por quantos caminhos haveremos de
passar então? enquanto o silêncio percorre veias e cicatrizes e abre espaço
para esse desamparo lento. eu que não sei principiar o mundo com adjetivos. esqueço. e às vezes
ouso fazer a pergunta pior e me debater entre o suor frio e o medo afiado da
incompreensão. eu que mal posso dizer eu e digo, contrariando a ordem certa das
coisas indizíveis, sigo. tentando aprender
o que se quer leve e bonito, sem o peso das certezas fáceis, sem esses
ombros caídos. é tarde e o corpo já dói. mistura de vida seca que não se quer
mais na aridez dos mistérios. enquanto fujo do que é prolixo me pego às voltas
com essas repetições todas. ecos de mim,
sabe? o azul reverberando pela sala, pela casa, pela vida toda que se era,
sempre sem saber. e é quase sem querer que tenho passos quase sempre trôpegos.
as incertezas em minhas mãos fazendo cirandas. fico pintando em cores de
derrota as paredes e os ventos do quarto. e me gabarito na hesitação. mas se é sem
fim a noite e já não há mais festa cabível, o que se há que fazer além de
habituar-se? há que trocar as roupas então, refazer cama rima corpo e pele,
semente. se despir dos medos e dos velhos modos. beijar a vida assim crua que
vai se abrindo. se abrindo se abrindo. nessa
reinvenção diária de todas as versões do que vou sendo. mesmo sem me saber bem.
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