Jurados Oficiais: Afonso Henriques, Ronaldo Cagiano, Paulo Fodra e Tânia Tiburzio
Jurados Convidados: Marcelo Asth e Nonato Gurgel.
Nota: os jurados Homero Gomes e Roldan-Roldan tiveram que se ausentar desta etapa, por motivos de força maior.
HOMENAGEM DA SEMANA: RONALDO CAGIANO
Mineiro de Cataguases, Ronaldo Cagiano é um dos jurados do II Concurso de Poesia Autores S/A. O autor é formado em Direito e já publicou 12 livros. Ronaldo está entre os 20 finalistas da categoria “Poesia” de um dos prêmios mais importantes da literatura de língua portuguesa: o Prêmio Portugal Telecom, concorrendo com o seu livro “O Sol nas Feridas” (Dobra Literatura), ao lado de poetas renomados como Affonso Romano de Sant’anna, Manoel de Barros e Nuno Ramos.
(Capa do livro de Cagiano)
“Os poemas de
Ronaldo Cagiano cobrem um amplo espectro de temas e formas, que vão do
sentimento amoroso à reflexão indignada com os desmazelos do tempo presente”.
(Trecho da sinopse
oferecida pela Ed. Dobra Literatura, do livro “O Sol nas Feridas”, de Ronaldo
Cagiano).
Abaixo, um dos poemas que figuram em seu mais recente livro, ''O Sol nas Feridas'':
SOLIDÕES,
Por Ronaldo Cagiano
para Antônio Mariano Lima
A metrópole fatigada dá lições de entardecer.
Todas as estações
cheiram a outono
com seu velório de folhas
e entre o burburinho dos animais metálicos
e o silêncio das almas
a ausência ergue suas dioceses.
nesse beco sem saídas,
território labiríntico onde a morte,
concubina do tempo,
como um Minotauro reciclado desafiando Dédalo,
resiste aos fios que uma Ariadne qualquer
em
vão estica?.
Um oceano confuso de corpos e olhares
soprando suas tormentas
é o que nos aguarda nessa escura projeção,
onde se perdem as pátrias sem nome
e
sem rosto.
“O Sol nas Feridas” é composto por 63 poemas, que revelam, sobretudo, a inquietude e a perplexidade do poeta perante a sociedade, bem como com o lugar que a literatura ocupa em nosso tempo, com a nossa realidade, entre outros assuntos recorrentes ao nosso quotidiano.
Ronaldo Cagiano
estava há 14 anos afastado da publicação poética. Suas últimas obras foram
prosas, embora o autor não negue a simbiose existente entre prosa e poesia (a
prosa poética) em seus trabalhos.
“Quando escrevo,
ou quando leio um livro de poesia, de conto ou romance, prendo-me
principalmente no olhar poético que o autor pode conferir à sua obra. Algo que
caminha na direção do que disse Baudelaire e que assimilei integralmente: ‘sê
poeta, mesmo em prosa’. A construção, a forma literária que não incorpore
verdadeiramente esse viés poético, não me satisfaz.”
(Ronaldo
Cagiano, em resenha elaborada por Nahima Maciel).
“Há
um centro de gravidade na poesia hoje: o egocentrismo”.
(Ronaldo
Cagiano, em uma entrevista concedida a Chico Lopes).
A seguir, mais um poema de Cagiano, que também está compondo o livro "O Sol nas Feridas":
DESPEDIDA,
Por Ronaldo Cagiano.
Da morte, só sabia ele o que todos
sabem:
que ela nos toma e nos atira no
silêncio.
Rainer Maria Rilke.
No
agosto em que meu pai morreu
a
vida tornou-se uma pátria incompreensível
e
o mundo um albergue de inverdades.
No
leito em que dormitavam com ele
todas
suas dores e
falhavam as energias
eu
depositava décadas de silêncios
e olhares mudos.
Já
não haveria mais tempo
o abraço tardio
e o beijo adiado
pois
sua consciência hemiplégica
não
respondia aos apelos
dos clamores envelhecidos
que tantas vezes ensaiei.
Na
tarde que se despedia, como ele,
a
noite definitiva descia sobre seu quarto
(e sobre nós)
mas
não sobre a cidade
cujo
ritmo não se dissolvia, imune
às
dores universais
E
suas mãos visitadas por uma glacial presença
já
não conseguia ancorar-se à minha
Como
amêndoas murchas,
seus
olhos não interceptaram
a
flecha de cicuta
pelas
costas
não era apenas o seu fim,
mas a derradeira extinção
de todas as respostas.
...e
a morte, faxineira impiedosa,
nome
escuro da vida alaridando seu pesadelo
com
sua potência niveladora,
sorria
mais exata do que nós.
Caro
Ronaldo: afinal, o que é POESIA, para você?
“Para mim não só
a poesia – mas a literatura – é o que me ajuda a transcender esse mundo de
cosificação e etiqueta e realizar o salto dialético sobre os escombros e
abismos existenciais. A criação literária é, para mim, farol, teto, chão,
pulmão, norte e evangelho. Como já dizia Alphonsus de Guimaraens Filho, ‘Se não
for pela poesia, como crer na eternidade?’”
Fica, aqui, os sinceros agradecimentos do Autores S/A pela sua nobre participação neste certame.
