Ana Lucia despediu-se do marido, que saía para o seu árduo trabalho. Seus dias geralmente eram intranqüilos em relação a segurança dele. Não obstante a grande experiência que ele já possuía na área – dez anos de ofício – ela sentia seu corpo estremecer, toda manhã, após o beijo de despedida. Beijava-o como se fosse a última vez. Sozinha, ela ia diretamente até o bar que havia na sua sala, e enchia um copo de uísque, virando-o de uma só vez goela abaixo. Aliviava-se. Procurava o que fazer. Naquela manhã ela foi acessar a Internet. Pensara muito nos amigos que já não via a algum tempo. Estudar na ausência deles já não era prazeroso.
Acessou o seu orkut, e foi direto na home de Ariano. Deixou-lhe um recado, perguntando como estava, o porque de não ter escrito no jornal no dia anterior, e quando voltaria às aulas. Deu uma espiada nas comunidades do garoto, admirando o quão culto ele era. A maior parte das comunidades a que era adepto se tratava de escritores, renomados ou não, filósofos, pinturas, mpb... “Preciso ir acostumando meu filho com uma cultura dessas”, pensou ela, em devaneio, tendo Ariano como protagonista dos seus pensamentos, suas ilusões.
O próximo perfil acessado foi o de Euclides. Em sua página de recados, ela deixa um recado semelhante ao que deixou a Ariano. Exatamente como fez no perfil de Ariano, ela, curiosamente, bisbilhota as comunidades de Euclides.
E nota algo estranho...
Percebe que já tinha visto aquelas comunidades, recentemente... Há poucos minutos...
Ela acessa todas as comunidades de Euclides. Em seguida, retorna as comunidades de Ariano...
-Não pode ser... As mesmas comunidades. Todas, o mesmo número, tudo idêntico!
Ana Lucia chega a soltar um sorriso surpreso. Uma surpresa que se dividia entre o orgulho e a estranheza. “Ninguém pode ser tão igual assim”, pensou ela. “Esses meninos são loucos”.
Primeiramente, imaginou ser uma gozação. “Eles combinaram isso, esses dois...” Mas aos poucos, outros pensamentos foram tomando conta da sua mente. Sentiu que poderia haver uma competição surda ali. Mas não sabia de onde partia. Não tinha idéia de quem copiara quem. A quem desejavam impressionar. Um ou outro. Ou ambos. Já não sabia mais de nada. Estava confusa. Fechou o orkut, levantou-se daquela cadeira de rodinhas e retornou para o bar. Mais um copo de uísque. Brindou consigo mesma. Um brinde ao mundo real.
No jornal, Haroldo pediu que todos se dispersassem, e fossem administrar suas funções. Alguns ainda foram prestar condolências a Euclides, que permaneceu sentado, dissimulando um grande abatimento.
-Caiu da escada... Como pode isso... – Diz ele, a Haroldo.
-Não acha melhor ir para casa, Euclides? Eu posso pedir a alguém que te leve.
-Não, não é necessário. Eu só vou dar mais um tempo aqui, refrescar a cabeça, e irei.
-Mas não deixe de ligar para sua mãe. Ela parecia preocupada com você.
Ao ouvir aquelas palavras, Euclides quase abre um sorriso de satisfação em meio a toda tristeza que representava. “Preocupada comigo...”
-Deixa eu retomar meu trabalho. Meu dever com você foi cumprido. Seja forte, apóie seus pais.
-Obrigado, Haroldo. Fazer o que você fez, não é pra qualquer um.
-Por nada. Não sou médico não, mas já dei muita notícia de morte. Me sinto um papa defunto às vezes. – Brincou, quebrando um pouco o clima lutuoso. – Qualquer coisa, chame por alguém.
-Fique tranqüilo, me sinto bem.
Haroldo se afasta de Euclides. Neste momento, quem se aproxima dele é Lia Neide.
-Euclides, acabei de saber lá na minha sala. Sinto muito. – Lamenta ela.
-Bem que hoje ao acordar eu me senti tão... Estranho, sabe? A morte é muito viva entre nós. Caiu da escada... Eu não posso acreditar...
-Nossa... Que coisa horrível, não gosto nem de pensar. E logo dessa forma você ficou sabendo da notícia, aqui em seu ambiente de trabalho. Foi muito desagradável. O Haroldo podia te poupar dessa situação.
-Que nada, eu saberia mais cedo ou mais tarde... Ele fez bem. Pelo menos agora não levarei o baque lá em casa. Já vou chegar preparado.
-Você já entrou em contato com seus familiares?
-Não, não... Nem tem como agora, meu celular está descarregado.
-Não seja por isso. Venha até a minha sala, use o telefone de lá.
Lia lhe estendeu a mão, prestativa. Quando ficava diante do sofrimento de quaisquer pessoas, buscava ajudar de todas as maneiras possíveis. Sua generosidade era maior do que sua angústia. Era capaz de doar todas as suas forças pelo bem alheio, esquecendo-se de que, antes de viver a vida dos outros, era preciso viver a sua.
