da competição, quanto pelos leitores, em geral.
Divulgaremos, agora, os esclarecimentos dos jurados Ângelo Farias, Ludmila Maurer e Nilto Maciel. E, em seguida, a decisão do Autores S/A em relação ao envio ou não dos pseudônimos.

QUESTÃO: CARO JURADO, O QUE VOCÊ TEM A DIZER A RESPEITO DO ENVIO OU NÃO DOS PSEUDÔNIMOS NO MOMENTO DO JULGAMENTO DOS POEMAS? QUAIS OS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO VOCÊ LEVOU EM CONTA ATÉ ENTÃO?

Ângelo Farias

Hoje, tiramos os pseudônimos; amanhã, com novo descontentamento, implicar-se-á com outro ponto.  Isso é história antiga.  Mas é possível avaliar neutramente com o pseudônimo?  Sim.  Eu, por exemplo, sou professor.  A boa pedagogia já nos ensina, no início do caminho, a ignorar o nome do aluno e corrigir imparcialmente.   E sou professor treinado, avalio em vários certames.  Sem dizer que ainda sou professor que olvida nomes, que não associa à pessoa – conveniência boa nessas horas.  E assim é cada jurado profissional ao seu modo. Três (à parte): Quem pede mudanças está ignorando os que não pedem, que um acordo foi aceito e que é bem incomum alterar regulamentos no meio de certames.  Isso normalmente traz mais problemas.  O melhor é continuar assim e acumular experiências para o próximo concurso.  Contudo, acato a decisão que a organização tomar.  Quero é ler poesias, o que me tem sido muito prazeroso.

Ludmila Maurer

Foi uma surpresa ouvir que se pense haver a influência de um pseudo nome no julgamento de um poema. A transparência dos comentários denota o oposto e, caso algum jurado tenha explicitado o conjunto nome-título-poema, só o fez para agregar valores, não o contrário.
Meu julgamento é bastante técnico, o que até suscitou crítica num comentário avulso de visitantes do blog, logo, minha maior tendência é esta de enxergar o poema tão somente.
No Top 11 foi-nos pedido perceber a trajetória do poeta, não significando 'evolução' do caríssimo, apenas um olhar por toda a sua habilidade, vontade, destreza, competência, enfim, um olhar sobre a forma de estar do poeta no concurso. Nada além.
É bom salientar que os jurados não se comunicam, não se conhecem e há sempre jurados convidados, ou seja, nem conhecem o perfil dos artistas. Logo, os comentários forçosamente seguem seu único caminho: leitura do poema, não de seu dono.
Se há dúvidas, a palavra está aí para esclarecer. Que muito bom! Desejo poder ler a melhor poesia de vocês todos, com autoria ou não.

Nilto Maciel

Inicio este comentário com uma citação longa, de Alcir Pécora, em “Impasses da literatura contemporânea”: “Quem critica parece um vilão, um estraga-prazer, um intrometido. Quem critica as obras, ainda mais se faz isso com argumentos insistentes, tem qualquer coisa de indecente, de impróprio. Mas, por vezes, a insistência chata é fundamental para pensar um pouco melhor. Não se vai muito longe com um discurso que não admite contraditório, com um discurso de animação de parceiros. Mesmo em casos de parceria, sem alguma disposição para encarar a desafinação, não se vai longe: nessas condições, não há orquestra capaz de desconfiar de si mesma e exigir mais de seus membros. Espanta, pois, ver a intolerância para a crítica, como se fosse alguma traição pessoal. De onde vem essa ideia de parentesco traído? Pessoalmente, não vejo por que o crítico tem de ser animador, parceiro, divulgador ou chancela do escritor. Ele tem de apontar problemas no objeto, pois são problemas do objeto o interesse principal da arte, como da literatura”.
(Este trecho foi retirado de um texto do meu blog. Para ler sua continuação, acessem: (http://literaturasemfronteiras.blogspot.com/2011/07/literatura-de-violencia-e-literatura-de.html#more).
Não me preocupei com nomes e pseudônimos até agora. Não os conheço. Por isso, li sempre com olho somente nos poemas. Para mim não faz nenhuma diferença ler ou não o nome do poeta. Os critérios de avaliação dos poemas são os mesmos que adotei ao longo da vida: qualidade literária, correção gramatical, uso de metáforas, imaginação, memória (literária ou não), etc. Abraços do Nilto.