Obrigado, Ronaldo Cagiano!
-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-
Vamos, agora, conhecer um pouco sobre os nossos jurados convidados para esta segunda etapa? Leia, abaixo, as pequenas entrevistas realizadas com eles, e também suas biografias.
ENTREVISTA
COM MARCELO ASTH
Marcelo
Asth
tem 24 anos e é poeta, blogueiro, designer, professor de teatro (formado em
licenciatura em Artes Cênicas pela UNIRIO), performer e integrante do Coletivo
de Performance Heróis do Cotidiano. Participou das antologias: “A Polêmica Vida
do Amor” (Ed. Oito&Meio) e “POESIA.COM” (Ed. Multifoco). Foi jurado no I
Concurso LínguA'fiada de Poesias e é o vencedor do I Concurso de Poesia Autores
S/A.
Publica em seus
blogs:
O Beliche de
Bloba: www.obelichedebloba.blogspot.com.br
O Sótão Vazio: www.osotaovazio.blogspot.com.br
Gerontografia: www.gerontografia.blogspot.com.br.
Lohan:
Olá, Marcelo! Que prazer receber, hoje, como jurado, o grande vencedor do I
Concurso de Poesia Autores S/A. Conte para os leitores e finalistas desta
edição, Marcelo, um pouco sobre sua trajetória no concurso do ano passado. Do
concurso, o que você levará por toda sua vida literária?
Marcelo: Olá a
todos! Agradeço pelo convite de estar aqui, hoje de maneira bem diferente em
relação ao ano passado! Fiz minha inscrição no I Concurso de Poesia Autores S/A
depois de um grande intervalo em participações em concursos. Estava num período
fértil no exercício da minha escrita, produzindo muito, mas também queria sair
um pouco do meu umbigo, estar em contato com a visão dos outros, analisando
como os jurados, poetas e comentaristas poderiam me ajudar a crescer e como
poderiam me influenciar dentro do que eu fazia.
Desta forma,
aprendi muito no concurso. Observando o outro, na tentativa de me entender mais
no meio daquilo tudo, durante o processo de várias etapas, fui modificando a
minha escrita para me aprender.
Os poemas que
elaborei para a minha participação no concurso não são nem de perto os que eu
costumo escrever naturalmente – quando estou na minha e não estou sendo “observado”.
Talvez os do início estivessem mais próximos a uma liberdade artística. Mas no
caso do certame, sendo julgado, analisado e comentado e tendo que caber na
“caixinha” do tema da rodada – fora a pressão da entrega –, fui me burilando
para ver aonde chegava.
Do concurso levo
essa experiência de escuta, o exercício de me adequar a temas e formas – me
colocando em desafio – e o reconhecimento da singularidade da escrita do outro.
Lohan:
Marcelo, com certeza os poetas fariam essa pergunta para você caso te
encontrassem: qual é o grande conselho, ou a melhor estratégia (se é que há),
para ser vitorioso neste certame ou, no mínimo, bem sucedido, desenvolver bem
os poemas cujas temáticas são propostas semanalmente? Você mantinha alguma
estratégia?
Marcelo:
Fora de um concurso a gente escreve o que quer, o que sonha, o que deseja. Já
num concurso, aprendi que, além de escrever para temas que às vezes não parecem
tão férteis ou que não são facilmente dominados por nós, é bom dançar conforme
as regras. Medir numa balança a sua pessoalidade e a encomenda. Não sei se há
estratégia fechada pra vitórias, mas na minha trajetória aqui, tentei ser
humilde comigo mesmo e com o concurso em todas as rodadas, pois pensava: se
estou aqui, me submetendo a julgamentos e críticas, não devo ficar defendendo o
que faço e como escrevo “assim ou assado”. Quem está na chuva tem que querer se
encharcar. Se existem pessoas que foram chamadas pelo blog para exercer o
trabalho de apresentar suas visões, pra mim era óbvio que eu tinha que entrar
no jogo do jogo. Eu escrevia só um poema e ficava trabalhando nele até o
momento de enviar – pois se eu fizesse dez poemas, escolhesse um e fosse mal,
não iria me perdoar de não ter pensado em mandar um dos outros nove... mas esse
foi o meu lance. Descubram agora os de vocês e sigam em frente! Aproveitem. E
muita boa sorte! Esse concurso é muito bem organizado, é gostoso e vale a pena!
Lohan:
Você é tão jovem e já escreve tão bem, assim como também atua, realiza performances
nas ruas, etc. Quais foram as influências artísticas que te conduziram para
este universo e que lhe propiciaram tanta qualidade no que você faz?
Marcelo:
Eu acho que tá tudo aí, à nossa volta. Seria impossível dizer como me meti na
arte, mas deixei ela se meter em mim com tudo. Então, acho que é uma questão de
abertura e escuta, atenção e permissão. Exercício e trabalho são pontos que não
quero perder nunca na minha vida.
Lohan:
Pra finalizar: o que um poema deve ter/ser para receber a sua nota dez,
Marcelo? O que prevalece em sua concepção: o uso da técnica ou o teor subjetivo
e emocional que o poema emana para o leitor?
