domingo, 1 de agosto de 2010

Julho

Ouviu a música entrar pela janela... Gostava de ouvir o barulho que vinha da rua, sem prestar muita atenção à letra exata. Quase sempre se sentia sozinha quando ficava escuro e o barulho dentro de casa diminuía. Às vezes queria o silêncio, mas algumas vezes seu coração gritava por m barulho qualquer, uma voz que a acalmasse, algo que fizesse seu coração desacelerar e o sono chegar. Era assim que a solidão tocava sua existência, certo?

Mas não naquela noite. Naquela fria noite de julho... Havia alguém a mais na cama. Alguém que se manifestou quando ela se sobressaltou com um daqueles barulhos da rua; uma mão apertou sua cintura com força e murmurou algo no ouvido dela. Era uma voz suave, de quem estava quase dormindo...

-Seu cheiro me acordou.- ele disse com bom humor.
Ela nem respondeu. Ainda estava atenta aos barulhos lá fora. Era aquele pânico tomando conta do seu corpo ...

- Que foi? Seu coração está tão acelerado...

- Não. Nada. – ela conseguiu responder com esforço - Só me assustei.
- Como se houvesse motivo pra você ficar com medo. Eu te protejo,minha linda.

E era verdade mesmo. Ele era a novidade mais absurda da vida dela e ainda assim conseguia surpreendê-la a todo minuto. Fazia com que ela acreditasse no melhor das pessoas, e não na perfeição absoluta que ela antes procurava ( e acreditava que existia!).

Ele apertou o braço em volta da cintura dela pra se aproximar mais ainda. Era como se eles fossem um só... Respiravam juntos, estavam juntos mesmo. De verdade. Seria isso possível? Ele pousou seus lábios no pescoço dela e de repente ela não podia mais se lembrar de nada mais além desses sentimentos tão novos que seu coração não sabia sentir.

Falta de prática.

Ele riu da maneira mais fabulosa e despojada possível e murmurou algo como ‘estressada... ’, mas ela nem podia ouvir. Seus olhos estavam fechados e sua alma perdida em algum lugar naquela maré de sonho e realidade tão tangível.

- Dormiu? – perguntou ele mexendo distraidamente no cabelo dela.

-Não. Acho que eu nunca vou poder dormir com você perto de mim.

- Ah, não?

-Não. Você me mantém acordada... – disse rindo.

- Aí que você se engana... Sou um ótimo sonífero quando eu quero, mas...

- Mas?

- Só quando eu quero.

Um comentário:

Marina disse...

Quase pude sentir o relaxamento nervoso dela. Adorei o conto. Beijos.