DECISÃO DO AUTORES S/A:

De acordo com as opiniões dos poetas e dos jurados do I Concurso de Poesia Autores S/A, nós, organizadores, decidimos que os pseudônimos continuarão sendo enviados aos jurados. Justificativa:
            Confiamos plenamente na imparcialidade dos jurados fixos deste certame. Seus esclarecimentos, acima, eliminam todas as suspeitas, caso elas tenham existido, de fato. Modificar o rumo do concurso, a essa altura, poderia nos acarretar muitos problemas. Preferimos terminar da mesma forma que começamos, até porque, os poetas que já foram eliminados foram julgados dentro deste formato (com o envio do pseudônimo).
            Acreditamos também que seria, de certa forma, inútil a retirada dos pseudônimos, uma vez que os jurados fixos, a essa altura, poderiam associar alguns estilos poéticos característicos à sua autoria.
            Outro argumento que arregimenta nossa decisão é: a presença do jurado(s) convidado(s) reforça a idéia de que não existe qualquer tipo de preferência em relação a determinados candidatos. Eles analisam os poemas da rodada em questão sem ter qualquer conhecimento da trajetória dos poetas envolvidos.
            A princípio, foi solicitado aos jurados que avaliassem também a evolução dos poetas na competição. No entanto, acatamos algumas opiniões, e decidimos modificar esta concepção, embora haja a continuidade do envio dos pseudônimos. A partir desta etapa, os jurados não mencionarão os pseudônimos nos comentários, prezando, com rigor, apenas pela materialidade textual, i.e, o poema.
            Esperamos a compreensão de todos os poetas e leitores deste concurso. Prezamos sempre pela imparcialidade e, acima de tudo, pela transparência. Não à toa estamos aqui, justificando nossa decisão, e buscando os melhores caminhos possíveis para que este concurso continue sendo um sucesso. O sucesso advém não somente da qualidade das poesias, ou dos pareceres críticos dos jurados; o sucesso nasce, primeiramente, da honestidade, da disciplina e da humildade dos organizadores para com o certame. E assim prosseguiremos. Obrigado.

ENTREVISTA COM OS ELIMINADOS DO TOP 11

            Foi uma disputa acirradíssima no Campo Platônico do Top 11, não concordam? E hoje, os poetas Anjo e Semprepoeta, eliminados na última semana, nos concederam uma pequena entrevista. Boa leitura!

1. Quais foram suas impressões gerais do I Concurso de Poesia Autores S/A?

Anjo: Gostei do carinho com que trataram as poesias, colocando em revistas eletrônicas, deixando-as surpreendente. Propor fazer o que estão fazendo e colocar a cara a tapa também... Sempre haverá um que dirá que poderá fazer melhor, ótimo, desde que façam. É muito fácil a posição do crítico, pois nada fazem... Para se criticar tem que saber fazer para propor melhoras, se não, melhor ignorar tal crítica. Parabéns.

Semprepoeta: Gostei muito de participar pela organização e competência de vocês. Estão se mantendo e isentos, sem favorecer a nenhum poeta, além de flexíveis ao regulamento, consultando os participantes quanto às mudanças das regras, durante o certame. Resolvi participar, para ter os meus poemas avaliados por profissionais gabaritados, como em uma oficina literária e para exercitar a poesia. Tenho escrito muitos contos e crônicas, obtido destaques em alguns concursos, mas estava me distanciando da poesia. Era boa a ansiedade de fazer um poema por semana, vê-lo comentado pelos jurados e passar para a próxima rodada, com a expectativa de qual seria o novo tema.  Ao mesmo tempo, tinha que fazer um texto de qualidade, aí é que ficava difícil. Eu e a poesia tivemos alguns desencontros. Foi uma experiência ótima e espero ter outras oportunidades.