Euclides a admirou por alguns segundos, e segurou em sua mão. Ele se levanta da cadeira, e penetra seu olhar no semblante de Lia, que por sua vez, esquiva os olhos.
-Vem... Ta olhando o que? – Indaga ela, com a certeza de que ele estava a admirando.
-Por que não olha para mim para saber?
Ela solta sua mão.
-Vem, seus pais precisam de notícias suas.
Lia avança até a sua sala, enquanto Euclides a segue. Julia o observa entrar na sala de Lia.
-O que ele foi fazer lá?... – Pergunta-se ela.
Lia fecha a porta de sua sala.
-Pronto. Pode fazer sua ligação.
-Eu agradeço.
Euclides se senta na cadeira da mesa de Lia, e começa a discar alguns números. Ele digita números desconhecidos, e começa a fingir um diálogo com a mãe.
-Oi mãe. Já sei de tudo... – Demonstrando muita tristeza – Eu to bem, ok? Não se preocupa comigo não... Daqui a pouco estarei em casa.
Ele dá uma pausa, e prossegue:
-O enterro será hoje mais tarde? Nossa... Meu Deus, mãe. Desculpa não te atender, mas meu celular estava descarregado, eu dormi na casa de um amigo e... Ah, depois conversamos melhor.
Ele dá uma nova pausa.
-Está bem. E o papai, como está?
-...
-Menos mal. Fique bem, eu já vou chegar.
-...
-Também te amo.
Euclides desliga, levando as mãos ao rosto, a um suspiro carregado.
-Sua avó... Ela tinha que idade?
-Oitenta e dois anos. Velhinha, né? Mas era resistente que só vendo... A ficha ainda não caiu. Tanto que falávamos a ela: cuidado com a escada!
-Tadinha... Que fatalidade. A gente que sonha sempre em morrer dormindo, não é? Minha mãe que vive dizendo isso.
-Eu não sonho em morrer assim. Eu quero sentir a morte tomando meu corpo. Quero estar alerta, desperto, e não dormindo. Tenho muita curiosidade em saber como ela invade nosso corpo, nossa alma. Morrer dormindo... Nada mais é do que o chá da madrugada entre as duas amigas mortes. Dormir também é uma espécie de morte, não concorda?
-É... Nossa, como você viajou agora... – Sorri , pasma – Você pretende ir para casa sozinho? Tem condições?
-Tenho. Eu pego um táxi, dou um jeito. Agradeço sua preocupação. Você é uma menina muito meiga, sabia?
Lia inclina a cabeça, envaidecida; ela remexe em alguns papéis sobre sua mesa, enquanto é observada meticulosamente por Euclides.
-Obrigada...
-Eu te vi lá embaixo. Presenciei tudo o que aconteceu, Lia.
Ela leva um susto, olhando instantaneamente para Euclides.
-Viu?!
-Estava chegando. Aquele que é o tal do...
-Adalberto. Ai meu Deus, era só o que faltava. Você viu tudo, tudo mesmo?
-O beijo... Foi demorado para quem não quer nada mais.
-Ele me agarrou a força, se viu tudo, sabe disso! – Esbravejou ela.
-Ei, calma... Eu sei disso. Só acho que... Você gostou. Deu confiança a ele.
-Nada disso. Ele fica me importunando, dia e noite. Não sei mais o que fazer...
Eles fazem um lacônico silencio. Euclides a olha com um riso cínico nos lábios.
-O que foi, ta com essa cara porque? – Indaga ela.
-Você ainda o ama. Está na cara, Lia Neide.
-Ah! – Ela ri, confusa – Amo o Adalberto? Você está achando coisa demais.
-Eu não estou achando. Tenho certeza.
-Euclides, a sua avó morreu, e você querendo discutir um assunto desses agora!
-Estou querendo te ajudar. Vejo que está confusa. Mas no fundo, sabe quem ama. É o ex.
Ela ameaça rebatê-lo novamente, mas não chega a completar uma palavra. Hesita, e só depois diz:
-Ai, pode ser que sim...
-Sabia.
-Por que tem tanto interesse em saber isso?
-Porque eu gosto de você. Como amiga, claro.
-Sei...
-Se ele te maltratou de alguma forma, dê o fora desse cara.
-Mas está muito recente ainda e... Sei lá, ele me balança muito, essa é a verdade. Nossa, em questão de dois minutos você me fez contar coisas que não conto nem às minhas amigas mais íntimas.
-Se me conta, é porque confia em mim.
-É, pode ser... Você inspira confiança mesmo.
-E transpiro também! – Ele sorri.
-Você jura que não isso para ninguém?
-Lógico que não. Por que eu contaria? E para quem?
-É, bobagem minha... Ah, ontem recebi seu recado. Adorei seu texto.
-Sério? – Ele abre um largo sorriso – Ganhei um dia que estava perdido.
