Tudo ia tão bem,
Que me fez sujar as mãos no cimento
Da ilusão.
Hoje, falar de amor? Não.
Hoje é o dia dos enganados.
Eu quase comprei aquele colar,
Mesmo sem ter a quem presentear.
Cheguei a pegar o telefone, e discar aquele número,
De colorido, e de cor. Desliguei a tempo.
A tempo de erguer o palácio da minha ilusão,
Mais uma vez.
Hoje eu não chorei, mas queria ter chorado,
Queria ter sentido a dor,
Mas nada sinto.
Minto.
Sinto um vazio. A falta de um número ímpar,
Para que exista o par.
Sinto a ausência de quem nunca se fez presente,
Hoje eu segurava sua mão,
Dividia consigo um prato de macarrão
Tal qual a dama e o vagabundo, você já assistiu?
Foi um sonho bom.
Hoje me aventurei, roubando uma rosa,
No jardim vizinho.
Por um momento, senti minha atitude tão justificada!
O espinho me feriu, e dei por mim.
Hoje comecei a escrever um poema de amor...
A ponta do lápis se partiu, e dei por mim.
Decidi: não. Hoje não quero falar de amor.
Quem sabe no próximo ano,
Quem sabe na próxima vida.
Não quero mais criar ilusões.
Quero ser matéria-prima sem ambição,
Sem ser potencialmente um ato qualquer.
Se houver uma mão delicada que venha talhar-me a alma,
Se houver uma língua assídua que venha dar o acabamento,
Será apenas obra do acaso.
Sou pedra solta na praia distante.
Viverei acatando meu destino.
Minhas mãos estão atadas. Eu fiz o que devia ter feito.
Foi sem jeito, mas é o meu jeito.
Agora, lá no fundo do peito,
Arde o calor da lareira cuja lenha você cortou,
Recolheu,
E alimentou o este fogo.
A lareira, hoje, se apagou.
Cinzas... Cinzas... Cinzas...
Cinza é a cor da pedra,
Que sou na praia distante.
4 comentários:
Sem palavras... você conseguiu dar voz a tristeza , ao abatimento e a desilusão que se alojam no peito quando nos sentimos vazios de afeto, de carinho, de colo, de calor. Mas faz parte. O amor é como jogar na loteria. Alguns têm sorte, outros não.
Nesses momentos temos que nos lembrar que devemos nos amar para que chegue um dia em possamos amar ao outro e nos deixarmos ser amados também.
E aí, tá tomando mingau de aveia?
Espero que não. Cremogema é melhor sim, Lohan, vai por mim. Um beijo de namorada literária.
"Querido amigo Lohan! Vc expoe com talento e beleza tua arte,o sentimento, a dor, o amor... talvez façam parte da mesma essência aqui na Terra. Disse um grande mestre "A dificuldade existe é prá ser vencida!"... e acho que vem daí a chave para a superação. A própria coragem de apresentar-se nu diante da dor já é um degrau.. A ilusão quando é descoberta é maravilhosa... pois nos conduz para um caminho melhor.. da realidade que ilumina, dói.. mas fortalece-nos para a vida.. com o tempo.. E lembro que das cinzas (até dos vulcões) nascem plantas raras, belas e medicinais... Existe uma máxima que sempre abrange com sabedoria todos os momentos da vida.. sejam bons ou não bons... e este pensamente magnífico (que já me auxiliou um tanto de vezes) é ISTO TAMBÉM PASSARÁ, disse Og Mandino.
O dia seguinte sempre será bem melhor... E ISTO ACONTECE.
bj no coração meu irmão!
Nossa, Lohan... ADOREI esse poema!!! Tão sincero, tão sensível e tão lindo!!! Legal falar sobre o lado B do dia dos namorados.
Beijão!!!
A melancolia também é parte do amor (e do desanmor também).
É importante sempre lembrar desse lado B aí que a Camila citou, afinal... se não passarmos pela dor, como saberemos se chegamos à plenitude?
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