APRESENTAÇÃO:
Jurados Oficiais:
Afonso Henriques Neto, Ronaldo Cagiano, Paulo Fodra e Tânia Tiburzio.
Jurados Convidados:
Nilto Maciel, Ludmila Maurer, Marcos Bassini, Henry Alfred Bugalho e Rodrigo
Octavio.
Bem-vindos a
mais uma etapa de resultados! Muita tensão no ar. E, como vocês leram acima,
muitos jurados convidados também, prestigiando o nosso concurso. Ao todo, são
nove jurados nesta etapa. Nove opiniões sobre os grandes poemas desta etapa.
Entre os convidados, temos os escritores Nilto
Maciel e Ludmila Maurer, que, no
ano passado, foram jurados oficiais no I Concurso de Poesia Autores S/A. Nilto
Maciel era o mais temido dos jurados pelos seus comentários diretos, sem rodeios.
Já Ludmila, a madrinha do concurso, foi eleita a jurada mais querida entre os
poetas, sempre à caça das famosas ‘armadilhas do diabo’ nos poemas. Também
estamos recebendo Marcos Bassini,
músico e poeta; Rodrigo Octavio,
poeta e grande difusor da poesia através do reconhecido concurso de poesia
Poesiarte; e, por fim, o escritor e editor Henry
Alfred Bugalho, o qual edita a famosa revista virtual Samizdat. Henry
merece nossa imensa gratidão também por ter fechado um acordo com a organização
do concurso. Novidade para os poetas:
OS
4 PRIMEIROS COLOCADOS AO TÉRMINO DO CONCURSO TERÃO PUBLICADOS UM (01) POEMA
CADA, NA EDIÇÃO DE SETEMBRO DA REVISTA SAMIZDAT. OBS: OS POEMAS, QUE VIRÃO DAS
FASES FINAIS DO CONCURSO, SERÃO ESCOLHIDOS PELA ORGANIZAÇÃO E PELO PRÓPRIO
HENRY.
Que
grande premiação, não? Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre eles:
LUDMILA
MAURER
Ludmila
Maurer é pós-graduada em Leitura e Produção Textual de
especificidade em Sintaxe e Estilo na Produção Textual, Leitura, Escrita e
Cognição, Linguística Textual, Abordagem Semiótica do Texto , Argumentação,
Análise do Discurso e Formação do Leitor. Tem participações em: Projeto de
Pesquisa Científica na área de Língua e Literatura Clássica; Grupo de Resenha
para criação de sinopses de clássicos da Literatura;
Mesa Redonda
“Homero e a poesia épica” da Semana de Letras da Universidade Estácio de Sá; Seminário
Tendências da Literatura Brasileira Contemporânea, na ABL, com foco em Memórias:
o gênero que não envelhece; I Seminário de Leitura e Produção Textual e
Produção Editorial na Universidade Estácio de Sá – campus Rio de Janeiro; Palestrante
na Semana de Letras da Universidade Estácio de Sá; Autora do livro Máximas da
Modernidade Tardia – um convite à reflexão, com lançamento nacional na Bienal
Internacional do livro de São Paulo (2010), de temática sobre a condição humana
na hipermodernidade; Publicação do artigo Discurso de uma Identidade em Littera
Discenti em Revista, revista semestral da Universidade Estácio de Sá; Palestrante
sobre Leitura e Compreensão dos Sentidos do Texto na Universidade Estácio de Sá
– campus Nova Friburgo; Ouvinte do Mestrado em Filosofia pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro – tendo optado em 2012 pela
continuidade de mestrado na área de Letras; Jurada Oficial no I Concurso Poesia
Autores S/A; Publicação do artigo Nem sempre é amor, uma avaliação do Sertanejo
Universitário sob a Teoria da Análise do Discurso, na Littera Discenti em
Revista, revista semestral da Universidade Estácio de Sá. Em 2012, participará
do IV Colóquio de Semiótica (IV COLSEMI- 2012), Rio de Janeiro, com o trabalho “Semiótica
e ensino em Adélia Prado”, escreve biografia romanceada enquanto ghost-writer para
empresário da cidade de Nova Friburgo com lançamento agendado para 2014 e mantém-se
na diretoria do site: www.nofiodapalavra.com.br .
Lohan:
Olá, Ludmila! É um prazer te receber aqui no Autores S/A, a madrinha deste
concurso de poesia! Você que, no ano passado, foi eleita a jurada mais querida
entre os poetas da competição, diga-nos: você sempre alertava aos poetas em
relação às famosas 'armadilhas do diabo'. O que seriam as armadilhas do diabo
no poema e como evitá-las?
Ludmila: Armadilha
do diabo é o eu-lírico ser falado e não falar enquanto sujeito: é permanecer no
lugar comum, que significa trazer o já dito, sem a reinvenção peculiar à
poesia.
MARCOS
BASSINI
Marcos Bassini
é redator, compositor e vocalista de uma banda que mistura rock e samba, o Mané
Sagaz.
Lohan:
Olá, caro Marcos! É um prazer te receber no Autores S/A. Você é músico e poeta,
dois segmentos artísticos que entram em comunhão. De onde nascem suas
composições, sejam elas músicas ou poesias? E em relação à poesia: o que um
poema deve ter/ser para ser considerado um poema nota 10, na sua concepção?
Marcos: As
composições nascem, na maioria das vezes, de um fragmento de música que vem à
cabeça, acompanhado de uma frase que - também na maioria das vezes - pode não
fazer sentido. Compor é buscar um sentido àquela frase, ainda que ela
desapareça da música, depois de pronta. Um poema nota 10 é aquele que estimula
o riso e a reflexão. O grande poeta é irônico e, muitas vezes, debochado. Finge
que sendo dramático. Drummond e Shakespeare, por exemplo, eram/são humoristas
geniais.
HENRY
ALFRED BUGALHO
Henry Alfred
Bugalho é curitibano, formado em Filosofia pela UFPR, com ênfase em Estética.
Especialista em Literatura e História. Autor dos romances “O Canto do
Peregrino” (Editora Com-Arte/USP), "O Covil dos Inocentes", "O
Rei dos Judeus", da novela "O Homem Pós-Histórico", e de duas
coletâneas de contos. Editor da Revista SAMIZDAT
e fundador da Oficina Editora. Autor do livro best-selling “Guia Nova York para Mãos-de-Vaca”,
cidade na qual morou por 4 anos, e do "Curso de Introdução à Fotografia do Cala a Boca e Clica!".
Após uma temporada de um ano e meio em Buenos Aires, está baseado, atualmente,
na Itália, com sua esposa Denise e Bia, sua cachorrinha. Site:
http://www.henrybugalho.com/
http://www.henrybugalho.com/
Lohan:
Olá, Henry. É um prazer recebê-lo no Autores S/A! Você é editor de uma famosa
revista virtual, a Samizdat, que preza pelas artes, em geral, sobretudo pela
literatura. A Revista, inclusive, premiará os 4 primeiros colocados com a
publicação de um poema de cada um deles na edição de setembro. Como nasceu esta
iniciativa da Samizdat, caro Henry? E o que você acha sobre a realização de
concursos literários, como este? Você crê que as competições são válidas para o
reconhecimento e para a divulgação dos poetas?
