(Mona Lisa, Leonardo Da Vinci)
Uma imagem vale mais que mil palavras?
É a pergunta que não se cala. Quantas palavras podem substituir uma imagem? E quantas palavras podem definir uma imagem?
Mona Lisa é o quadro mais famoso que existe, não se há dúvida. O porvir do seu sorriso, o seu olhar misterioso... Quem ousa traduzir esta imagem em palavras?
Os nobres poetas finalistas do I Concurso de Poesia Autores S/A tiveram uma difícil missão neste Top 9: escreverem um poema baseados em uma imagem. Ou seja, se traduzir em simples palavras já não é nada fácil, imaginem em poesia. Palavras poéticas!
Mas não foi a Mona Lisa a musa inspiradora dos nossos poetas. A imagem em questão é esta:
Paradox of Praxis 1, de Francis Alÿs
E você, leitor? Seria capaz de escrever um poema baseando-se nesta imagem? Mais a frente, descobriremos se os poetas desta competição conseguiram tirar água desta pedra... Literalmente, desta pedra imensa de gelo!
Sinopse: Tesselário é o sexto livro do autor. O volume reúne pequenas narrativas e microcontos escritos ao longo de 10 anos. Lima, que passou por outros gêneros da escrita como o romance, a literatura infantil e a dramaturgia, lança nesta obra textos minimalistas que tematizam a morte, o sexo e a loucura.
Para concorrer, basta que você:
- Seja um seguidor (a) do Autores S/A;
- Faça um comentário neste post do Top 9, identificando-se pela sua Conta do Google. No comentário, o leitor (a) deverá expressar sua opinião em relação aos poemas do Top 9, respondendo a seguinte pergunta: Na sua opinião, qual poema do Top 9 (Poema baseado em imagem) será o melhor pontuado pelos jurados? Cite o nome do poema, o pseudônimo do respectivo poeta e a soma total da nota a qual você acredita que ele alcançará (de 20 a 40 pts.). Ganhará o livro aquele que acertar o poema e a nota, ou aquele que acertar o poema e mais se aproximar da nota final que o poema obtiver. E, uma boa notícia para os poetas competidores: Vocês poderão concorrer ao livro! Mas, lembrem-se: no caso de vocês, só serão permitidos os comentários em anônimo. Identifiquem-se pelos seus pseudônimos no final do comentário.
O ganhador do livro será anunciado na postagem das notas e comentários dos jurados, por volta das 22:00 horas desta sexta-feira. Participem!
Na semana passada, o Autores S/A recebeu algumas críticas e sugestões em relação à votação dos jurados do concurso de poesia. Algumas pessoas questionaram a imparcialidade dos jurados, e entrou em cena a seguinte polêmica: enviar ou não o pseudônimo dos poetas para os jurados no momento da análise dos poemas.
Foi solicitada a opinião de todos os poetas envolvidos. Todavia, acreditamos que fosse justo conceder aos jurados o direito de resposta a todos os comentários e opiniões expressadas, tanto pelos poetas da competição, quanto pelos leitores, em geral.
Divulgaremos, agora, os esclarecimentos dos jurados Ângelo Farias, Ludmila Maurer e Nilto Maciel. E, em seguida, a decisão do Autores S/A em relação ao envio ou não dos pseudônimos.
QUESTÃO: CARO JURADO, O QUE VOCÊ TEM A DIZER A RESPEITO DO ENVIO OU NÃO DOS PSEUDÔNIMOS NO MOMENTO DO JULGAMENTO DOS POEMAS? QUAIS OS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO VOCÊ LEVOU EM CONTA ATÉ ENTÃO?
Ângelo Farias
Hoje, tiramos os pseudônimos; amanhã, com novo descontentamento, implicar-se-á com outro ponto. Isso é história antiga. Mas é possível avaliar neutramente com o pseudônimo? Sim. Eu, por exemplo, sou professor. A boa pedagogia já nos ensina, no início do caminho, a ignorar o nome do aluno e corrigir imparcialmente. E sou professor treinado, avalio em vários certames. Sem dizer que ainda sou professor que olvida nomes, que não associa à pessoa – conveniência boa nessas horas. E assim é cada jurado profissional ao seu modo. Três (à parte): Quem pede mudanças está ignorando os que não pedem, que um acordo foi aceito e que é bem incomum alterar regulamentos no meio de certames. Isso normalmente traz mais problemas. O melhor é continuar assim e acumular experiências para o próximo concurso. Contudo, acato a decisão que a organização tomar. Quero é ler poesias, o que me tem sido muito prazeroso.