Marcelo:
Legal
a pergunta frisar: na minha concepção. Pois poesia é a coisa mais livre do
mundo, desde que seguida em versos e nascida de um ato de expressão. Eu,
avaliando um poema, posso variar os quesitos, pois sempre algo pode vir a
surpreender. Prezo pela criatividade, pela originalidade na apresentação de
imagens (que podem estar contidas na simplicidade, desde que feitas com
esmero), ritmo, jogo com as palavras, coesão, potência e, na maioria das vezes,
que não seja muito extenso e verborrágico. Eu aprecio a forma num poema, mas
sei reconhecer quando a liberdade vale ouro – porque às vezes, a liberdade pode
ser utilizada pra mascarar uma falta de profundidade.
ENTREVISTA COM NONATO GURGEL
Nonato
Gurgel é doutor em Letras (Ciência da Literatura) pela
UFRJ e professor de Teoria da Literatura e de Literatura Portuguesa da UFRRJ.
Cursou Mestrado em Estudos da Linguagem, Especialização em Literatura Brasileira
e Graduação em Letras pela UFRN. Trabalhou como pesquisador da FAPERJ e da
EMATER. É autor de “Luvas na Marginália – escritos sobre a poética de Ana
Cristina Cesar” (2012) e “Memórias de um leitor ao pé da letra” (no prelo).
Edita o blog Língua do Pé: http://linguadope.blogspot.com/
Lohan:
Olá,
caro Nonato. É com muita satisfação que o recebemos, mais uma vez como jurado,
no Concurso de Poesia Autores S/A. Nonato, como você enxerga a literatura
contemporânea brasileira, diante de tantas mudanças nos hábitos da leitura e da
escrita, bem como da edição dos livros e da divulgação dos trabalhos pelas
diversas mídias disponíveis? Qual é a cara do novo poeta brasileiro? Ele preza
pela técnica, ele remete ao clássico, ou ele possui raízes firmes no movimento
modernista da década de 20/30, quebrando paradigmas a seu modo?
NG:
Agradeço pelo convite, Lohan. Parabenizo pelo concurso, cuja continuidade deve
ser celebrada, e pela sugestão da mitologia como um tema repleto de
possibilidades. Parabéns principalmente para os autores classificados. Creio
que a qualidade cresceu. Vamos à pergunta que, na verdade, são três ou quatro.
Quando penso em literatura contemporânea, falo principalmente do que foi
produzido nas letras das últimas décadas do século XX e neste início de
milênio. Na minha visão de leitor, essa produção tem pouco a ver com o que
chamamos, por exemplo, de Literatura no século XIX – o mais literário de todos
os séculos. Naquele contexto, a Literatura era feita basicamente do diálogo com
a própria Literatura – uma arte calcada principalmente nas noções de gênero e
oralidade que sedimentam a cultura clássica. Depois das vanguardas do início do
século XX e de toda arte de ruptura produzida pelo Modernismo, ninguém acredita
mais nisso. O cotidiano do século XX produziu uma sensibilidade maquínica e
virtual onde os conceitos de tempo, espaço e identidade são relidos, alterando
totalmente as concepções artísticas do classicismo. A lição de Walter Benjamin nos ensina que
quando mudam os meios de percepção de uma comunidade, transformam-se suas
formas de fazer arte, de produzir cultura. Ou seja: não dá para viver no século
XXI cercado de mídias, telas, teclas, Iphones e escrever como se estivesse num
campo árcade tocando flauta, ouvindo o vento, sem IPTU para pagar. Por isso
creio que a cara do poeta contemporâneo seja a do sujeito que, dialogando
criticamente com o arquivo de formas que a tradição nos legou, consegue
inscrever a sensibilidade do seu tempo.
Lohan:
Independente do estilo dessa nova geração literária, quero saber, na sua
concepção, o que um poema tem que ter/ser para receber a sua nota 10? Que
técnica é imprescindível, a seu ver? A teoria deve sobrepujar a subjetividade
na produção de um poema?
NG:
Teoria é um instrumento contextual e produtivo, mas serve principalmente para
dar aula. A poeta contemporânea Ana Cristina Cesar escreveu que foi salva
pela técnica. Quando pensamos em arte, não há salvação sem técnica. Seja na
vida ou no texto, é preciso o exercício de uma forma. Além da imagem, a forma
remete a sons, noções de sintaxe e de extensão. Os materiais acústicos da forma
têm a ver com ritmos e timbres, dentre outros, demarcando uma voz, um jeito de
dizer. Por isso não curto poeta que não lê ou aprimora esse jeito. Independente
de geração, a nota máxima vai sempre para o autor que acentua a sua voz. E essa
acentuação vocal requer, hoje, um diálogo com diferentes linguagens – verbais e
não-verbais – e um domínio da forma que leva em conta, dentre outros, as noções
de rapidez, visibilidade e fragmentação.
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COMENTÁRIOS E NOTAS DOS POEMAS DA 2º ETAPA (MITOLOGIA)
Pseudônimo:
G.D
Título:
CAVERNA-SÃO PAULO ()
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.8
COMENTÁRIO: Este
poema ficou ainda melhor construído que o da primeira fase. Trata-se de um
poeta que segue demonstrando segurança em seu ofício. As citações
clássicas/míticas/filosóficas misturadas ao cotidiano mais duro empresta boa
força ao poema. Atenção: “physis” não tem acento.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: Bem
realizado o diálogo entre figuras da mitologia com a a realidade paulistana. Um
trânsito onírico entre o medievalismo das cavernas e a vida na caverna
contemporânea, a metrópole que tudo sitia e aparta.
