sempre
considerei a música dos mutantes
superior
a dos beatles
rita
Lee infinitamente bonita
vestida
de noiva
sobre
um bolo branco de casamento
(ser
herói
ser
marginal)
assumo
pecados de cristão novo
fujo
do futuro
retorno
aos anos infantis
quando
ouvi surpreso e encantado
o
disco com capa estranha
meio
monstro
meio
árvore
caminho
no sentido contrário
através
das fotografias em preto e branco
em
pose de grupo escolar
(atrapalhado
pela conversa das duas amigas
na
estação largo do machado
invadindo
o poema
a
maneira dos órgãos de repressão
pós
ato institucional número cinco)
carrego
a caneta entre os dentes
apontando
armas
tentando
recuperar o discurso político
recriando
esperanças
lançando
bóias salva vidas
me
transformo em Torquato neto vampiro
das
areias de Copacabana
em
um filme antigo
quanto
há de passado no presente
diversas
maneiras de perceber o mundo
olhos
envelhecidos
preso
ao medo da morte
descoberta
na autópsia do próprio cadáver
assistir
pela janela
o
quarto de menino
abrigo
de revoluções e brinquedos
a
dor rasgando superficialmente a pele
deixando
impressões tatuadas
demolindo
muros
abatendo
o ódio no renascimento
sobre
o amor vazado.
Flávio
Machado
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