Ludmila Maurer
Foi uma surpresa ouvir que se pense haver a influência de um pseudo nome no julgamento de um poema. A transparência dos comentários denota o oposto e, caso algum jurado tenha explicitado o conjunto nome-título-poema, só o fez para agregar valores, não o contrário.
Meu julgamento é bastante técnico, o que até suscitou crítica num comentário avulso de visitantes do blog, logo, minha maior tendência é esta de enxergar o poema tão somente.
No Top 11 foi-nos pedido perceber a trajetória do poeta, não significando 'evolução' do caríssimo, apenas um olhar por toda a sua habilidade, vontade, destreza, competência, enfim, um olhar sobre a forma de estar do poeta no concurso. Nada além.
É bom salientar que os jurados não se comunicam, não se conhecem e há sempre jurados convidados, ou seja, nem conhecem o perfil dos artistas. Logo, os comentários forçosamente seguem seu único caminho: leitura do poema, não de seu dono.
Se há dúvidas, a palavra está aí para esclarecer. Que muito bom! Desejo poder ler a melhor poesia de vocês todos, com autoria ou não.
No Top 11 foi-nos pedido perceber a trajetória do poeta, não significando 'evolução' do caríssimo, apenas um olhar por toda a sua habilidade, vontade, destreza, competência, enfim, um olhar sobre a forma de estar do poeta no concurso. Nada além.
É bom salientar que os jurados não se comunicam, não se conhecem e há sempre jurados convidados, ou seja, nem conhecem o perfil dos artistas. Logo, os comentários forçosamente seguem seu único caminho: leitura do poema, não de seu dono.
Se há dúvidas, a palavra está aí para esclarecer. Que muito bom! Desejo poder ler a melhor poesia de vocês todos, com autoria ou não.
Nilto Maciel
Inicio este comentário com uma citação longa, de Alcir Pécora, em “Impasses da literatura contemporânea”: “Quem critica parece um vilão, um estraga-prazer, um intrometido. Quem critica as obras, ainda mais se faz isso com argumentos insistentes, tem qualquer coisa de indecente, de impróprio. Mas, por vezes, a insistência chata é fundamental para pensar um pouco melhor. Não se vai muito longe com um discurso que não admite contraditório, com um discurso de animação de parceiros. Mesmo em casos de parceria, sem alguma disposição para encarar a desafinação, não se vai longe: nessas condições, não há orquestra capaz de desconfiar de si mesma e exigir mais de seus membros. Espanta, pois, ver a intolerância para a crítica, como se fosse alguma traição pessoal. De onde vem essa ideia de parentesco traído? Pessoalmente, não vejo por que o crítico tem de ser animador, parceiro, divulgador ou chancela do escritor. Ele tem de apontar problemas no objeto, pois são problemas do objeto o interesse principal da arte, como da literatura”.
(Este trecho foi retirado de um texto do meu blog. Para ler sua continuação, acessem: (http://literaturasemfronteiras.blogspot.com/2011/07/literatura-de-violencia-e-literatura-de.html#more).
Não me preocupei com nomes e pseudônimos até agora. Não os conheço. Por isso, li sempre com olho somente nos poemas. Para mim não faz nenhuma diferença ler ou não o nome do poeta. Os critérios de avaliação dos poemas são os mesmos que adotei ao longo da vida: qualidade literária, correção gramatical, uso de metáforas, imaginação, memória (literária ou não), etc. Abraços do Nilto.