-Fala sério. Sua avó morreu, garoto.
-E só por causa disso eu tenho que ficar chorando pelos cantos o resto do dia? Eu não sou muito de chorar. As vezes eu quero muito chorar, mas não sei... Me sinto seco de lágrimas.
-Você é doido. Quanto a poesia, você acha mesmo que pode ser publicada? Por mim, tudo bem!
-Claro que acho. Aliás... Eu quero te falar mais uma coisa a respeito dessa poesia. É algo meio desagradável, mas... Você tem o direito de saber, Lia.
Lia se senta numa das extremidades da mesa.
-Vai, conta.
-O Ariano... Ele é apaixonado por você, e você sabe disso, não sabe?
-Ah, sim... O Ariano... Eu sei. – Ela consente, lamuriosa.
-Ele me pediu a autoria da poesia emprestada. Para enviá-la a você.
-Como? Não entendi...
-Ele leu minha poesia, conforme te disse pela mensagem. E gostou tanto que pensou em enviá-la para você como se ele tivesse escrito. Para impressionar você.
-Não pode ser, o Ariano? Ele não precisava tomar essa atitude! – Perplexa.
-Mas tomou. Eu insisti, tentei enrolar ele, dizendo que era melhor não, enfim... Mas ele ameaçou até mesmo terminar nossa amizade por conta disso. Eu tive que conceder. Depois, me arrependi, pois sei que você conhece a poesia, e iria desmascará-lo facilmente. Mas como eu gosto dele, e também de você, não quero criar uma situação chata entre ambos. Agora você já sabe, e queria te pedir uma coisa.
-O que?...
-Não conte nada a ele. Finja que não sabe de absolutamente nada. Por que se ele suspeitar que te contei... Ele nunca mais olha na minha cara.
-Mas ele está errado!
-Eu sei, mas faça isso por mim. Eu te peço. Finja que gostou. Além do mais, ele não anda muito bem da cabeça depois daquele acidente... Só ia fazer piorar se ele sofresse esse impacto.
Lia abaixa a cabeça, pensativa, embasbacada.
-Não esperava isso do Ariano, não mesmo... Ele escreve tão bem! Nossa... Eu odeio mentiras e omissões. Mas vou quebrar esse galho pela amizade de vocês. Não quero causar atrito entre os dois.
-Obrigado, Lia. Você é um anjo, de verdade.
Euclides lança mais um olhar penetrante em Lia, que desvia o olhar, como era de costume.
-Euclides... Sua avó morreu, você precisa ir para casa... – Recorda a jovem.
-É, você está certa. Já fiquei tempo demais aqui... Mas antes, você podia pegar um cafezinho pra gente? Minha cabeça ainda está um pouco atordoada, um café é bom pra despertar. Faz esse favor?
-Claro!
Mal ele termina de falar, ela já se levanta e se dirige a mesa onde se encontrava a cafeteira, no outro extremo da sala. De costas para Euclides, Lia desligava a cafeteira para encher os copinhos de plástico com café.
Euclides olha para a mesa de Lia. Ali se encontravam alguns utensílios pessoais de Lia, como sua bolsa, agenda, uma cartela com comprimidos relaxantes, seu celular, além dos papéis e do computador...
Lia termina de encher cuidadosamente os copinhos com o café morno e se vira para Euclides, indo servi-lo.
-Eis o café. Beba, vai se sentir melhor. Mas não está quente.
-Não tem problema...
Euclides vira rapidamente o café.
-Eu ficaria mais tempo com você, enrolando... Minha vontade é ficar aqui até amanhã... Enfrentar essas coisas de funeral, luto, isso é péssimo.
-Eu entendo. Passei por isso recentemente... Lembro todo santo dia. Mas precisa ser encarado, não é mesmo? – Ela beberica seu café.
-É. Obrigado mais uma vez, pela força, pela paciência, e pelo café, lógico.
Eles sorriem.
-Agora eu vou indo.
-Te acompanho.
-Não precisa.
-Precisa sim! – Ela insiste.
Eles saem da sala. Lia acompanha Euclides até a saída do jornal.
-Vai com Deus. Força, viu?
-Obrigado. Te devo essa, Lia.
-Não deve nada.
Ele beija Lia Neide no rosto, que maquinalmente dá um passo atrás. Ambos sem graça, se despedem. Euclides deixa a redação.
Desce tranqüilamente de elevador, despede-se do porteiro e, descontraído, pede um táxi na esquina mais próxima.
-Toca pra Copacabana, ele ordena, já no táxi.
-É pra já, moço.
Sentado no banco de trás do veículo, Euclides dá uma gargalhada sinistra, chamando a atenção do taxista, que o olha com estranheza pelo retrovisor. Euclides mete a mão no bolso da calça e puxa um celular de capa rosa...
-Eu sou um gênio.
O taxista balança a cabeça negativamente enquanto dirige.
