Nota: Após meses sem escrever, repentinamente me baixou o vírus da inspiração irrefreada. Por isso, resolvi postar mais um texto para compensar a falta de outros. Espero que curtam. O texto a seguir é baseado em fato real. Eis o link, fonte de inspiration:
http://misterfreitas.wordpress.com/2011/04/20/justica-manda-empresa-liberar-funcionaria-para-se-masturbar-2/
Cândida estava irrequieta na cadeira. Seus pensamentos se encontravam em conexão direta com seu sistema nervoso, que por sua vez emitia uma mensagem direta para sua mão que parecia sofrer de uma síndrome daquelas que se tem na perna e que ela não sabia o nome... sem querer, seus dedos tocavam direto no meio das suas coxas, e por mais que ela os retirasse, eles insistiam em voltar para o mesmo local feito um tique nervoso.
As pessoas sentadas nas cadeiras do corredor no lado oposto, começaram a reparar nos seus suspiros, nos seus movimentos estranhos, nas suas coxas esprimidas de lado e naqueles dedos que pareciam ter vida independente do corpo pálido. De repente, os cochichos deflagaram para um incontrolável manifesto de protesto enquanto algumas senhoras se levantavam e saíam de seus assentos e outras chamavam pelos guardas. O advogado de Cândida tentava trazê-la de volta a lucidez agarrando seu braço num gesto desesperado e com olhos arregalados.
Os homens não sabiam ao certo como reagir. Seus olhares denunciavam um prazer voyeurista; mal piscavam e não queriam perder nenhum milésimo daquela que parecia ser a cena mais explícita de masturbação em público e justamente no local mais impróprio de todos: o fórum.
Cândida manteve as pálpebras cerradas e para além dos seus batimentos cardíacos sucumbiu ao som das vozes alteradas e misturadas, e num acesso súbito de prazer, esticou as pernas, contorceu o quadril, chegou a pular da cadeira, enquanto sentia escorrer pelas pernas o caldo quente de seu clitóris em erupção. Enfim, seus gritos conseguiram causar o efeito oposto nos seus espectadores: o silêncio estupefato de quem não consegue acreditar na cena que acabara de presenciar.
Sua doença tinha um nome: compulsão orgástica. E seu motivo para esta audiência: pedir ao juíz sua liberação para a prática do ato libidinoso a cada duas horas, no máximo, no seu ambiente de trabalho. Queriam demiti-la por justa causa após vários acessos de prazer frenético no local. Fora obrigada a se submeter a vários exames que comprovassem seu "mal" estar. A defesa alegava não existir no país clínicas especializadas no tratamento de tal vício, por isso, não poderiam ser consideradas ilícitas ou libidinosas suas atitudes incontroladas de busca pelo orgasmo, quaisquer que fossem os locais. Ela não estava em condições de responder por si mesma nos momentos "da falta da droga", nem tampouco havia medicação que amenizasse tal impulso, além das sessões de terapia recomendada pelo médico que corroborou com seu carimbo, o laudo de sua doença.
Três orgasmos mais tarde, um passeio pela delegacia e uma sentença à seu favor foram suficientes para que seu caso já se encontrasse nos noticiários locais, na internet, nas bocas de todo o povo de Castidade... Algumas universidades federais, clínicas, psiquiatras, ginecologistas, pais de santos, pastores, terapeutas homeopatas, acupunturistas e sexólogos faziam parte de uma centena de pessoas e entidades que queria estudar seu caso com exclusividade: cidadãos comuns lhe propunham cura através de orações, ervas, regressão, mediunidade, exorcismo e prática de sexo grupal. Sindicatos de prostitutas, partidos políticos, ongs de movimentos gays pediam sua participação efetiva para diminuição do preconceito contra as classes oprimidas. Mas Cândida não queria saber de nada disso. A única coisa que chamou sua atenção foram os brinquedinhos ofertados por algumas editoras de publicações voltadas para o público masculino, por uma confecção de lingerie que fabricava fantasias eróticas e por lojas especializadas em produtos destinados à prática do sexo. Todos queriam utilizá-la como garota propaganda do prazer.
