quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Comentários e Notas da Penúltima Etapa: Cinema


APRESENTAÇÃO



Jurados Oficiais: Afonso Henriques Neto, Ronaldo Cagiano, Paulo Fodra e Tânia Tiburzio.


Jurados Convidados: Flávia Rocha, Francis Ivanovich, Márcia Barbieri e Thelma Guedes.



Sejam bem-vindos a mais uma noite de resultados, meus caros!



            Hoje teremos presenças ilustres na banca de jurados: Francis Ivanovich, grande promessa como dramaturgo e roteirista cinematográfico em nosso país; Flávia Rocha, poeta e fundadora da Academia Internacional de Cinema (AIC); Thelma Guedes, mestre em Literatura Brasileira e novelista global, autora de novelas como “Cordel Encantado” e “Cama de Gato”, em parceria com Duca Rachid; Márcia Barbieri, é escritora e pós-graduada em Prática de Criação Literária. Obrigado, caros jurados, por terem aceitado esta tarefa de julgarem poemas de tanta qualidade!

            Abaixo, conheça um pouco mais sobre eles:





FRANCIS IVANOVICH




Francis Ivanovich, 49 anos, é ator, escritor, jornalista, dramaturgo, roteirista e diretor de teatro e cinema. Autor entre outros do romance “O Contador de Mentiras, 2010 - Editora Multifoco – Selo Desfecho - RJ”, e de mais de 30 peças teatrais para adultos, jovens e crianças, entre elas: “A História do Homem que Ouve Mozart e da Moça do Lado que Escuta o Homem” selecionada pelas mostras oficiais 2011 dos Festivais de Curitiba e Porto Alegre”; “Andersen Lobato” peça infantil premiada em festivais de teatro em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro; Fundou e dirige a Cia Teatral Ensinoemcena, uma das mais atuantes junto aos jovens com espetáculos educativos como “Mãe, eu vou ser Mãe” premiado pelo SESC Rio de Janeiro; “Profissão Poesia”, peça assistida por mais de 400 mil adolescentes nas escolas do Rio de Janeiro; “Bullying, Tô fora”, peça teatral adotada pelas principais escolas privadas do Rio e São Paulo em 2011, e “Viva!”, prevenção do uso de drogas. O autor prepara novas publicações e é um dos idealizadores do primeiro encontro de Autores teatrais latino-americanos: LATA. Estudou cinema na Escola de Cinema Darcy Ribeiro; realizou os filmes curtas “A Deus Paissandu”; “O Morcego”, “Café a Dois?”, entre outros; roterizou série sobre educação para a TV escola MEC.





Lohan: Olá, Francis! É um prazer tê-lo como jurado neste concurso. Você é escritor e roteirista. Quais as maiores diferenças que existem na elaboração de um livro e de um roteiro? Quando você escreve um livro, ou um conto, você o imagina se tornando um roteiro no futuro?

Francis: Profundas. No livro você escreve só, inteiramente só; no roteiro você conta com uma equipe de colaboradores, além do que, nos processos de filmagem e montagem o roteiro original pode sofrer mudanças; no livro original, é praticamente intocável, além de serem técnicas completamente opostas, no romance, há de se valorizar o estilo da narrativa, no roteiro, a força da imagem. Nunca imagino o que vai acontecer com texto depois de pronto.

Lohan: Francis, o que um poema deve ter, na sua concepção, para receber a sua nota 10?

Francis: Surpresa, imagem inusitada, algo revelado, a poesia em si.


Lohan: Se um dia você tiver a oportunidade de adaptar um roteiro para um longa-metragem, de um poema, qual poema você escolheria e por que?

Francis: Tabacaria de Fernando Pessoa, simplesmente é a história de um gênio.