-Pois bem, pois bem... Agora é hora de pôr o plano em prática. Um plano de última hora... Vamos ver se dará certo. – Ele sussurra para si, enquanto manuseia o celular de Lia Neide.
Ele acessa a lista de contatos de Lia. Lá, encontra de cara o nome e o número de quem precisava.
-Adalberto, hehe. – Ele ri.
Euclides opta por enviar uma mensagem de texto a Adalberto, que dizia assim:
“Oi, querido... Queria me desculpar, por hj... Tenho que confssar, ñ tem jeito: sou louca por vc ainda. Aquele bj foi maravilhoso... E pra me desculpar, por tudo, e tbm pra simbolizar nossa reconciliação, quero te fzer um convite... Irrecusável. Me encontre amanhã, às cinco hs. da madrugada, na praia do Leblon. Ñ se assuste com o horário, nem com o local... Será uma surpresa inesquecível, a realização de um sonho que smpre tive. Não falte, e ñ me faça perguntas. Bjs, louca por vc.”
Euclides envia a mensagem.
“Mensagem enviada”.
Cinco minutos depois, o celular começa a tocar. Era Adalberto. Euclides não atende. Adalberto, insatisfeito, envia uma mensagem.
-“Amor da minha vida, eu sbia que ainda me desejava. Na praia? Rsrs Q fogo é esse de repente? Mas vou respeitar, não farei perguntas. Será a noite mais feliz das nossas vidas. Bjs, ansioso, te amo”.
Euclides sorri, e diz:
-Perfeito otário. Será a noite mais feliz das nossas vidas... Pelo menos a minha, será.
No jornal, meia hora depois, Lia procura pelo seu celular.
-Tenho certeza que o deixei aqui, não é possível ele sumir desse jeito... – Dizia ela, desesperada, revirando tudo na mesa.
Neste momento, Julia entra em sua sala.
-Lia, eu queria te pedir um favor...
Lia mal dá atenção a Julia.
-O que houve?
-Meu celular! Eu o perdi, já procurei nas outras salas que fui, e nada de achar.
-Como você perde um celular assim, menina? Já olhou direito na bolsa?
-Já, claro. Revirei tudo.
-Liga para o número do celular. Fará barulho, você irá encontrá-lo.
-Acha que já não fiz isso? Chama, chama, e nada.
-Você não o esqueceu em algum local público?
-Eu tenho certeza que o trouxe para cá, Julia!
Julia coça a cabeça, pensativa.
-Quem entrou na sua sala hoje, Lia? – Pergunta, capciosamente.
-Como??
-Quem entrou aqui hoje?
Lia cessa a procura, respira fundo e responde:
-Só o Euclides... É, só ele mesmo.
Julia bate com as palmas das mãos nas pernas.
-Pronto!
-Pronto o que? Você acha que...
-Claro, Lia! Você foi roubada!
-Roubada, ficou maluca? Eu conversei pouco com ele, o tempo todo! Ele, ele estava mal até, coitado...
-O que ele veio fazer em sua sala num momento daqueles?
-Ele veio telefonar pra mãe dele!
-Ele não tem celular?
-Tem, mas estava descarregado, ele disse... Ah, Julia, que suspeita idiota é essa agora?
-Suspeita idiota? É assim que fala comigo?
-Ai, me desculpa, é que to nervosa... E você ainda fica dizendo coisas sem fundamento.
-Pois então encontre seu celular sozinha. Já vi que meu auxílio será idiota e desnecessário.
Julia já ia saindo quando se detém, e diz:
-Outra coisa: não confie de olhos fechados nas pessoas. Quando se acalmar, venha até minha sala.
E bate a porta.
Já eram tres da tarde. Ariano ainda não tinha se levantado. Dormia em sono profundo... Arlete e Walter estavam preocupados com o filho, e telefonaram para o médico. O médico pediu que verificassem se Ariano havia ingerido a quantidade correta do medicamento.
Arlete conferiu a cartela de comprimidos, e, nervosa, não conseguiu enxergar o obvio. Somente Walter, mais calmo, pôde notar.
-Ei, Arlete. O Ariano começou a tomar esse remédio ontem. Um comprimido por dia. Como pode estar faltando três comprimidos?
Arlete caiu em si, e concordou com o marido.
-Minha nossa... Ele ingeriu dois comprimidos de uma só vez, só pode ter sido isso.
-Por que ele faria isso? O Ariano é um menino responsável com essas coisas.
-Eu sei, eu sei... Que sensação esquisita... – Disse ela, arrepiada.
-O que foi, Arlete?
-Aquele amigo do Ariano, o Euclides. Ele dormiu aqui. Passou uma coisa pela minha cabeça.
-Você acha que ele fez isso? Dissolveu mais um comprimido na água?
-Pode ser... Não sei. Mas seja o que for, eu vou descobrir. Quando o Ariano acordar, eu vou descobrir tudo. – Afirma ela, convicta.