Cansada de ter seu prazer exposto desta maneira, Cândida resolveu então sucumbir ao estrelato: decidiu ser a nova Emmanuelle das telinhas. Contracenou com Rita Landau, Gretchina, Alexandre Froda. Foi convidada para algumas participações especiais em novelas das oito com Débora Molhada e aceitou participar do confinamento hit das celebridades: A Chácara.
Sua falta de controle rendeu votações incríveis para sua saída ou continuação na casa. Não havia hora, lugar ou contexto para suas manipulações orgásticas: na piscina, no jardim, no sofá, debaixo do chuveiro. Tornou-se a musa dos tímidos e solitários de plantão. Tornou-se a deusa dos onanistas e dos voyeristas. Tornou-se o demônio dos conservadores, das beatas, dos canhões. Tornou-se alvo da inveja das bundudas siliconizadas de plantão.Tornou-se um rio de dinheiro para a mídia.
E a voz do povo, é a voz de Deus: Cândida ganhou dois milhões de reais e tornou-se uma lenda viva em prol do prazer. Virou aplicativo no Bodybook, ganhou comunidades noYogurt e clubes de fãs por todo o Rasbil. Por fim, tornou-se candidata à vereadora em sua cidade natal: iria lutar para que fossem construídas escolas especializadas em massagem, toque oriental, terapia de conhecimento interior e pesquisas que promovessem a descoberta do ponto G.
Um dia, após um orgasmo múltiplo e suado, Cândida desfaleceu, teve um ataque cardíaco e morreu. Há quem diga ter se curado do Mal de Parkinson por causa dela. Casos de milagres ocorridos após promessas feitas em seu túmulo se multiplicaram pelo estado. Tornou-se mártir das vítimas de abuso sexual. Agora o seu caso estava sendo estudado pelo Vaticano. Seria o primeiro caso de tarada elevada ao posto de santa, na história da humanidade.
As pessoas sentadas nas cadeiras do corredor no lado oposto, começaram a reparar nos seus suspiros, nos seus movimentos estranhos, nas suas coxas esprimidas de lado e naqueles dedos que pareciam ter vida independente do corpo pálido. De repente, os cochichos deflagaram para um incontrolável manifesto de protesto enquanto algumas senhoras se levantavam e saíam de seus assentos e outras chamavam pelos guardas. O advogado de Cândida tentava trazê-la de volta a lucidez agarrando seu braço num gesto desesperado e com olhos arregalados.
Os homens não sabiam ao certo como reagir. Seus olhares denunciavam um prazer voyeurista; mal piscavam e não queriam perder nenhum milésimo daquela que parecia ser a cena mais explícita de masturbação em público e justamente no local mais impróprio de todos: o fórum.
Cândida manteve as pálpebras cerradas e para além dos seus batimentos cardíacos sucumbiu ao som das vozes alteradas e misturadas, e num acesso súbito de prazer, esticou as pernas, contorceu o quadril, chegou a pular da cadeira, enquanto sentia escorrer pelas pernas o caldo quente de seu clitóris em erupção. Enfim, seus gritos conseguiram causar o efeito oposto nos seus espectadores: o silêncio estupefato de quem não consegue acreditar na cena que acabara de presenciar.
Sua doença tinha um nome: compulsão orgástica. E seu motivo para esta audiência: pedir ao juíz sua liberação para a prática do ato libidinoso a cada duas horas, no máximo, no seu ambiente de trabalho. Queriam demiti-la por justa causa após vários acessos de prazer frenético no local. Fora obrigada a se submeter a vários exames que comprovassem seu "mal" estar. A defesa alegava não existir no país clínicas especializadas no tratamento de tal vício, por isso, não poderiam ser consideradas ilícitas ou libidinosas suas atitudes incontroladas de busca pelo orgasmo, quaisquer que fossem os locais. Ela não estava em condições de responder por si mesma nos momentos "da falta da droga", nem tampouco havia medicação que amenizasse tal impulso, além das sessões de terapia recomendada pelo médico que corroborou com seu carimbo, o laudo de sua doença.