FLÁVIA ROCHA




Flávia Rocha é jornalista, poeta e tradutora. Autora dos livros de poemas “Quartos Habitáveis” (Confraria do Vento, 2011) e "A Casa Azul ao Meio-dia/ The Blue House Around Noon" (Travessa dos Editores, 2005). Tem mestrado (M.F.A.) em Criação Literária/Poesia pela Columbia University e é editora-chefe da revista literária americana Rattapallax, com sede em Nova York. Editou antologias de poesia brasileira para as revistas Rattapallax (EUA), Poetry Wales (País de Gales) e Papertiger (Austrália), entre outras. Fundou, com seu marido, Steven Richter, a Academia Internacional de Cinema (AIC), escola de cinema em São Paulo, de que é Diretora de Comunicação. Hoje mora em Portland, Oregon, Estados Unidos.




THELMA GUEDES




Thelma Guedes é mestre em Literatura pela Universidade de São Paulo. Autora dos livros Cidadela Ardente (contos, Ateliê, 1997); Pagu: Literatura e Revolução (ensaio, Ateliê/Nankin, 2003); Atrás do Osso (poemas, ProAC/Nankin, 2007); O Outro Escritor (contos, ProAC/Nankin, 2009). Autora da Rede Globo, desde 1997, trabalhou nos programas “Turma do Didi”, “Sítio do Picapau Amarelo”; e colaborou nas novelas “Vila Madalena” (1999/2000, de Walter Negrão); “Esperança” (2002/2003, de Benedito Ruy Barbosa, na fase escrita por Walcyr Carrasco); “Chocolate com Pimenta” (2003/2004) e “Alma Gêmea” (2005/2006), as duas últimas de Walcyr Carrasco. Ao lado de Duca Rachid, é autora das novelas “O Profeta” (2006/2007), “Cama de Gato” (2009/2010), e “Cordel Encantado” (2011).



Lohan: Olá, Thelma! É um prazer imenso recebê-la no Autores S/A. Você que, ao lado de sua fiel parceira Duca Rachid, tem despontado como uma das maiores promessas da teledramaturgia brasileira. Sua ingressão neste mundo se deu por acaso, segundo você relatou na recente entrevista à SuperCult. Você se inscreveu com um único roteiro numa Oficina de Roteiros da TV Globo e foi aprovada. Conte para nós qual era a história desse roteiro que te abriu as portas para esta carreira.

Thelma: Para se inscrever na oficina da Globo que eu fiz, cada candidato deveria mandar um roteiro de quinze páginas, inspirado na parábola bíblica do filho pródigo. Escrevi um roteiro clássico, de folhetim, em que um fazendeiro tinha dois filhos. O mais jovem ia embora da fazenda, para conquistar novos horizontes na cidade grande. Além do pai, do irmão, ele deixava um grande amor. Quando voltava, ele estava doente, sem dinheiro. E encontrava a mulher que amava casada com o irmão mais velho que tinha ficado cuidando dos negócios do pai. Sinceramente, nem me lembro como terminava, mas tinha cara de novelão. Enquanto escrevia só pensava em Janete Clair. Mas este roteiro só foi mesmo para me inscrever. Fui chamada para testes, entrevista. Depois tive que passar por uma oficina de três meses. Dos setecentos inscritos, 12 foram selecionados para passar pela oficina. Depois do primeiro mês, eles deixaram apenas seis cursando a nova etapa de dois meses. Durante este tempo escrevi um roteiro adaptado de um conto de uma escritora portuguesa. Foi um super aprendizado estudar minuciosamente o conto, desconstruí-lo para escrever um roteiro de um especial. No final da oficina eles escolheram três roteiristas para contratar. Eu nem acreditei quando soube quer era um desses escolhidos!

Lohan: Thelma, você também tem 4 livros publicados e, entre eles, um livro de poemas (“Atrás do Osso”, 2007). Ainda hoje, apesar do intenso trabalho com os roteiros televisivos, você produz e/ou lê poesia nos tempos vagos? Em tempo: qual o seu livro de cabeceira?

