Jurados
Oficiais: Afonso Henriques, Paulo Fodra e Tânia Tiburzio
Jurados
Convidados: Claudio Willer e Silas Correia Leite
Nesta etapa,
tivemos como convidados dois grandes escritores no júri: Claudio Willer e Silas
Correia Leite. Doutor em Letras, Willer já presidiu vários mandatos na União Brasileira
dos Escritores e foi explicitamente contra a censura imposta pela rede social
Facebook às imagens de nus. Silas é um escritor bastante premiado no cenário
literário brasileiro. Escreveu o primeiro livro interativo na Rede Mundial de
Computadores e é famoso pelas suas “siladas literárias”.
BIOGRAFIAS
CLAUDIO
WILLER (São Paulo, 1940) é poeta, ensaísta e tradutor.
Seus vínculos são com a criação literária mais rebelde e transgressiva, como
aquela representada pelo surrealismo e geração beat. Publicou Um obscuro
encanto: gnose, gnosticismo e poesia, ensaio (Civilização Brasileira, 2010); Geração
Beat (L&PM Pocket, coleção Encyclopaedia, 2009); Estranhas Experiências,
poesia (Lamparina, 2004); Volta, narrativa (terceira edição em 2004); Lautréamont
- Os Cantos de Maldoror, Poesias e Cartas (Iluminuras, nova edição em 2008) e Uivo
e outros poemas de Allen Ginsberg (L&PM Pocket, nova edição em 2010). Teve publicados,
também, Poemas para leer en voz alta (Andrómeda, Costa Rica, 2007) e ensaios na
coletânea Surrealismo (Perspectiva, 2008). É autor de outros livros de poesia –
Anotações para um Apocalipse, Dias Circulares e Jardins da Provocação – e da
coletânea Escritos de Antonin Artaud, esgotados. Aguarda publicação de A
verdadeira história do século XX, poesia, ed. Demônio Negro. Poemas publicados
em antologias e periódicos literários, no Brasil e outros países. Presidiu por
vários mandatos a UBE, União Brasileira de Escritores. Trabalhou em
administração cultural, inclusive como Coordenador da Formação Cultural na
Secretaria Municipal de Cultura (1993-2001) Doutor em Letras na USP com Um
obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna (2008), cursou
pós-doutorado sobre Religiões Estranhas, Hermetismo e Poesia na mesma
universidade, onde ministrou, como professor convidado, um curso de
pós-graduação sobre surrealismo e outro de extensão cultural sobre a geração
beat. Coordena oficinas literárias; ministra cursos e palestras sobre poesia e
criação literária. Prepara um livro sobre surrealismo e uma coletânea de
ensaios sobre misticismo e poesia.
SILAS
CORREIA LEITE é educador, jornalista comunitário e conselheiro
em Direitos Humanos. Começou a escrever aos 16 anos no jornal “O Guarani” de
Itararé-SP. Fez Direito e Geografia, é Especialista em Educação (Mackenzie),
com extensão universitária em Literatura na Comunicação (ECA). Autor entre
outros de “Porta-Lapsos”, Poemas, Editora All-Print (SP) e “Campo de Trigo Com
Corvos”, Contos, Editora Design (SC), obra finalista do prêmio Telecom,
Portugal 2007, e “O Homem Que Virou Cerveja”, Crônicas Hilárias de um Poeta
Boêmio, livro ganhador do Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador Bahia,
2009, Giz Editorial, SP. Seu e-book de sucesso “O Rinoceronte de Clarice”, onze
ficções, cada uma com três finais, um feliz, um de tragédia e um terceiro final
politicamente incorreto, por ser pioneiro, foi destaque na mídia como O
Estadão, Jornal da Tarde, Folha de SP, Diário Popular, Revista Época, Revista
Ao Mestre Com Carinho, Revista Kalunga, Revista da Web, Minha Revista (RJ). e
também na rede televisiva, Programa “Metrópolis”/TV Cultura; Rede Band/Programa
“Momento Cultural”; Rede 21-Programa “Na Berlinda”, Programa “Provocações”, TV
Cultura/Antonio Abujamra. Por ser única no gênero e o primeiro livro interativo
da Rede Mundial de Computadores, foi recomendada como leitura obrigatória na
matéria “Linguagem Virtual” no Mestrado de “Ciência da Linguagem” da
Universidade do Sul de SC. Foi tese de Doutorado na Universidade Federal de
Alagoas (“Hipertextualidade, O Livro Depois do Livro”). Texto acadêmico no
link: http://bdtd.ufal.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=197
Premiado nos
Concursos Paulo Leminski de Contos, Ignácio Loyola Brandão de Contos; Lygia
Fagundes Telles Para Professor Escritor, Prêmio Biblioteca Mário de Andrade
(Poesia Sobre SP), Prêmio Literal (Fundação Petrobrás), Prêmio Instituto Piaget
(Lisboa, Portugal/Cancioneiro Infanto-Juvenil; Prêmio Elos Clube/Comunidade
Lusíada Internacional; Vencedor do Primeiro Salão Nacional de Causos de
Pescadores (USP), Prêmio Simetria Ficções e Fantástico, Portugal (Microconto).