DECISÃO DO AUTORES S/A:
De acordo com as opiniões dos poetas e dos jurados do I Concurso de Poesia Autores S/A, nós, organizadores, decidimos que os pseudônimos continuarão sendo enviados aos jurados. Justificativa:
Confiamos plenamente na imparcialidade dos jurados fixos deste certame. Seus esclarecimentos, acima, eliminam todas as suspeitas, caso elas tenham existido, de fato. Modificar o rumo do concurso, a essa altura, poderia nos acarretar muitos problemas. Preferimos terminar da mesma forma que começamos, até porque, os poetas que já foram eliminados foram julgados dentro deste formato (com o envio do pseudônimo).
Acreditamos também que seria, de certa forma, inútil a retirada dos pseudônimos, uma vez que os jurados fixos, a essa altura, poderiam associar alguns estilos poéticos característicos à sua autoria.
Outro argumento que arregimenta nossa decisão é: a presença do jurado(s) convidado(s) reforça a idéia de que não existe qualquer tipo de preferência em relação a determinados candidatos. Eles analisam os poemas da rodada em questão sem ter qualquer conhecimento da trajetória dos poetas envolvidos.
A princípio, foi solicitado aos jurados que avaliassem também a evolução dos poetas na competição. No entanto, acatamos algumas opiniões, e decidimos modificar esta concepção, embora haja a continuidade do envio dos pseudônimos. A partir desta etapa, os jurados não mencionarão os pseudônimos nos comentários, prezando, com rigor, apenas pela materialidade textual, i.e, o poema.
Esperamos a compreensão de todos os poetas e leitores deste concurso. Prezamos sempre pela imparcialidade e, acima de tudo, pela transparência. Não à toa estamos aqui, justificando nossa decisão, e buscando os melhores caminhos possíveis para que este concurso continue sendo um sucesso. O sucesso advém não somente da qualidade das poesias, ou dos pareceres críticos dos jurados; o sucesso nasce, primeiramente, da honestidade, da disciplina e da humildade dos organizadores para com o certame. E assim prosseguiremos. Obrigado.
ENTREVISTA COM OS ELIMINADOS DO TOP 11
Foi uma disputa acirradíssima no Campo Platônico do Top 11, não concordam? E hoje, os poetas Anjo e Semprepoeta, eliminados na última semana, nos concederam uma pequena entrevista. Boa leitura!
1. Quais foram suas impressões gerais do I Concurso de Poesia Autores S/A?
Anjo: Gostei do carinho com que trataram as poesias, colocando em revistas eletrônicas, deixando-as surpreendente. Propor fazer o que estão fazendo e colocar a cara a tapa também... Sempre haverá um que dirá que poderá fazer melhor, ótimo, desde que façam. É muito fácil a posição do crítico, pois nada fazem... Para se criticar tem que saber fazer para propor melhoras, se não, melhor ignorar tal crítica. Parabéns.
Semprepoeta: Gostei muito de participar pela organização e competência de vocês. Estão se mantendo e isentos, sem favorecer a nenhum poeta, além de flexíveis ao regulamento, consultando os participantes quanto às mudanças das regras, durante o certame. Resolvi participar, para ter os meus poemas avaliados por profissionais gabaritados, como em uma oficina literária e para exercitar a poesia. Tenho escrito muitos contos e crônicas, obtido destaques em alguns concursos, mas estava me distanciando da poesia. Era boa a ansiedade de fazer um poema por semana, vê-lo comentado pelos jurados e passar para a próxima rodada, com a expectativa de qual seria o novo tema. Ao mesmo tempo, tinha que fazer um texto de qualidade, aí é que ficava difícil. Eu e a poesia tivemos alguns desencontros. Foi uma experiência ótima e espero ter outras oportunidades.
2. Você teria algo a dizer a respeito dos jurados, ou ao público que votou pela sua eliminação?
Anjo: Ao público que votou pela minha eliminação, obviamente que não me queria na disputa... Meus agradecimentos sinceros são aos que votaram em minha permanência, do Brasil e exterior, que por sinal ficaram muito surpresos com minha saída. No momento em que eu pensava, eles continuaram acreditando. Esta pergunta é um pouco capciosa, creio que cada um está fazendo seu papel, mas dizer o que falta, sem se dizer como se faz, gera muito questionamento.
Ludmila Maurer, você deu uma dica luminosa sobre autores e entre eles, Ezra Pound – “Podeis reconhecer um mau crítico porque ele começa por falar do poeta e não do poema”. Isto não perde o foco. Lamento por não conseguir dizer o “indizível”, mas alguém há de conseguir.