Paulo
Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Poema
com boas imagens e versos fortes. Gostei do efeito de inversão/humanização da
segunda metade: “Hércules tem apenas um ofício de oito horas”. Um ponto de
atenção – que o afastou da pontuação máxima – é a forma um tanto quanto
desleixada de apresentar o poema. Não consegui encontrar necessidade ou efeito
que justificasse tantas quebras e espaçamentos dobrados. O poema é bom o
suficiente para funcionar sem isso.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Adorei a abordagem do tema. Muito criativo. Só não gosto da disposição espacial
dos versos, fica um pouco chata a leitura.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
início, com as paredes da caverna refletidas na ideia, ambienta muito bem o
poema, que é apresentado de maneira inusitada no destino de personagens míticos,
como o Oráculo, Hércules e Helena – aqui realocados para a cidade de São Paulo,
numa tentativa de contemporizar os mitos. Talvez esta seja a melhor parte do
poema. De resto, as ideias expostas ficam pouco amarradas; um pouco confuso em
sua apresentação – por mais que seja nítida a pesquisa do autor em relacionar
termos, mitos e história. O final traz um tom de crítica social como arremate
bem dado.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: O
poeta é exímio no recorte do tema proposto. Através dele atualiza o imaginário
contemporâneo, trazendo o mito para o nosso cotidiano desencantado e veloz.
Embora o poema apresente problemas na forma, curto vários versos como estes:
“O oráculo de
delfos
Atende em hora fixa na Av. Paulista.
Hércules tem
apenas
um oficio de
oito horas”
Ouço no poema
uma voz própria, mas questiono uma certa rigidez – no uso de algumas letras
maiúsculas, colchetes e também na pontuação – dificultando a fruição no ato de
ler. O que poderia ser mais leve, às vezes parece soar um pouco austero.
Pseudônimo:
Lune
Título:
Dia profano
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.8
COMENTÁRIO:
Poema bem construído. A repetida colocação de três verbos enfileirados em cada
parte (sempre aberta por uma figura mitológica), tal como “arranha, sangra,
fortalece” ou “arrebanha, equilibra, desaltera”, empresta boa estrutura ao todo
(sempre bem completada por dois versos finais que dão bom fecho às cinco partes
do poema). Gosto, assim, bastante do aspecto formal, até mesmo mais do que as
soluções imagéticas. Nota-se um “crescimento” acentuado em relação ao poema da
primeira fase.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: A
linguagem, com ritmo, cadência e harmonia,
ajudou a compor um painel poético transportando mitos para a realidade
humana e existencial do homem contemporâneo.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
poema é bonito, gosto do som das palavras usadas, mas é muito longo. Algo mais
sucinto seria perfeito.
Paulo
Fodra:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: Poema
correto em sua forma, porém com versos falhos em formar imagens impactantes e
consistentes. Talvez pela repetição sucessiva do esquema “verbo + substantivo +
adjetivo”, que passa uma sensação de falso rebuscamento na linguagem e acaba
cansando o leitor. O lança-chamas, aqui, me pareceu deslocado, moderno demais
para o contexto. Porém, de maneira não-intencional.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Um
dia contado na plenitude de seus momentos, aqui influenciados pelos mitos, que
nutrem as emoções e situações da autora. O poema ganha grandeza ao demonstrar
os mitos com ótimo nível de detalhes. Poema coeso, com ritmo e imagens muito
bem construídas.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: O
autor demonstra ter repertório estético e faz bom uso da forma. Embora não
curta a sonoridade do verso “recompõem-me madrugadas...”, considero a última
uma estrofe exemplar do domínio de forma que o poeta ostenta. Principalmente
nos dois últimos versos. Como, no poema, vale mais o “como dizer” do que “o que
é dito”, sugiro mais sintonia entre as linguagens do nosso tempo e o recorte
vocabular do poema.
Pseudônimo:
Alice Lobo
Título:
ulisses,
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.8
COMENTÁRIO: Este
poema é melhor do que o apresentado na primeira fase. A energia poética subiu
bastante de tom: gostei logo de cara dessa estrela suja caída do céu arranhando
os nervos de todas as ordens. O mito de Ulisses e Penélope está bem descrito
por meio de adequadas imagens. “O amor, Ulisses, é só um estremecimento do azul”,
é um bom verso. Já “a insistência vã deverá querer dizer algo” é mais fraco,
prosaico em excesso. Se a gente prestar atenção nisso, certamente poderá
incrementar a linguagem poética.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,4
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: O
poema está bem escrito, porém a autora poderia ter evitado a repetição de
expressões, como “estrela”, “céu”, “sujo” e usado outros recursos vocabulares
ou metafóricos, que consolidasasem sua visão poética, como por exemplo em “o
amor, ulisses, é só um estremecimento do azul” – belíssima construção, que dá
força ao poema, pela imagem inusitada.