Consta em quase 600 sites como Estadão, Noblat, Correio do Brasil, Usina de
Letras, Daniel Pizza, Wikipedia, Observatório de Imprensa, Releituras,
Cronópios, Aprendiz, Pedagogo Brasil,
Jornal de Poesia, Convívio, Itália, Storm Magazine (Portugal), Politica
Y Actualidad (Argentina), Poetas del Mundo (Chile), e outros, inclusive na
África. Publicado em mais de 100 antologias, até no exterior, como Antologia
Multilingüe de Letteratura Contemporânea, Trento, Itália; Cristhmas Anthology,
Ohio, EUA e na Revista Poesia Sempre/Fundação Bib. Nacional (Ano 2000).
Site: www.itarare.com.br/silas.htm
Blog:
www.portas-lapsos.zip.net (blog escolhido como um dos melhores do UOL em 2011).
ENTREVISTA COM SILAS CORREIA E CLAUDIO WILLER
Lohan:
Na sua concepção, o que um poema tem que ter/ser para receber uma nota 10? Qual
aparato técnico seria o mais indicado? Ou seria a subjetividade o fator
essencial para um poema bem sucedido?
Claudio
Willer: Valor: originalidade (não preciso ler o que já
sei), ritmo, condensação / síntese. Não sei o que é ‘aparato técnico’. Poema é
tentativa de síntese de subjetividade e objetividade.
Silas
Correia: Poesia é tudo e nada ao mesmo tempo, paradoxalmente
isso mesmo: criar Poesia propriamente dita. Ou, talvez, Poesia é... varreção de
fragmentos e chorumes de subterrâneos mal resolvidos para debaixo do tapete dos
palavrórios... O aparato técnico para mim, perdão, é não ter aparato técnico
nenhum, as vias acadêmicas às vezes tripudiam sobre o inominável e matam a
arte-criação. A subjetividade é, aqui e ali, um lampejo, ou ainda faz desandar
a polenta da arte com lume neutro. Todas as alternativas são apenas
alter-nativas... E existem as ostras. A vida é uma poesia esperando tradução/
(Silas e suas siladas). A Poesia tem que ser levada até o mais extremo, ou não
seria poesia, seria rima, ritmo, metáfora, e eu gosto da santa loucura-lucidez
da poesia, que revisita os bulbos inomináveis das entranhas da angustia, da
solidão, da tristeza e do terrível e indizível medo de sobreviver; como um
dezelo íntimo, um ranço tácito, uma cruz que se extravasa na arte como
cicatriz, na poesia como fermento, na criação como um tabule de mixórdia, feito
então - como sequela - uma assustadora levitação lustral. A Poesia é a casca de
banana-caturra no trapézio, a casca de tangerina na linha do horizonte, o
arco-íris marrom, o chute na canela da escurez, a placa de sinalização
estrambólica das erratas de percurso acidentado, o humor irônico dos suicidas,
a própria faca de dois legumes das metáforas barulhadas, e ainda assim e por
isso mesmo, talvez, as iluminuras de desvairados inutensílios com
impropriedades de incompletudes, mais os bulbos paraexistenciais. Quer que eu
explique em braile epidérmico, ou desenhe com carvão orgânico para você
colorir, entre o lápis de cor no liquidificador das ideias e as fugas das
tentativas de abismos da vida como achadouros de cintilâncias?