Acessou o seu orkut, e foi direto na home de Ariano. Deixou-lhe um recado, perguntando como estava, o porque de não ter escrito no jornal no dia anterior, e quando voltaria às aulas. Deu uma espiada nas comunidades do garoto, admirando o quão culto ele era. A maior parte das comunidades a que era adepto se tratava de escritores, renomados ou não, filósofos, pinturas, mpb... “Preciso ir acostumando meu filho com uma cultura dessas”, pensou ela, em devaneio, tendo Ariano como protagonista dos seus pensamentos, suas ilusões.
O próximo perfil acessado foi o de Euclides. Em sua página de recados, ela deixa um recado semelhante ao que deixou a Ariano. Exatamente como fez no perfil de Ariano, ela, curiosamente, bisbilhota as comunidades de Euclides.
E nota algo estranho...
Percebe que já tinha visto aquelas comunidades, recentemente... Há poucos minutos...
Ela acessa todas as comunidades de Euclides. Em seguida, retorna as comunidades de Ariano...
-Não pode ser... As mesmas comunidades. Todas, o mesmo número, tudo idêntico!
Ana Lucia chega a soltar um sorriso surpreso. Uma surpresa que se dividia entre o orgulho e a estranheza. “Ninguém pode ser tão igual assim”, pensou ela. “Esses meninos são loucos”.
Primeiramente, imaginou ser uma gozação. “Eles combinaram isso, esses dois...” Mas aos poucos, outros pensamentos foram tomando conta da sua mente. Sentiu que poderia haver uma competição surda ali. Mas não sabia de onde partia. Não tinha idéia de quem copiara quem. A quem desejavam impressionar. Um ou outro. Ou ambos. Já não sabia mais de nada. Estava confusa. Fechou o orkut, levantou-se daquela cadeira de rodinhas e retornou para o bar. Mais um copo de uísque. Brindou consigo mesma. Um brinde ao mundo real.
No jornal, Haroldo pediu que todos se dispersassem, e fossem administrar suas funções. Alguns ainda foram prestar condolências a Euclides, que permaneceu sentado, dissimulando um grande abatimento.
-Caiu da escada... Como pode isso... – Diz ele, a Haroldo.
-Não acha melhor ir para casa, Euclides? Eu posso pedir a alguém que te leve.
-Não, não é necessário. Eu só vou dar mais um tempo aqui, refrescar a cabeça, e irei.
-Mas não deixe de ligar para sua mãe. Ela parecia preocupada com você.
Ao ouvir aquelas palavras, Euclides quase abre um sorriso de satisfação em meio a toda tristeza que representava. “Preocupada comigo...”
-Deixa eu retomar meu trabalho. Meu dever com você foi cumprido. Seja forte, apóie seus pais.
-Obrigado, Haroldo. Fazer o que você fez, não é pra qualquer um.
-Por nada. Não sou médico não, mas já dei muita notícia de morte. Me sinto um papa defunto às vezes. – Brincou, quebrando um pouco o clima lutuoso. – Qualquer coisa, chame por alguém.
-Fique tranqüilo, me sinto bem.
Haroldo se afasta de Euclides. Neste momento, quem se aproxima dele é Lia Neide.
-Euclides, acabei de saber lá na minha sala. Sinto muito. – Lamenta ela.
-Bem que hoje ao acordar eu me senti tão... Estranho, sabe? A morte é muito viva entre nós. Caiu da escada... Eu não posso acreditar...
-Nossa... Que coisa horrível, não gosto nem de pensar. E logo dessa forma você ficou sabendo da notícia, aqui em seu ambiente de trabalho. Foi muito desagradável. O Haroldo podia te poupar dessa situação.
-Que nada, eu saberia mais cedo ou mais tarde... Ele fez bem. Pelo menos agora não levarei o baque lá em casa. Já vou chegar preparado.
-Você já entrou em contato com seus familiares?
-Não, não... Nem tem como agora, meu celular está descarregado.
-Não seja por isso. Venha até a minha sala, use o telefone de lá.
Lia lhe estendeu a mão, prestativa. Quando ficava diante do sofrimento de quaisquer pessoas, buscava ajudar de todas as maneiras possíveis. Sua generosidade era maior do que sua angústia. Era capaz de doar todas as suas forças pelo bem alheio, esquecendo-se de que, antes de viver a vida dos outros, era preciso viver a sua.
Euclides a admirou por alguns segundos, e segurou em sua mão. Ele se levanta da cadeira, e penetra seu olhar no semblante de Lia, que por sua vez, esquiva os olhos.
-Vem... Ta olhando o que? – Indaga ela, com a certeza de que ele estava a admirando.
-Por que não olha para mim para saber?
Ela solta sua mão.
-Vem, seus pais precisam de notícias suas.
Lia avança até a sua sala, enquanto Euclides a segue. Julia o observa entrar na sala de Lia.
-O que ele foi fazer lá?... – Pergunta-se ela.
Lia fecha a porta de sua sala.
-Pronto. Pode fazer sua ligação.
-Eu agradeço.