Paulo
Fodra:
NOTA: 10,0
COMENTÁRIO:
Perfeita abordagem não-convencional de um tema bastante batido. A própria forma
do poema é um eco da Teia de Penélope, apresentada aqui por um viés psicológico
e intimista, respeitando a inteligência do leitor ao não ser literal demais.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Poema lindo! Gosto do som, do tema escolhido. Parabéns ao autor (a). Só mudaria
a disposição espacial dos versos.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Alice Lobo encarna Penélope e espera fazendo um poema magistral, carregado de
dor poética. Sempre são reconhecidos os atos heroicos daquele que se vai e se
embrenha no mundo e na sua glória, mas neste poema, Alice destrincha (num tom quase
pessoal) os atos heroicos daquela que sofre e se sacrifica pelo amor. Seu
título, vindo já como início, é um caminho gostoso de seguir. Poema bem
arrumado e costurado em tear com a imagem da estrela. Ótima finalização.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 10
COMENTÁRIO:
Gosto muito. Poesia na veia com eco de formas fragmentadas e leituras
contemporâneas. Ouço uma voz cujo tom, meio confessional, é certeiro em versos
como “talvez seja caso de renascer em azul, atropelando as fugas e reerguendo
as gaivotas”. Nos versos finais – “meus dedos desmancham o ontem/ esperando a
sua voz.” – o diálogo metonímico dos corpos (“meus dedos” e “sua voz”) com o
tempo (“ontem” e o futuro encerrado na espera) inscreve a voz própria de quem
escreve.
Pseudônimo:
Anna Lisboa
Título:
O Coro do Caos
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.8
COMENTÁRIO: Bom
poema, com força amplificada em relação ao apresentado na primeira fase. O
“estilo” poético se mantém, o que é positivo, pois empresta personalidade à
autora. O tom “caótico” desejado está bem construído em termos formais (há
qualquer coisa de Ezra Pound em alguns momentos). E, entre os bons versos, há
um que me chamou a atenção pela sua especial força: “vinho delirante de bagos
esquartejados”.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
poema é bem realizado a partir dessa ideia de fusão entre a mitologia universal
e os mitos da cultura contemporânea da cultura. Porém, a autora deveria ter se
policiado para evitar o recurso do vocativo ou da utilização dos verbos no
imperativo, que parecem assumir um som de desiderato, de chamamento, invocação
moral, algo meio passadista e bíblico, entre a elegia e o apelo, que retira a
poesia possível do texto.
Paulo
Fodra:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
Muitos poemas diferentes em um só. Apresenta versos de qualidade que acabam se
diluindo na longa extensão. O contraponto dos acertos é a falha pelo excesso de
ousadia formal ou estilística, transformando a leitura em uma loucura sintética,
porém carente de imagens aderentes. A autora, que vinha apresentando bons
resultados em suas ousadas misturas, aqui errou a mão.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO:
Extremamente confuso e longo. O poeta é bom, mas se esqueceu de que em poesia
algumas vezes menos é mais.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: o
Parodos do poema da “tragôida” Anna traz um coro que anuncia e empolga. Bom
desenvolvimento, coesão e apresentação em partes. Poema divertido, apresentado
como espetáculo, explode de tanto frescor e traz o inusitado a tudo, com
passagens divinas, como, por exemplo, o eco de Hades, “o papo incesto de vime”
e outros jogos ricos de palavras, calembur e expressões, como, em “debalde” e
“balde”, “hímen cidade” e “passai Mercúrio nas chagas da desumanidade”. Talvez
eu possa somente aconselhar a pensar no mais enxuto durante a competição, porém
nunca deixando de lado seus jogos tão bem elaborados como estratégia de
ataque.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Parabenizo a autoria pelo vasto repertório e pela profusão de referentes
utilizados no desenvolvimento do tema; mas, acho que a extensão do poema
compromete o resultado final. Isso se pensarmos nas linguagens contemporâneas e
nas noções de síntese, concisão e brevidade que norteiam a escrita literária
desde o século XX.
Pseudônimo:
Gaspar
Título:
Ciclope
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.8
COMENTÁRIO: Da
mesma forma que na primeira fase, o poeta demonstra boa consciência da
construção formal do poema. A nota foi mais alta porque também pude notar um
trabalho mais apurado aqui. O final, com Ninguém (Ulisses) a perfurar o olho do
ciclope (“até cuspir no chão / o olho cor de areia”) é muito bom.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Poema sintético e bem realizado, sem firulas.
Paulo
Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Bom
ritmo, boa apropriação do tema. A primeira parte é muito boa, contundente. No
restante do poema, versos corretos e sem muitas novidades. Se tivessem mantido
o tom da primeira parte, o resultado seria muito melhor.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Gostei muito. Simples, sem muita frescura. Palavras comuns, porém muito bem
empegadas.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Os
dois primeiros versos do prólogo iniciam de forma impactante, cheios de
significado. O poema mostra a visão de um olho que habita seu cotidiano,
compartilhando com o leitor a visão do Ciclope. Entramos nele. O mito é visto
não pelo herói, mas por aquele que sofrerá a partir dele. Poema bem ritmado,
que no final se dá em tom presto, num susto. Boa ideia e boa execução, mas o
poeta deve ainda se arriscar mais.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: O
verso “na alma a armadura” parece formatar a precisão e o rigor desta poética.