Lohan:
Numa sociedade onde o sexo tem sido tão banalizado, como um poema que aborde a
nudez, seja ela feminina ou masculina, pode garantir seu devido reconhecimento
e visibilidade? Vale abrir um parênteses: neste ano, comemora-se o centenário
de Nelson Rodrigues e Jorge Amado, ambos autores tão espontâneos em relação a
assuntos relacionados a sexualidade, à nudez. Nelson dizia que "toda nudez
será castigada". Diante do que vivemos hoje, poderíamos dizer que não,
"toda nudez não será mais castigada"? E, ampliando essa questão: como
a arte, em geral, precisa se portar diante desta problemática social?
Claudio
Willer: Chances maiores de ver nudez, nem que seja para
provocar censores idiotas do facebook, publicamente, enriquecem, tornam-na mais
instigante como tema. Não vejo por que vivermos em uma sociedade mais aberta,
na qual o corpo é menos censurado, seja uma “problemática social”. Como dizia
aquele outro pensador, expansão da nudez, liberação do corpo, pode ser uma
solucionática social.
Silas
Correia: Quem esperma sempre alcança? Zeus ajuda quem cedo
masturba? Do sexo viemos e ao sem nexo voltaremos? Toda nudez será o homem
fazendo poesia para sempre saber que é bicho? A arte coroa o sexo, o sexo
corrói a arte, se não tiver arte pela arte. Do nu viemos e ao nu voltaremos?
Corpo-terra. Banalizamos o efêmero. O sexo é livre, a arte é livre (livro) e a
poesia é o amor do sexo que nos mantém vivos. Ah, o Sexo é o Tao da Poesia, ou
a Poesia é o Tao do Sexo?
COMENTÁRIOS
E NOTAS DA 4º ETAPA – A NUDEZ FEMININA
Pseudônimo:
Anna Lisboa
Título:
Frações e outras partes
Afonso Henriques:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: A
poeta mantém o estilo bem próprio, o que é positivo. Há, contudo, um excesso de
“jogadas” formais, algumas melhores (“De (quatro) paredes-úmidas”), outras já
muito batidas e que podiam, assim, ser evitadas (“bis-coitos”).
Paulo Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Outro poema repleto de belas imagens e jogos de palavras que ora funcionam, ora
não. Mais uma vez, o que senti aqui foi a falta de um fio condutor que nos leve
em segurança de uma ponta a outra do poema. A sensação da leitura é a de
conversar com uma pessoa tagarela, que fala tantas coisas diferentes sem pausa,
que acabamos por perder parte do que ela disse. São muitos poemas em um só. Na
fala, esse fio condutor é o silêncio, a pausa, a respiração, a variação do tom
de voz. No texto, pode ser o ritmo, a quebra dos versos, a sonoridade, a forma
e até a edição.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
Poema confuso, em harmonia com a imagem. Não me agrada a construção do texto.
Claudio Willer
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Bela
foto, boa ideia, mas tornou-se descritivo, algo prosaico, do meio em diante.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: Pura
poesia, orquestrada de desbunde geral, bem cri(a)tiva, atre-vívida, um jorro
criacional fora de série. É o que se pode dizer mesmo, literalmente até, uma
puta Poesia. Lavei-me e lavrei-me de lê-la. É também uma poesia que pode dizer
o nome, quero dizer também, que pode dizer que é poesia.
Pseudônimo:
Barolo
Título:
Eva
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO: O
poema dá conta da ideia do “pecado original” em poucas palavras, o que é um
exercício positivo. Contudo, deixa no ar uma sensação de incompletude em termos
de imagens poéticas mais fortes, possibilidades de paradoxos, maior
complexidade e aprofundamento do tema etc.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Se
em alguns temas a concisão se revelou um recurso impactante, aqui nesse pequeno
poema-escultura, muito bem engendrado e carregado de intenções, ela apenas nos
deixou com o gosto de quero-mais, pois não deixa entrever todo o potencial
demonstrado pelo poeta ao longo do certame. Entendo que essa foi uma opção
autoral executada com apuro, porém o poema acabou ofuscado pelo brilho de
outros nessa rodada.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Poema
fraco, não me surpreendeu. O autor já fez melhor. Muito simples.
