segunda-feira, 30 de maio de 2011

J.J.Wright

Condição na competição:
Eliminado.
Data de Nascimento:  
03/06/1989
Cidade:  

Riachão do Jacuípe, BA
Profissão:
Professor de Língua Portuguesa, Língua Espanhola e suas respectivas literaturas
Partido Político:
Não possui.
Gosto literário:  

Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminksi, Rimbaud, Antônio Brasileiro, Júlio Cortázar, Mayrant Gallo, H. James, C. Offutt.
O que significa vencer este concurso?

Para J.J.Wright, a vitória neste concurso significaria a oportunidade de ver seu trabalho sendo valorizado e apreciado por um grupo interessante de leitores e críticos.


O que o tempo representa para J. J. Wright?
O tempo é a gadanha da morte.

Poema n° 1 (pré seleção): Chamado

Em Tókio, um homem escreve um poema:

Fantasmas transitam na calçada da fama.
Todas as luzes se acendem em Paris.
O universo conspira contra os Vikings.
A mulher tem orgasmos múltiplos.
O disco voador pousa em Londres.
Três mariachis cantam em Florianópolis.
Crianças morrem no oriente médio.
O robô japonês salva a humanidade.
O presidente do Chile envia um SMS.
Duas mulheres se beijam em Chernobyl.
O vampiro ataca a mocinha indefesa.
Moisés divide o mar vermelho em dois.
Elvis canta Love me Tender no rádio AM.
O cowboy mata mil e oitocentos índios.
Romeiros escalam milhares de degraus.

Em Tókio, o poeta pára de escrever:
O mundo inteiro pára junto.

Poema nº 2 (Top 17 - O Velho e o Tempo): Na antecâmara do sonho


O Tempo,
ah, o Tempo!
Uma sombra incrustada
de remorsos.

Nos ossos,
a ação das vozes.
Nos passos,
a imensidão do ócio.

O Velho perpassa espelhos.
As luzes se apagam,
restam os destroços.

Nos ossos,
a ação das vozes.
Nos passos,
a imensidão invisível.

O Velho e o Tempo:
o homem outro
e o instante nenhum.
(a memória e o medo:
                        imóveis)

Nos ossos,
a ação das vozes.
Nos rastros,
a imensidão do silêncio.

Poema nº 3 (Top 15 - Haicais): Satori

Na flor virginal,
um bando de rouxinóis
cochila tranquilo.

Poema nº 4 (Top 13 - Crítica Social): Imóbile
Tanto silêncio
e um homem a contemplar
os corpos.

Ah, tanto dinheiro
e uma menina mutilando
a noite.

Ah, tanto enigma
e uma cidade ensopada
de medo.

Tanto sigilo
e um rato a nos decifrar
no escuro.

Poema nº 5 (Top 11 - O Sertão): O Instante Despido

Viver de silêncios:
desvendar a caatinga destruída,
desbravar o curral vazio,
decifrar os esqueletos
na varanda.

Depois, morrer
contemplando  o carro de bois
abandonado.

Poema nº 6 (Top 9 - Poema baseado em imagem): Errata
Onde se lê gelo,
leia-se:
soda cáustica.

Onde se lê práxis,
inutilidade; unisex coliseo,
contra-senso.

E onde se lê (o) paradoxo,
leia-se:
o grande desastre.

Poema nº 7 (Top 7 - Poema em homenagem ao autor favorito): Último ato

“esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama”
Charles Bukowski

rostos petrificados
no porta-retrato

uma mulher
chama meu nome
não respondo

uma garrafa de uísque
e este enorme nada
ocupando toda a casa

2 comentários:

Priscila Fagundes disse...

Gostei do poema. Boa sorte!

Daniel Melo disse...

Uma demonstração da boa poesia brasileira contemporânea. Será 1 dos finalistas, sem sombra de dúvidas.

Forte abraço