Eliminado.
Data de Nascimento:
26/06/1968
Cidade:
Betim, MG
Profissão:
Proprietário de barGosto literário:
Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Guimarães Rosa.
Partido Político:
Não possui.
O que significa vencer este concurso?
Para Alan de Longe, a vitória neste concurso significaria reconhecimento.
O que o tempo representa para Alan de Longe?
Embora mera ilusão criada pelos homens para medir o imensurável, é infalível em nos tornar perigosamente mortais. Um conceito tão finito e perene que nos transforma (a tudo e a todos) em finitos, breves e efêmeros.Poema n°1 (pré seleção): Dilema
Como escrever poesia
ante as obrigações do dia-a-dia,
que nos vergastam com seus açoites
e se há também as obrigações das noites?
Como escrever poesia
se há que se ganhar o pão de cada dia,
com o essencial suor de cada rosto
e se há os gases, as dores e o desgosto?
Como escrever poesia
se se tem o trabalho que abençoa o dia,
os desejos de hoje, sempre e de outrora
e a dinâmica do passar das horas?
Como escrever poesia
se o cantar do galo anuncia o dia,
o despertador intermitente no horário
e a eterna defasagem do salário?
Como escrever poesia
se, a cada dia, é menos um dia,
se me aperta o sapato que calço
e a morte a espreita, no encalço?
Como escrever poesia
havendo a nostalgia do transcorrer dos dias,
mas se, somente ela me alivia,
como não escrever poesia?
Poema nº 2 (Top 17 - O Velho e o Tempo): Quinquagésimo ano
Tanto mais me aproximo dos “cinquenta”,
mais turvados vejo meus horizontes;
a vida, como o sol, por traz dos montes.
em tom de crepúsculos se apresenta.
E a este temor sombrio se me acrescenta
esvaírem os dias quais águas nas fontes,
Que jamais retornarão às mesmas pontes,
Tanto mais me aproximo dos "cinquenta”.
Decerto, que melhor vivo e senil,
que vir a perecer na juventude.
Mas a idade traz desventuras mil
pois já não gozo um sorriso tão amiúde,
da alentada esperança juvenil
e me avisinho, dia a dia, do ataúde.
Poema nº 3 (Top 15 - Haicais): Gato Matreiro
Poema nº 3 (Top 15 - Haicais): Gato Matreiro
Chuva no telhado.
A um canto, ronronar suave,
Preguiça de gato.
Poema nº 4 (Top 13 - Crítica Social): Operariado
A vida é curta
para dias tão longos
de noites brevíssimas...
O peso do cansaço
tenta abotoar meus olhos
de pálpebras flácidas
mas, trabalhar é preciso!
A mulher com boca de capataz
esgoela: “Carpe Diem!”
Vou carpindo minha sina
de cavalo cansado
escoiceando esta vida
para garantir os puros-sangues
do patrão – haras e harém –,
cavoucando míseros trocados
que “Seu” Político
apelidou de salário.
Melhor recebê-los em sal
para temperar a lida diária
embora “Seu” Doutor
tenha proibido.
A fome bate á porta,
o despejo ronda o barraco,
a doença invade em várias frentes
e a esperança desbotada
já se mudou par debaixo do viaduto.
Então crio coragem
e envergando a couraça da cachaça
vou à luta
em noites brevíssimas
de dias tão longos
para vida tão curta.
Poema nº 5 (Top 11 - O Sertão): Sertão e Assombração
Sertão para ser sertão
tem de ter assombração.
À luz tremeluzente da lamparina
o vestido de chita pendurado
anima fantasmas nas paredes
e horrorizam meus olhos miúdos
de menino medroso:
_Mãe, tem sombração!
As galhas da gameleira
gemem o choro de Negro-Velho
firmando ponto à meia-noite
banzo, chibatas e saudades...
Arrastando suas correntes
na procura do ouro enterrado
aos olhos do patrão!
No mourão da porteira, o curiango avisa:
_”Amanhã eu vou!”
Agourando a sina da gente.
Nas pedras à beira do curral
a mula-sem-cabeça arrasta os cascos ferrados
em movimentos fantasmagóricos
de virgem namorada de padre.
No chiqueiro, o lobisomem
misturando-se aos porcos, rói o coxo vazio
com dentes do “cujo”, de “coisa-ruim”.
Nas cozinhas o saci assopra as saias de Sinhá
salga a comida e ainda cisma
de fazer traquinagens no cabelo da negrinha, Minha Fulô,
primeiro bem-querer de menino da roça.
Nas encruzilhadas e bocas da mata,
passeiam porcas de pintainhos e galinhas de leitões,
(castigo de mulher da vida)
e outras avantesmas de menor grau.
Sertão de luz elétrica, automóvel e parabólica
não tem sertão, é periferia, zona rural!
Pois para ser sertão, à vera,
sertão tem de ter assombração!
Poema nº 6 (Top 9 - Poema baseado em imagem): Impassividade
As portas fechadas
os denunciam. Eles observam
atentos e insensíveis.
Consciências ocas
e ouvidos moucos.
A grita dos desgraçados
perde-se nas sarjetas sujas, abandonada.
O gelo da indiferença
deixa rastros,
de sangue é o rastro dos joelhos e pés.
Amálgama de pó e lágrimas.
Ruas desertas delatam:
encastelados,
olhos sequiosos bebem os passos,
o suor e o lastro
daqueles cujo fardo
é arrastar o peso
da cultura cristã ocidental
de pecados, dogmas e códigos.
No fim, o inferno
e o diabo à espreita.
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