Thelma: Claro que sim. Adoro literatura. Adoro poesia. Sempre leio e escrevo contos e poemas! Minha cabeceira está sempre cheia de livros. Por muito tempo, meu livro de cabeceira foi “Laços de Família” ou algum outro livro da Clarice Lispector. Ultimamente, tenho lido autores contemporâneos. Acabei de ler um livro do Philip Roth e neste momento estou terminando o livro maravilhoso do Georges Bourdoukan: “Capitão Mouro”. Mas tem muitos na fila, no meu criado-mudo. Para o nosso proximo trabalho na TV, tenho lido livros de História, focando o período das décadas de 30 e 40. E também sobre o Budismo. A leitura de poesia eu uso como uma espécie de colírio, para limpar a vista, alma. A poesia limpa, abre a cabeça e o coração para novos pontos de vista do mundo. Adoro voltar à poesia de Orides Fontela, por exemplo. Manoel de Barros também é um dos meus preferido. Fernando Pessoa também reserva grandes surpresas nas releituras que faço de seus poemas.

Lohan: Hoje em dia, segundo estatísticas, se vende muito livro e, paradoxalmente, ainda se lê pouco. Como você enxerga o cenário atual do leitor no Brasil? Você acredita que a inserção da literariedade na teledramaturgia brasileira (vide “Cordel Encantado”) seja uma isca eficaz para “pescar” o telespectador e conduzi-lo para o mundo da leitura? Ao formular histórias como ''Cordel Encantado'', há essa intencionalidade para com o público?

Thelma: Parece que as pessoas estão lendo menos mesmo. É uma pena, não é? O hábito da leitura é algo que tem que ser cultivado cedo. Acho que faltam campanhas fortes incentivando este hábito no Brasil. A leitura é tão importante, mas parece que a questão do livro é vista apenas no âmbito comercial, de mercado... Acho que as obras audio-visuais com grande alcance, como a telenovela, que atinge o grande público podem e devem sim colaborar neste sentido, de divulgar a literatura e incentivar a leitura. A TV pode fazer parte disso, mesmo sendo fundamental, não acho que seu papel seja determinante. O leitor não se forma por meio da televisão. Este trabalho tem que ser feito na base, sobretudo por meio de uma educação consistente, na escola, e por meio de grandes campanhas. A leitura tem que fazer parte da vida, do dia-a-dia desde a infância. Acho muito bom que muitos jovens adoraram as referências literárias de “Cordel Encantado”. Mas elas não foram usadas com este intuito específico. Duca e eu quisemos escrever um trabalho de qualidade. E fizemos uso das nossas referências.

Lohan: Nesta etapa do concurso estamos falando de cinema, essa arte tão magnífica. Qual é o filme mais marcante da sua vida, Thelma? E por que?

Thelma: São tantos os filmes da minha vida, que é difícil escolher só um. “Hiroxima, mon amour” é um dos filmes que mais me marcou. Adoro todos os filmes do Kieslovsky. Sobretudo o filme “Não Amarás”. Amo “Blade Runner”. O último filme que me impactou foi “Melancolia”. São todos filmes que tratam de amor, da fragilidade e do desamparo humano.

Lohan: Se um dia surgisse para você a proposta de adaptar uma única obra literária para a televisão, qual obra você escolheria e por quê? Essa vontade já existe, ou já foi discutida, por parte de vocês (você e a Duca)?

Thelma: Esta pergunta eu preferia não responder. Se eu falar, de repente, alguém tem a ideia e adapta antes que eu tenha a oportunidade de fazê-lo!

Lohan: Thelma, te agradeço de coração pela sua generosidade em conceder esta entrevista e pela sua contribuição como jurada no II Concurso de Poesia Autores S/A. Te desejo sucesso no prosseguir da sua carreira. Até a próxima!



MÁRCIA BARBIERI





Marcia Barbieri nasceu em 1979, em Indaiatuba-SP. É Formada em Port./Francês pela UNESP, pós-graduada em Prática de Criação Literária, curso organizado pelo escritor Nelson de Oliveira. Tem textos publicados nas principais revistas literárias brasileiras: Coyote, Polichinello, Arraia Pajeurb, Cronópios, Germina, Escritoras suicidas, Musa Rara, entre outras. Tem dois livros de contos escritos: “Anéis de Saturno” e “As mãos mirradas de Deus”. O romance inédito “Mosaico” de rancores será lançado em 2013 na Alemanha pela editora Clandestino Publikationen. Participou da coletânea de contos intitulada “Abigail”, organizada por Nelson de Oliveira. É colunista d’O Bule. Edita o blog: www.avidanaovaleumconto.blogspot.com.