Focado no tema proposto através do personagem anunciado já no título, o autor
recorta de forma criativa as figurações deste mito personificado na figura do
gigante de um olho só. O poeta acerta, logo de saída, ao conceituar – à lá
Fernando Pessoa em “Mensagem” – uma poética do próprio tema: “o mito é fome
viva/ em gravidez perpétua”. O poema tem achados inusitados. “Ninguém”, por
exemplo, escrito em letra maiúscula reescreve a estratégia identitária de
Ulisses, tornando contemporâneos o mito e o próprio poeta que o estetiza.
Pseudônimo:
Dersu Uzala
Título:
amazonas
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: O
poema é interessante, mas o tom excessivamente descritivo provoca certa
diluição da força poética. O momento melhor está nos três últimos versos. E
atenção com a crase: “faziam amor às margens dos rios amazônicos”.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,1
COMENTÁRIO:
Fugiu ao tema, pois aqui conta-se uma história, mas não aprofunda nas suas
raízes mitológicas, sobretudo para um ambiente como o Amazonas e sua gênese
tribal, que poderia comportar um mergulho maior.
Paulo
Fodra:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO:
Narrativa de tom lírico, literal e sem surpresas. Senti falta de imagens mais
poéticas. O recurso de espaçamentos dobrados me pareceu gratuito.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: Ao
ler o poema, tive a sensação de estar lendo um texto em prosa. Muito
convencional. O tema é bom, mas faltou criatividade.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO:
Legal a escolha da mitologia brasileira. Porém, o poema apresenta a história,
como numa contação do mito e não poetiza com surpresa. O que há de mais
interessante é o fato da traição da mulher ao grupo ser a origem da inveja,
ciúme e desarmonia.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Belo
poema que surpreende pelo tom narrativo com voz própria.
Pseudônimo:
Barolo
Título:
Tântalo Moderno
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: Os
mitos do consumo moderno em contraponto com Tântalo sedento, com fome de frutos
que fogem, se apresentam como uma ideia a ser melhor trabalhada. Isso em razão
do final ter boa fatura poética (a partir de “Eu, Tântalo, tenho tudo.”),
contra as frágeis imagens quando o poema fala em dorianas, iphones e hondas.
Talvez tenha sido essa a ideia: mostrar a “superficialidade” das mitologias do
consumo de massa em contraponto com a densidade do “mito clássico”, sedento da
água que lhe foge perpetuamente dos lábios (na “Odisseia” homérica). De todo
modo, insisto em que se deva repensar a construção imagética do poema.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: O
autor situou bem a mitologia da sociedade de consumo e suas carências.
Paulo
Fodra:
NOTA: 10,0
COMENTÁRIO: O
poema usa uma estrutura muito simples para construir uma armadilha para o eu
lírico. Armadilha que se fecha com maestria pelo paralelo com Tântalo, que faz
com que o poema adquira uma nova e completa dimensão, sobreposta às demais,
gerando um efeito bastante perturbador. Vale notar que se o texto fosse
colocado em formato de prosa, não perderia em nada a sua força. Tampouco a sua
poesia.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: O
tema é interessante, mas não toca o leitor. Poderia ter uma abordagem mais
“emotiva”.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Poema sucinto, bom na ideia e bem executado e apresentado. O Tântalo moderno
quer chegar à felicidade, mas esta escapa. “Homens modernos” compram, adquirem,
se satisfazem por um breve instante. E já querem mais, tendo tudo e nada. Como
na música “Neguinho”, do novo cd de Gal Costa: “Neguinho compra 3 TVs de
plasma, um carro GPS e acha que é feliz”.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Parabenizo a autoria pelo belo trabalho com o significante linguístico (a parte
acústica, o material sonoro) e com a sintaxe esculpida em versos como “Eu,
Tântalo, tenho tudo.” Muito bom. Deste poema retiraria várias vírgulas;
principalmente todas da última estrofe. Gosto muito da modernidade com a qual a
autoria se reveste para estetizar este filho de Zeus.
Pseudônimo:
Ocelot
Título:
Ao Deus dos Labirintos
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: Este
poema está bem melhor construído do que o da primeira fase. Nota-se, assim, uma
evolução do poeta. Por outro lado, encontramos nele alguma obscuridade no
desenrolar das imagens: o “obscuro” (às vezes no sentido de “misterioso”)
muitas vezes é parte integrante da poesia, desde que alimentada por uma
voltagem poética bem forte.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO: O
poema é bem escrito, porém o autor pecou ao usar uma linguagem impregnada de
tom profético ou como se escrevesse uma oferenda.
Paulo
Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: O
poeta segue com forma e versos bastante corretos. Por outro lado, não conseguiu
nesse poema o mesmo jogo de densidade/profundidade que obteve nas fases
anteriores, resultando em um poema “certinho”, mas que não empolga. Tenho
certeza absoluta, pelo trabalho apresentado até agora no certame, que o poeta
pode mais.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: O
poema é fraco. A abordagem do tema não foi feliz. Texto previsível.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: O
poema é misterioso e traz o “olhar turvo” na própria feitura. Este labirinto
pode ser referência ao de Creta, onde os filhos Ícaro (de “olhar tão turvo”,
que voou mais que podia) e Minotauro (nascido de um “amor banal”, animal “e
humano”) foram aprisionados. Mas o poema fala mais, nos deuses em geral,
presentes e onipotentes, de todos os mitos, que manipulam os destinos e
encarceram os heróis em situações complexas. São também os que salvam. Os fiéis
ficam cegos, nos caminhos retos e estreitos. Depois da leitura deste poema,
fico com mais perguntas que respostas. Mas o poema poderia evidenciar um pouco
mais do que o autor escolheu tratar.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Gosto do poema, mas a segunda estrofe precisa ser reescrita.