Henry: A Revista
SAMIZDAT foi a terceira etapa de um processo de aperfeiçoamento literário que
se iniciou em 2005, na comunidade virtual "Escritores - Teoria
Literária" e, posteriormente, na oficina literária virtual "Oficina
da E-TL". O grupo inicial de autores da Revista SAMIZDAT era composto por
membros desta oficina literária, mas, com o transcorrer dos meses, passamos a
receber contribuições espontâneas de outros autores que, aos poucos, também
foram incorporados à equipe fixa da revista. Hoje, somos 26 autores fixos,
inúmeros colaboradores externos, quase mil textos publicados no blog e 34
edições da revista digital, tendo recebido centenas de milhares de leitores
nestes anos de publicação. E estamos sempre abertos para novos talentos que
desejem participar das nossas edições digitais. Eu possuo uma relação bastante
conflituosa com concursos literários. Por um lado, acredito que seja uma
maneira para um autor em ascensão adquirir visibilidade, conquistar
credibilidade e leitores. Por outro lado, a maioria dos concursos não possui
transparência, com resultados escusos, com visível apadrinhamento. No final das
contas, cabe ao autor pesquisar a idoneidade dos concursos do qual participa,
para não acabar com a sensação de ter sido passado para trás. Todavia, também
reconheço que todos nós já nos sentimos injustiçados um dia por causa de um
resultado desfavorável num concurso...
Lohan:
Caro Henry, diga-nos: o que, na sua concepção, um poema deve ter/ser para
receber a sua nota 10? O que deve prevalecer em um poema e qual o conselho que
você deixa a todos os 12 poetas dessa competição?
Henry: A poesia,
assim como qualquer outro gênero literário, precisa tocar fundo, abalar e
comover o leitor. E por mais que existam teorias e teorias, e toda sorte de
conjeturas estéticas, a recepção de uma obra de Arte é muito subjetiva, e
também determinada por fatores históricos, sociais, geográficos e, às vezes,
até políticos. O que apraz um chinês pode não ser o que agrade um brasileiro, e
o que era belo na Era Vitoriana talvez não seja tão interessante hoje. Assim,
um poema nota dez para mim, que reverbere em minha mente, talvez não tenha o
mesmo efeito em outra pessoa. E penso que isto é o mais deslumbrante sobre a
Arte e a Literatura, esta capacidade de causar diferentes sensações, de criar
polêmica, de escandalizar, de instaurar estranhamento e de afetar a cada um de
nós de maneiras particulares. Por isto, não acho que um aspecto deva ter a
primazia num poema, excetuando obviamente uma utilização excepcional e criativa
da palavra. Um poema pode ser épico, trágico, lírico, de vanguarda, mas o que
diferenciará um bom poema de um medíocre será, acima de tudo, a capacidade do
poeta de traduzir em palavras preocupações e anseios íntimos de todos nós seres
humanos. Se eu pudesse dar um conselho aos poetas - ah, quisera eu estar em
condições de dar conselhos! -, acredito que qualquer escritor deveria ser
sempre fiel ao que acredita, escrevendo sobre temas o agradem, num estilo que
lhe diga respeito. A meta de qualquer escritor deveria ser a de escrever livros
que ele gostaria de ter lido e que ninguém jamais ousou escrever até aquele
momento. Escrever poesia em nossos tempos é - nesta época de faroeste digital,
quando tudo é permitido e tudo é possível - para os audaciosos ou para os
ingênuos, e a diferenciação ocorrerá justamente ao se pesar a convicção e o
comprometimento, entre aqueles que extraem os versos de seu sangue, sofrimento
e angústias e aqueles que foram tomados pela ilusão da facilidade do fazer poético.
Hoje, qualquer um pode se proclamar escritor, mas, como desde sempre, são
poucos os que podem bater no peito e afirmar, sem hesitação, que vivem a
escrita. Não há evidentemente espaço suficiente nas galerias da História da
Literatura para recordar todos os poetas talentosos e comprometidos, mas não é
só de louros vindouros que nos alimentamos, mas principalmente da certeza
íntima que fizemos o melhor de nossas forças, com a maior honestidade do nosso
labor criativo, num diálogo silencioso e terno com os nossos leitores
invisíveis.
NILTO
MACIEL
Nilto Maciel nasceu em
Baturité, Ceará, em 1945. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade
Federal do Ceará em 70. Criou, em 76, com outros escritores, a revista O Saco.
Mudou-se para Brasília em 77, tendo trabalhado na Câmara dos Deputados, Supremo
Tribunal Federal e Tribunal de Justiça do DF. Regressou a Fortaleza em 2002.
Editor da revista Literatura desde 91. Obteve primeiro lugar em alguns
concursos literários nacionais e estaduais: Secretaria de Cultura e Desporto do
Ceará, 1981, com o livro de contos Tempos de Mula Preta; Secretaria de Cultura
e Desporto do Ceará, 1986, com o livro de contos Punhalzinho Cravado de Ódio;
“Brasília de Literatura”, 90, categoria romance nacional, promovido pelo
Governo do Distrito Federal, com A Última Noite de Helena; “Graciliano Ramos”,
92/93, categoria romance nacional, promovido pelo Governo do Estado de Alagoas,
com Os Luzeiros do Mundo; “Cruz e Sousa”, 96, categoria romance nacional,
promovido pelo Governo do Estado de Santa Catarina, com A Rosa Gótica; VI
Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 1996, Fundação Cultural de Fortaleza, CE,
com o conto “Apontamentos Para Um Ensaio”; “Bolsa Brasília de Produção
Literária”, 98, categoria conto, com o livro Pescoço de Girafa na Poeira; "Eça
de Queiroz", 99, categoria novela, União Brasileira de Escritores, Rio de
Janeiro, com o livro Vasto Abismo. Organizou, com Glauco Mattoso, Queda de
Braço – Uma Antologia do Conto Marginal (Rio de Janeiro/Fortaleza, 1977).
Participa de diversas coletâneas, entre elas Quartas Histórias – Contos
Baseados em Narrativas de Guimarães Rosa, org. por Rinaldo de Fernandes (Ed.
Garamond, Rio de Janeiro, 2006); 15 Cuentos Brasileros/15 Contos Brasileiros,
edición bilingüe español-portugués, org. por Nelson de Oliveira e tradução de
Federico Lavezzo (Córdoba, Argentina, Editorial Comunicarte, 2007); e Capitu
Mandou Flores, org. por Rinaldo de Fernandes (Geração Editorial, São Paulo,
2008). Tem contos e poemas publicados em esperanto, espanhol, italiano e
francês. O Cabra que Virou Bode foi transposto para a tela (vídeo), pelo
cineasta Clébio Ribeiro, em 1993.
Livros
publicados:
- Itinerário,
contos, 1.ª ed. 1974, ed. do Autor, Fortaleza, CE; 2.ª ed. 1990, João Scortecci
Editora, São Paulo, SP.
- Tempos de Mula
Preta, contos, 1.ª ed. 1981, Secretaria da Cultura do Ceará; 2.ª ed. 2000,
Papel Virtual Editora, Rio de Janeiro, RJ.
- A Guerra da
Donzela, novela, l.ª ed. 1982, 2.ª ed. 1984, 3.ªed. 1985, Editora Mercado
Aberto, Porto Alegre, RS.
- Punhalzinho
Cravado de Ódio, contos, 1986, Secretaria da Cultura do Ceará.
- Estaca Zero,
romance, 1987, Edicon, São Paulo, SP.
- Os Guerreiros
de Monte-Mor, romance, 1988, Editora Contexto, São Paulo, SP.
- O Cabra que
Virou Bode, romance, 1.ª ed. 1991, 2.ª ed. 1992, 3.ª ed. 1995, 4.ª ed. 1996,
Editora Atual, São Paulo, SP.