2. Você teria algo a dizer a respeito dos jurados, ou ao público que votou pela sua eliminação?

Anjo: Ao público que votou pela minha eliminação, obviamente que não me queria na disputa... Meus agradecimentos sinceros são aos que votaram em minha permanência, do Brasil e exterior, que por sinal ficaram muito surpresos com minha saída. No momento em que eu pensava, eles continuaram acreditando. Esta pergunta é um pouco capciosa, creio que cada um está fazendo seu papel, mas dizer o que falta, sem se dizer como se faz, gera muito questionamento.
Ludmila Maurer, você deu uma dica luminosa sobre autores e entre eles, Ezra Pound – “Podeis reconhecer um mau crítico porque ele começa por falar do poeta e não do poema”.  Isto não perde o foco.  Lamento por não conseguir dizer o “indizível”, mas alguém há de conseguir.
Nilto Maciel, você deve agradecer ao concurso, por não ter sido uma poesia marginal, já pensou meu poema “palavroso cheio de palavrões”? Tá vendo como Deus é pai! Mas sem ressentimentos, é só um momento light/diet – você é um bom jurado.      
Ângelo Farias, como educadora não pude deixar de observar sua alma de motivador. Parabéns, você está dentro do objetivo do concurso... “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Pv. 15:1 Faça sempre isto, não atente tão somente para números e notas, vista de... O quê será que ele quis dizer com isto?

Semprepoeta: Acatei as críticas e comentários dos jurados, como aprendizado. Vou ler os livros sugeridos por eles e os que já li, reler. Quanto ao público, muitos votaram em mim, para não eliminar os outros poetas, como os meus amigos votaram nos outros, para não me eliminar. Meu trabalho vai além dos poemas apresentados neste certame. Quando terminar o concurso e puder revelar a minha identidade, visitem meu blog e conhecerão melhor a minha escrita.
 
3. Dos 9 poetas competidores que restaram, em quem você aposta para ser o vencedor do concurso?

Anjo: Creio que todos já são vencedores, não quero apostar em nenhum em especial.
Como diz Bob Marley - Quando você acha que sabe todas as perguntas, vem a vida e muda todas as respostas.

Semprepoeta: Todos têm chances e são talentosos. Um tema mal desenvolvido pode eliminar um ótimo candidato, isso é que faz a diferença neste concurso. Cito como exemplo, o poeta Paul Celan, que obteve excelente desempenho no top 17 e foi eliminado no haicai. Acredito que o final será surpreendente.

4. Você deseja deixar alguma mensagem aos poetas que permanecem na competição?

Anjo: Antes de escrever para terceiros, escreva para si e agrade a si mesmo, poesia é o eco de seus sentimentos que resolveu se materializar em palavras.    

Semprepoeta: Sugeri a eles, que não levam as críticas como ofensa. Que procurem aprender com elas, mesmo não concordando com a opinião dos jurados. Eles querem tirar o melhor dos poetas. Procurem acatar as sugestões e aproveitarem o máximo que puderem. A humildade para aceitar as sugestões é importante em todas as áreas profissionais, até na arte. Que os poetas mirem-se nos exemplos dos operários, cujo trabalho é árduo e diário.  Desejo sucessos a todos, durante e após o certame. Que a poesia seja a maior vencedora deste concurso.

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Nessa semana, perguntamos aos poetas competidores: Se você pudesse revelar a todos os olhos do mundo uma imagem fotografada por você, que cena da vida, espaço geográfico ou pessoa você escolheria fotografar para tal ato? Por quê?
            As respostas desta pergunta estão logo acima dos poemas. Os poemas foram organizados em ordem alfabética (pelos títulos).
Finalmente, é chegada a hora de lermos os poemas do Top 9! Nove poetas. Nove concorrentes. Apenas um vencedor. Quem será?
Tenham uma ótima leitura! E, claro, não se esqueçam de comentar, expressarem suas opiniões e concorrerem ao livro autografado do Geraldo Lima. Obrigado!