Claudio Willer:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: Boa
escolha de imagem, mas o poema é menos do que a imagem oferece.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9.0
COMENTÁRIO: Razoável
poesia, alguma pouca criação, não engatou direito. Não necessariamente nessa
ordem, mas todas as alternativas ela mesma.
Pseudônimo:
Lune
Título:
Nem todo napalm será perdoado
– tributo a nudez não
consentida de Kim Puhc -
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: Esta
terrível e imaculada nudez foi bem escolhida para dar conta do absurdo contido
em toda maldade humana. O poema é um grito político, mas penso que o final há
que ser repensado. A citação da peça de Nelson Rodrigues me pareceu um pouco
gratuita e destituída de força tendo em vista a dramaticidade que vinha sendo
perseguida.
Paulo Fodra:
NOTA: 10,0
COMENTÁRIO: O
poema fala da profanação da inocência, uma violência ao corpo inocente que
transcende os limites da humanidade. A comparação com a violência sexual é muito
bem enredada e não se torna vulgar ou forçada, ao contrário, empurra-nos às
retinas a verdadeira face da crueldade humana. Se o tom do poema se torna
estranho ao despontar da “Grande Meretriz do Norte”, ele se justifica ao
preparar o belo encerramento do poema, em seu tom profético.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Bom
poema, bem construído. Interessante a abordagem do tema e a relação com a
imagem escolhida.
Claudio Willer:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
Forte, ideia original – mas podia ser menos panfletário, condensar mais –
imagem vale por palavras, já foi dito.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: Poesia-dor.
A carne-lava(lavra) riscada a fósforo. Lampejos aqui e ali. Triste
ler/ser/ver-ter-(se). A nudez do bicho homem e a fêmea flor ovulando sangue e
ranger de dentro.
Pseudônimo:
Alice Lobo
Título:
ann
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO:
Penso que a poeta conseguiu, a partir da bela foto (ou melhor, da bela na bela
foto), um poema bem construído, onde boas imagens levam o leitor para muitas
direções e sensações. Gostei do derramar vermelho pelas costas para manchar de
instante o branco das gaivotas. O final também ficou bom.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: O
poema se apresenta como uma lembrança, um tanto quanto indefinido, mas
carregado de sentimentos. Sem sombra de dúvida, é um belo texto, mas passa
muito de raspão nudez feminina, atropelando o tema para falar de um
relacionamento quase mítico de tão idealizado.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Muito bonito. Combina com a imagem. Adorei.
Claudio Willer:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: É
tudo simples, despojado, sem preciosismos, sem enfeitar – até agora, o que
gostei mais.
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Boa
poesia, mas faltou um quase? Será isso? Será aquilo? Talvez nem nunca. Periga
ler. Ver. Talvez, todavia, porém, contudo, faltou um poetar atravessando a
má-drogada. Éramos blues?
Pseudônimo:
G.D
Título:
In(Vadia)
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO: O
poema começa bem, mas não se sustenta com a mesma força. “Dê-leite” se mostra
dispensável no melhor momento do poema. As ideias da “máquina de sonhar” e do
“eu sou ela, nu, austero”, que são boas, não possuem um bom desdobramento e
acabam se perdendo. Por outra parte, na medida em que foi escolhida uma imagem
“surrealista”, o poema necessitaria de mais elementos nessa direção. Outra
coisa: “pelos” (no sentido de fios que crescem sobre a pele) não tem mais
acento, o que inviabiliza a construção apresentada.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Continuo
com a minha opinião de que a forma espalhafatosa, que tem se mostrado uma marca
deste poeta, acaba por roubar-lhe o brilho das palavras em alguns momentos.
