Jurados: Ângelo Farias, Ludmila Maurer e Nilto Maciel.
Jurados convidados: Ana Elisa Ribeiro e Valéria Campos Muniz.
Nesta rodada, teremos a presença dos nossos três queridos jurados oficiais, além das professoras Ana Elisa Ribeiro e Valéria Campos Muniz. Ana Elisa também é poetisa (ótima, diga-se de passagem), além de ser colunista de um dos mais importantes sites culturais do Brasil. Valéria é especialista na gramática da Língua Portuguesa, embora tenha um vínculo forte com a literatura. Seu olhar “gramatical” de Valéria e o olhar mineirinho da PhD em Comunicação, Ana Elisa, serão os diferenciais neste corpo de jurados.
Nesta rodada, alguns jurados expressaram suas opiniões sobre suas preferências literárias. Quais autores eles homenageariam, caso se dispusessem a tal proposta do Top 7?
Ângelo Farias: Eu não sei quem homenagearia; não gosto tanto de algum poeta a ponto de apreciá-lo mais que todos e escolher para uma homenagem. Acho que preciso disso para destacar um. Dos que conheço, gosto de algumas poesias, desgosto de outras, sem diferenças relevantes de proporção. Sei mesmo é que gosto muito de poesia.
Ludmila Maurer: Buscando um nome no universo favorável de poetas, homenageio João Cabral de Melo Neto pela poesia que extrai o máximo de significado da palavra.
Ludmila Maurer: Buscando um nome no universo favorável de poetas, homenageio João Cabral de Melo Neto pela poesia que extrai o máximo de significado da palavra.
Nilto Maciel: Eu homenagearia Fernando Pessoa, mesmo que me sentisse chamado a louvar também Machado de Assis, Kafka, Jorge de Lima, Augusto dos Anjos, Antero de Quental e tantos outros seres magníficos.
Ana Elisa Ribeiro: Eu homenagearia o Paulo Leminski, que foi o poeta que mais impacto causou na maneira como eu escrevo e até na forma como vejo o mundo.
Valéria Campos Muniz
Valéria Campos Muniz é graduada em Letras (Português e Italiano) pela Uerj. Possui Mestrado em Língua Portuguesa, pela Uerj. Está em fase de elaboração da tese no Doutorado, também em Língua Portuguesa, pela Uerj. Atua como professora dos cursos de Letras e Administração da Universidade Estácio de Sá. É coordenadora do curso de Letras da Universidade Estácio de Sá – Campus Nova Friburgo.
Entrevista com Ana Elisa Ribeiro
Ana Elisa Ribeiro, nascida e residente em Belo Horizonte, 35 anos. Doutora em Linguística e pós-doutora em Comunicação. Professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Publicou os livros de poemas "Poesinha" (Poesia Orbital, 1997), "Perversa" (Ciência do Acidente, 2002) e "Fresta por onde olhar" (InterDitado, 2008), além de poemas e contos em coletâneas no Brasil e em Portugal. É colunista do Digestivo Cultural (www.digestivocultural.com) desde 2003
No Twitter, é @anadigital.
Lohan: Olá, Ana Elisa. É um enorme prazer recebê-la no blog Autores S/A. Ana, você já escreveu algum poema ou texto de outro gênero em homenagem a um autor(a) de sua preferência? Aliás, qual é o seu autor(a) favorito, Ana Elisa?
Ana Elisa Ribeiro: O prazer é meu. Não sei se tenho um autor favorito, mas tem uns caras que mudaram meu modo de ver a literatura e o mundo. O primeiro que me vem à cabeça é o Paulo Leminski, o kamiquase curitibano. Outro é o Fernando Pessoa, o múltiplo português e todos os seus diversos, especialmente o Álvaro de Campos. O Guimarães Rosa, nosso mineirão aqui, não pode deixar de ser citado. Escrevi sim poemas inspirados em alguns poetas aí. O mais evidente é um poema que refiz ou recriei com base na Cantiga da Ribeirinha, do Paio Soares Taveirós, autor medieval do que é considerado o primeiro texto escrito em língua portuguesa. É uma espécie de tradução. Há outros. Acho que fiz coisas inspirada no Leminski. Mas fiz outras inspirada em poemas de poetas que não curto muito também. Uma espécie de "melhoria".