Euclides se senta na cadeira da mesa de Lia, e começa a discar alguns números. Ele digita números desconhecidos, e começa a fingir um diálogo com a mãe.
-Oi mãe. Já sei de tudo... – Demonstrando muita tristeza – Eu to bem, ok? Não se preocupa comigo não... Daqui a pouco estarei em casa.
Ele dá uma pausa, e prossegue:
-O enterro será hoje mais tarde? Nossa... Meu Deus, mãe. Desculpa não te atender, mas meu celular estava descarregado, eu dormi na casa de um amigo e... Ah, depois conversamos melhor.
Ele dá uma nova pausa.
-Está bem. E o papai, como está?
-...
-Menos mal. Fique bem, eu já vou chegar.
-...
-Também te amo.
Euclides desliga, levando as mãos ao rosto, a um suspiro carregado.
-Sua avó... Ela tinha que idade?
-Oitenta e dois anos. Velhinha, né? Mas era resistente que só vendo... A ficha ainda não caiu. Tanto que falávamos a ela: cuidado com a escada!
-Tadinha... Que fatalidade. A gente que sonha sempre em morrer dormindo, não é? Minha mãe que vive dizendo isso.
-Eu não sonho em morrer assim. Eu quero sentir a morte tomando meu corpo. Quero estar alerta, desperto, e não dormindo. Tenho muita curiosidade em saber como ela invade nosso corpo, nossa alma. Morrer dormindo... Nada mais é do que o chá da madrugada entre as duas amigas mortes. Dormir também é uma espécie de morte, não concorda?
-É... Nossa, como você viajou agora... – Sorri , pasma – Você pretende ir para casa sozinho? Tem condições?
-Tenho. Eu pego um táxi, dou um jeito. Agradeço sua preocupação. Você é uma menina muito meiga, sabia?
Lia inclina a cabeça, envaidecida; ela remexe em alguns papéis sobre sua mesa, enquanto é observada meticulosamente por Euclides.
-Obrigada...
-Eu te vi lá embaixo. Presenciei tudo o que aconteceu, Lia.
Ela leva um susto, olhando instantaneamente para Euclides.
-Viu?!
-Estava chegando. Aquele que é o tal do...
-Adalberto. Ai meu Deus, era só o que faltava. Você viu tudo, tudo mesmo?
-O beijo... Foi demorado para quem não quer nada mais.
-Ele me agarrou a força, se viu tudo, sabe disso! – Esbravejou ela.
-Ei, calma... Eu sei disso. Só acho que... Você gostou. Deu confiança a ele.
-Nada disso. Ele fica me importunando, dia e noite. Não sei mais o que fazer...
Eles fazem um lacônico silencio. Euclides a olha com um riso cínico nos lábios.
-O que foi, ta com essa cara porque? – Indaga ela.
-Você ainda o ama. Está na cara, Lia Neide.
-Ah! – Ela ri, confusa – Amo o Adalberto? Você está achando coisa demais.
-Eu não estou achando. Tenho certeza.
-Euclides, a sua avó morreu, e você querendo discutir um assunto desses agora!
-Estou querendo te ajudar. Vejo que está confusa. Mas no fundo, sabe quem ama. É o ex.
Ela ameaça rebatê-lo novamente, mas não chega a completar uma palavra. Hesita, e só depois diz:
-Ai, pode ser que sim...
-Sabia.
-Por que tem tanto interesse em saber isso?
-Porque eu gosto de você. Como amiga, claro.
-Sei...
-Se ele te maltratou de alguma forma, dê o fora desse cara.
-Mas está muito recente ainda e... Sei lá, ele me balança muito, essa é a verdade. Nossa, em questão de dois minutos você me fez contar coisas que não conto nem às minhas amigas mais íntimas.
-Se me conta, é porque confia em mim.
-É, pode ser... Você inspira confiança mesmo.
-E transpiro também! – Ele sorri.
-Você jura que não isso para ninguém?
-Lógico que não. Por que eu contaria? E para quem?
-É, bobagem minha... Ah, ontem recebi seu recado. Adorei seu texto.
-Sério? – Ele abre um largo sorriso – Ganhei um dia que estava perdido.
-Fala sério. Sua avó morreu, garoto.
-E só por causa disso eu tenho que ficar chorando pelos cantos o resto do dia? Eu não sou muito de chorar. As vezes eu quero muito chorar, mas não sei... Me sinto seco de lágrimas.
-Você é doido. Quanto a poesia, você acha mesmo que pode ser publicada? Por mim, tudo bem!
-Claro que acho. Aliás... Eu quero te falar mais uma coisa a respeito dessa poesia. É algo meio desagradável, mas... Você tem o direito de saber, Lia.
Lia se senta numa das extremidades da mesa.
-Vai, conta.
-O Ariano... Ele é apaixonado por você, e você sabe disso, não sabe?
-Ah, sim... O Ariano... Eu sei. – Ela consente, lamuriosa.
