sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Comentários, notas e anúncio do Campo Platônico do Top 4

APRESENTAÇÃO:

Jurados: Ângelo Farias e Ludmila Maurer
Jurados convidados: Victor Paes e Tânia Tiburzio

NOTA:

Nesta rodada, por motivos pessoais, o jurado Nilto Maciel não pôde participar. Ele enviou um boa sorte a todos os finalistas.

No Top 4, além dos jurados oficiais, convidamos os escritores Victor Paes e Tânia Tiburzio. Victor Paes é um poeta contemporâneo que vem crescendo sob a vista da crítica literária brasileira. Tânia Tiburzio é advogada e escritora, membro de um site de renome na Internet, o Mundo Mundano, que reúne autores muito talentosos. O olhar da nova poética brasileira, o olhar de uma escritora antenada com o mundo virtual literário. Obrigado pela nobre participação de vocês!

ENTREVISTA COM VICTOR PAES:

Victor Paes é escritor, ator, editor da revista e da editora Confraria do Vento. Publicou em 2007 o livro de poesia O óbvio dos sábios e em 2010 o livro Mas para todos os efeitos nada disso aconteceu, pelo projeto Dulcineia Catadora. Foi publicado pela editora Record, no prêmio Nossa Gente, Nossas Letras, e recebeu o premio Jovem Artista, da Rioarte, por texto teatral encenado no Projeto Nova Dramaturgia, no teatro Carlos Gomes. Tem publicados seus textos em revistas e sites como Cronópios, Germina, Polichinello, Celuzlose, Babel, entre outros. É um dos 21 poetas da coletânea XXI Poetas de hoje em dia(nte), organizada por Priscila Lopes e Aline Gallina, pela editora Letras Contemporâneas. Escreve também para teatro e já teve montadas algumas de suas peças, dentre elas Mara em um quarto, As três Marias, e Os cálices do deus. Publica o blog http://victorpaes.blogspot.com.

Lohan: Olá, Victor Paes. Primeiramente, é um grande prazer recebê-lo aqui no Autores S/A. No livro "O que é poesia?", no qual você está presente como um dos poetas que concederam sua opinião a respeito da poesia, você diz que o mecanismo poético é arrebatador e indomável. A técnica excessiva, na construção poética, não seria a tentativa (vã?) de domar as palavras, estruturá-las de modo que se encaixem perfeitamente umas às outras? Quem arrebata o leitor? O poeta, com sua genialidade, ou a própria poesia (as indomáveis palavras)?
Victor Paes: O prazer foi todo meu. Bem, quando falo de mecanismo, estou englobando tudo aquilo que faz um poema ser arrebatador, antes mesmo de ser criado. E há muita coisa envolvida aí, desde o que chamamos de “genialidade” do poeta, que nada mais é que uma disponibilidade quase doentia para o arrebatamento (que muitos poetas forjam que têm, mas não têm), passando pela técnica (ou até, muitas vezes, pela falta dela) e por diversos outros fatores, até mesmo os olhos e ouvidos do leitor. Dar mais ou menos valor à técnica é dar mais ou menos atenção a um desses fatores, tão essencial quanto os outros. Agora, tentar domar as palavras é tão vão quanto tentar domar a vida.

Lohan: O seu livro se chama ''O óbvio dos sábios". Conte-nos um pouco sobre este seu trabalho e o porquê deste título. O que seria o óbvio para os sábios, caro Victor?
Victor Paes: Esse foi meu primeiro livro, publicado em 2007 (com poemas que já vinha escrevendo há alguns anos). O título é uma ironia com aquilo que parece que todos sabem, mas que só os sábios é que acabam “sabendo”. Discutimos muito, falamos sobre tudo, mas quando alguém aparece com alguma solução para algo, geralmente é a mais óbvia. E minha ideia foi jogar isso no palco (o livro é em forma de diálogos), botar no fogo essa nossa gana por sermos complexos... Essa gana da qual somos incapazes de fugir...

Lohan: Solicitamos aos poetas competidores, nesta rodada, que escrevessem sobre o seguinte tema: Pai - Uma homenagem. O dia dos pais se aproxima. Victor, como é ou como foi a sua relação com seu pai? Você poderia nos dizer algum momento marcante já vivenciado com seu pai, aproveitando o ensejo da data?
Victor Paes: Nossa, escolher um momento é muito difícil... Quando somos crianças, tudo que vem dos pais é tão marcante, que acabamos guardando muita coisa... Enfim, tem uma lembrança que me vêm à cabeça sempre: era um dia de domingo normal, de um frio normal, de um leite sendo fervido normalmente por ele no fogão e eu estava sentado, de meias, esperando com ele... Vira e mexe tenho esse flash. Nunca me perguntei por quê. E também nem quero me perguntar. Só sei que é um belo quadro... De que gosto de me lembrar...

