quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sombras.





Meus neurônios estão massacrados.
Anos de profecias mal intencionadas
que nunca repercutiram senão dentro da minha cabeça.
As retinas da minha visão distorcida
Estão cegando minha própria capacidade de enxergar.
Vejo mas não enxergo.
Olho mas não vejo.
Perpetuo entre piscadas automatizadas
algumas imagens que em nada dignificam
as pinceladas do criador.
Tinjo o vermelho de manchas.
Mancho de ferrugem os corais...
Apresento uma vela para as estrelas
E elas riem de mim por só enxergar a escuridão.
O que é uma vela diante de todo o firmamento?
Meu peito anoiteceu antes do tempo previsto.
Nostradamus profetizou o fim da luz.
Mas continuo tateando no meio do dia
Uma estrada bifurcada que me faça acreditar
que a luz existe por detrás das íris que só enxergam
as trevas do absoluto silêncio repetitivo e intediante.
Ser daltônico é uma perspectiva iluminada.
Mas como números premiados
Ser capaz de colorir a vida
com cores que se pintam antes dentro de nós
é uma dádiva a que poucos escolhidos tiveram acesso.
Por isso tive que me adaptar aos óculos.
E mesmo assim a nitidez das imagens que persigo
não me salvaram das sombras que mancham
as lentes da minha mente verdadeiramente cega.
Continuo na caverna de Platão.

8 comentários:

k@ disse...

oi Andreia! Tava com saudade!!
Lendo seu texto, lembrei na hora do povo haitiano, eles devem estar se sentindo assim, sem chão, sem visão... Quantas vezes nos sentimos assim na vida não é? Na escuridão, no fundo do poço, mas ainda bem que logo depois da noite vem o dia com tantas belezas...

Um bjão!

Simone Prado Ribeiro disse...

Ah, não tem jeito!(rs) Tenho que me jogar nesse mar de poesia e mergulhar, mergulhar nessa imensidão de palavras profundas e densas. Isso Andrea, se derreta, se espalhe nesse seu mar de palavras impetuosas; expurgue toda a dor do seu "eu -lírico" para sentirmos e refletirmos sobre tudo isso .
Ontem, estava pensando nesse grande "Teatro Mágico" da futilidade e vaidades efêmeras que concentra a humanidade, e quando realmente nos damos conta, paramos de "atuar" e passamos a observar... Que decepção, não?! Mas também acredito na luz no fim do túnel e na mudança para sermos pessoas melhores(rs)
Bjs, bjs , bjs! Amei ver o seu texto aqui.
Estava sentindo falta das suas palavras.
Não some mais não...
Abraços,
Si.

Andréa Amaral disse...

Obrigada pelas palavras gentis, meninas. Às vezes (pra não dizer todos os dias)nos deparamos com coisas que aterrorizam e ofuscam nossa visão e nossa crença. Mas, existe a luz, mesmo que a enxerguemos difusamente. Um beijão.

Andrea de Godoy Neto disse...

Penso que nossa grande percepção, toda a lucidez que conseguimos ter, é para nos mostrar exatamente isto, como ainda somos cegos.

A humanidade, em sua maioria, ainda habita a caverna de Platão.

Mas enxergarmos isto já é uma esperança.

Palavras muito boas, as tuas. Parabéns!

abraços

piedadevieira disse...

Vejo que já está de volta. E cheia de inspiração.
Saia da caverna! Há muita luz cá fora esperando por você.
Beijos

Lohan disse...

Agora, um comentário feliz pelo retorno da minha amiga Andrea! rs
Não se preocupe com as sombras... Pois a luz está dentro de vc, Andrea.
PS: Não fique mto tempo sem nos prestigiar com seus textos anymore, rs.
Bjs :)

Armando disse...

Oi Andréa!
Teu poema vê além das aparências. Em essência enxerga o que muitos tem a sua frente mas não querem ver.
Tua poesia feito luz de vela ilumina e norteia na escuridão. Feito barco à vela é conduzido pelos ventos da verdade em direção dos corações encobertos das mentiras da ilusão.
Parabéns mana! Vc escreve com o coração.
E o coração é feito de muitos temperos ora doces, apimentados, amargos ou refinados... enfim todos necessários contanto que sejam reais.
A realidade é a Luz Superior. Há Luz! Há Deus na Caverna de Platão!

Ana Beatriz Manier disse...

Caramba, Andrea, quanto mais leio os seus textos, mais me impressiono.
Suas palavras têm muita força, fazem muito sentido, traduzem com perfeição a luta que a gente trava dentro de si.
Beijos!