Lohan: Tomando como suporte um dos títulos de seus textos publicados no site Digestivo Cultural (http://www.digestivocultural.com/), o ''É possível conquistar alguém pela escrita?'', faço-lhe a seguinte pergunta: enquanto poeta, como conquistar o seu leitor? Existe algum artifício em especial, ou basta exprimir a sua verdade?
Ana Elisa Ribeiro: Não sei se existe artifício. Os leitores são vários, então você fisga uns e não fisga outros. Não há como saber. O escritor universal não existe, né. O que eu vejo é que os temas pegam leitores, mas o texto fácil, ágil, rápido também pega. Escrever sobre sexo, por exemplo, é batata. Mas texto bom é bacana também. Eu tento escrever com espontaneidade e meu jeito é esse, é ágil. Não pensei em técnicas para isso. Já o texto do Digestivo... Bem, é aquilo. A escrita pode funcionar como canto de sereia. Há pessoas que se apaixonam pelo eu lírico ou pelo narrador. É possível conquistar alguém por e-mail, por exemplo. Ou pelas colunas do site. Já aconteceu comigo.
Lohan: De acordo com sua experiência como professora e poeta, qual conselho e/ou sugestão você dirige a todos os poetas desta competição? Qual o caminho você aponta para um poeta sagrar-se querido tanto entre os jurados como entre o público-leitor e, dessa forma, poder vir a ser o vencedor do concurso?
Ana Elisa Ribeiro: Difícil dar conselhos ou recomendações. Poesia se faz testando, escrevendo, ganhando intimidades com a língua, deixando a expressão vir. Poesia é um parafuso solto. Eu sugiro não forçar a barra e não querer se parecer com alguém.
SUGESTÃO DE LEITURA:
Hoje a sugestão é novamente da jurada Ludmila Maurer:
- "Algumas reflexões sobre poética de vanguarda", de Cassiano Ricardo. Ed. José Olimpio.
POEMAS COMENTADOS E NOTAS (NOTAS DE: 05 a 10)
Pseudônimo: Príncipe Desavisado
Poema: Azuis
Ângelo Farias: Realização da proposta e sustento do tom.
Nota: 8,5
Ludmila Maurer: Sujo, vermelho, azul, luta, maranhão, concretismo, exílio: Ferreira em Azuis.
Nota: 9
Nilto Maciel: Este poema é o retrato de Ferreira Gullar ou de qualquer grande poeta. Obra literária do mais alto valor.
Nota: 10
Ana Elisa Ribeiro: Boa pegada, embora o poema pudesse terminar antes, isto é, talvez se tenha escrito demais.
Nota: 9
Valéria Muniz: Interessante a temática, mas a estrutura ficou muito complexa. Senti falta de uma fluidez, de movimento.
Nota: 8
Pseudônimo: Ivanúcia Lopes
Poema: Bandeira tinha razão
Ângelo Farias: Embora também com ruídos na figuração de alguns conceitos, é um bom exemplo de desopressão poética.
Nota: 8
Ludmila Maurer: Intertextualidade bem ilustrada na forma que abandona a metrificação tradicional e acolhe o verso livre, tal qual o mais lírico dos poetas. Melancolia bem inscrita, angústia revelada assim como a procura de uma forma de sentir a alegria de viver.
Nota: 9,5
Nilto Maciel: Bem ao estilo de Bandeira. A autora (o eu–lírico) se misturando ao poeta de Pasárgada. Boa realização poemática.
Nota: 7,5
Ana Elisa Ribeiro: O lirismo meio mimetizado, tomado de empréstimo a Bandeira, soa forçado às vezes. O excesso de referências também incomoda.
Nota: 7,5
Valéria Muniz: Algumas partes do poema estão destoando de outras.
Nota: 8,5
Pseudônimo: León Bloba
Poema: Danças
Ângelo Farias: Hoje se fala pouco em emulação, como a de um G. de Matos, por exemplo. Mas podemos reconhecer o poeta em seu êmulo algumas vezes.
