quarta-feira, 16 de junho de 2010
Cartografias [ou por onde corta o vento]
deixo o tempo aberto a escorrer. baixo, intenso, silencioso. como somente as horas sabem ser. esse rio a nascer em mim. a impingir cantos, marcas e memórias em meus olhos. a traçar desenhos e mapas em meu peito. e esgarçar meu sorriso e a fazer valer o silêncio do vento. esse tempo – fruta madura – que derrama perfume e me consome. me contorce os fios a sede a fome. me arranca os versos as verdades. me arranca a prece, o choro, o riso. e sem alarde me abre. ao que em mim é sombrio, pálido, pungente. e desatino, desafino, desafio e grito e rosno. e me contorço. absorvo essa pele, máscara velha, companheira antiga das canções vazias. desfaço os nós, as intrigas, as amarras que me irrompem. e sigo. rompendo o dia – esse rio que nasce e morre. em mim.
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3 comentários:
De novo: não sei se é porque eu não te conheço, mas não consigo visualizar a sua pessoa, somente a sua obra. Tudo o que você escreve me encanta. Suas palavras são puro lirismo e poesia. Sou sua fã. Parabéns.
Sou seu fã também, Dani. A sua estética é tão sua, é algo tão singular; o não-obedecer sintático, o lirismo fluente, é fantástico. É algo que, no Autores, só vc consegue fazer.
No mapa do blog, a sua poesia é um lugar especial.
Bjs!
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