TOP 9 (TEMA: POEMA BASEADO EM IMAGEM) - POEMAS:

                                                 Paradox of Praxis 1, de Francis Alÿs

De Marcelino Vieira, Rio Grande do Norte: Ivanúcia Lopes, 24 anos.
Parece-me uma bela cena para ser fotografada: Crianças brincando de amarelinha. Risos soltos. Graciosidade. Leveza. Graças à inocência da infância, chegar ao céu nunca foi tão difícil. E quantas e quantas vezes não nos surpreendemos saltando entre uma calçada e outra ou evitando um traço riscado ao chão?”. (Ivanúcia Lopes) A seguir, o poema de Ivanúcia Lopes:

Título: Autoapresentação

Escrevia no ar e apagava com poses.
Soletrava borboleta e fingia voar.
Saltitava de leve o chão da calçada.
E rodava os pés sem querer parar.
Cruzava os braços nas costas, confiscado.
Depois girava pra qualquer lado.
Como se tivesse hélices ao invés de braços.
Pairava no ar feito beija-flor.
E jogava beijos e mandava abraços.
Subia no palco, inventava um passo.
Dançava tango sem ter parceria.
E se jogava na calçada fria.
Sem ninguém ter aplaudido.
Sem ação qualquer do público
Preferia o absurdo
Sem lógica e sem sentido.

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De Juiz de Fora, Minas Gerais: Príncipe Desavisado, 29 anos.
“Acho que fotografaria uma árvore plantada bem em frente à janela da sala em que trabalho aqui na UFJF. Ela produz uma sombra maravilhosa, sob a qual várias pessoas descansam”. (Príncipe Desavisado). A seguir, o poema de Príncipe Desavisado:

Título: Branco gelo

sob o sol a vida passa
através dos pés se arrastam
passos pisos pegadas
parcas marcas evaporam
como o suor da face.

branco que se esvai com o tempo
a cada momento menor;
mãos que tentam põem à frente –
quanto mais quente, pior –
calos que se calam na dormência
do impossível que se repete
em fricção sem revés.

sob o sol a vida voa
caçoa pingo a pingo
atordoa por fora de seu habitat;
branco que se destaca e destoa –
ossos expostos em contramão –
só milagres acontecem
o resto aos olhos dos outros
é simples e pura diversão.

x

De Macaé, Rio de Janeiro: O Velho, 50 anos.
“Para mostrar o que eu construí de melhor na vida, naquilo que sou, realmente, especialista, eu revelaria aos olhos do mundo uma foto de minha família, composta de minha companheira, minhas filhas , meus netos e minha cadelinha no canto e como fundo, a paisagem deslumbrante do quintal da minha casa”. (O Velho). A seguir, o poema de O Velho:

Título: carregamentos móveis

“e agora José?
José, para onde?”

leve seu fardo
sem sentido
nesse paradoxo
comovido
do tortuoso cotidiano.

esmiúce sua caixa
de parco repertório:

Quixote abnegado,
Teseu urbano,
novelo degelo,
argonauta inglório...

x

De Riachão do Jacuípe, Bahia: J. J. Wright, 22 anos.
"O instante do assassinato de Lennon em 08 de dezembro de 1980". (J. J. Wright). A seguir, o poema de J. J. Wright:

Título: Errata

Onde se lê gelo,
leia-se:
soda cáustica.

Onde se lê práxis,
inutilidade; unisex coliseo,
contra-senso.

E onde se lê (o) paradoxo,
leia-se:
o grande desastre.

x

De Betim, Minas Gerais: Alan de Longe, 42 anos.
“A imagem que eu gostaria de mostrar para o mundo todo, caso me fosse dada essa oportunidade, seria o primeiro olhar dirigido a mim pela minha primeira filha (tenho cinco). Nada neste mundo me proporcionou ou poderia proporcionar felicidade igual a daquele momento”. (Alan de Longe). A seguir, o poema de Alan de Longe:

Título: Impassividade

As portas fechadas
os denunciam. Eles observam
atentos e insensíveis.

Consciências ocas
e ouvidos moucos.
A grita dos desgraçados
perde-se nas sarjetas sujas, abandonada.

O gelo da indiferença
deixa rastros,
de sangue é o rastro dos joelhos  e pés.
Amálgama de pó e lágrimas.