Esse certamente foi um caso. Um poema com imagens maravilhosas, jogos de
palavras certeiros, boa sonoridade e completamente solto da prisão do lugar
comum. Mas que tem sua leitura dificultada pelas quebras aparentemente caóticas
dos versos. Se eu tivesse lido o poema apenas uma vez, a nota com certeza seria
mais baixa, pois eu não teria conseguido apreender a beleza do texto. É como se
ele esculpisse uma bela estátua e depois a atirasse ao chão, despedaçada,
esperando que dos fragmentos pudéssemos enxergar sua beleza original. Reitero
aqui que essa barreira se dá unicamente pelo espalhamento das palavras.
Simplificando-se pouco a forma, sem tirar nem por nenhuma palavra ou sinal
gráfico, as imagens saltam vibrantes aos olhos, revelando a profundidade
imagética da escrita do poeta.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Interessante a construção do poema, ousado. Gosto da interpretação da imagem
escolhida pelo autor.
Claudio Willer:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Como? Pegou uma extraordinária obra surrealista e se pôs a descrevê-la? Traiu a
ilustração. Tem muito cacoete de poeta contemporâneo brasileiro.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: O nu
a descoberto, perto de tanto, mas, ainda não rodou a poética inteira e
completa, mas vergou o arco da promessa. Desvarios em trâmite? Será o
impossível?
Pseudônimo:
Nonada F.C.
Título:
No olhar
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO:
Vê-se que a peça de Nelson Rodrigues está no inconsciente de outro poeta
concorrente. A ideia apresentada não é ruim, mas é muito difícil realizar um
poema com apenas um ou dois versos que se sustenha para valer. O exemplo melhor
de máxima expressão em um mínimo de palavras é do poeta Ungaretti: “Ilumino-me
/ de imenso”.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Ao
resumir seu poema em duas frases, o poeta define o tamanho da pretensão dos
seus versos, sugerindo que eles não deixariam nada mais a ser dito, encerrando
a questão. No entanto, a expectativa não se cumpre.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
muito simples. Criativo e ousado, mas muito simples.
Claudio Willer:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO:
Pouco. Poema devia acrescentar.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Quase
um lampejo, mas poderia engordar de palavra, fugir de um haiquase, frigir,
tamborilar na pele da poesia, na pele da tela, na pele do olhar. Um olhar sem
sê-lo?
Pseudônimo:
Jean Jacques
Título:
Esculpida em Sândalo
Afonso
Henriques:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: A
atmosfera erótica da foto está bem representada no poema. Penso apenas que em
termos de linguagem poética seria necessário uma maior riqueza expressiva. Por
exemplo: falar dos seios em termos de “fonte de vida” e “manancial de libido” é
um caminho muito próximo do prosaísmo.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: A
divisão do poema em dois momentos me pareceu desnecessária, pois as estrofes são
bastante encadeadas entre si, dando uma certa unidade estilística ao conjunto.
O que faltou aqui foi um sopro de novidade na abordagem do tema, que acabou se
prendendo nas bordas do lugar comum.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Não
gostei do poema, cheio de lugares comuns. O autor poderia ter sido mais
criativo. Porém, o poema está de acordo com a imagem escolhida.
Claudio Willer:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Muito chavão! Bela escolha de imagem pediria algo com mais síntese /
condensação.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: Proseou,
mas não poetou, passou perto. Talvez esculturou o indizível, ficando o poetar
pelo beirar. Não cortou para ser sândalo.
Pseudônimo:
Gaspar
Título:
Olhar castanho
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO: Há
momentos bons no poema: os primeiros versos e a quadra que principia por “a luz
da pele vibra”, por exemplo.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Poema bastante estruturado que revela a preocupação do poeta em selecionar as
palavras para construir suas imagens. Por outro lado, com exceção da primeira e
da última estrofe, essas imagens se limitaram à descrição quase literal da
foto, do pensamento do poeta. Senti falta de uma terceira dimensão às palavras.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: O
poema é bom, porém não passa muita emoção. Boa técnica e interessante a escolha
da imagem.
Claudio Willer:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO:
Outro descritivo – não precisava ser trivial.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: Escorou
a poesia, mas não a penetrou inteiramente. Boas imagens, mas não situou o fazer
poético propriamente dito. Às vezes o olhar contamina a mão. E mão e não é
questão de são, trocas de com-soantes. E existem outras.