- As Insolentes
Patas do Cão, contos, 1991, João Scortecci Editora, São Paulo, SP.
- Os Varões de
Palma, romance, 1994, Editora Códice, Brasília.
- Navegador,
poemas, 1996, Editora Códice, Brasília.
- Babel, contos,
1997, Editora Códice, Brasília.
- A Rosa Gótica,
romance, 1.ª ed. 1997, Fundação Catarinense de
Cultura, Florianópolis, SC (Prêmio Cruz e Sousa, 1996), 2.ª ed. 2002,
Thesaurus Editora, Brasília, DF.
- Vasto Abismo,
novelas, 1998, Ed. Códice, Brasília.
- Pescoço de
Girafa na Poeira, contos, 1999, Secretaria de Cultura do Distrito
Federal/Bárbara Bela Editora Gráfica, Brasília.
- A Última Noite
de Helena, romance, 2003. Editora Komedi, Campinas, SP.
- Os Luzeiros do
Mundo, romance, 2005. Editora Códice, Fortaleza, CE.
Panorama do
Conto Cearense, ensaio, 2005. Editora Códice, Fortaleza, CE.
- A Leste da
Morte, contos, 2006. Editora Bestiário, Porto Alegre, RS.
- Carnavalha,
romance, 2007. Bestiário, Porto Alegre, RS.
- Contistas do
Ceará: D’A Quinzena ao Caos Portátil, ensaio, 2008. Imprece, Fortaleza, CE.
Lohan:
Olá, caro Nilto Maciel. É sempre um prazer te receber nesse concurso. Você é
considerado o padrinho do Concurso de Poesia Autores S/A por ter sido um dos
jurados oficiais do ano passado e, neste ano, ter auxiliado nas fases de
pré-seleção e agora, nesta etapa, como jurado convidado. Nilto, em relação ao
concurso de poesia do ano passado, o que mudou na 'cara' desse concurso (quanto
à qualidade dos poetas, etc.)? E, na sua concepção, o que um poema carece
ter/ser para receber a sua nota 10?
Nilto: Como agora
não li tudo (desde o início), como o fiz da vez anterior, não tenho como
comprar um concurso com outro. Pelo visto ontem, o nível continua mediano.
Nenhum grande poeta apareceu. Nem aparecerá. Porque os bons não participam de
concursos "pequenos". Desculpe se o ofendo. Um poema para ser
considerado bom ou ótimo precisa ser como o "Opiário". Se não estou
sendo claro, direi o que se tem dito desde que a onça foi beber água: o poema
precisa tocar o leitor (ser entendido); precisa ser novo, mesmo que aborde o
mais trivial assunto; há de ter cadência (sem necessidade de os versos terem a
mesma medida), ritmo; o vocabulário será objetivo (a metáfora está na frase, no
enunciado e não nas palavras em si). Além disso, só escrevendo e lendo para
saber o que é bom e o que ruim. Poesia é como doce: para saber o sabor, é
preciso levar à boca. No caso do poema, aos olhos ou aos ouvidos. O leitor não
precisa comer o poema. Se comer, não sentirá o sabor. Porque comerá papel.
RODRIGO
OCTAVIO
Rodrigo Octavio é Poeta, Professor de Língua Portuguesa, Literatura e Téc. de Redação; Palestrante; Ministra oficinas voltadas para Valores Humanos, Ética & Cidadania, Poesia, Literatura Regional, etc. Pesquisador sobre cultura local. Ativista cultural. É Presidente e Membro da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo/RJ. Membro da Academia de Artes de Cabo Frio/RJ. Membro Correspondente da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba Grande/RJ. Cônsul pelos Poetas Del mundo em Cabo Frio/RJ (entidade do Chile). Conselheiro Islâmico de Assuntos Shiita do Centro Estudantil Árabe Iman Ali de São Paulo/SP. Conselheiro de Assuntos Sociais e Culturais Afro-Brasileiro pela FTABH de São Paulo/SP (Faculdade de Teologia Afro Brasileira e Holística Livre). Membro Correspondente da Academia Barramendense de Letras de Barra do Mendes/BA. Membro Correspondente da Academia Itapirense de Letras de Itapira/SP. Membro Correspondente da Academia de Ciências, Letras e Artes de Minas Gerais – Sede Manhuaçu/MG. Membro Correspondente da Academia de Letras e Artes de Valparaíso do Chile. Membro Honorário da Academia Cabo-friense de Letras. Membro Honorário da Academia Marataizense de Letras. Organizador do “Poesiarte”.
Lohan:
Olá, caro Rodrigo. É um prazer recebê-lo aqui no Autores S/A. Rodrigo, você é um
dos organizadores de um grande concurso de poesia, o ''Poesiarte''. Como nasceu
essa iniciativa do Poesiarte e quais são os fatores positivos que um concurso
pode trazer para a poesia e para os poetas?
Rodrigo: O
PROJETO POESIARTE nasceu em 2002 como intuito de promover a poesia nas escolas.
Comecei numa escola pública na zona rural, depois fiz em diversas outras na
Região dos Lagos no Estado do Rio de Janeiro. O projeto cresceu. Foi criado em
2007 o GRUPO PROCESSO DE POESIA, que durou 3 anos. O CONCURSO POESIARTE sai das
escolas e se torna de âmbito nacional e internacional. Nasce o blog POESIARTE e
periféricos. Este é um resumo deste projeto, que em setembro completará 10 anos
com o lançamento do meu livro intitulado POESIARTE. O projeto tem como
principal objetivo em divulgar a poesia e também entregando arte através de
suas iniciativas. Parceiros é que não faltam desde o nascimento deste projeto e
claro sempre sendo transparente para sua credibilidade.
Lohan:
E, pra finalizar: o que um poema deve ter/ser para receber a sua nota 10? O que
deve prevalecer no poema?
Rodrigo: O poema
deve ter um bom vocabulário, ter um bom jogo de palavras (conotação), uma boa
intertextualidade, ritmo e criatividade.
O poema só é poesia se tiver a magia das palavras bem trabalhadas, ou seja,
saber utilizar as figuras de linguagem é de suma importância para o poema ser
POESIARTE.
NOTAS
E COMENTÁRIOS DA 5º ETAPA – FATO DO ANO DO NASCIMENTO DO POETA
Pseudônimo:
Gaspar
Título:
A Morte que amava Stalin
Ano
do nascimento: 1953
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO: O
poeta consegue passar para o leitor certa atmosfera da era stalinista. Gostei
principalmente do trecho “bem no fundo a cova aberta: / fica o cheiro do teu
rastro / como um dano permanente”. Pois foi, na verdade, uma época de “dano
permanente”, e isto poderia ter sido enfatizado com mais força.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Poema criativo, que faz uma analogia, com inflexão crítica e metafórica, entre
a morte do ditador russo, coincidente com o ano do nascimento do poeta.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Belo
poema, com imagens fortes. Senti falta, porém, de um diálogo mais consistente
com o tema. O texto ficou muito atemporal.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: Não
gostei, poema muito longo e com formas muito conhecidas.
Nilto Maciel:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Apesar de ser poema político, os versos são bem elaborados. O poeta não se
perde em defesas ou ataques, não ergue bandeiras, não blasfema, não grita, não
berra. Drummond escreveu assim também (na defesa de Stalingrado). Ironia?
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: Se a
morte condoesse-se, chega a seu fim? Está mais para a oposição ao verbo
escolhido (enternecer), pois no nível da expressividade o sujeito (morte)
mostra-se fiel a seu propósito quando “desliza a eternidade nos bigodes de
barata, da fome tua (dela) carcomida”. Cabe ao poema a boa associação entre a
oposição morte/nascimento.