Nota: 8
Ludmila Maurer: Ritmo para uma Poesia completa, um Quintana de bolso.
Nota: 10
Nilto Maciel: Excelente poema. Quintana deveria se sentir muito feliz, se conseguisse ouvir/ler esta poesia feita de sons de grilos, ventos, passos, danças, cantos, mundos.
Nota: 9
Ana Elisa Ribeiro: Excesso de referências ao poeta homenageado, o que dá certo ar de missão ao poema. Boas soluções em rimas e em imagens poéticas.
Nota: 8
Valéria Muniz: Leitura suave, com cadência. Poema gostoso de ler.
Nota: 10
Pseudônimo: Cervan
Poema: e-mail pro magistral
Ângelo Farias: Imagens e considerações interessantes. Apenas algumas licenças de tímida convicção.
Nota: 7,5
Ludmila Maurer: Segundo Chacal, o poema escrito, preso a um livro, por exemplo, é complemento da performance – vide Homero – e da internet. Logo, email pro magistral é boa oportunidade de cruzamento com o homenageado, não somente pela menção ao virtual como também pelo fato de o poema não ter que ter modelos preestabelecidos, com uma grade para que se solte o poeta na formalização. “O poema sabe de si. Vem de uma forma ou de outra, mas vem".
Nota: 8,5
Nilto Maciel: Um tanto prolixo, mas desleixado como na poesia marginal dos anos 70, e, por isso, mais próxima da bermuda e do estar à vontade.
Nota: 8
Ana Elisa Ribeiro: Boa sacada para finalizar, a despeito de certa “folga” nos primeiros parágrafos.
Nota: 9
Valéria Muniz: Em face dos demais, a temática deste poema está muito simples. Pouco trabalhado.
Nota: 7
Pseudônimo: Paracauam
Poema: Rebanho
Ângelo Farias: O conhecimento e o apreço têm sua manifestação, mas a expressão pode transcender um pouco mais.
Nota: 7
Ludmila Maurer: Belo o equilíbrio entre os poetas, a vida, a obra, a metáfora imagética.
Nota: 9
Nilto Maciel: Em face dos demais, a temática deste poema está muito simples. Pouco trabalhado, assim como o anterior.
Nota: 7
Ana Elisa Ribeiro: Uma espécie de lista de referências a Pessoa e a seus heterônimos. A homenagem ficou exagerada, pouco poética, muito preocupada em cumprir a missão.
Nota: 6
Valéria Muniz: Muito interessante a estruturação intertextual do poema.
Nota: 9
Pseudônimo: J. J. Wright
Poema: Último Ato
Ângelo Farias: Embora haja, em alguns momentos, incoerência entre a metáfora e o conceito figurado, não se perde o lirismo nem a filosofia.
Nota: 8
Ludmila Maurer: O estilo coloquial de Bukowski amplia a imagem que se pretende. Os sentimentos mais relevantes para a composição de toda a sua obra é trazida neste poema do Último ato: melancolia, repulsa, ódio, nojo, paixão e amor. O “Velho Safado” por também transformar o dia-a-dia em poesia fascinou gerações à procura de identidade, o mesmo incitando este poema.
Nota: 9
Nilto Maciel: Sintético, como um retrato numa moldura sobre a mesa: a solidão é o nada, mas é o tudo.
Nota: 9
Ana Elisa Ribeiro: A imagem da casa no final é a melhor parte do poema e está bem-colocada, mas o texto não impressiona.
Nota: 7
Valéria Muniz: Em face dos demais, a temática deste poema está muito simples. Pouco trabalhado
Nota: 6,5
Pseudônimo: O Velho
Poema: Vladimirável Maiakóvski
Ângelo Farias: O texto é opaco quanto à exploração sistemática de alguns recursos.
Nota: 7
Ludmila Maurer: Vladimirável rememora Maiakovski dos anos 20, com rimas e imagens inusitadas, com o uso da fala cotidiana, porém de tom direto. Ainda traz este poema o desmedido, o exagerado a abraçar a dimensão poética do homenageado.
Nota: 9
Nilto Maciel: Belíssimo jogo visual de sons e vocábulos.