Pseudônimo:
Per-Verso
Título:
Paisagem Delicada
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO: O
poema é excessivamente descritivo. O melhor momento é o último verso. Evite em
um poema (e também na prosa) expressões do tipo “como um todo”.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: O
poema começa muito descritivo e adjetivado, mas conforme se desenvolve, vai
desmaterializando o corpo e transformando-o em sensações. É quase como um
enamorar-se da musa. Se não traz muita novidade nas palavras, ao menos
conseguiu esse efeito. Porém, dadas as qualidades demonstradas pelo poeta ao
longo do certame, ficou a sensação de que ele poderia ter ousado mais.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Li
sem ver a imagem e achei confuso. Via a imagem e adorei. Muito bom.
Claudio Willer:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: Meu
Deus – “Sua Paisagem carnal é natureza viva, audaz, desnuda; seduz” –
Beletrismo!
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Um
quadro não é um esquadro. A poesia é contraluz. Não escrever sobre o que ver.
Mas sentir e pairar acima do que o sentir vê. Pensar sobre o sentir: e criar é
muito mais. Ficou olhando a paleta e não assoprou seu vício-clip, vinho-verbo,
poesia em si mesmo, elazinha. Ou elazona.
Pseudônimo:
João Saramica
Título:
De quando se morre
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO: O
poema necessita de mais força expressiva em termos de imagens poéticas. Nota-se
um resvalar excessivo para a prosa.
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: O
poeta optou por fazer uma abordagem leve do tema nudez para dar ênfase ao sexo.
Isso o salvou de ser muito descritivo, e criou uma bela imagem em “Um corpo, um
porto / O único.”. Dada a força da argumentação desenvolvida, achei os dois
últimos versos desnecessários, pois terminar com “De verdade, morri naquela vez,”
seria bem mais impactante.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: O
poema é bom, mas não vi muita relação com a imagem.
Claudio Willer:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: A
mais banal das imagens. Texto passaria por volta de 1943, digamos.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: Trufas
não são poemas. Precisa escurez para ver a levitação.
Título:
Salvador Dali
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO:
Volto a insistir que se o poeta escolheu uma imagem surrealista, a linguagem
aqui deveria também apresentar elementos dessa ordem. Ao contrário, o que se vê
com mais força é a presença de certo naturalismo. Cuidado com a crase: “carne
entregue à própria sorte”.
Paulo Fodra:
NOTA: 10,0
COMENTÁRIO: A
abordagem surrealista/simbolista da nudez feminina traça um paralelo
interessante com a imagem escolhida. Vai além da mera descrição do corpo, da
tela. Traduz em palavras a apreensão das imagens procurando-lhes um sentido
oculto, uma chave. E ao consegui-la, compreende que a mulher se tornou
intangível porque foi embuída de idealizações.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Maravilhoso. Gostei mesmo, perfeita harmonia com a imagem escolhida.
Claudio Willer:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
Inteligente. Com cacoetes de poeta inteligente. Imagem pede mais, é claro.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9,7,
COMENTÁRIO: Embonitou,
sinalizou, foi e voltou, gume e lume. Talvez falte um pitaco no todo, mas que
bonito ainda é. Sem ser certeiramente olho de lince.
Pseudônimo:
Manoel Helder
Título:
Da Nudez Oferenda ou O sal dos segredos
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: O
poema está bem construído. Gostei bastante da dualidade (ou paralelismo) de
“quase tudo é sagrado” / “quase tudo é segredo”.
Paulo Fodra:
NOTA: 10,0
COMENTÁRIO: A
imagem esculpida pelo poeta agrada pelo distanciamento descritivo da nudez. Ao
invés de substantivos e adjetivos, ele a descreve com ideias fortes e bem
montadas, que alcançam o erotismo pois atacam diretamente a imaginação. Essa
jornada mística à nudez da mulher é bem conduzida e pontuada pela repetição do
tema “O poeta sabe: em teu crespo jardim / quase tudo é...”, que o poeta ainda
consegue transformar em um instigante fechamento.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Muito bonito. Gosto do som do poema, da construção.