“RESPONDA, JURADO!”



Nesta etapa, demos o direito aos poetas de dirigirem perguntas aos jurados oficiais do II Concurso de Poesia Autores S/A. Cada poeta deveria escolher apenas um dos jurados e formular sua pergunta para ele. Abaixo, as perguntas dos poetas e o que os jurados responderam. Vejam:



PERGUNTAS DIRIGIDAS A AFONSO HENRIQUES GUIMARAENS NETO



Pergunta de: Thiago Luz (Jean Jacques):
Até que ponto o "gosto pessoal" influencia na avaliação de um poema?



Afonso: O "gosto pessoal" certamente irá ter alguma influência na avaliação de um poema. Contudo, procuro o mais possível me colocar na posição de quem sabe que há múltiplos caminhos para se construir um poema (e, entre tantos caminhos, sempre haverá aqueles que se afastam bastante das preferências do julgador). Penso muito em tudo isso para não incorrer em injustiças gritantes.


Pergunta de: Wender Montenegro (Manoel Helder):

Para T.S Eliot, em seu ensaio intitulado "Tradição e talento individual", “nenhum poeta e nenhum artista de qualquer ofício produz sentido integral sozinho. Seu significado é a apreciação de sua relação com os poetas e artistas mortos.” Neste sentido, poeta, quais os autores, vivos ou mortos, que mais exercem/exerceram influência sobre o seu modo de escrever poemas?


Afonso: Os poetas que mais me marcaram foram Fernando Pessoa, Federico García Lorca e Rimbaud. Dos brasileiros, os simbolistas e os modernos Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Jorge de Lima. Dos atuais, gosto muito do português Herberto Helder.


Pergunta de: Henrique César (Gaspar):
Não sei bem se essa é uma questão literária, talvez seja mais pertinente em outros campos, como Psicologia, Filosofia, etc. Tenho observado que o autor é a pessoa que menos conhece o seu trabalho. Não sei, por exemplo, se é consequência de certa vaidade – ou se a vaidade é decorrente dessa cegueira. Seria esse o “buraco negro” do autor? Ou apenas um deles? E, finalizando, existe algum pior?



Afonso: O problema de um verdadeiro autoconhecimento do trabalho poético é algo complexo mesmo. Mas se não for possível conseguir alcançar uma boa visualização crítica do próprio trabalho, você corre o risco de ficar "empacado", repetindo muitas vezes fórmulas que podem não estar funcionando bem. Penso que a leitura sistemática dos grandes poetas provocará sempre a possibilidade de você colocar em discussão os próprios poemas e, com isso, poder mudar de rumo ou repensar tudo quanto você já realizou de modo radical.



Pergunta de: Marco Antônio Tozzato (Per-Verso):

O que é mais difícil: julgar um poema ou fazer um poema?


Afonso: Penso que fazer um bom poema é mais difícil do que julgar um poema de outra pessoa. Não quero dizer com isso que é fácil julgar, pois não é mesmo. Mas realizar um poema que seja de fato algo de 'permanente' (uma 'obra de arte pra valer'), pode acreditar que poucas pessoas conseguem...


Pergunta de: Letícia Simões (Alice Lobo):

Haveria como traduzir a crueza da intimidade na poesia? Ou o processo poético, por si só, já elimina qualquer possibilidade do íntimo?


Afonso: Acredito que você está colocando "a crueza da intimidade" em contraponto com a ideia do necessário grau de "lirismo da linguagem poética", o que nos levaria para a questão da água e do azeite, que não se misturam. Penso que o 'poético' não elimina nem contradiz o 'intimo'. Já li excelentes poemas em que a 'crueza da intimidade' está presente, vazada em uma linguagem que foge da prosa pela força concentrada da poesia. Penso em poetas como Roberto Piva, por exemplo. E o que falar dos bons poemas fesceninos de qualquer tempo? Assim, acho que qualquer assunto pode ser 'poetizado'. O problema está em conseguir criar um poema que possa de fato ser digno desse nome (em termos de ritmo e imagens enlaçadas pela inteligência)... Isto é que é o mais difícil de tudo.