Ruas desertas delatam:
encastelados,
olhos sequiosos bebem os passos,
o suor e o lastro
daqueles cujo fardo
é arrastar o peso
da cultura cristã ocidental
de pecados, dogmas e códigos.

No fim, o inferno
e o diabo à  espreita.

x

Do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: León Bloba, 23 anos.     
“O beliche em que dormi a vida toda, onde sob a cama de cima - entre o estrado e o colchão - estão todos os meus poemas. Escolho esta fotografia, pois lá é o lugar de paz em que eu criava. Um espaço próprio marcado de tempo, com segredos que a película não revela – como os poemas e sonhos que lá ficaram” (León Bloba). A seguir, o poema de León Bloba:

Título: Sísifo

O herói absurdo
Empurra sua alma no mundo,
Rolando deserta de sonho,
Sedenta de algum sentido.

Ao mito sou remetido.

Sabendo-se nada -
Jamais tudo tendo sido -,
Busca a tarefa árdua
Que nunca se torna completa.
No ritmo ilógico e ágil,
Escasso é o tempo da meta.

Remeto o fato ao mito.

Se a alma tem peso de pedra,
Cada passo é infinito.
Toda distância que medra
São ganho e perda em conflito.
A vida dissolve no esforço
E inútil se perde no atrito.
Rolando resolve o esboço
Do paradoxo vazio.

Se cansa o que é difícil,
Se o topo é interdito,
Tentar é um verbo de vício
Em vão no caminho do rito.

Por fim, retorno ao início.
Remeto ao mito – repito.

Leva a alma o herói aflito.
No ímpeto mágico, o suplício:
Traduz-se no destino trágico
De rolar do precipício.

x

De Trofa, Portugal: Paracauam, 47 anos.
“A imagem fotografada por mim e que me revela ao mundo é uma fotografia qeu tirei aos meus próprios pés... Meus pés são minha ligação à terra, minhas raízes em movimento, meu carro, minhas rodas e minhas asas; é pelos pés que chego e com os pés que vou, meus pés são uma entidade que me habita e me move”.
 "Não, uma imagem não vale por mil palavras e não, não há mil palavras que possam descrever uma imagem." (Paracauam).

A seguir, o poema de Paracauam:

Título: Sísifo

Cena I

Subiste
e não sabes
porquê…
Vieste devagar,
aproximaste-te.
Deste-me
a sensação
de um segundo
parto…
parto reverso
e eterno,
tão perto
com tal calma.
Fomos gémeos,
fetos, no útero
a que chamamos
mundo.

Cena II

Difícil manter
intermédio
de dois pontos…
Justapor
futuro e passado,
amalgamar…
Virar costas e
esquecer.
Olhar para trás
sem saudade,
apenas puro
casual desejo
de lembrar.

Cena III

O que espera
no fim da estrada,
não é o tudo,
não é o nada,
é o recomeço
da jornada.

x

Do Macapá, Amapá: Aline Monteiro, 25 anos.
“Revelaria o pôr-do-sol visto do meu quintal que a cada dia parece ter um significado diferente, esse pôr-do-sol que desde criança me inspira a escrever e me inspira a vida, inspira minhas noites e madrugadas para que o dia que vem chegando seja sempre produtivo, proveitoso e precioso!” (Aline Monteiro). A seguir, o poema de Aline Monteiro:

Título: Sonho

Coração padecendo
Na curva abstrusa
Do desejo.
Sinais fechados,
Fronteira interditada...
Contagem regressiva:
Sonhos não sabem esperar.
A linha de chegada anda para trás.
Só resta a luta
Dos que sabem
Que desistir
Não é permitido.

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De Piracaia, São Paulo: Cervan, 25 anos.
“Eu fotografaria uma árvore em chamas que vi quando criança, foi uma imagem muito forte, que me marcou muito. Produziria esta imagem a fim de alertar sobre a destruição que o homem pode realizar”. (Cervan). A seguir, o poema de Cervan:

Título: turrão

depois da mágoa
só resta esmurrar
a ponta da faca

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Então, o que acharam deste Top 9? Quem foi o melhor, na sua opinião?