Marcos Bassini:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Gosto da mudança de tom, da melancolia que conduz o poema até a virada, sob a
ótica de quem observa de perto os vermes.
Henry Alfred:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: Um
poema bem executado. Interessante a descrição da chegada a Morte, que não poupa
governantes, generais nem trabalhadores. A epígrafe de Ossip Mandelstein
prestou um desfavor ao poema, pois quando o poeta resolve se munir de
expressões como "montanheiro", "bigodes de barata" e
"dedos de verme gordo" (em referência a "dedos gordurosos como
vermina gorda"), penso que priva-lhe boa parte do impacto e da
originalidade. Por outro lado, os versos: "toda a natureza é morta/ - o
degelo vem depois" são de uma beleza ímpar.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 10
COMENTÁRIO:
Trabalhou bem a temática e usou bem a conotação, contando em versos fatos de
uma história.
Pseudônimo:
Lune
Título:
Eu, Cabíria
Ano
do nascimento: 1957
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO: O
poema flui com espontaneidade. A “trapaça / felicidade” é um bom fecho.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
Relacionando o ano do nascimento com fatos que marcaram o cenário mundial na
mesma época, como o filme de Fellini e a cadela que foi à lua, o autor realiza
um trânsito entre duas realidades oníricas.
Paulo Fodra:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: A
autora conseguiu usar os fatos ligados ao seu ano para construir imagens
poéticas mais atemporais, que usou para destacar o ponto que escolheu
trabalhar. O resultado é um poema forte, coeso e muito interessante.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Bonito, o poeta escolheu muito bem as palavras. Gosto muito do som do poema.
Bom de ler.
Nilto Maciel:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: De
outra linhagem, este poema faz um passeio pelo mundo de 1957: Tom Jobim,
Sputnik, Fellini, etc. Sim, buscamos todos a mesma trapaça. Ou a mesma ilusão.
Na música, no cinema, no espaço. O poeta não se perde em descrições ou
narrações. Apenas toca levemente a flauta do verbo. Como se fosse vento.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: Boa
a ideia antitética dos versos 11 e 15 que mantém a lógica discursiva. O poema
perde-se no fim, pois que “felicidade” não encerra as ideias contidas em “os
traços do arquiteto” e “estertor de Laika”.
Marcos Bassini:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: Belo
poema, apesar da frase “e trepam com a mentira das possibilidades”.
Henry Alfred:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: A
poetisa optou por inspirar-se numa obra cinematográfica de Fellini, atendo-se
aos sentimentos e frustrações da protagonista. Apesar de sua beleza, é um poema
mais duro, repleto de desalento e frustração, que fica evidente nos últimos
seis versos: "que ainda não sabem/não se deram conta/que buscamos/todos/a
mesma trapaça/: felicidade".
A própria
escolha por versos curtos, alguns com uma única palavra, ressalta a vida
difícil, ainda que cheia de esperança, de Cabíria. Já os versos iniciais,
apesar de atuarem como uma introdução e ambientação, estão um pouco em
desacordo com o tom geral do poema.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: Bom
poema. Usou bem o recurso da conotação, que ajudou bem ao poema ter um ritmo
moderno e intrigante.
Pseudônimo:
Dersu Uzala
Título:
declaração dos direitos das crianças
Ano
do nascimento: 1959
Afonso
Henriques:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO: O
poema está em demasia “prosaico”. É quase uma crônica sobre os direitos da
criança. “Trânsito” tem acento.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: O
poeta se utiliza do fato de seu nascimento para questionar outras vidas
sem-vida, numa postura crítica que alimenta seu poema e articula uma
preocupação estética com o destino da humanidade.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Poema-manifesto, que resvala no tom panfletário ao abordar o fato escolhido. O
resultado obtido, embora coerente, não alcançou grande vigor poético, se
aproximando do prosaísmo.
Tânia Tiburzio:
Nota: 9,5
Comentário: o
poema pode se referir a qualquer ano, muito genérico.
Nilto Maciel:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Este
poema me pareceu mais gritado do que os anteriores. O assunto é muito sério,
mas nem sempre a seriedade de um assunto pode levar à poesia. O título do poema
não condiz com os versos.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO: Bom
se poder atualizar o que nunca esteve adequado aos dias: os direitos. Bom o
título contraditório à narrativa, que emerge da constatação da necessidade de
reconhecimento de algo já decretado.
Marcos Bassini:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO:
Lembra a prosa, o que não diminui em nada o valor do poema, mas tropeça um
pouquinho em frases como “sob o patrocínio da ausência de ações”.
Henry Alfred:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Este
poema caminha em terreno arenoso, pois não é fácil abordar um tema como a
exploração infantil sem soar panfletário. Não penso que o autor tenha
conseguido se livrar da defesa explícita de uma tese, inclusive a própria
seleção da "declaração dos direitos das crianças" já parece ser uma
bandeira erguida. Alguns versos como "quantas crianças/serão assassinadas
nesta manhã?" ou "quase três milhões de crianças/exploradas de todas
as maneiras" lembraram-me bastante a poesia chinesa do período
revolucionário. Por mais correta que seja uma causa, faltou um pouco de
sutileza na abordagem do tema, um pouco mais de lirismo, de poeticidade. Uma
revisão mais cuidadosa também evitaria alguns poucos errinhos ortográficos que
passaram.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: O
texto está de acordo com a temática, mas falta conotação e criatividade. O vocábulo “trânsito” encontra-se sem acento.
Um erro também primário e de falta de atenção!
Pseudônimo:
Per-Verso
Título:
Manchete Morna
Ano
do nascimento: 1963
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO: O
poema inicia recordando Drummond, mas a força poética não se sustenta ao longo
dele. É necessário repensá-lo.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: O
poeta pretendeu fazer um diálogo com a poética drummondiana ao estabelecer um
vínculo entre seu nascimento e a vida de paradoxos e impossibilidades.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: A
terceira e a quarta estrofes desse poema são simplesmente perfeitas, um ótimo
trabalho de resgate poético dos fatos. No entanto, a ligação da criança com os
fatos precisaria ser melhor trabalhada, pois soa frágil ante a colossal
imponência das estrofes que destaquei.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Muito bom, leve, bem humorado, simples na forma. Bom de ler.
Nilto Maciel:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO:
Ainda político, mas já sem muito grito, como o poema anterior, o das crianças
abandonadas. A louvação de Kennedy pode parecer saudosismo de estadunidense. Há
momentos de pura poesia, como nas três primeiras estrofes.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: O
poema inicia-se no lugar comum, crescendo ao longo, porém, da associação entre
os sujeitos (JFK/poeta), fica o desfecho incompreensível em sentido.
Marcos Bassini:
NOTA: 9,1
COMENTÁRIO: Um
certo excesso de referências a Drummond e rimas, especialmente as terminadas em
“ão”.
