Amigos leitores, pode parecer estranho este que vos escreve publicar um post sobre o Wando, considerando minha falta de intimidade com o estilo que chamam de "brega". Contudo, aceitei escrever no Autores SA para falar sobre música em geral. Diferentemente do que se acredita, e contrariando radicalismos, alguns fãs de Hard Rock e Metal estão entre os mais abertos musicalmente. Pena que muitos fãs destes mesmos estilos escondem isso. Por outro lado, uma parcela significativa dos músicos de Metal não fazem o mesmo, eventualmente revelando sem pressões seu ecletismo para o público headbanger. Neste post já temos uma amostra disto. Mas outros posts virão. Uma nota: quando eu disse "abertos musicalmente" não quis dizer "pode vir qualquer coisa". No meu caso também é assim.
Certa vez um amigo me disse que não gostava da língua italiana, aliás, que a achava feia. Como respodê-lo a não ser com a contrariedade de quem a admira. A música romântica de Sergio Endrigo e companhia fizeram - em parte - com que meu amigo torcesse o nariz para a língua da Dante e Petrarca. Talvez a língua italiana tenha soado brega aos ouvidos dele. De todo modo questiono este rótulo, pois breguice é sinônimo de pobreza, na música então, brega assume o sentido de musicalidade pobre, de carência extrema de recursos, de sonoridade sem sal, sem tempero, enfim, insossa. Por isso, sinônimo também de mal gosto. Ora, dessa forma o "brega" pode bem classificar composições de estilos musicais diversos. Todavia, no nosso modo de entender o que é "brega", este termo pode assumir ainda um outro sentido, relativo à lírica, isto é, de música excessivamente romântica, em matizes muito quentes, intensas, ensopada de erotismo ou sentimentalismos. Ou seja, a típica "mela-cueca". Diferente da visão sofisticada da lenha crepitando na lareira, dos estofados de veludo, das taças de vinho abandonadas com os restos do doce elixir ainda dentro de seus bojos, e de uma encantadora Ella Fitzerald cantando I Love Paris no fundo da sala quase escura. Apesar disso, dependendo de quem observe, essa mesma cena também pode ser considerada "brega". Não importa, o que move minha sensibilidade musical não é tão-somente a visão estética que possamos ter do amor, mas a musicalidade de quem o canta. Ouvindo o repertório de Ella Fitzgerald fica evidente o quanto ela nunca foi pobre musicalmente, ainda menos Cole Porter. Mas e o Wando? Bem, lembram do meu amigo? Diferente dele o gosto pela música não me limitou a gêneros, assim como meu gosto pelas línguas não me limitou ao inglês do Rock n Roll. Na mesma época em que me tornei fã de Ozzy e do Scorpions eu ouvia a trilha da novela Roque Santeiro, e nela a música Chora Coração, exemplo que ultrapassava para mim a fronteira dos rótulos. Enfim, Wando pode até ser considerado brega, mas não é qualquer coisa.
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Charge: Ademir Paixão
Wando toca e canta duas músicas ao mesmo tempo,
com a ajuda de um coro supostamente vindo da platéia.
Meus sentimentos em nome do Blog Autores SA aos familiares,
amigos e aos fãs de Wando.
WANDO
1945-2012
Uma homenagem da pesada e, assim como Wando, bem humorada. A considerar: vindo de uma banda que faz humor com o estilo Black Metal, o título do cover é puro elogio!
Wando... is... Evil!
Na próxima quinta o post número 50!
4 comentários:
Nossa, a diversidade do nosso Autores SA é incrível, headbanger!
Adorei o post, gostava muito do "peixe chamado Wando" (TV Pitata fez essa homenagem semana passada, demais), gostava do tom indevente das suas músicas, gostava bastanta de uma música que era da novela O salvador da pátria (quetrilha linda, tem "Jade" do João Bosco, Oswaldo Montenegro etc)
Adorei o post, naturalmente! Já compartilhei!
Justa homenagem póstuma, Landoni! Você realmente é um músico super mente aberta. Deixo, de antemão, uma sugestão para o post 50: infelizmente, outra homenagem póstuma, que seria para Whitney.
Grande abraço!
Lohan.
Ah, claro, e também sobre o Grammy 2012! O que achou?
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