APRESENTAÇÃO:
Jurados: Ângelo Farias, Ludmila Maurer e Nilto Maciel.
Jurado convidado: Nilton César Riguetti.
Neste Top 5, temos como jurado convidado o professor Nilton César Riguetti. Nilton é um grande incentivador cultural e esportivo na região Serrana do Rio de Janeiro. Está prestes a levar a cidade de Trajano de Moraes para o Livro dos Recordes, pelo feito de organizar o maior campeonato de xadrez em comunidade agrícola do mundo. Poeta, Nilton está sempre a lutar pela melhoria de recursos para os poetas da região, sobretudo, luta pelo reconhecimento desta classe. Exímio sonetista, Nilton contribuiu com seu saber neste Top 5 do concurso. Abaixo, os dados do poeta:
Nilton César Riguetti é professor. Possui Nível Superior Incompleto (Letras). Possui três livros de poesia lançados em: 1995 (Poética); 1996 (Ritmo de Poesia); e em 2005 (Estilos). Mantém o blog: niltonriguetti.blogspot.com . Já promoveu dezenas de eventos, desde concursos escolares de poesia, eventos esportivos e culturais, até os estaduais de xadrez na cidade de Trajano de Moraes.
(A entrevista será publicada posteriormente).
SUGESTÃO DE LEITURA:
Hoje a sugestão é da jurada Ludmila Maurer:
- Pequeno Dicionário de Poética, de Geir Campos. Ed.Cultrix
POEMAS COMENTADOS E NOTAS (NOTAS DE: 05 a 10)
Pseudônimo: León Bloba
Poema: Anel
Ângelo Farias: Um bom tanto da difícil harmonia conteúdo-forma.
Nota: 8,5
Ludmila Maurer: O poema encerra a ausência da mulher amada em versos que contêm substantivos e adjetivos a pontuar um movimento suave de uma dor crescente. Belo paradoxo. Muito bom para se definir o significado do vocábulo e a partitura do poema.
Nota: 9
Nilto Maciel: Elaborar soneto não é nada fácil mesmo. O poeta deste não deve ter perícia no manejo do verso medido, especialmente do decassílabo, e da sonoridade. Há um excesso de adjetivos, bem como do gerúndio. Como a maioria dos poetas, este também só vê a rima se for a tradicional, a mais comum (verbo com verbo, substantivo com substantivo, etc). Muitas vezes, é preferível o verso branco.
Nota: 6
Nilton Riguetti: → Composição bem ajustada no jogo de palavras, na construção dos versos;
→ A musicalidade enriquece a composição e a temática está bem conduzida;
→ Reforça-se com um encerramento bem produzido e que mantém o argumento.
Nota: 9
Pseudônimo: Ivanúcia Lopes
Poema: A partida de um anjo
Ângelo Farias: Apelo temático bem construído e forma sutil em consonância.
Nota: 8
Ludmila Maurer: Poema que declara abundantemente seu propósito; pouco resta ao leitor um imaginário. Conteúdo explícito em sutil forma e nota musical.
Nota: 8
Nilto Maciel: O motivo é bom e o poema flui dentro do tema proposto. As rimas são mais elaboradas do que as dos outros sonetos participantes deste concurso. A métrica, porém, continua imperfeita.
Nota: 7
Nilton Riguetti: → A temática proposta não foi enriquecida com bons argumentos;
→ A escolha de rimas “imperfeitas” não contribuiu para uma sonoridade adequada aos sonetos;
→ A construção dos versos deixou a desejar pela simplicidade do vocabulário utilizado.
Nota: 7
Pseudônimo: O Velho
Poema: como nasce um poema
Ângelo Farias: Interessante abertura que pode ter o bom tom estendido na rápida depuração temática dos tercetos.
Nota: 7
Ludmila Maurer: IDEIA FUNDAMENTAL: O poeta compraz-se em descrever a arte de compostura de um soneto, saindo do que considera ser seu estado cru –esqueleto – para a observação da palavra, com a mais pura sensibilidade, sem dores, amores, vaidade, para então ser um ‘fingidor’.