Pergunta de: Ana Beatriz Manier (Barolo):

Quando lemos sobre poemas simbolistas, é comum encontramos textos teóricos que desvalorizam sua estética. As críticas normalmente se voltam para o mesmo ponto: excesso de sonoridade das palavras, priorização da forma em detrimento do conteúdo, excesso de espiritualismo, misticismo, etc. Sendo neto de um dos maiores nomes do Simbolismo no Brasil, gostaria de saber o que pensa do assunto.


Afonso: Em primeiro lugar é preciso saber de que teóricos estamos falando, ou seja, quais as posições estéticas de cada um deles. No passado, por longo tempo uma certa crítica valorizou muito os poetas parnasianos, em detrimento dos românticos e simbolistas. Os modernistas, por sua vez, caíram de pau nos parnasianos (que são na verdade muito chatos) e recuperaram os simbolistas e, por extensão, os românticos. Com o advento das vanguardas (concretismo à frente), novamente os românticos e simbolistas enfrentaram fogo forte, pois naquele momento poesia passou a ser uma construção muito menos verbal e mais ligada a outras linguagens, principalmente as das artes visuais (essas tendências 'concretistas' estão presentes até hoje em certos poetas e críticos, o que acho. às vezes, 'prejudicial' à poesia). Portanto, literatura sempre será um campo minado. De minha parte, gosto imenso dos românticos e dos simbolistas, bem como dos modernistas, é claro. Os simbolistas foram sempre muito valorizados por certas vanguardas do início do século 20 na Europa, principalmente os surrealistas (que são ótimos). Contudo, o surrealismo foi de certa forma banido do Brasil no tempo do modernismo (temos apenas traços do surrealismo em Murilo Mendes e Jorge de Lima, por sinal dois grandes poetas) e durante as décadas seguintes. E, por fim, para se ter uma ideia de como a crítica desconsiderava mesmo o simbolismo é dizer que meu avô morreu em 1921, e sua obra completa só foi editada em 1938 com o apoio do modernista Manuel Bandeira (como já disse, os modernistas 'adoravam' os simbolistas). Encerrando, é bom dizer que de fato sempre prevaleceu no Brasil uma certa surdez em relação à poesia não-discursiva, à escrita de natureza analógica e metafórica. A preferência sempre foi na direção de um discurso que se aproxima o tempo inteiro da prosa. Como você vê, trata-se de um assunto que pode render ensaios e mais ensaios.



PERGUNTAS DIRIGIDAS A PAULO FODRA:


Pergunta de: Hernany Tafuri (Nonada F.C.)



Paulo, quais seus critérios para avaliar se um texto é literário ou não? E como fugir de lugares-comuns na construção de um poema?



Paulo: Não vou mentir. Meu critério principal é meu gosto. O que eu procuro refinar cada vez mais é a minha habilidade de explicar o por quê de eu ter gostado ou não de um texto. Como disse em um dos comentários dos poemas dessa rodada, na minha opinião particular e não-acadêmica, a missão maior da poesia - eu poderia até dizer da literatura - é fazer com que o leitor olhe para o mundo não com os seus próprios olhos, mas com os olhos do poeta. Mesmo em prosa, eu gosto de textos que pintem mundos nas paredes da minha mente. Escrever por escrever é como uma imagem bidimensional. Sua mente fica restrita à superfície limitada do papel. Tanto a prosa quanto a poesia literária adicionam profundidade a essa imagem sugando sua mente para outros planos. Quanto aos lugares-comuns, pense nas suas férias. Ao viajar, a grande maioria de nós opta conhecer lugares novos, novos ares, novas culturas. Com a literatura também é assim. Se alguém já disse algo sobre determinado assunto e você não tem nenhum ângulo novo a acrescentar, evite. Invista seu tempo em textos nos quais você consiga traduzir novos ares.