ENTREVISTA COM TÂNIA TIBURZIO:

Tânia Tiburzio é mineira. Está morando em SP há 4 anos,  tem 32 anos,  é advogada, membro do conselho editorial da Mundo Mundano (www.mundomundano.com.br). Administra o blog: http://diariodett.blogspot.com/

Lohan: Olá, Tânia! Primeiramente, é um prazer recebê-la aqui no Autores S/A. Além de escritora, você também é advogada. Quais são os pontos de intersecção que você pode encontrar entre esses dois, digamos, ramos na sua vida?

Tânia Tiburzio: Obrigada ao Autores S.A pela oportunidade. Fiquei muito honrada com o convite. Bem, inicialmente não me considero uma escritora, costumo dizer que só “brinco” com as palavras já que elas não me deixam outra saída. Quanto à sua pergunta penso que Direito e Literatura só se aperfeiçoam com o bom uso da palavra e esse é o ponto comum. No Direito uma palavra usada de maneira equivocada pode colocar tudo a perder, uma lei ou sentença mal redigida pode levar à uma injustiça. Ser preciso, lapidar bem as frases, escolher a melhor palavra e a melhor hora para usá-la são características necessárias tanto ao operador do Direito quanto ao escritor. O bom profissional do Direito ama as palavras e é com elas que se alimenta e vive, tal como um escritor. Não é por acaso que temos tantos advogados, juízes e promotores ligados à literatura, sejam como escritores ou simplesmente como bons leitores, críticos e exigentes. O próprio Mundo Mundano, site basicamente de literatura do qual participo, foi criado por uma advogada e vários são os colaboradores que também labutam no Direito.

Lohan: Tânia, você é um dos membros e administradoras do site Mundo Mundano (http://mundomundano.com.br/v1/index.php). Você acredita que a Internet é um bom meio para divulgar o trabalho poético? Como você enxerga essa realidade poética-virtual?

Tânia Tiburzio: Eu acho que não dá mais para pensar em poesia sem pensar em Internet. A poesia aqui se espalha de uma forma incrível. A reposta do leitor é muito rápida e isso gera uma satisfação incrível para o escritor. Afinal, todo mundo escreve para ser lido, não é mesmo? No mais, muitas pessoas que vejo lançando livros começaram por meio de blogs ou em sites como o Mundo Mundano.

Lohan: Solicitamos aos poetas competidores, nesta rodada, que escrevessem sobre o seguinte tema: Pai - Uma homenagem. O dia dos pais se aproxima. Tânia, como é ou como foi a sua relação com seu pai? Você poderia nos dizer algum momento marcante já vivenciado com seu pai, aproveitando o ensejo da data?

Tânia Tiburzio: Lohan, se estou aqui hoje entre tantos artistas devo isso ao meu pai, um homem apaixonado por literatura. Foi com ele que adquiri o hábito da leitura, o gosto pela poesia. Meu pai conhece tudo,tem opinião formada sobre tudo e sou sua grande fã. Apesar de engenheiro e matemático sempre foi muito ligado às ciências humanas e isso o faz ter uma visão de mundo muito especial. O mais engraçado que fui proibida de dar livros a ele pela minha mãe, porque ele se apega aos livros e a deixa sozinha.

SUGESTÃO DE LEITURA:

Hoje a sugestão é da jurada Ludmila Maurer:
- Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima.

POEMAS COMENTADOS E NOTAS (DE 05 A 10):

Pseudônimo: León Bloba
Poema: Acalanto

Ângelo Farias: Descrições tímidas no momento de suscitar estranhamento no leitor, alternando com interessantes insights.
Nota: 8

Ludmila Maurer: Nem tão ralenta a canção, que se mantém sem estridência afetiva numa forma técnica.
Nota: 8

Victor Paes: Imagens bastante interessantes. Uma relação entre pai e filho bem visível, bem dramática, no sentido da memória da ação em conjunto dos dois. Só no fim é que isso se perdeu, indo para uma transcendência que enfraqueceu o poema.
Nota: 7,5

Tânia Tiburzio: Ao ler o texto consigo ver em detalhes a cena do pai brincando com o filho. Gosto também da forma do poema, da divisão dos versos. Excelente texto.
Nota: 9