Nota: 7
Ana Elisa Ribeiro: Bom jogo com as palavras, embora essa forma poética me soe um tanto saturada, isto é, essas palavras entrecortadas, realinhadas.
Nota: 8
Valéria Muniz: Apesar de interessante, não me agradou nem a forma nem a temática.
Nota: 7,5
RESULTADO DO CAMPO PLATÔNICO DO TOP 7
De acordo com as notas atribuídas pelos jurados, os três poetas menos votados nesta rodada que irão disputar no Campo Platônico a permanência na competição são:
*J. J. WRIGHT (Por “Último ato” – 39,5 pts.)
*O VELHO (Por "Vladimiravel Maiakovski" – 38,5 pts.)
*PARACAUAM (Por “Rebanho” – 38 pts.)
(Acesse o perfil desses candidatos no blog, e saiba mais sobre o histórico deles neste concurso).
Eis o ranking desta rodada (votação dos jurados):
1º León Bloba (Por "Danças" – 45 pts.)
2º Príncipe Desavisado (Por “Azuis”- 44,5 pts.)
3º Ivanúcia Lopes (Por "Bandeira tinha razão" – 41 pts.)
4º Cervan (Por "e-mail pro magistral" – 40 pts.)
5º J. J. Wright (Por "Último ato" – 39,5 pts.)
6º O Velho (Por "Vladimiravel Maiakovski" - 38,5 pts.)
7º Paracauam (Por "Rebanho" - 38 pts.)
Apenas um (1) desses três candidatos (em vermelho) irá se salvar. Dirija-se à enquete ao lado e vote naquele que você deseja que seja o eliminado da competição. Os dois menos votados deixarão o I Concurso de Poesia Autores S/A.
Parabéns, León Bloba! Você é o grande ganhador desta rodada, e será merecidamente premiado com o livro "Eu e outras poesias", de Augusto dos Anjos. Aguarde o envio do livro!
Atenção:
A partir da próxima rodada (o Top 5), o Campo Platônico passará a ser formado por apenas 2 poetas (os 2 poetas menos votados pelos jurados). Será um duelo. E mais: os votos, a partir da próxima rodada, não serão mais atribuídos pela eliminação do poeta, mas sim, em prol da permanência do poeta. Ou seja: no duelo, aquele que receber mais votos do público-leitor, continuará vivo na competição.
Agradecemos a atenção de todos. Parabéns aos que resistiram nessa rodada e boa sorte aos candidatos que estão no temido Campo Platônico. E este... O Campo Platônico da morte! A votação será encerrada amanhã, às 23:00 horas. Obrigado, Autores S/A.
O que acharam do resultado do Top 7? Comentem!
3 comentários:
Ótimo, "Rebanho", um dos meus preferidos teve a menor votação!
E Ivanúcia em terceiro?!!
Discordar dos jurados não mata, mata? Não... Até fortalece.
Abraço a todos, e um especial ao Paracauam. Torço por vc!
Tenho acompanhado o concurso e sinceramente me surpreende muito os organizadores terem convidado a "professora" Valéria Muniz. Fui aluno de administração da UNICAM Friburgo e posso afirmar com todas as LETRAS que essa mulher não sabe literatura, aliás, não sabe nem português, matéria aliás que ela dava aula.
Sinceramente uma piada ela ser da banca de correção. Uma pessoa que só dá aulas com um gabarito nas mãos e não sabe distinguir uma oração coordenada de subordinada não merece meu respeito. A, e olha que não sou de português.
Parabéns pela iniciativa do concurso, mas dessa aí os leitores do Autores sa não precisam.
Mantenham o nível do concurso, por favor!
Eu tb tive aula com a professora Valéria de Adm. na UCAM e ao contrário do colega acima eu adorei a professora Valéria. Ela ta sempre atenta as atualidades da nossa lingua, sempre deu otimas dicas pra gnt e corrige muito bem os textos sempre explicando nossos erros. Acho desnecesseraia essa critica pra professora Valeria. Soh pode ser alguem que por falta de merito foi reprovado com ela.
O colega acima podia se indentificar a gnt deve ter estudado jntos.
André.
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