-Ele me pediu a autoria da poesia emprestada. Para enviá-la a você.
-Como? Não entendi...
-Ele leu minha poesia, conforme te disse pela mensagem. E gostou tanto que pensou em enviá-la para você como se ele tivesse escrito. Para impressionar você.
-Não pode ser, o Ariano? Ele não precisava tomar essa atitude! – Perplexa.
-Mas tomou. Eu insisti, tentei enrolar ele, dizendo que era melhor não, enfim... Mas ele ameaçou até mesmo terminar nossa amizade por conta disso. Eu tive que conceder. Depois, me arrependi, pois sei que você conhece a poesia, e iria desmascará-lo facilmente. Mas como eu gosto dele, e também de você, não quero criar uma situação chata entre ambos. Agora você já sabe, e queria te pedir uma coisa.
-O que?...
-Não conte nada a ele. Finja que não sabe de absolutamente nada. Por que se ele suspeitar que te contei... Ele nunca mais olha na minha cara.
-Mas ele está errado!
-Eu sei, mas faça isso por mim. Eu te peço. Finja que gostou. Além do mais, ele não anda muito bem da cabeça depois daquele acidente... Só ia fazer piorar se ele sofresse esse impacto.
Lia abaixa a cabeça, pensativa, embasbacada.
-Não esperava isso do Ariano, não mesmo... Ele escreve tão bem! Nossa... Eu odeio mentiras e omissões. Mas vou quebrar esse galho pela amizade de vocês. Não quero causar atrito entre os dois.
-Obrigado, Lia. Você é um anjo, de verdade.
Euclides lança mais um olhar penetrante em Lia, que desvia o olhar, como era de costume.
-Euclides... Sua avó morreu, você precisa ir para casa... – Recorda a jovem.
-É, você está certa. Já fiquei tempo demais aqui... Mas antes, você podia pegar um cafezinho pra gente? Minha cabeça ainda está um pouco atordoada, um café é bom pra despertar. Faz esse favor?
-Claro!
Mal ele termina de falar, ela já se levanta e se dirige a mesa onde se encontrava a cafeteira, no outro extremo da sala. De costas para Euclides, Lia desligava a cafeteira para encher os copinhos de plástico com café.
Euclides olha para a mesa de Lia. Ali se encontravam alguns utensílios pessoais de Lia, como sua bolsa, agenda, uma cartela com comprimidos relaxantes, seu celular, além dos papéis e do computador...
Lia termina de encher cuidadosamente os copinhos com o café morno e se vira para Euclides, indo servi-lo.
-Eis o café. Beba, vai se sentir melhor. Mas não está quente.
-Não tem problema...
Euclides vira rapidamente o café.
-Eu ficaria mais tempo com você, enrolando... Minha vontade é ficar aqui até amanhã... Enfrentar essas coisas de funeral, luto, isso é péssimo.
-Eu entendo. Passei por isso recentemente... Lembro todo santo dia. Mas precisa ser encarado, não é mesmo? – Ela beberica seu café.
-É. Obrigado mais uma vez, pela força, pela paciência, e pelo café, lógico.
Eles sorriem.
-Agora eu vou indo.
-Te acompanho.
-Não precisa.
-Precisa sim! – Ela insiste.
Eles saem da sala. Lia acompanha Euclides até a saída do jornal.
-Vai com Deus. Força, viu?
-Obrigado. Te devo essa, Lia.
-Não deve nada.
Ele beija Lia Neide no rosto, que maquinalmente dá um passo atrás. Ambos sem graça, se despedem. Euclides deixa a redação.
Desce tranqüilamente de elevador, despede-se do porteiro e, descontraído, pede um táxi na esquina mais próxima.
-Toca pra Copacabana, ele ordena, já no táxi.
-É pra já, moço.
Sentado no banco de trás do veículo, Euclides dá uma gargalhada sinistra, chamando a atenção do taxista, que o olha com estranheza pelo retrovisor. Euclides mete a mão no bolso da calça e puxa um celular de capa rosa...
-Eu sou um gênio.
O taxista balança a cabeça negativamente enquanto dirige.
-Pois bem, pois bem... Agora é hora de pôr o plano em prática. Um plano de última hora... Vamos ver se dará certo. – Ele sussurra para si, enquanto manuseia o celular de Lia Neide.
Ele acessa a lista de contatos de Lia. Lá, encontra de cara o nome e o número de quem precisava.
-Adalberto, hehe. – Ele ri.
Euclides opta por enviar uma mensagem de texto a Adalberto, que dizia assim:
“Oi, querido... Queria me desculpar, por hj... Tenho que confssar, ñ tem jeito: sou louca por vc ainda. Aquele bj foi maravilhoso... E pra me desculpar, por tudo, e tbm pra simbolizar nossa reconciliação, quero te fzer um convite... Irrecusável. Me encontre amanhã, às cinco hs. da madrugada, na praia do Leblon. Ñ se assuste com o horário, nem com o local... Será uma surpresa inesquecível, a realização de um sonho que smpre tive. Não falte, e ñ me faça perguntas. Bjs, louca por vc.”