Pseudônimo: Ivanúcia Lopes
Poema: Cheganças

Ângelo Farias:
Boa seleção e combinação de imagens, com apenas alguns fios soltos.  Talvez os inevitáveis.
 Nota: 8,5

Ludmila Maurer: Bom título, boa alusão àquele que é bem guardado na memória do poeta. A repetição de uma estrutura fonética, porém, terá maior 'sabor' estilístico quando reproduzindo algo fora do papel, da escrita. Tom discursivo.
Nota: 7,5

Victor Paes: Interessante a descrição crua do pai e a certeza do sempre chegar. Não gosto muito da figura do sol para passar a noite.
Nota: 6

Tânia Tiburzio: Texto bonito, mas simples e com imagens convencionais. Faltou um pouco de ousadia e encantamento.
Nota: 7,5

Pseudônimo: Príncipe Desavisado
Poema: Coração de pai

Ângelo Farias: Com simplicidade, evita bem o confessional, mas deixa para depois o desenlace.
Nota: 7,5

Ludmila Maurer: Falta o tom poético, aquele que nos faz desentranhar de cada palavra, de cada sintagma a sua estranheza poética. O texto está mais para a prosa.
Nota: 6

Victor Paes: O mais interessante é o clima descontraído e o mais engraçado é a reclamação mútua das não ligações. Mas acho que o poema perde muito a força pelo tom de declaração (apesar da ideia de homenagem) de amor.
Nota: 5,5

Tânia Tiburzio: Gosto das ideias presentes no texto, dos elementos do dia-a-dia, mas não gostei da forma, achei confuso e difícil de compreender em uma primeira leitura.
Nota: 7

Pseudônimo: O Velho
Poema: sou meu pai

Ângelo Farias: Manutenção do tom e coerência em boa intensidade.
Nota: 8,5

Ludmila Maurer: Boa retratação do cenário; bom encadeamento das ideias, que poeticamente desdobram a palavra; paradoxo significativo em "no claro dos olhos/conselhos não dados"; "no branco longo da barba/medos não curados". Sentimentalmente falando,  o poema sintetiza a percepção da semelhança e da ausência.
Nota: 9

Victor Paes: Interessante a transposição de ser filho para ser pai. Interessantes também a visão do rosto que agora é o do pai, e o susto do não haver, do não dito, do não curado e do não dedicado.
Nota: 7

Tânia Tiburzio: Gostei muito da sonoridade do poema (li em voz alta algumas vezes) bem como a alternância dos papéis filho-pai. Confesso que a poesia me emocionou.
Nota: 9

RESULTADO DO CAMPO PLATÔNICO DO TOP 4

De acordo com as notas atribuídas pelos jurados, os dois poetas menos votados nesta rodada que irão disputar no Campo Platônico a permanência na competição são:

*IVANÚCIA LOPES (RN) (Por “Cheganças” – 29,5 pts.)
                                      x
*PRÍNCIPE DESAVISADO (MG) (Por "Coração de pai" – 26 pts.)

(Acesse o perfil desses candidatos no blog, e saiba mais sobre o histórico deles neste concurso).

Eis o ranking desta rodada (votação dos jurados):
1º O Velho (Por "sou meu pai" – 33,5 pts.)
2º Léon Bloba (Por “Acalanto”- 32,5 pts.)
3º Ivanúcia Lopes (Por "Cheganças" – 29,5 pts.)
4º Príncipe Desavisado (Por "Coração de pai" – 26 pts.)


Apenas um (1) desses dois candidatos (em vermelho) irá se salvar. Dirija-se à enquete ao lado e vote naquele que você deseja que PERMANEÇA na competição. Aquele que somar mais pontos no Campo Platônico permanecerá no I Concurso de Poesia Autores S/A e se classificará para a Semi-Final. A enquete será encerrada amanhã (sábado), às 22:00 horas.
O Velho, parabéns! Você conquistou o primeiro lugar e um livro de presente! Em breve enviaremos seu prêmio.

León Bloba e O Velho: vocês já estão na Semi-Final do I Concurso de Poesia Autores S/A. Quem se unirá a vocês? Ivanúcia Lopes ou Príncipe Desavisado?

Desejamos muita boa sorte e perseverança aos ''platonizados''!  Boa disputa!
O que acharam do Top 4?
Obrigado, Autores S/A.  

18 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, Velho! Estamos juntos na semi-final!

Ivanúcia e Príncipe: boa sorte!

Abraços!
León Bloba

Anônimo disse...

