sexta-feira, 26 de março de 2010

On/Off

Quando me liguei,
Já estava ligada.
Quando desliguei,
Permaneci ligado.
Quando me deitei,
Eu a programei.
Quando me levantei,
A sua tecla eu apertei.
Quando enjoei,
Uma maior eu comprei.
Ei!
Por que meu rosto está pálido?
Por que me sinto um inválido,
Entrevado aqui, neste sofá,
Movendo apenas alguns dedos?
Por que agora sinto mais medo?
Acho que a fantasia está lá fora.
A realidade invadiu a minha casa.
Uma viagem pode ser mais sensacional
Do que qualquer notícia desse Jornal Nacional
Que me importa a vida do presidente
Se a minha anda ausente,
Se a minha anda, nem sei por onde.
Hoje sai com uns amigos
Eles falavam de cientistas
Flaubert, Balzac, Goethe...
Já não consigo me encontrar.
Foi somente através dela que vi o mar.
Ela transmite o que costumo sonhar.
Como me libertar?
Ela não faz eu me sentir só...
E isso é só uma ilusão.
Uma ilusão de óptica. Uma atração hipnótica.
O processo é oposto:
Sua vida é a cores.
Minha vida é preta e branca.
Tarde demais.
Quando eu me liguei... Ela já estava ligada.

6 comentários:

Luana disse...

Gostei super atual, muitas pessoas deixam de sair com amigos para ver tv, mães trocam momentos com seus filhos pela novela.É isso, abandonam suas vidas para viver uma vida inventada. Eu ia no evento só que a Edi passou mal, aí fui com ela no hospital, mas terá outras oportunidades, obrigada pelo convite.

Lohan disse...

Obrigado, Luana!
É, eu esperava mesmo que vc fosse, mas terão outras oportunidades! Em Maio mesmo. Vc tem email, ou msn, orkut, algo assim? Se tiver, me passa que eu entro em contato com vc sempre que tiver novidades. Se vc não quiser expor seu endereço aqui, manda para o meu email: lohanlp@yahoo.com.br
Bjs!

Marina disse...

Pior que a gente vê isso refletido até nas conversas. Quando percebi que ela estava me engolindo, parei de assistir.

Lohan disse...

Caramba, Marina? Que inveja! rs Vc conseguiu mesmo se libertar?
Que bom!
Bjs!

Andréa Amaral disse...

Genial, Lohan. Com ou sem (vc sabe a que me refiro), é uma crítica bem humorada, se bem que no fundo é dramático, o que a solidão, a violência, o medo, o individualismo andam fazendo conosco.
Buscamos sempre uma válvula de escape para nossas frustrações diárias e a tv atua como uma automedicação, bálsamo, vício...sei lá, para sonharmos acordados desejando que a vida fictícia, que o prêmio, que o galã, a gostosona, o talento musical,etc fossem nossos ou fossemos nós.

Cacarina disse...

Kkkkk, que lindo!
Mesmo que triste, o texto muito bem colocado.
Parabéns Lohan!
Beijo,
Claudia