Nilto Maciel, você deve agradecer ao concurso, por não ter sido uma poesia marginal, já pensou meu poema “palavroso cheio de palavrões”? Tá vendo como Deus é pai! Mas sem ressentimentos, é só um momento light/diet – você é um bom jurado.
Ângelo Farias, como educadora não pude deixar de observar sua alma de motivador. Parabéns, você está dentro do objetivo do concurso... “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Pv. 15:1 Faça sempre isto, não atente tão somente para números e notas, vista de... O quê será que ele quis dizer com isto?
Semprepoeta: Acatei as críticas e comentários dos jurados, como aprendizado. Vou ler os livros sugeridos por eles e os que já li, reler. Quanto ao público, muitos votaram em mim, para não eliminar os outros poetas, como os meus amigos votaram nos outros, para não me eliminar. Meu trabalho vai além dos poemas apresentados neste certame. Quando terminar o concurso e puder revelar a minha identidade, visitem meu blog e conhecerão melhor a minha escrita.
3. Dos 9 poetas competidores que restaram, em quem você aposta para ser o vencedor do concurso?
Anjo: Creio que todos já são vencedores, não quero apostar em nenhum em especial.
Como diz Bob Marley - Quando você acha que sabe todas as perguntas, vem a vida e muda todas as respostas.
Semprepoeta: Todos têm chances e são talentosos. Um tema mal desenvolvido pode eliminar um ótimo candidato, isso é que faz a diferença neste concurso. Cito como exemplo, o poeta Paul Celan, que obteve excelente desempenho no top 17 e foi eliminado no haicai. Acredito que o final será surpreendente.
4. Você deseja deixar alguma mensagem aos poetas que permanecem na competição?
Anjo: Antes de escrever para terceiros, escreva para si e agrade a si mesmo, poesia é o eco de seus sentimentos que resolveu se materializar em palavras.
Semprepoeta: Sugeri a eles, que não levam as críticas como ofensa. Que procurem aprender com elas, mesmo não concordando com a opinião dos jurados. Eles querem tirar o melhor dos poetas. Procurem acatar as sugestões e aproveitarem o máximo que puderem. A humildade para aceitar as sugestões é importante em todas as áreas profissionais, até na arte. Que os poetas mirem-se nos exemplos dos operários, cujo trabalho é árduo e diário. Desejo sucessos a todos, durante e após o certame. Que a poesia seja a maior vencedora deste concurso.
XXXXXXXXXXXXXXXXXX
Nessa semana, perguntamos aos poetas competidores: Se você pudesse revelar a todos os olhos do mundo uma imagem fotografada por você, que cena da vida, espaço geográfico ou pessoa você escolheria fotografar para tal ato? Por quê?
As respostas desta pergunta estão logo acima dos poemas. Os poemas foram organizados em ordem alfabética (pelos títulos).
Finalmente, é chegada a hora de lermos os poemas do Top 9! Nove poetas. Nove concorrentes. Apenas um vencedor. Quem será?
Tenham uma ótima leitura! E, claro, não se esqueçam de comentar, expressarem suas opiniões e concorrerem ao livro autografado do Geraldo Lima. Obrigado!
TOP 9 (TEMA: POEMA BASEADO EM IMAGEM) - POEMAS:
Paradox of Praxis 1, de Francis Alÿs
De Marcelino Vieira, Rio Grande do Norte: Ivanúcia Lopes, 24 anos.
“Parece-me uma bela cena para ser fotografada: Crianças brincando de amarelinha. Risos soltos. Graciosidade. Leveza. Graças à inocência da infância, chegar ao céu nunca foi tão difícil. E quantas e quantas vezes não nos surpreendemos saltando entre uma calçada e outra ou evitando um traço riscado ao chão?”. (Ivanúcia Lopes) A seguir, o poema de Ivanúcia Lopes:
Título: Autoapresentação
Escrevia no ar e apagava com poses.
Soletrava borboleta e fingia voar.
Saltitava de leve o chão da calçada.