Agora sim, finalmente concordo com os jurados! e Ivanúcia, fiiiica!!

Anônimo disse...

Torcendo pela Ivanucia...ela vai sim pra semi-final!

Anônimo disse...

O poema da Ivanúcia dessa vez foi melhor, mas o Príncipe Desavisado é mais poeta do que ela.

Anônimo disse...

Ivanúcia merece ir para a semifinal!!!

Elizângela Fontes disse...

De novo venho parabenizar pelo concurso. Gosto sempre de vir por aqui. Ah! Estou aqui na torcida pela Ivanúcia!!

Anônimo disse...

Paulo Rmos, você tem toda razão.
Eu fico perguntando:
- Ter amigos e escrever bem, são a mesma coisa?
Eu mesmo respondo:
- não!
Este concurso peca nisso.
Ivanúcia não é nem a sombra do Principe , e o pior, na semana que vem será ela ganhando do Velho ou do Léon.
Injusto, não acham?

alexandre disse...

Ivanúcia seu poema tah muito bom...Na torcida por voce...e toda força aí na semi-final!

Camila disse...

O poema da Ivanucia foi mesmo melhor que o do principe...então justo que ela fique, ja que a votação é pelo poema desse top...Torcendo por voce Ivanucia

Camila disse...

o público da a resposta final...

Rafaela Queiroz disse...

Paulo Ramos estive lendo seus comentários sobre Ivanucia.
Se ela ta na semi final é por ela realmente é boa.Tudo que ela escreve conta um pouco sobre ela mesma.Quem a conhece sabe que ela escreve com o coração.E não e as rede sociais que a fez ganhar e sim a sua propria capacidade de seguir os seus sonhos.

Igor Telles disse...

Vocês vão perder tempo com as opiniões do sr. Educadíssimo Paulo Ramos (vulgo Paracauam)? Façam-me o favor! Ele diz isso provavelmente porque é tão antissocial e sem educação que não pode contar com o voto nem do vizinho. Faz parte de qualquer concurso os jurados analisarem tecnicamente e depois o público leitor votar naquele que tocou seu coração. A poesia tem que nos tocar e isso a Ivanúcia conseguiu melhor que o Príncipe nesta rodada. Isso não não quer dizer que ele não seja um ótimo poeta, quer dizer que ele pecou na construção do seu poema NESTA RODADA e como isso aqui é um concurso, o que vale é a rodada em questão. Justo, coerente com a proposta do concurso. Se Paracauam não acha esse esquema bom, não entrasse no concurso, não entrou obrigado!

Igor Telles.

Camila disse...

Concordo com vc Igor! E estou torcendo pela a Ivanucia, a poesia dela consegue nos tocar...
Parabens!!

Sergio Saraiva disse...

Igor ,
boa noite, você não precisava ser tão mal educado, o Paulo , assim como Você e eu , temos o direito de dar nossas opiniões, portanto deixe as pessoas se expressarem livremente.
Parabéns Ivanúcia, vc mereceu salvar-se do platonicismo.
SS.

Anônimo disse...

O Paulo provavelmente não pode nem deve fazer comentários aqui porque é tão antissocial e sem educação que não pode contar com o voto nem do vizinho.

Agradecido, Adeus!

Paulo Ramos

Camila disse...

Parabens Pra Ivanucia em mais uma vitória..sucesso nessa nova fase! Torcendo por vc!

Felipe Neto Viana disse...

Boa tarde,
A permanência de Ivanúcia foi justa. O comentário do Paulo foi infeliz. Ele é aquele português? Está indignado por ter perdido para a Ivanúcia? A Ivanúcia é uma poeta que exala a verdade poética. Não estou aqui para julgar a trajetória dela. O que vale é a leva, certo?

O voto do público precisa ser respeitado. Que venha voto do quinto dos infernos: virá voto do Paraíso também. Digo isso apesar de levar a sério somente o olhar técnico dos jurados.

Paulo, não fuja da raia, prove que é um ser social. Expresse a sua opinião, discuta! Onde habitam teus argumentos? Eu já falei demais neste espaço, as pessoas já enjoaram de mim. Falem vocês também!

Tenho a impressão de que teremos Ivanúcia na final. Justo? Não sei. Afinal, o que é justo nesse mundo? Alguém se prontifica a dizer?

Cordialmente,
F.N.V

Lohan Lage Pignone disse...

Olá, F.N.V,

Por favor, se possível, entre em contato comigo, pelo e-mail lohanlp@yahoo.com.br

Abraço,
Lohan.