Claudio Willer:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: Esse
sim – desafio, dialogar com um grande poeta como Helder. Imagem, não é
decorativa – concisa, o restante fica por conta do poema.
Silas Correia
Leite:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
poeta também incabe em si. Belo poema, mas alguma coisa ficou solta no ar,
teares de mins e afins? Passou perto. Ah a ópera bufa de nosotros, atrás de
espamos... alhures...
PONTO
BÔNUS
O poeta que
recebeu o ponto bônus na rodada foi: Wender Montenegro (Manoel Helder), após
ter recebido 39 votos pelos comentários. Parabéns, Wender!
BÔNUS
DO JÚRI
O poeta que mais
se destacou positivamente, segundo o jurado Claudio Willer, foi o poeta: Wender
Montenegro (Manoel Helder), com o poema “Da Nudez Oferenda ou o sal dos
segredos”. Logo, o poeta Wender Montenegro receberá 0,5 pontos de bônus.
RANKING
DA RODADA
1º WENDER MONTENEGRO (MANOEL HELDER) – 48,8 PTS.
(empatado
em todos os critérios de notas com a segunda colocada. Desempate se deu pela colocação
na fase anterior: 3º colocado).
2º
LUNE – 48,8 PTS.
(colocação
na fase anterior: 4º colocada)
3º
LETÍCIA SIMÕES (ALICE LOBO) – 48.8 PTS.
(maior
nota: 9.9)
4º
FLÁVIO MACHADO (DERSU UZALA) – 48,6 PTS.
5º
ANA LÚCIA PIRES (ANNA LISBOA) – 48,4 PTS.
6º
GEOVANI DORATIOTTO (G.D) – 48,2 PTS.
7º
MARCO ANTONIO TOZZATO (PER-VERSO) – 48 PTS.
8º
THIAGO LUZ (JEAN JACQUES) – 47,6 PTS.
9º
HENRIQUE CÉSAR CABRAL (GASPAR) – 47,5 PTS.
10º
FRANCISCO FERREIRA (JOÃO SARAMICA) – 47,4 PTS.
11º
BAROLO – 47,2 PTS.
12º
HERNANY TAFURI (NONADA F.C.) – 46,3 PTS.
9 comentários:
Parabéns a todos que participaram! Parabéns especial ao Wender, pela colocação na etapa. Quero ver os próximos poemas! O tema é incrível, tomara que saibam trabalhar muito bem pra encher esse blog de boa poesia *-*
Boa noite, pessoal.
Muito obrigado, Carol!
Feliz demais com o resultado! :)
Um grande salto no ranking oficial, ponto bônus do público e do júri e de quebra "O livro da Martha". rsrs
Boa sorte a tods com o próximo tema!
Abraços
Wender
Obrigada, Carol! Também achei incrível o próximo tema e por isso mesmo dá um frio na barriga!
Bjks
Lune
Boa noite,
Considero o resultado da leva justo apesar da minha preferência pelo poema de Anna Lisboa e G.D.
Sr. Flavio: li o seu comentário arrogante na outra postagem e encontro seu rosto por aqui também. Quem sou eu? Sou Felipe, crítico literário, com desprazer. Tenho mais autoridade do que você pensa. Não sou amigo e nem quero ser de nenhum poeta desse certame. Mantenho minha imparcialidade, minha ética e moral. Meus pareceres são sinceros e como já disse em outra leva, que doa a quem merece sentir a dor.
Ainda bem que vivemos em democracia, embora falsa. Apareço aqui quantas vezes for necessária para julgar os poemas de acordo com meu gabarito. Relativo ao seu poema aplaudo o comentário do jurado Afonso Henriques por condizer com minhas palavras.
Voltarei na próxima leva. Leiam quer quiser ler.
Cordialmente,
F.N.V
Parabéns mestre Wender, vc mereceu o resultado.
Ana Lisboa, tbm acho que seu poema merecia melhor sorte nesta leva, mas bola pra frente.
Francisco, continuo na torcida!
Ácido, afiado, FNV não poupa ninguém, acostumem-se com ele, pelo pouco que o conheço, ele não desistirá antes do fim.
Sorte a todos.
Dante
Geovani Doratiotto!
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