E rodava os pés sem querer parar.
Cruzava os braços nas costas, confiscado.
Depois girava pra qualquer lado.
Como se tivesse hélices ao invés de braços.
Pairava no ar feito beija-flor.
E jogava beijos e mandava abraços.
Subia no palco, inventava um passo.
Dançava tango sem ter parceria.
E se jogava na calçada fria.
Sem ninguém ter aplaudido.
Sem ação qualquer do público
Preferia o absurdo
Sem lógica e sem sentido.
x
De Juiz de Fora, Minas Gerais: Príncipe Desavisado, 29 anos.
“Acho que fotografaria uma árvore plantada bem em frente à janela da sala em que trabalho aqui na UFJF. Ela produz uma sombra maravilhosa, sob a qual várias pessoas descansam”. (Príncipe Desavisado). A seguir, o poema de Príncipe Desavisado:
Título: Branco gelo
sob o sol a vida passa
através dos pés se arrastam
passos pisos pegadas
parcas marcas evaporam
como o suor da face.
branco que se esvai com o tempo
a cada momento menor;
mãos que tentam põem à frente –
quanto mais quente, pior –
calos que se calam na dormência
do impossível que se repete
em fricção sem revés.
sob o sol a vida voa
caçoa pingo a pingo
atordoa por fora de seu habitat;
branco que se destaca e destoa –
ossos expostos em contramão –
só milagres acontecem
o resto aos olhos dos outros
é simples e pura diversão.
x
De Macaé, Rio de Janeiro: O Velho, 50 anos.
“Para mostrar o que eu construí de melhor na vida, naquilo que sou, realmente, especialista, eu revelaria aos olhos do mundo uma foto de minha família, composta de minha companheira, minhas filhas , meus netos e minha cadelinha no canto e como fundo, a paisagem deslumbrante do quintal da minha casa”. (O Velho). A seguir, o poema de O Velho:
Título: carregamentos móveis
“e agora José?
José, para onde?”
leve seu fardo
sem sentido
nesse paradoxo
comovido
do tortuoso cotidiano.
esmiúce sua caixa
de parco repertório:
Quixote abnegado,
Teseu urbano,
novelo degelo,
argonauta inglório...
x
De Riachão do Jacuípe, Bahia: J. J. Wright, 22 anos.
"O instante do assassinato de Lennon em 08 de dezembro de 1980". (J. J. Wright). A seguir, o poema de J. J. Wright:
Título: Errata
Onde se lê gelo,
leia-se:
soda cáustica.
Onde se lê práxis,
inutilidade; unisex coliseo,
contra-senso.
E onde se lê (o) paradoxo,
leia-se:
leia-se:
soda cáustica.
Onde se lê práxis,
inutilidade; unisex coliseo,
contra-senso.
E onde se lê (o) paradoxo,
leia-se:
o grande desastre.
x
De Betim, Minas Gerais: Alan de Longe, 42 anos.
“A imagem que eu gostaria de mostrar para o mundo todo, caso me fosse dada essa oportunidade, seria o primeiro olhar dirigido a mim pela minha primeira filha (tenho cinco). Nada neste mundo me proporcionou ou poderia proporcionar felicidade igual a daquele momento”. (Alan de Longe). A seguir, o poema de Alan de Longe:
Título: Impassividade
As portas fechadas
os denunciam. Eles observam
atentos e insensíveis.
Consciências ocas
e ouvidos moucos.
A grita dos desgraçados
perde-se nas sarjetas sujas, abandonada.
O gelo da indiferença
deixa rastros,
de sangue é o rastro dos joelhos e pés.
Amálgama de pó e lágrimas.
Ruas desertas delatam:
encastelados,
olhos sequiosos bebem os passos,
o suor e o lastro
daqueles cujo fardo
é arrastar o peso
da cultura cristã ocidental
de pecados, dogmas e códigos.
No fim, o inferno
e o diabo à espreita.
x
Do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: León Bloba, 23 anos.