Três orgasmos mais tarde, um passeio pela delegacia e uma sentença à seu favor foram suficientes para que seu caso já se encontrasse nos noticiários locais, na internet, nas bocas de todo o povo de Castidade... Algumas universidades federais, clínicas, psiquiatras, ginecologistas, pais de santos, pastores, terapeutas homeopatas, acupunturistas e sexólogos faziam parte de uma centena de pessoas e entidades que queria estudar seu caso com exclusividade: cidadãos comuns lhe propunham cura através de orações, ervas, regressão, mediunidade, exorcismo e prática de sexo grupal. Sindicatos de prostitutas, partidos políticos, ongs de movimentos gays pediam sua participação efetiva para diminuição do preconceito contra as classes oprimidas. Mas Cândida não queria saber de nada disso. A única coisa que chamou sua atenção foram os brinquedinhos ofertados por algumas editoras de publicações voltadas para o público masculino, por uma confecção de lingerie que fabricava fantasias eróticas e por lojas especializadas em produtos destinados à prática do sexo. Todos queriam utilizá-la como garota propaganda do prazer.
Cansada de ter seu prazer exposto desta maneira, Cândida resolveu então sucumbir ao estrelato: decidiu ser a nova Emmanuelle das telinhas. Contracenou com Rita Landau, Gretchina, Alexandre Froda. Foi convidada para algumas participações especiais em novelas das oito com Débora Molhada e aceitou participar do confinamento hit das celebridades: A Chácara.
Sua falta de controle rendeu votações incríveis para sua saída ou continuação na casa. Não havia hora, lugar ou contexto para suas manipulações orgásticas: na piscina, no jardim, no sofá, debaixo do chuveiro. Tornou-se a musa dos tímidos e solitários de plantão. Tornou-se a deusa dos onanistas e dos voyeristas. Tornou-se o demônio dos conservadores, das beatas, dos canhões. Tornou-se alvo da inveja das bundudas siliconizadas de plantão.Tornou-se um rio de dinheiro para a mídia.
E a voz do povo, é a voz de Deus: Cândida ganhou dois milhões de reais e tornou-se uma lenda viva em prol do prazer. Virou aplicativo no Bodybook, ganhou comunidades noYogurt e clubes de fãs por todo o Rasbil. Por fim, tornou-se candidata à vereadora em sua cidade natal: iria lutar para que fossem construídas escolas especializadas em massagem, toque oriental, terapia de conhecimento interior e pesquisas que promovessem a descoberta do ponto G.
Um dia, após um orgasmo múltiplo e suado, Cândida desfaleceu, teve um ataque cardíaco e morreu. Há quem diga ter se curado do Mal de Parkinson por causa dela. Casos de milagres ocorridos após promessas feitas em seu túmulo se multiplicaram pelo estado. Tornou-se mártir das vítimas de abuso sexual. Agora o seu caso estava sendo estudado pelo Vaticano. Seria o primeiro caso de tarada elevada ao posto de santa, na história da humanidade.
2 comentários:
Minha amiga, mas que história é essa??
Absurdo a Justiça ter concedido esse direito à ''siririqueira''. Imagino o constrangimento das pessoas ao redor, nossa... Eu não sou puritano não, mas isso é bem nojento, nessas circunstâncias...
Você arrasou com seu texto, ficcionalizando com seu bom humor e seu sarcasmo de sempre. O nome da sujeita então... Muito bem escolhido, rs. Da candura essa mulher está longe. A não ser que, fazendo uma analogia à nossa brasileira mais bem conceituada ultimamente, tudo não passe de um doce veneno do escorpião.
Ah, e que essa sua inspiração irrefreada continue marcando presença no Autores, por favor!!
Beijão, Andrea!
Lohan, posso dizer que escrevo para você com exclusividade. É o meu único leitor e comentarista. Já imaginou se a sua vida passa a ser minha fonte de inspiração? kkkkk
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