IDEIAS ACESSÓRIAS E SUA LIGAÇÃO: Qual o quadro que se nos apresenta o poeta? São variados e para tanto temos os verbos: escrever; abro; deparo; cato; componho; reinvento; alimento; despindo; superando, dispostos, segundo parece, aproximadamente até o ser poético. No cenário dialogam momentos de concretude (pouco a pouco componho cada verso/ meus amores ficaram na saudade) e todo o resto de subjetividade. Sugestão do artista entre elementos estáticos e moventes, entre ser e estar, sentir e fazer. Cenário sem estridências descritivas, sem mutações movimentadas. Expressivo é o verso (meus amores ficaram na saudade) aludindo ao estado do poeta ao compor e provavelmente respondendo à pergunta mesmo inicial do poema (como se faz pra escrever um soneto?/quanto de tempo seria necessário).
O ESTUDO DA FORMA:
O descritivo das cenas tem duas notações sensoriais ditas, a saber, visual (abro meu armário/me deparo com mais um esqueleto) e auditiva (cato letras sopradas pelo vento/espalhadas no largo do universo/ nunca mais eu vi a cara da verdade) e atinge uma condensação expressiva em “me alimento de sensibilidade/me despindo de toda vã vaidade”, ainda que em versos pouco originais. A musicalidade de um poema, às vezes, pode ser explicada se explicarmos a técnica que o poeta aplicou. Um poema é formado não apenas com sentimentos, mas com palavras. No exame dos vocábulos empregados, muitas vezes, dá-se a explicação da musicalidade de seus versos. Um soneto pode ser musical e correr mansamente ou pode ser duro e de leitura dificultosa. O presente poema não possui musicalidade variada, está para a solução ‘quadrada’ de ritmo repetidamente igual. O que não significa ser ruim. É apenas um detalhe sobre a forma. A pontuação tem valor sugestivo e musical, com cenário não retalhado, conseguindo o autor uma boa panorâmica do ser/estar poético.
Nota: 9
Nilto Maciel: Comentário: A métrica está imperfeita. O decassílabo deste soneto tem acentuação irregular. As rimas são ora ricas, ora pobres, o que não quer dizer nada de desabonador para o poeta, mas prefiro as toantes, mais compatíveis com a criatividade poética. As frases me parecem vulgares (“toda vã vaidade”, “superando meus traumas”, etc.)
Nota: 6
Nilton Riguetti: → Soneto com variações de rimas que poderiam ter sido repetidas do 1° para a 2° quarteto, o que daria maior musicalidade;
→ Também a composição faz-se de rica a menos rica quando dos tercetos. A métrica pura e simplesmente poderia até atrapalhar a composição, mas a sua originalidade compensa quaisquer desvios.
→ A capacidade criativa é notória, o que denota ser o autor um conhecedor do tema e grande poeta.
Nota: 8,5
Pseudônimo: Príncipe Desavisado
Poema: Putz!
Ângelo Farias: Driblar o ridículo ao procurar o cômico é tarefa difícil, mas aqui se faz com tranqüilidade boa parte do caminho, só hesitando em algumas soluções formais.
Nota: 8
Ludmila Maurer: Bastante expressa minha avaliação em “como nasce um soneto”, deixo a ideia estrutural de como analiso todos os poemas do Top 5. Para os próximos, mentalmente aplico os mesmos conceitos, porém, não canso o leitor amigo.
Poema irônico que descreve a momentânea prisão do autor ao construir um soneto. Título muito pouco apropriado ainda que exista a ironia. Versos bem construídos denotando a manifestação do autor no interesse da legitimação do poema. Construídos ainda na repetição do ritmo e com pontuação retalhada.
Nota: 8,5
Nilto Maciel: Repito as observações feitas ao soneto “Como nasce um soneto”. Apesar de o poeta usar o decassílabo, há também neste soneto uma irregularidade de verso a verso no que concerne ao uso do icto obrigatório. O título é horrível, antipoético.