“O beliche em que dormi a vida toda, onde sob a cama de cima - entre o estrado e o colchão - estão todos os meus poemas. Escolho esta fotografia, pois lá é o lugar de paz em que eu criava. Um espaço próprio marcado de tempo, com segredos que a película não revela – como os poemas e sonhos que lá ficaram” (León Bloba). A seguir, o poema de León Bloba:
Título: Sísifo
O herói absurdo
Empurra sua alma no mundo,
Rolando deserta de sonho,
Sedenta de algum sentido.
Ao mito sou remetido.
Sabendo-se nada -
Jamais tudo tendo sido -,
Busca a tarefa árdua
Que nunca se torna completa.
No ritmo ilógico e ágil,
Escasso é o tempo da meta.
Remeto o fato ao mito.
Se a alma tem peso de pedra,
Cada passo é infinito.
Toda distância que medra
São ganho e perda em conflito.
A vida dissolve no esforço
E inútil se perde no atrito.
Rolando resolve o esboço
Do paradoxo vazio.
Se cansa o que é difícil,
Se o topo é interdito,
Tentar é um verbo de vício
Em vão no caminho do rito.
Por fim, retorno ao início.
Remeto ao mito – repito.
Leva a alma o herói aflito.
No ímpeto mágico, o suplício:
Traduz-se no destino trágico
De rolar do precipício.
x
De Trofa, Portugal: Paracauam, 47 anos.
“A imagem fotografada por mim e que me revela ao mundo é uma fotografia qeu tirei aos meus próprios pés... Meus pés são minha ligação à terra, minhas raízes em movimento, meu carro, minhas rodas e minhas asas; é pelos pés que chego e com os pés que vou, meus pés são uma entidade que me habita e me move”.
"Não, uma imagem não vale por mil palavras e não, não há mil palavras que possam descrever uma imagem." (Paracauam).
A seguir, o poema de Paracauam:
Título: Sísifo
Cena I
Subiste
e não sabes
porquê…
Vieste devagar,
aproximaste-te.
Deste-me
a sensação
de um segundo
parto…
parto reverso
e eterno,
tão perto
com tal calma.
Fomos gémeos,
fetos, no útero
a que chamamos
mundo.
Cena II
Difícil manter
intermédio
de dois pontos…
Justapor
futuro e passado,
amalgamar…
Virar costas e
esquecer.
Olhar para trás
sem saudade,
apenas puro
casual desejo
de lembrar.
Cena III
O que espera
no fim da estrada,
não é o tudo,
não é o nada,
é o recomeço
da jornada.
Subiste
e não sabes
porquê…
Vieste devagar,
aproximaste-te.
Deste-me
a sensação
de um segundo
parto…
parto reverso
e eterno,
tão perto
com tal calma.
Fomos gémeos,
fetos, no útero
a que chamamos
mundo.
Cena II
Difícil manter
intermédio
de dois pontos…
Justapor
futuro e passado,
amalgamar…
Virar costas e
esquecer.
Olhar para trás
sem saudade,
apenas puro
casual desejo
de lembrar.
Cena III
O que espera
no fim da estrada,
não é o tudo,
não é o nada,
é o recomeço
da jornada.
x
Do Macapá, Amapá: Aline Monteiro, 25 anos.
“Revelaria o pôr-do-sol visto do meu quintal que a cada dia parece ter um significado diferente, esse pôr-do-sol que desde criança me inspira a escrever e me inspira a vida, inspira minhas noites e madrugadas para que o dia que vem chegando seja sempre produtivo, proveitoso e precioso!” (Aline Monteiro). A seguir, o poema de Aline Monteiro:
Título: Sonho
Coração padecendo
Na curva abstrusa
Do desejo.
Sinais fechados,
Fronteira interditada...
Contagem regressiva:
Sonhos não sabem esperar.
A linha de chegada anda para trás.
Só resta a luta
Dos que sabem
Que desistir
Não é permitido.
x
De Piracaia, São Paulo: Cervan, 25 anos.
“Eu fotografaria uma árvore em chamas que vi quando criança, foi uma imagem muito forte, que me marcou muito. Produziria esta imagem a fim de alertar sobre a destruição que o homem pode realizar”. (Cervan). A seguir, o poema de Cervan:
Título: turrão
depois da mágoa
só resta esmurrar
a ponta da faca
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Então, o que acharam deste Top 9? Quem foi o melhor, na sua opinião?