Henry Alfred:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Este
poema pode ser facilmente dividido em duas partes: 1 - o poeta apresenta-se em
seu nascimento, repleto de amor e com muita vida pela frente e 2 - o
assassinato de Kennedy em Dallas. Inclusive, estas partes são tão independentes
que quase poderiam ser consideradas como dois poemas fechados por si só. Os
versos de transição "Das grandes insignificâncias é que se faz o mundo/Do
alfinete que fura fralda do menino,/Ao artefato fatal que fura o ar, destrói
destinos" é um salto tão significativo que soa forçado. Qual é a relação
entre o bebê que nasce em 1963 e o assassinato de um presidente? Isto não fica
bem evidenciado Por fim, a referência inicial ao "Poema de sete
faces" de Drummond, publicado em 1930, causa ainda um pouco mais de
confusão, pois pode passar a impressão que este poema faria parte da produção
drummondiana da década de 60.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: O
texto está de acordo com a temática, mas falta conotação e criatividade. O autor abusou demais do uso de termos e até
de fragmentos de versos do poeta Carlos Drummond de Andrade. Isto se encontra nos versos 2 e 3 da primeira
estrofe: “Não vim com soluções, nem com rimas, pois nem me chamo Raimundo/O
mundo, o vasto mundo, há muito mais de mil acontecia...”/ O texto em si faltou
identidade própria!
Pseudônimo:
Barolo
Título:
Ufanismo
Ano
do nascimento: 1965
Afonso Henriques:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO: Aqui
também temos um poema que enfatiza o “prosaico” em detrimento de boas/fortes
imagens poéticas.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Nascido após o golpe de 64, o autor utilizou-se do mesmo tom ufanista e
conclamatório da ditadura, com suas palavras de ordem, o que comprometeu o
poema, que poderia até ter se utilizado dessa glosa, mas com intuito
crítico.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Gosto do fim abrupto do poema, que apenas sugere uma ideia de futuro. Afinal,
todos sabemos como essa história realmente acabou. E é aí que reside toda a
graça desse poema que, em seu decorrer é bastante lugar-comum em termos
poéticos, ainda mais depois do preâmbulo didático. O recurso é interessante
para situar fatos e contextos, mas ele enfraquece o texto à medida que o poema
segue, literalmente, seu roteiro.
Tânia Tiburzio:
NOTA:
9,7
COMENTÁRIO:
Muito bom. Lembra muito uma música da banda Legião Urbana: o tema, a forma.
Nilto Maciel:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: Pode
ser lamentável ter nascido em 1965. Como só pode ser um lamento lembrar o
Brasil daquele ano.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: A
leitura do poema, feita através da isotopia (campo semântico que deflagra
perspectivas de leituras) do ufanismo, revela tentativas otimistas do sujeito,
dez ao todo, contra a declaração negativa do que existe no país, oito ao todo.
Logo, o chamamento do eu-lírico (“Vamos”) tem sentido porque os fatos negativos
constatados têm perspectivas de mudança, porém o poema, assim como todos os
outros, não aliviou o lugar-comum.
Marcos Bassini:
NOTA: 9,1
COMENTÁRIO: Sim,
é o pensamento vigente dos partidários do Golpe. Mas tenho dúvidas se, sem a
epígrafe, que explica o que acontecia na época, o poema se sustenta.
Henry Alfred:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: Este
é um poema que incomoda. Primeiro, porque é daquela estirpe de obras
panfletárias (às avessas). O próprio título é a contradição do poema, enquanto
o poema é a contradição da realidade. Num tom positivista, típico das
instituições governamentais brasileiras, ele apresenta todas as esperança para
um futuro melhor que nós brasileiros desde sempre alimentamos. "A Terra do
Futuro", jamais do presente. Em segundo lugar, o poema incomoda ao
apresentar nossas próprias falhas enquanto nação e cidadãos, a nossa alienação
política e cultural, e também a nossa própria ignorância sobre nossa História. Enquanto
que a nota introdutória contribui para a compreensão do poema, por outro lado
delimita a interpretação do texto. Na ausência desta nota, a leitura seria
muito mais ambígua e, justamente por isto, também mais rica, pois obrigaria o
leitor a refletir sobre a intenção da obra, apesar de o título
"Ufanismo" já deixar isto bastante explícito. Talvez tenha faltado um
pouco de trabalho sobre a linguagem, demasiadamente simplificada, o que, no
entanto, deixa a leitura leve e ágil, sem muitas pirotecnias estilísticas.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO:
Faltou criatividade, vocabulário e conotação. O texto só está de acordo com o
tema.
Pseudônimo:
João Saramica
Título:
Reacionários de Todo o Mundo, Uni-vos!
Ano
do nascimento: 1968
Afonso
Henriques:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: Este
poema já apresenta um desejo maior na direção de boas imagens poéticas, mas
ainda resvala bastante para o campo da prosa.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
Influenciado pela mitologia do ano de 68, o autor tangencia os fatos que
marcaram aqueles anos de chumbo no Brasil, e libertários no mundo, com certo
grau de criatividade e jogo de palavras e anagrama interessantes.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO:
Poema excessivamente descritivo e bidimensional, tendendo ao prosaísmo.
Abordagem em tom panfletário compromete muito o efeito.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: Queria
eu ter nascido em 1968 e poder escrever um poema como este. Parabéns!
Nilto Maciel:
NOTA: 9,1
COMENTÁRIO: A
maioria dos poemas deste bloco se assenta em temas políticos. O que não é bom
para a poesia. Expressões como “socialismo reacionário” e “bota stalinista”
soam como antipoesia.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO:
Válido o quiasmo apresentado pelo sujeito em “A imaginação no poder / é
estancada, no poder da intervenção”.
Marcos Bassini:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO:
Apesar de alguns trocadilhos (AInda 5 formas de mordaça), usa de forma
inteligente a referência às revoluções modernas, iniciadas via teclado do
computador (e se decreta: _ É permitido proibir!)
Henry Alfred:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: 68
foi um período bastante turbulento, de revolta e protesto, e também de sonhos
estilhaçados. O autor foi capaz de entrelaçar vários eventos desta época, como
a Primavera de Praga e a crise do socialismo. A referência à peça de Chico
Buarque, alvo da censura e da invasão do CCC, foi muito pertinente. Por fim, o
assassinato de Martin Luther King Jr. está bem costurado, criando uma obra coesa
e bem elaborada. Este poema consegue expressar muito bem este clima de
transformação, de fim de todas as utopias, tanto no Brasil, com o AI-5 (o verso
"havendo AInda 5 formas de mordaça." é brilhante e incômodo, ao mesmo
tempo), quanto na França e EUA.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: O
poema é bom. O autor só deve melhorar o seu vocabulário. Faz uma boa
intertextualidade.
Pseudônimo:
Anna Lisboa
Título:
Yesterday (há de ser outro dia)
Ano
do nascimento: 1970
Afonso
Henriques:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: A poeta
mantém o seu modo muito próprio de construir o poema, e isto é o que mais me
chama a atenção (pois “estilo” é fundamental). Há humor, acidez e boas
construções.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Poema criativo e ousado, tanto na linguagem e na forma, em que o autor
estabelece uma interface crítica com os movimentos políticos, artísticos e
sociais em curso nem 1970.
Paulo Fodra:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: Se
nos temas passados a autora foi prejudicada pelo seu estilo em “colcha de
retalho”, neste, ela deitou e rolou. O tema vestiu como uma luva o seu estilo
prolífico e caótico, fornecendo-lhe o fio condutor necessário para alinhavar e
elevar seus belos jogos de palavras à máxima potência. Se ela souber repetir
nas próximas semanas o mesmo tipo de efeito que conseguiu aqui, será uma
concorrente muito difícil de bater.
Tânia Tiburzio:
Nota: 9,5
COMENTÁRIO:
Achei muito confuso, talvez seja o ano, talvez seja o poeta. Muita informação e
o leitor se perde.