Nota: 7
Nilton Riguetti: → Um escrever metódico, observando vocabulário culto, mas de fácil entendimento;
→ Um soneto com grau de humor, atentando para o jogo de palavras na maioria dos versos.
→ Na minha opinião, não se previne de seriedade para alçar melhor posição. Acredito que prejudica-se pela temática sugerida , mas ganha no ineditismo, na criatividade.
Nota: 8
Pseudônimo: Cervan
Poema: transparente
Ângelo Farias: Pontuações metalingüísticas válidas e algum ruído na progressão temática.
Nota: 7,5
Ludmila Maurer: Quase um metapoema, válido, porém o autor não se impõe no que tange à tessitura do tema.
Nota: 8
Nilto Maciel: Tirante o terceto final, o soneto está bom, bem elaborado. Faz-se paulatinamente (como no próprio verbo do poeta), embora termine fraco. As rimas são boas, apesar de não serem toantes. A métrica também é imperfeita. Mesmo assim, merece publicação.
Nota: 7
Nilton Riguetti: → O autor não atentou para a composição clássica dos sonetos e fez rima única nos dois primeiros quartetos. Esta escolha prejudicou toda a musicalidade da composição;
→ O argumento não é sustentado criteriosamente e o autor se perde na composição de cada verso que parecem ter vida própria, sem se apoiarem nos anteriores ou construírem espaços para os posteriores.
Nota: 6
RESULTADO DO CAMPO PLATÔNICO DO TOP 5
De acordo com as notas atribuídas pelos jurados, os dois poetas menos votados nesta rodada que irão disputar no Campo Platônico a permanência na competição são:
*IVANÚCIA LOPES (RN) (Por “A partida de um anjo” – 30 pts.)
x
*CERVAN (SP) (Por "transparência" – 28,5 pts.)
(Acesse o perfil desses candidatos no blog, e saiba mais sobre o histórico deles neste concurso).
Eis o ranking desta rodada (votação dos jurados):
1º León Bloba (Por "Anel" – 32,5 pts.)
2º Príncipe Desavisado (Por “Putz!”- 31,5 pts.)
3º O Velho (Por "como nasce um soneto" – 30,5 pts.)
4º Ivanúcia Lopes (Por "A partida de um anjo" – 30 pts.)
5º Cervan (Por "transparência" – 28,5 pts.)
León Bloba, parabéns! Pela segunda vez, você conquista o primeiro lugar e, melhor ainda, mais um livro de presente! Sortudo, não? Em breve enviaremos seu prêmio.
Quantos aos poetas que estão no Campo Platônico, desejamos muita boa sorte e perserverança! Boa disputa!
O que acharam do Top 5?
Obrigado, Autores S/A.
3 comentários:
Obrigado aos jurados que me fizeram, pela 1ª vez, sentir que compreenderam a composição e as imperfeições do meu poema.
Obrigado Ludmila, parece que discutimos a composição do soneto, vc viu exatamente o que eu vi.
Parabés Léon Bloba e Príncipe desavisado pela permanência.
Boa sorte aos dois valiosos poetas no campo platônico.
O Velho
Maravilha! Obrigado Velho!
Cervan e Ivanúcia, admiro suas trajetórias neste concurso. Não acredito nesta coisa de "que vença o melhor". Não sei se há um melhor que o outro aqui. Estarmos aqui é reflexo de exercício dos poetas e percepções de quem avalia. Desejo felicidade a vocês e a todos os poetas!
León Bloba
Resolvi postar este soneto que fiz mas não enviei ao concurso.
"manhã de libido"
o dia veio em silêncio certeiro
beijei a solidão de língua fria
olhei no fundo da minha agonia
vi a verdade morrer no canteiro
esperei inutilmente um afago
o relógio rodopiava lento
meu olho vazou triste e sonolento
a boca tremeu implorando um trago...
a noite mostrou seus dentes e garras
meu corpo alarmou frisson e algazarra
ao ver o teu corpo perfeito e liso
tudo culminou num largo festejo
transformando a madrugada em desejo
culminando na manhã de libido.
O Velho.
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