25 comentários:
Adorei "turrão" do Cervan, o "Sísifo" de Léon Bloba e "Errata" do J. J. Wright - assim, nessa ordem.
Minha aposta: "turrão", Cervan, com 33 pontos.
Vou votar no Sísifo do Léon Bloba , com 35 pontos.
O Velho
Parabéns a todos. Voto em "Sísifo", de León Bloba com 33 pontos.
voto em "carregamentos móveis", do velho e "sísifo", de León Bloba.
Voto no texto do escritor Geraldo Lima! Estou torcendo por você! Beijos, Carolina Magalhães!
Uma imagem pode valer 1000 palavras, ou 10.
Na verdade, acho que pode valer também infinitas palavras.
Mas o importante é que devem ser bem escolhidas e provocar cosquinha na cabeça e no instante do leitor.
Voto no Cervan, com Turrão: 33 pontos.
León Bloba
Sonho - Alice Monteiro
Sísifo - Leon Bloba
Turrão - Cervan
Nesta ordem... difícil escolher. Todos são belos em suas expressões...
Eu aposto em Sísifo, de León Bloba
com a média de 33.5.
Boa noite,
É com grande satisfação que hoje inicio meu comentário. Como todos os leitores assíduos deste certame devem saber, sempre defendi a classe dos jurados. Minha militância a favor do corpo de jurados nunca foi em vão. Fico satisfeito pela genial decisão dos organizadores deste certame. Isso só eleva, sob meu parecer, a seriedade deste certame para com os seus leitores.
O jurado Nilto Maciel citou um dos maiores críticos brasileiros, Alcir Pécora, da Unicamp, a universidade que formou um cidadão e um estudioso competente: eu. Sou grato aos professores da Unicamp.
A textura das respostas dos jurados não deixam um rastro de suspeita. Infelizmente, é comum, como disse anteriormente, neste espaço, a crítica negativa voltada para aqueles que são responsáveis pela permanência de indivíduos em uma competição.
Me valendo de Alcir, assim como Nilto Maciel, ''a literatura é demonstração de força''. Quem deseja fazer literatura por fazer, para constar em Guiness imaginário, que não faça. Portanto, poetas, atentem: poesia é demonstração de força. Não participem deste certame. Lutem neste certame. Empurrem o bloco de gelo de vocês. Aquele que chegar à frente, sem ter permitido o degelo do bloco, será o grande vencedor.
E não se chega na frente disparando asneiras como o poeta Anjo. Mesmo depois de eliminado, não se cansou de distribuir palavras ignóbeis. ''É muito fácil a posição do crítico, pois nada fazem...''. Quem nada fez neste certame, foi o crítico ou você, poeta angelical? ''Meus agradecimentos sinceros são aos que votaram em minha permanência, do Brasil e exterior, que por sinal ficaram muito surpresos com minha saída''. Deve haver algum engano aí: quem ficou surpreso com sua saída? Neste espaço, pelo o que vi, ninguém se manifestou. E ainda cita o nome de Deus em seus argumentos, faz ironias chulas, escreve feito uma criança não instruída, menciona Bob Marley como se fosse a seu favor quando, na verdade, é o próprio poeta, Anjo, que “pensa saber todas as perguntas”. Pena que este poeta não acate as respostas, as opiniões, e se assuma numa prepotência digna de pena. Mais proveitoso falar dos poetas que permanecem.
Continuo no espaço a seguir.
Turrão - Cervan
Média-33.5
Parabéns a todos!!!
Errata do J. J. Wright - com média de 33.5.
Antes de tudo, parabéns pela ddecisão de manter a emissão os pseudônimos dos autores para os jurados, um voto de confiança de todos na integridade dos jurados.
Branco Gelo do príncipe desavisado, pela referência à Monroe, por ecrever sobre a brevidade da vida, um tema tão belo e perigoso. Nota: 33.
Voto em Aline Monteiro,com O Sonho.Média:33.0
Dos poemas desta leva, apreciei todos, no geral. Compreendo a dificuldade que foi imposta aos poetas. Como disse anteriormente, fazer arte de arte não é fácil.