Pseudônimo:
Jean Jacques
Título:
Mitologia Íntima
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.7
COMENTÁRIO: Este
poema é bem melhor do que o apresentado na primeira fase. A tentativa da
complexidade, da enumeração de imagens de melhor qualidade com ideias bem
amarradas atestam essa melhoria em relação ao poema anterior.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Demonstra conhecimento das entidades mitológicas, tentando situá-las à sua
realidade existencial e íntima. Porém, há uma apropriação excessiva dessas
figuras.
Paulo
Fodra:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
poema se desenvolve solto, em versos livres, mas lhe falta um norte, um
elemento de coesão. Os jogos de palavras “Afrodites noites” e “frenesi frívolo”
se perdem na estrutura tipicamente prosaica enquanto versos excelentes como
“Tocado há muito pela solidão/De um Hades em meu peito” acabam diluídos. A
última estrofe é brilhante em ritmo, profundidade e imagem poética. Fico a
desejar um poema inteiro escrito com essa pegada.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Gostei muito, apesar de ser longo. Se fosse um pouco menor seria perfeito.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Soberbo. Cada verso está no lugar certo, sem exceder o tema, com referências
bem feitas. Boa relação dos mitos apresentados com a vida contemporânea e
sentimentos humanos. Apropriação da mitologia para poetizar um cotidiano. Por
fim, toma Deus como mito e arrebata o leitor. “Por Zeus do céu” vem em boa
hora, quebrando um pouco o rigor do tom dramático e renovando o poema.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
poema possui um dos mais belos títulos desta etapa. Gosto principalmente da
penúltima estrofe, na qual o poeta dá mostras do seu domínio técnico e das
conexões subjetivas sugeridas pelo tema, assim:
“Por Zeus do
céu,
Sou um ciclope
cego no labirinto mundano,
...
Bailando com
ninfas a preços vis nas esquinas.”
Pseudônimo:
João Saramica
Título:
Apelo a Tânatos
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.7
COMENTÁRIO:
Também aqui se nota um crescimento do poeta em relação ao que foi apresentado
na primeira fase. Parece que o tema “mitologia” fez bem a todos os poetas. O
refrão utilizado nos últimos versos das quatro partes do poema mostra-se como
boa solução estrutural.
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
Poema bem realizado, usou com certo comedimento as figuras mitológicas para
reencená-las na atualidade.
Paulo
Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: O
poema segue uma estrutura em eco, em que cada estrofe se resolve em si mesma e
vai se somando com as demais. A penúltima estrofe não é tão brilhante quanto as
primeiras, talvez pelo excesso de referências que prejudicou a clareza de sua
intenção. Confesso que o último verso me soou um pouco óbvio, por causa do
titulo, e raso em comparação com o restante do poema. Um verdadeiro pecado,
considerando-se todo o esforço e habilidade demonstrados no desenvolvimento do
texto.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Gostei, mas o poema perde a força no final. Ficou bem desenvolvido mas deixou a desejar no arremate.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: A
Cruz da religião toma o trono de Zeus e impera o contemporâneo. Comparação entre tempos e história com
imagens bem dispostas. Os últimos versos de cada estrofe, na repetição de uma
conclusão que traz elementos novos, é uma boa sacada na forma. Mas o verso de
conclusão do poema é contrastante à beleza da condução dos versos de
desenvolvimento, finalizando de forma rápida e sem impacto.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Assim como Cronos e outros seres mitológicos aqui referidos, Tânatos é um mito
bastante rentável na poética do ocidente, e ganha boa releitura nas letras
deste autor.
Pseudônimo:
Manoel Helder
Título:
Mítica Cartografia de um Corpo em Naufrágio
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.8
COMENTÁRIO: Um
bom poema, bem construído, com algumas imagens bastante fortes, do quilate de
“dorme uma hidra à sombra dos cabelos”. Penso que no penúltimo verso há um erro
de digitação: será “sol” no lugar de “seol”, não é isso?
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Poema que bem panoramiza o naufrágio humano da utopia no mundo moderno.
Paulo
Fodra:
NOTA: 10,0
COMENTÁRIO:
Linda colcha de retalhos de signos e significados mitológicos, costurada com
bastante cuidado. A imagem latente me fez pensar novas histórias. Se a
apropriação do tema, por um lado, parece superficial, por outro, é bastante
eficiente em criar um novo mito, o que remete novamente ao tema.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Gostei bastante. As palavras foram muito bem escolhidas. O poema soa muito bem.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: O
nível de referências do poeta é vasto – o que aqui enriquece seu poema. Um
poema sisudo, de ritmo envolvente.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Belo
poema, exímia epígrafe. Transcrevo a seguir a estrofe que para mim, como leitor
de poesia, sintetiza a beleza referida:
Morrer assim,
sozinha...
