sábado, 25 de fevereiro de 2012

Oscar 2012 e os livros voadores

A cerimônia mais badalada do cinema mundial bate à porta, ou melhor, vem surgindo às telas das nossas queridas tv's e pc's (para os fissurados que assistem on line). É o Oscar, todo mundo sabe. Logo estaremos ouvindo os and Oscar goes to, seguidos daquele habitual suspense, e, por fim, os resultados tão aguardados pelo público apaixonado pela sétima arte.

A essa altura, o júri conservador e predominantemente estadunidense já definiu os vencedores. A propósito, as vitórias, em Oscar's, costumam ser bastante contestáveis; mas deixemos para comentar sobre isso após a 84º edição da festa...

Neste post, não vim destacar nenhum dos indicados a melhor filme, ou melhor ator/atriz, tampouco melhor roteiro (embora eu não consiga evitar de demonstrar aqui a minha torcida para "Meia noite em Paris", do Woody Allen, como melhor roteiro original). Gostaria que apreciassem a um dos indicados a melhor curta metragem de animação. Sim, curta de animação. Uma categoria raramente comentada, exceto pelos críticos de plantão, ou pelos mais assíduos pelo gênero cinematográfico supracitado.

Tive a felicidade de encontrar este vídeo disponível na Internet e poder assisti-lo antes da realização do Oscar 2012. Assisti apenas a dois curtas de animação que foram indicados este ano, no entanto, já declaro minha torcida para este: The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore.

Peço aos leitores que, antes de prosseguirem com a leitura, assistam a esta obra-prima. Deixem-se levar pela delicadeza e pelo valor empregado aos personagens especiais (vitais) deste filme que dura apenas 15 minutos.

Assistam ao curta: 


William Joyce, o diretor desta pequena trama, vive em New Orleans, cidade brutalmente atingida pelo furacão Katrina. Segundo ele, foram encontrados um sem-fim de livros levados pela tempestade arrasadora. Livros perdidos, destruídos... Em meio a detritos, lixos. Livros! 'Seres' capazes de transformar vidas em meio a tanta morte.

E foi justamente nesse ponto que Joyce tocou: vida. De toda a destruição, emerge a vida nos livros. Através deles, reconstrói-se toda uma civilização. Reconstrói-se, sobretudo, o interior de um homem desolado. Através dos livros, encontram-se as saídas.

A história ainda contém um toque barthesiano, mostrando a vida própria do livro assim que lhe é dado um ponto final; desgarra-se do autor. Já não existe o autor. A história tem vida própria. Vida que vai de encontro a outras vidas, e assim sucessivamente. Que assim seja. Que os livros resistam ao avanço tecnológico e permaneçam voando e pousando em nossas existências com suas páginas cheias de palavras vivas.

Bom Oscar a todos!
Lohan.

3 comentários:

Lohan Lage Pignone disse...

Yeah! O Oscar foi para "The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore", merecidamente! E Meia Noite em Paris levou o de roteiro original, ou seja, duas torcidas, dois acertos, rs. Infelizmente, a canção brasileira não teve a mesma sorte.

Paulo Ramos disse...

SIM, ganhou e muito merecido, coisa rara por aqueles lados, dar prémios de forma justa...

O Curta é verdadeiramente Sensacional!!!

:o)

Landoni Cartoon disse...

Grande animação! E a despeito das críticas, já pensaram na visibilidade que o Oscar dá a curtas como esse? e esse é só UM exemplo. Como de uma forma muitas vezes torta sim, mas como ainda valoriza o cinema e tudo que está relacionado a ele? Eu mesmo critico bastante a Academia, me sinto íntimo pra fazê-lo, mas quando comparo com o que se faz no Brasil, isto é, tão pouco, apesar de tantos talentos nacionais já comprovados, me desculpo imediatamente com o tapete vermelho e tiro o chapéu pro careca.

Belo post, Lohan e viva o Woody Allen! Mas o roteiro de Desconstruindo Harry não ganhou o Oscar! Como??? Tá bom, não é hora de críticas. Estou indo.