Ivanúcia sobreviveu a uma batalha. Eu acreditei nela. Me decepcionei nesta leva. Autoapresentação é um bom poema, mas está totalmente fora dos eixos. Não enxerguei nada condizente com a imagem proposta ali. 'Sem lógica e sem sentido'.
Branco gelo descongela e produz uma sensação boa. Ótima relação do gelo que derrete com o corpo que derrete, pelo suor.
O Velho vem correndo por fora nesta disputa. Poeta de exímia qualidade. Fazer intertextos enriquece qualquer texto. Mas tem que se saber fazê-los. E O Velho soube.
J.J.Wright também seria fã do Lennon? Veja bem, seu poema não me disse ''nada''. Legenda mal construída. Errata: seu poema me disse tudo. Vinte e cinco palavras que valem mais do que uma imagem. Uma prova legítima do teu favoritismo neste certame.
Alan de Longe me surpreendeu. Cultura cristã ocidental=fardo. Concordo. É o maior fardo que a civilização carrega, empurra. Porém, assim como o gelo da imagem, está derretendo. Queo diabo não esteja à sua espreita, Alan.
León Bloba e o português escolheram o mesmo título. Sísifo foi uma escolha feliz. Mas esperava mais de ambos os poemas. Principalmente do português, que se mostrou tão exímio com intertextualidade, e fracassou nesta leva, expondo cenas sem sentido. León, por ser um dos favoritos, acaba por criar muita expectativa no leitor.
Aline mantém sua regularidade, sem muitos exageros, sempre linear. Será que um poeta regular vencerá este certame?
Cervan: mais uma vez, sintético. Mas não continue esmurrando tanto a ponta da faca assim... Arrisque, ao menos uma vez, um novo estilo.
Minha aposta: J.J.Wright... 32 pontos.
Cordialmente,
F.N.V (SP).
Eu escolho "Errata" de J. J.Wright, 31 pts.
Abraços.
Gostei muito dos poemas "Impassividade" e "Sísifo". Meu voto vai para o poema “Sísifo” de León Bloba - 33,5 pontos
Errata de J. J.Wright, 32.5 pts.
Não acho certo os poetas terem dia e hora limite para enviar seus poemas e os organizadores não terem limite algum para divulgar as considerações e notas dos jurados.
Obrigado a todos pelas apostas. Como foi dito no post dos comentários e notas, não houve vencedor. O sorteio foi adiado. O poeta mais votado da rodada foi O Velho.
Os jurados possuem hora limite para o envio de seus comentários e notas, sim. O feitio do post demanda uma certa demora, devido o cuidado que aplicamos. Mas a razão do ''atraso'' é justificável: devido ao sorteio do livro, nos comentários, concedemos mais tempo para os leitores apostarem e concorrerem ao livro.
Obrigado a todos!
Abraços, Lohan.
Nós, organizadores, primamos pela pontualidade e respeito aos poetas, jurados e leitores; nos esforçamos ao máximo para que todas as informações relativas ao Concurso cheguem em tempo hábil para publicação. Porém, não podemos evitar problemas referentes ao próprio Blogger, que por vezes torna mais lento nosso trabalho. Cremos que se todos continuarem fazendo a parte que vos cabe, caminharemos juntos ao objetivo final. Obrigada a todos!
Abraços, Camila Furtado.
Aaaaaaaahhhh! Gente chata essa que só quer atravancar tudo. Os organizadores estão fazendo um concurso cheio de novidades, estão super antenados e levando o trabalho a sério.
"Todos que aqui estão atravancando meu caminho, eles passarão, eu passarinho."
Mais respeito a quem se dedica. Paciência, gente nervosa.
Sinceramente, quem postou o comentário "...os organizadores não terem limite algum para divulgar as considerações e notas dos jurados..." Vá lavar uma roupa, varrer uma casa, fazer sexo, sei lá, mas desiste de acompanhar o concurso porque tu é chato (a) pra caramba! A organização do concurso tá de parabéns, dá pra ver o maior respeito e consideração. isso sem falar no sorteio de brindes pelos comentários. o dono de um comentário desses tinha que ganhar uma bomba de brinde.
Postar um comentário