Sem carpideira
alguma a lhe tecer um canto,
sem ouro nos
alforjes, sem filhos nos seios,
sem bravo
argonauta em desvio de rota,
no rastro do
ouro das tranças desfeitas...
Pseudônimo: Per-Verso
Título:
Baco, now!
Afonso Henriques:
NOTA: 9.7
COMENTÁRIO: Essa
anarquia báquica apresenta bons momentos, mas o poema ainda precisa de alguma
carpintaria (apesar de soluções boas como a aliteração em “faunos felam-se
festivamente”). É que há versos que necessitam ser melhor considerados, pois me
parecem destoar do todo. Um exemplo é “O deus do rebuceteio diverte-se em
perverter aquilo que parece ser” (“aquilo que parece ser” enfraquece muito a
ação desse “deus do rebuceteio”: será necessário encontrar uma solução melhor
pra fortalecer o tal “deus”).
Ronaldo
Cagiano:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO:
Bebendo nas taças de Baco, o autor embriagou-se demais e quase perde o rumo de
sua nau poética, porém, vale pela explicitação do caos, também transferido à
linguagem.
Paulo
Fodra:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Nada
contra a orgia. Aqui, a abordagem depravada, tão bem aplicada em outros
contextos ao longo do certame, soou singela demais. Colocada no contexto da orgia bacante, não traz nenhuma
novidade, espanto ou choque, características tão valorosas nos outros trabalhos
do poeta. Soou apenas forçada e exagerada demais.
Tânia
Tiburzio:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: Não
gosto da abordagem do tema e das palavras escolhidas. É ruim de ler.
Marcelo
Asth:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: O
título é interessante e o tema escolhido também. Porém, deixa um pouco a
desejar nas rimas - que são muito redondas - e em suas soluções. “Atenas a
Salvador” é um verso mal engendrado. As imagens poderiam ter sido construídas
com mais densidade. Alguns momentos melhores, como: “faunos felam-se
festivamente” e outras repetições de letras e fonemas nos versos, pelo texto.
Nonato
Gurgel:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Curto o pseudônimo da autoria em sintonia com o título do poema, a epígrafe e o
tema sugerido. Sugiro corte, concisão, re-forma.
RANKING
DA 2º ETAPA (MITOLOGIA):
1º Letícia
Simões (Alice Lobo), por “ulisses,” – 58,9 pts.
2º Wender
Montenegro (Manoel Helder), por “Mítica Cartografia de um Corpo em Naufrágio” –
58,8 pts.
3º Henrique
César Cabral (Gaspar), por “Ciclope” – 58,3 pts. (maior nota: 9,9)
4º Geovani
Doratiotto (G.D), por “Caverna – São Paulo” – 58,3 pts. (maior nota: 9,8)
5º Barolo, por “Tântalo
Moderno” – 58 pts. (maior nota: 10)
6º Thiago Luz
(Jean Jacques), por “Mitologia Íntima” – 58 pts. (maior nota: 9,9)
7º Lune, por “Dia
profano” – 58 pts. (maior nota: 9,8)
8º Francisco
Ferreira (João Saramica), por “Apelo a Tânatos” – 57,9 pts.
9º Ana Lúcia
Pires (Anna Lisboa), por “O Coro do Caos” – 57,8 pts.
10º Renan Duarte
(Ocelot), por “Ao Deus dos Labirintos” – 57,2 pts.
11º Marco
Antonio Tozzato (Per-Verso), por “Baco, now!” – 57,1 pts.
12º Flávio
Machado (Dersu Uzala), por “amazonas” – 56,7 pts.
O POETA
WENDER MONTENEGRO (MANEOL HELDER) GANHOU 01 (UM) PONTO DE BONUS NA ENQUETE DA RODADA. PARABÉNS!
(OBS: Este ponto será somado apenas ao Ranking Oficial).
PARABÉNS, LETÍCIA SIMÕES (ALICE LOBO),
PELA PRIMEIRA COLOCAÇÃO NA 2º ETAPA!
PARABÉNS TAMBÉM A TODOS OS POETAS, QUE SE DEDICARAM E REALIZARAM UM BELÍSSIMO TRABALHO - TALVEZ UMA DAS RODADAS MAIS BONITAS DAS DUAS EDIÇÕES DO CONCURSO DE POESIA AUTORES S/A!
AINDA HOJE, ÀS 22 HORAS, IRÁ ACONTECER O BATE-PAPO POÉTICO NA PÁGINA DO AUTORES S/A NO FACEBOOK! EIS O LINK DA PÁGINA:
http://www.facebook.com/#!/pages/Autores-SA/229353043769403
O RANKING OFICIAL SERÁ ATUALIZADO, NA BARRA LARANJA.
ENTÃO, O QUE ACHARAM DOS RESULTADOS?
ATÉ A PRÓXIMA!
AUTORES S/A
4 comentários:
Quem espera sempre cansa.... ops... alcança... :-)
cadê os comentários dessa vez?
que silêncio!!!
Parece até que todos estão decepcionados... Anda, gente, comenta! Quero saber o que acharam do meu poema, comentem por favor.
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