Nilto Maciel:
NOTA: 9,1
COMENTÁRIO:
Repito parte do comentário do poema anterior (o do socialismo). Não deixa de
ser uma “crônica” inteligente e mordaz.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: O
poema é conduzido pela ideia central dos anos 70, que registra um dos anos mais
tensos da história do Brasil e do próprio regime militar implantado em 1974, e
a conquista da copa e da taça Jules Rimet. O título traz ainda a banda Beatles
e sua projeção/finalização (“Exilavam-se os sonhos / os de vinil”; “Os besouros
não vingaram”). A união das ideias confunde-se por vezes.
Marcos Bassini:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Mais
trocadilhos que poesia.
Henry Alfred:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: Um
belo poema satírico, com um humor inteligente e bastante cáustico. O texto vai
de 0 a 100 em 1 segundo, pondo tudo no liquidificador e socando goela abaixo do
leitor. Tem Hendrix, Beatles, Janis Joplin, Copa do Mundo, Elis Regina e tudo o
mais. Sem dúvida, a autora fez uma bela pesquisa histórica e soube criar alguns
enigmas para quem estiver disposto a desvendá-los. Apesar da criação de algumas
rimas na tentativa de impor um ritmo, elas soam um pouco forçadas na leitura,
com várias rimas pobres como "colarinho-canarinho",
"anil-vinil", "transviada-arregaçada" e
"ar-luar". É um poema de leitura agradável e o verso final é de uma
ironia incrível: "A T(r)aça do I(mundo) é nossa!"
Rodrigo Octavio:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO:
Criativo, mas alguns termos utilizados pelo autor faz com que o texto tenha uma
pequena quebra de ritmo.
Pseudônimo:
Manoel Helder
Título:
Se as almas transmigram, no quando...
Ano
do nascimento: 1980
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO: A
tentativa do soneto tem alguns bons momentos, principalmente nos quartetos.
Está interessante a homenagem a Vinicius.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: No
refluxo de uma época marcada por outros valores, o poeta recorre ao poeta
popular que acabara de partir para falar da necessidade da poesia nos tempos
modernos, pela voz do poeta que acabava de nascer.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: O
poeta mantém sua média de poemas bem construídos e estruturados. Essa semana,
porém, não conseguiu brilhar com o mesmo vigor, sendo ofuscado por seus
companheiros.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: Lindo!
Adorei a abordagem do tema. Bom de ler. Gostei muito.
Nilto Maciel:
NOTA: 9.7
COMENTÁRIO: Bela
homenagem ao poeta Vinicius. Soneto sem métrica regular. Poderia ser em verso
decassílabo. As rimas são comuns nos quartetos, mas raras nos tercetos.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9.2
COMENTÁRIO:
Ainda que no lugar comum, a poesia tem em seu fim a expressão maior: o sujeito
empenhado em uma ida à transmigração das almas surpreende pela audácia na
afirmativa “Eu rio, a pensar que - no quando - sou tu”.
Marcos Bassini:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO:
Apesar da falta de modéstia (Foi tua alma que a mim transmigrou?!) usa as rimas
de forma inteligente – homenagem a um poeta-letrista?
Henry Alfred:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: Antes
de tudo, o poeta está duplamente de parabéns por homenagear um dos maiores e
mais populares poetas brasileiros, e depois por se arriscar a tentar escrever
um soneto italiano clássico. A métrica parece respeitar, na maior parte do
tempo, o decassílabo, mas, como nunca fui um expert na contagem de sílabas
poéticas, em alguns versos me pareceu que o poeta extrapolou para
hendecassílabos, como em "Teu/ ver/so,/ Vi/ni/cius,/ ci/men/to,/
re/sis/-te." ou em "No es/pa/ço/ de um /mês,/ no/ (fa/tí/di/co?!)
a/gos/-to,". Mesmo assim, só a habilidade em trabalhar com a versificação
e com a métrica já seria o suficiente para que este poema se destacasse, além
do lirismo do tema abordado. Não me agrada a interrogação seguida de exclamação
(?!) em prosa, muito menos em poesia. É um recurso muito fácil (e um tanto
amadoresco) para tentar expressar aporia ou surpresa. Não acho que sejam
necessários neste poema, que está longe de ser obra de um poeta amador, na
minha opinião. O eco "Foi tua alma que a mim transmigrou-Se as almas
transmigram..." não me pareceu ser a melhor solução e, no desfecho,
particularmente sinto que "tu sou" acabaria num tom mais elevado do
que "sou tu". Independentemente destas observações, este é o melhor
poema desta rodada, a meu ver.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: Bom
poema. Parabéns!
Pseudônimo:
Jean Jacques
Título:
Elis
Ano
do nascimento: 1982
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO: Esta
rápida homenagem tem seu ponto mais consistente no ritmo veloz com que se
apresenta, igual ao modo de ser da homenageada. A repetição (“anáfora”) de “a
voz não se cala” é o melhor momento.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Poema elegíaco, reporta-se ao seu nascimento como os olhos que se abrem quando
os de um ídolo da música se fecham.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Poema simpl-elis-mente meteórico. Simples e vigoroso, cumpre bem sua função. Só
que, nesse meio campo incandescente, acaba queimando um pouco rápido demais.
Tânia Tiburzio:
NOTA:
9,9
COMENTÁRIO:
Cada poema mais bonito do que outro. Linda homenagem, lindas palavras.
Nilto Maciel:
NOTA: 9.2
COMENTÁRIO:
Homenagem a Elis Regina e lamento de sua morte precoce. Falta mais ânimo? Não,
porque não se pode ter ânimo na morte. Deve faltar poesia. O que seria poesia?
Ludmila Maurer:
NOTA: 9.2
COMENTÁRIO: Boa
a história, porém, se está a poesia para a reinvenção do mundo através da
linguagem, faltam estratégias próprias do discurso poético. Sobram ‘armadilhas
do diabo’.
Marcos Bassini:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO:
Jogos de palavras são importantes na poesia. Mas jogos não são trocadilhos.
Talvez com a idade o poeta perceba.
Henry Alfred:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Sou
fã de Elis Regina, portanto sou um pouco suspeito para ser isento. O poema
consegue retratar bem a personalidade pública da cantora, mas também passa
raspando pela vida privada dela e pelos prováveis motivos de sua morte.
No entanto, a
obra abusa um pouco de certos lugares-comuns, que sempre estão relacionados a
Elis, como "pimentinha" e "Elis-cóptero", no entanto, a
inserção de certas frases e expressões das canções dela como
"equilibrista" e "corda-bamba" funciona bem, imediatamente
trazendo à mente do leitor estas referências.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO:
Criativo, de acordo com o tema, mas usou pouco o recurso da conotação.
Pseudônimo:
Nonada F.C.
Título:
1982
Ano
do nascimento: 1982
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.1
COMENTÁRIO: É
uma rapidíssima crônica, não um poema.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO
Referindo-se a conquistas futebolísticas, o autor escreveu samba de uma nota
só. Poderia aproveitar outros fatos de 82, para falar crítica e poeticamente de
um mundo em mutação, porém soou monocórdico e sentimental.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
Outro esforço que não consegue se desvencilhar do prosaico e acaba por
enroscar-se no lugar comum, sobrecarregando-se de descrições.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Achei
a abordagem muito simplória. Poderia ter explorado melhor o ano-tema.
Nilto Maciel:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO:
Triste ano esse de 1982. Não ter nada mais a comemorar ou lamentar é
lamentável. Além do mais, Nonada precisa cuidar mais do idioma.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO:
Prosaico
Marcos Bassini:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: Se a
gente colocar as frases na mesma linha, em formato de prosa, o poema fica
parecendo apenas um depoimento.
