Há tempos que não escrevo nada, minha mente esta parecendo uma terra seca, sem vida, sem inspiração. Sinto que isso é reflexo do momento de vida, a luta pela sobrevivência ou, como dizem por aí pelo “ganha pão” me faz ainda em alguns momentos passar pela vida sem vivê-la, somente sobrevivendo, rumando junto com a boiada e vendo o dia amanhecer e anoitecer como uma roda gigante naquele movimento ritmado e sem novidade, sem nada de especial, porém, este balanço pelo qual o mundo esta passando de alguma forma mexeu comigo, me fez sair do meu mundinho e olhar com mais atenção para o mundão.
Infelizmente, não tenho como não ver que vivemos numa sociedade que através de nós e de seus dirigentes muitas vezes se mostra cruel. Esses tristes dias em que vimos pessoas morando sobre o lixo e morrendo sob o lixo me fez parar um pouco a minha egoísta correria em busca de dinheiro e pensar um pouco no porque de tudo isso.
Hoje, sentado no conforto do meu lar e olhando para meus filhos brincando,sorrindo,chorando,vivendo, não consigo não pensar
É com dor que escrevo essas palavras, pois eu sei que daqui a poucos dias essa tragédia vai cair no esquecimento, continuaremos vivendo em nossos mundinhos de sobrevivência e luta e quando digo isso não é criticando a nossa condição, mas sim constatando a vida que ainda levamos muitas vezes escravos de nós mesmo e do sistema, pois acordamos cedo, vamos para os nossos trabalhos, enfrentamos transito pra chegar ao trabalho, para voltar pra casa, temos medo do arrastão, da bala perdida e agora da inundação e quando finalmente chegamos em casa, esgotados, só nos resta força pra tomar um banho, comer, pois é preciso, e nos entregarmos ao poder do controle remoto para numa seqüência alienante sabermos das notícias, quase sempre péssimas e depois para nossa aula diária de como não viver a vida,naquele horário tenebroso em que se quisermos,temos todas as lições de como estragar nossas famílias, como não ter moral,além disso, também é o momento de nossa lavagem cerebral diária de consumismo em que as mocinhas e mocinhos se apresentam ditando a moda e o estilo,é o momento de abrirmos nossa cabeça para ilusão de como é importante comprar, ter, ou parecer que se tem alguma coisa material, sofremos às vezes por não podermos aproveitar como gostaríamos a redução do IPI,ou por não poder (ainda) compra o celular do “bonitão” da novela das nove.E nessa jornada alienante é que vamos vivendo,empurrando com a barriga,respondendo ao boa noite do Bonner e procurando na internet as roupas da protagonista do Manoel Carlos,morando nos Bumbas da cidade e sonhando com o Leblon do conto de fadas (ou bruxas),mas, a verdade é que quando levantamos cedo com o despertador do celular embaixo da cama,contamos as moedas para a condução e paramos para comer um pão com mortadela na padaria,é que a vida se mostra como é,podemos ver a materialização da desigualdade a cada esquina,a cada menino negro fazendo malabarismos nos sinais em busca da moedinha e a cada marginal pronto para dar o “bote” na saída do caixa eletrônico.
Nos vemos as vésperas de mais uma eleição em que para muitos o nulo é a melhor opção, mas, como bom brasileiro no final das contas vou no “menos pior” com alguma tristeza, mas ainda com um fio de esperança.
A cada dia que passa e que tenho um tempo para respirar e pensar no amanhã, me esforço para não ter medo, olho para o céu e peço a Deus que nos dê tempos de mais clareza em nossas consciências, peço também uma sociedade mais igualitária em que os cidadãos possam sair sem medo, que tenham empregos e salários dignos para sustentar suas famílias. Não posso deixar de pedir por mim, que me mantenha alerta para as armadilhas do marketing político, que eu consiga, principalmente em Outubro, distinguir os lobos em pele de cordeiro, penso que uma boa opção de fazermos esta distinção é olharmos para seus rastros, pois lobo tem rastro de lobo, em qualquer lugar e em qualquer situação e ainda incluo em minhas orações o pedido de que o balanço que a humanidade de modo geral vem passando sirva de alerta para todos, pois sinto que é tempo de nos olharmos mais como irmãos, de preservamos a natureza,pois somos parte dela e se a destruímos,estamos nos destruindo também.
Quero, para concluir, dizer que é possível ter momentos alegria, pois aqui, nesse fórum, encontro uma consciência crítica do mundo, pessoas dispostas a produzir e transmitir conhecimentos, vivências e visões de mundo diferentes do que nos é passado pela grande mídia, aqui neste fascinante universo das letras encontramos pessoas que se dispõem a compartilhar suas belas criações tornando nossas vidas mais bonitas e nos mostrando que é possível viver, questionar e ensinando que ser é muito melhor do que ter.
2 comentários:
Incrível o que você sente!
Tenho escutado isso de muita gente!
Por isso precisamos arriscar, fazer diferente! Já que tá tudo meio perdido, quem sabe ganhamos uma nova vida! Tecida de dentro para fora! Cheia dos nossos verdadeiros valores!
Abraço carinhoso,
Claudia
João, meu amigo,
Quero confessar aqui, agora, que nem precisou eu terminar de ler o seu texto para que a emoção viesse tomar conta de mim.
Bastou a alegria do seu retorno ao blog, e de perceber as dificuldades que vc vem passando e mesmo assim, parar para nos agraciar com tal beleza. Como eu estava com saudade desses seus textos, essas mensagens, essa verdade nua e crua social que vc tão bem expõe aos nossos olhos. Cara, comecei bem o meu dia, pode ter certeza. Hoje, vindo embora no onibus, eu pensei nisso: ''poxa, alguns autores do blog nunca mais postaram''. Pensei em como éramos no início. Infelizmente, ou felizmente, tudo muda toda hora, e até nos adaptarmos às nossas realidades recentes... ´
Obrigado por esse presente, pela sua presença, e força nessa batalha, amigo!
Escreva sempre que possível, estaremos a sua espera.
Abraços, Lohan
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