Euclides envia a mensagem.
“Mensagem enviada”.
Cinco minutos depois, o celular começa a tocar. Era Adalberto. Euclides não atende. Adalberto, insatisfeito, envia uma mensagem.
-“Amor da minha vida, eu sbia que ainda me desejava. Na praia? Rsrs Q fogo é esse de repente? Mas vou respeitar, não farei perguntas. Será a noite mais feliz das nossas vidas. Bjs, ansioso, te amo”.
Euclides sorri, e diz:
-Perfeito otário. Será a noite mais feliz das nossas vidas... Pelo menos a minha, será.
No jornal, meia hora depois, Lia procura pelo seu celular.
-Tenho certeza que o deixei aqui, não é possível ele sumir desse jeito... – Dizia ela, desesperada, revirando tudo na mesa.
Neste momento, Julia entra em sua sala.
-Lia, eu queria te pedir um favor...
Lia mal dá atenção a Julia.
-O que houve?
-Meu celular! Eu o perdi, já procurei nas outras salas que fui, e nada de achar.
-Como você perde um celular assim, menina? Já olhou direito na bolsa?
-Já, claro. Revirei tudo.
-Liga para o número do celular. Fará barulho, você irá encontrá-lo.
-Acha que já não fiz isso? Chama, chama, e nada.
-Você não o esqueceu em algum local público?
-Eu tenho certeza que o trouxe para cá, Julia!
Julia coça a cabeça, pensativa.
-Quem entrou na sua sala hoje, Lia? – Pergunta, capciosamente.
-Como??
-Quem entrou aqui hoje?
Lia cessa a procura, respira fundo e responde:
-Só o Euclides... É, só ele mesmo.
Julia bate com as palmas das mãos nas pernas.
-Pronto!
-Pronto o que? Você acha que...
-Claro, Lia! Você foi roubada!
-Roubada, ficou maluca? Eu conversei pouco com ele, o tempo todo! Ele, ele estava mal até, coitado...
-O que ele veio fazer em sua sala num momento daqueles?
-Ele veio telefonar pra mãe dele!
-Ele não tem celular?
-Tem, mas estava descarregado, ele disse... Ah, Julia, que suspeita idiota é essa agora?
-Suspeita idiota? É assim que fala comigo?
-Ai, me desculpa, é que to nervosa... E você ainda fica dizendo coisas sem fundamento.
-Pois então encontre seu celular sozinha. Já vi que meu auxílio será idiota e desnecessário.
Julia já ia saindo quando se detém, e diz:
-Outra coisa: não confie de olhos fechados nas pessoas. Quando se acalmar, venha até minha sala.
E bate a porta.
Já eram tres da tarde. Ariano ainda não tinha se levantado. Dormia em sono profundo... Arlete e Walter estavam preocupados com o filho, e telefonaram para o médico. O médico pediu que verificassem se Ariano havia ingerido a quantidade correta do medicamento.
Arlete conferiu a cartela de comprimidos, e, nervosa, não conseguiu enxergar o obvio. Somente Walter, mais calmo, pôde notar.
-Ei, Arlete. O Ariano começou a tomar esse remédio ontem. Um comprimido por dia. Como pode estar faltando três comprimidos?
Arlete caiu em si, e concordou com o marido.
-Minha nossa... Ele ingeriu dois comprimidos de uma só vez, só pode ter sido isso.
-Por que ele faria isso? O Ariano é um menino responsável com essas coisas.
-Eu sei, eu sei... Que sensação esquisita... – Disse ela, arrepiada.
-O que foi, Arlete?
-Aquele amigo do Ariano, o Euclides. Ele dormiu aqui. Passou uma coisa pela minha cabeça.
-Você acha que ele fez isso? Dissolveu mais um comprimido na água?
-Pode ser... Não sei. Mas seja o que for, eu vou descobrir. Quando o Ariano acordar, eu vou descobrir tudo. – Afirma ela, convicta.
CONTINUA NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA...
2 comentários:
Hummm....já percebi que o Euclides começou a se empolgar com suas brincadeirinhas macabras. Só falta saber quem morrerá primeiro no próximo capítulo. Será mesmo o Adalberto? E a Lady Neide? Será ingênua como Ariano? E esse encontro na praia? Ele utlizará qual tipo de "arma" para liquidar sua próxima vítima? Meras suposições de Miss Maple. Estou amando. Parabéns.
Cada capítulo ta ficando mais sinistro essa trama, hein Mr Lohan???Nada tào anormal c/ relaçào a postura doentia de Euclides...ma sim do que ele é capaz de fazer para realizar seus intentos....Que alguns pesonagens vào partir dessa pra outra vida...isso ja é ponto pacífico...resta saber quem e qtos....hehehehe!!! Continuo no aguardo do desfecho!! abs!!
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