Henry Alfred:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: Um
poema literal demais, pouco poético demais. Os dois versos iniciais trazem
informações desnecessárias e que, de certo modo, até conflitam com a data do
nascimento do poeta. Tampouco o intertexto drummondiano contribui para o
desenvolvimento do poema, a não ser o fato de denunciar as influências do
autor. Versos como "Figueiredo era o 30º Presidente do Brasil",
"bicampeão! gol do Nunes, 1 a 0 no Grêmio" e "que iluminaram
1982" causaram-me uma sensação estranhíssima, como se nem estivesse lendo
poesia.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO:
Falta conotação, ritmo, vocabulário. O texto é muito bom e bem descritivo, mas
não é um poema mesmo estando de acordo com a temática. O autor pode transformá-lo
em uma ótima crônica.
Pseudônimo:
Alice Lobo
Título:
minha filha
Ano
do nascimento: 1988
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO: O
nascimento da filha provoca esse arrancar poesia de um cotidiano igual a
qualquer outro... Gostei da poesia a encontrar sua morada.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Um
poema singelo, porém percorre com sutileza as imagens mais vivas que o poeta
recolheu do ano em que nasceu, arrematando com chave de ouro. A estrofe final
valeria por todo o poema se todo o resto não fosse bom.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: O
poema começa muito descritivo, mas cresce a partir da quarta estrofe. Resultou
numa bonita homenagem à filha, porém abaixo do potencial demonstrado pela
autora ao longo do certame.
Tania Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Gostei
muito. Formas e palavras simples. Abordagem interessante do tema.
Nilto Maciel:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Belo
poema. Imagens muitas. Frases musicais. Só nos falta saber quem é “minha
filha”.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,1
COMENTÁRIO: Como
afirmar os mistérios se já se sabe as respostas? Válida a oposição entre a
falta de 1988 e o ordenamento do ano vide a “poesia encontrar sua morada”. Qual
seria a justificativa ao título?
Marcos Bassini:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Apesar de não precisar desta frase no fim (a poesia encontrara a sua morada), o
poema passa bastante emoção (o título, parte integrante do poema, contribui).
Henry Alfred:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: O
poema demora 4 estrofes para começar a engrenar, tempo precioso do leitor que a
autora desperdiçou para demonstrar que fez uma pesquisa sobre os fatos do ano
de seu nascimento. No entanto, de "mais um ano sem um disco de
caetano" as coisas começam a esquentar e o poema mostra a que veio.
Inclusive, penso que o poema poderia ter começado assim mesmo, abruptamente,
puxando o leitor pelos cabelos e jogando-o no meio do nada, sem preâmbulos, sem
enumeração de fatos históricos, apenas em "mais um ano sem um disco de
caetano". Seria uma escolha muito mais honesta. Os versos "mais um
ano em que nos aventuramos/rumo aos mistérios do cotidiano (já sabendo as
respostas/pois que as perguntas chegam por outros tempos)" são lindíssimos
e dolorosos. Este é o tipo de texto que precisa descansar algumas semanas ou
meses, sobre o qual a autora refletirá e, ao cabo deste tempo, encontrará uma
saída.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: O
texto é descritivo nas 4 primeiras estrofes, depois passa a ter um ritmo nas
outras estrofes. Faltou usar mais a conotação. Brincar mais com as palavras.
Pseudônimo:
G.D
Título:
Poema-Dividido
Ano
do nascimento: 1989
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO: O
poema apresenta alguns bons momentos construtivos/imagéticos (“O sol é lodo e
ofusca o sorriso cinza”, por exemplo).
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Poema muito bem construído metafórica e criticamente. Nota-se um tom de
reflexão irônica sobre a utopia, com um arremate em alto estilo.
Paulo Fodra:
NOTA: 10
COMENTÁRIO:
Despido de seus cacoetes formais, os versos do autor ficam mais límpidos e
claros, sem perder a qualidade imagética demonstrada nas outras etapas. Gostei,
principalmente, do fato do poeta ter guardado alguns de seus elementos formais
inusitados para aplicar, com muito bom senso, no momento oportuno. As quatro
últimas estrofes são de uma beleza crua e magistral.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: Muito
bom! Apesar de um pouco longo o poema é bonito e prende o leitor. Parabéns!
Nilto Maciel:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Apesar de ser poema político, o poeta se mostra conhecedor das técnicas do
fazer poético, sem expor demasiadamente o assunto, porém sem o esconder ou
escamotear.
Ludmila Maurer:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO:
Poema-Dividido, Berlim não-dividida, sujeito-dividido: ora ‘em cima do muro’
(“nem homem, nem mulher”) ora comunista. Qual a intenção maior do eu-lírico?
Marcos Bassini:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: A
frase “Disse o homem concreto - armado:” traz de forma inteligente a forma
concreta ao poema, que depois volta ao formato inicial. Usa bem o humor.
Inclusive encerra o poema com ele.
Henry Alfred:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Quando vi a epígrafe de Drummond, já fiquei um pouco receoso. No entanto, o
poeta consegue se desvencilhar e encontrar seu próprio caminho por entre os
escombros do muro de Berlim. É um poema ligeiramente esquizofrênico, que chega
a namorar com o concretismo por uma estrofe, mas retorna triunfal ao fio da
meada e ainda conclui com um chiste. Uma obra correta, que cumpre bem seu
papel, mas sem o brilho necessário para torná-lo memorável.
Rodrigo Octavio:
NOTA: 10
COMENTÁRIO:
Criativo, de acordo com o tema. Faz com que cada estrofe seja um micro poema
dentro do próprio poema. Uma referência ao poema de Sete faces de Carlos
Drummond de Andrade.
VOTO DOS POETAS
(PONTO-PRESENTE)
Nesta rodada, os
poetas também tiveram voz em seus julgamentos. Todos eles presentearam um poeta
com 1 ponto e justificaram seus votos. Todos os pontos serão somados no Ranking
Oficial. Quem terá sido o preferido entre os poetas nesta rodada? Confiram,
abaixo:
Barolo:
Ponto-Presente
para: Wender Montenegro (Manoel Helder).
Justificativa: Acho
que o poeta captou bem a personalidade/imagem de Vinícius e falou dele com
respeito e admiração sentidos. O poema me agrada no tema, no ritmo, na escolha
vocabular.
Flávio
Machado (Dersu Uzala):
Ponto-Presente
para: Barolo
Justificativa: Não
precisei de muito tempo para votar no meu poema preferido. Independente da
parceria estabelecida durante o concurso, nessa rodada o poema de Barolo é de
extrema qualidade, um belo poema de fato. Meu voto então vai para o poema de
Barolo: “Ufanismo”.
Marco
Antonio Tozzato (Per-Verso):
Ponto-Presente
para: Geovani Doratiotto (G.D)
Justificativa: Gostei
muito do poema do G.D. Do título, que de forma inteligente e concisa introduz
muito bem o assunto, até o último verso, que consegue extrair humor de um tema
tão árduo. O "recheio" também é muito bom. Meu voto é para o
Doratiotto.
Letícia
Simões (Alice Lobo):
Ponto-Presente
para: Lune
Justificativa: Meu
poema predileto foi o “Eu, Cabíria”, de Lune. Achei que ela combinou, com
suavidade e malícia, a aura de noites de Cabíria. Especificamente o fim do
poema (que ainda não sabem/não se deram conta/que buscamos/ todos/a mesma
trapaça:/ felicidade) é muito bonito. Bem construído, bem humorado e muito
delicado. Adorei.
