Não é você.
Não é jeito como me olha,
nem como me beija ou abraça.
Seria assim de qualquer jeito.
Não é você,
não é a maneira como aconteceu,
é necessidade poética.
Não é você,
não é essa pseudo-historinha de nós dois
mediocremente construída,
é que eu gosto de me enganar.
Não é você,
não é a decepção tão óbvia
ou essas lagriminhas,
é que a melancolia me cai bem.
Não é sua capacidade de me machucar
e subestimar minhas expectativas,
é assim sempre.
Não é você,
não são as palavras repetidas,
é que eu já me cansei
desse way of life.
Não é você,
sou eu.
Sou eu que não canso de buscar razões para escrever.
Negação é o primeiro sinal.
3 comentários:
o eu poético vai se construindo a partir das negações de uma suposta relação amorosa com um interlocutor que é chamado ao poema.
Esfola esse interlocutor e mostra pra ele a que você veio.Depois sai sem deixar bilhete de despedida.
Como esse poema dialogou comigo... Me lembrou uma música do maravilhoso Renato Russo, num trecho que diz assim:
"Até pensei que era mais por não saber que ainda sou capaz de acreditar. Me sinto tão só e dizem que a solidão até que me cai bem."
Nossa, Ray, pra variar: Adorei!!!
Não é você, sou eu!
Lembra que esse foi um dos nossos primeiros assuntos?
Como eu já ouvi isso na minha vida... Primeiro sinal da negação. Não é não. Mas eu sempre luto pelo sim, que é sim.
Beijos, Rayanna!
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