Hernany
Tafuri (Nonada F.C.):
Ponto-Presente
para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)
Justificativa:
Meu ponto-presente vai para Anna Lisboa pela lembrança do ópio do povo, no qual
sou viciado.
Wender
Montenegro (Manoel Helder)
Ponto-Presente
para: Lune
Justificativa: Ótimo poema! Lune mostrou intimidade
com as palavras; manuseando-as como quem faz carinho. O ritmo do poema é
preciso, as imagens nos tomam para além da possibilidade de fuga (Lune não nos
dá tempo de escapar) e, com seus belos jogos de palavras, nos conduz num piscar
de olhos ao arremate engenhoso: "...buscamos todos / a mesma trapaça: /
felicidade".
Lune:
Ponto-Presente
para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)
Justificativa: Vejo
nela, desde o primeiro poema que li, uma autora ousada, atrevida, sem medo de
arriscar e de falar de tudo com um jeito único. Com ela não há acordos,
ajustes: ela rompe padrões e mimimis. Ana sai no papel do jeito que a vida lhe
vem: de um fôlego só. Tenho sentido que alguns ficam com receio de deixar-se
"converter" ao novo que a Ana apresenta. Mas, como ela mesma me disse
naquela resposta da rodada anterior, ela está em paz consigo mesma. O estilo de
Ana não é indicado para quem imita ou apenas finge ser. Nem é indicado para os
que nunca se arriscam a sair do básico, do tradicional, do regrado. Porque só
ela sabe se livrar das regras sem perder a poesia, fazendo isso com
naturalidade e esbanjando uma cultura acima de qualquer tradição.
Francisco
Ferreira (João Saramica):
Ponto-Presente
para: Lune
Justificativa: Me
emocionou pelo tom e me arrebatou em suas duas estrofes. Genial!
Henrique
César Cabral (Gaspar):
Ponto-Presente
para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)
Justificativa:
Apesar de a maioria dos poemas serem acima da média há um diferencial nessa
poeta, muito inteligente e com uma vocação rítmica muito acentuada. Quem disse
que ironia não rima bem com poesia, deve ler esse poema e engasgar à vontade.
Aliás, engasgar vai ser difícil, a poeta, num ato de generosidade exemplar,
dota o poema com uma musicalidade tão fascinante que o mais correto é se deixar
levar. O diferencial dessa poesia é o casamento perfeito entre a inteligência,
representada pela ironia, e a musicalidade que não se perde em nenhum momento.
A ironia começa pelo título até a impagável abertura “Aprovado e liberado pela
Censura Federal:”. E assim continua, cutucando nossa inteligência, nossas
lembranças, nossos ritmos passados, enfim, nossa, muitas vezes, triste
história. O final mereceria um prêmio extra – um bônus- quem sabe o Lohan me
ouve. O ritmo mereceria uma análise à parte. Todavia, deveria ser alguém mais
competente do que eu. Não sei analisar, como dá pra perceber, sei é me deixar
levar. Nem precisa esforço. Enquanto a inteligência, através da ironia segue
como fio condutor do poema, o ritmo tende a nos convidar a dançar. Se o poema é
crítico, não é nem um pouco rabugento, pelo contrário. O ritmo rápido
intercalado, aqui e ali, por versos mais longos, mais cadenciados, muda nossa
respiração, nos prepara melhor para outra mudança que está por vir. Embora seja
uma poesia bem brasileira, na dicção, na música, na crítica ferina bem
humorada, me lembra muito o jazz moderno, com vários ritmos se sobrepondo à melodia principal. Parabéns à Poeta
Ana
Lúcia Pires (Anna Lisboa):
Ponto-Presente
para: Lune
Justificativa: Sua
poesia foi virgem, realista, carnal, dolorosa, salvadora. Tudo ao mesmo tempo,
por incrível que possa parecer. Por isso, por representar com brilhantismo o
que é a poesia, lhe dou meu voto com aplausos.
Thiago
Luz (Jean Jacques):
Ponto-Presente
para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)
Justificativa: Existem
outros três poemas que também mereciam, mas fiquei com o da Anna. Confesso que
as referências ao rock me cativaram. Um poema com muito "tesão",
subversivo, por assim dizer.
Geovani
Doratiotto (G.D):
Ponto-Presente:
Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)
Justificativa: A
poesia de Anna Lisboa é um tijolo.
PONTO
BÔNUS
O poeta que recebeu o ponto bônus
na rodada foi: Wender Montenegro (Manoel
Helder), após ter recebido 14 votos pelos comentários. Parabéns, Wender!
BÔNUS
DO JÚRI
O poeta que mais se destacou
positivamente, segundo o jurado Nilto
Maciel, foi o poeta: Henrique César
Cabral (Gaspar), com o poema “A Morte que amava Stalin”. Logo, o poeta
Henrique César Cabral receberá 0,5 pontos de bônus. Parabéns, Henrique!
RANKING
DA RODADA
1º
GEOVANI DORATIOTTO (G.D) – 87,4 pts.
2º
HENRIQUE CÉSAR CABRAL (GASPAR) – 87,3 pts.
3º WENDER MONTENEGRO (MANOEL HELDER) – 87,2 pts.
4º LUNE – 87 pts.
5º
LETÍCIA SIMÕES (ALICE LOBO) – 86,2 pts.
6º
ANA LÚCIA PIRES (ANNA LISBOA) – 85,6 pts.
7º
THIAGO LUZ (JEAN JACQUES) – 85,4 pts.
8º
FRANCISCO FERREIRA (JOÃO SARAMICA) – 85,3 pts.
9º
BAROLO – 84,7 pts.
10º
MARCO ANTONIO TOZZATO (PER-VERSO) – 84,6
pts.
11º
FLÁVIO MACHADO (DERSU UZALA) – 84,2 pts.
12º
HERNANY TAFURI (NONADA F.C.) – 83,3 pts.
Obs: o poeta Geovani Doratiotto ganhou, como prêmio, o livro "Luz vermelha que se azula", de Nilto Maciel.
E ENTÃO, POETAS E LEITORES? O QUE ACHARAM DOS RESULTADOS? RESTAM AINDA 3 ETAPAS E MUITA COISA PODE ACONTECER. FIQUEM DE OLHO!
AUTORES S/A
3 comentários:
Olha... Bem... rs
Como podem ver, nem sei o que dizer... Vou tentar.
Recebi hoje meu Jabuti. Quanta indescritivel honra.
Os votos que me deram foram muito valiosos, matematicamente dizendo, entretanto nada tenho de matematica, de racional, e nunca escrevi por resultados, escrevo por paixao. Dessas que fazem a gente largar tudo, tudo, em nome talvez de nada. Realmente, nao escrevo seguindo o que os jurados desejam, escrevo seguindo poros, avenidas, medos, garfos, muros,linguas, trens, coqueiros... Quem me entende, ja seguiu isso tb. Lune, G.D, Gaspar, Thiago, Nonada, nao ha ponto, notas maiores do que o entendimento. Esse meu Jabuti, dado tao generosamente por vcs, ficara aqui, sempre, de pernas cruzadas, sentado ao meu lado, por toda minha vida. Muito obrigada.
Anna/Ana
Você é única mesmo! E uma querida! E obrigada pelo comentário que acompanhou meu ponto-presente! Esse, sim, foi meu presente!
Cinthia do sky
Minha querida Cinthia do sky, carinho inesquecivel!! Muito, muito obrigada.
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