Pergunta de: Cinthia Kriemler (Lune):



Paulo,

Você tem se mostrado um dos mais criteriosos jurados deste concurso, um dos que mais esclarecem ao autor sobre possíveis falhas. Tanto nas críticas, quanto nos elogios, vê-se que seu julgamento supera preferências, o que é bom para todos os autores. Mas eu quero saber, longe dos momentos de avaliar: qual é o seu estilo de poesia preferido? Não vale dizer todos!



Paulo: Jura que é tão difícil assim de saber? Então tá. Eu gosto muito dos simbolistas – Ismália é um dos meus poemas preferidos –, dos góticos e dos malucos. Tenho profundo respeito pelos poetas que conseguem arrancar poesia em estado puro das coisas mais banais do cotidiano, como o Fred Barbosa e a Alice Ruiz. Não era uma resposta única como a que você pediu, mas o meu gosto não é mesmo linear. Se fosse, talvez não conseguisse superar as barreiras das preferências pessoais ao analisar os poemas.



PERGUNTAS DIRIGIDAS A TÂNIA TIBURZIO:



Pergunta de: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa):



Tânia, muito prazer! Gostaria muitíssimo de conhecer sua visão sobre poesia contemporânea e é essa minha pergunta: O que é poesia contemporânea para você? Como tal poesia deve se apresentar? Obrigada.



Tânia: Olá! A poesia contemporânea pra mim é uma poesia que tem como matéria a experiência pessoal do autor, seu cotidiano, o comum e ordinário que o cerca. É uma poesia livre, sem forma definida, sem molduras. Ela é multifacetada, diversa como o mundo que vivemos.



Pergunta de: Geovani Doratiotto (G.D)

Qual a importância do Cubo-Futurismo Russo para a poesia Concreta Brasileira?



Tânia: G.D., não sou estudiosa de literatura, não tenho formação na área (sou advogada), posso pesquisar na internet e lhe dar uma resposta acadêmica que satisfaça sua curiosidade, mas acredito que essa resposta você já conheça portanto não vou fazer tal coisa. Para ser muito sincera, apesar de não negar a importância do movimento concretista brasileiro, a poesia concreta não me agrada nem um pouco e tão pouco me agrada a o cubo-futurismo russo. O pouco que sei e conheço do último é que o mesmo acreditava que o livro deveria possuir uma eficácia de obra de arte e que autores e artistas plásticos deveriam trabalhar em conjunto o que também se encontra na poesia concreta brasileira que trabalhou a poesia com as artes plásticas e abordou a estética e funcionalidade do livro.



PERGUNTA DIRIGIDA A RONALDO CAGIANO:




Pergunta de: Francisco Ferreira (João Saramica)

Nesta época de ditadura da imagem, quando quase todo o mundo tem "uma câmera na mão" (os famigerados celulares) e alguns, com "ideias na cabeça"; você acredita que ainda tenha "lugar" para a literatura - sobretudo no gênero poesia -? Qual a sua opinião sobre a poesia produzida hoje?



Ronaldo: Sim, a arte, seja qual for a linguagem – existe para isso, para evitar que, nesse mundo de coisificação e etiqueta, a expressão artística perca seu status para as demandas do mercado, o racionalismo das ações pragmáticas, a ditadura da mídia e a velocidade avassaladora com que a tecnologia nos governa. Como dizia o saudoso poeta Alphonsus de Guimaraens Filho, “se não for pela poesia/ como crer na eternidade?” Ela está aí para não deixar que tudo vá por água abaixo. Acredito nessa eternidade – não a espiritual, pregada enganosamente pelas religiões –mas a da obra e do artista, que nunca morrerão enquanto o que pensaram, exprimiram e comunicaram renovar sua atualidade frente aos desafios da contemporaneidade. Mesmo da poesia que se faz hoje, muitas vezes perdida ente a imagem e a mensagem, seduzida pelos apelos da cultura de massas, ainda há como (re)colher o que é essencial, o farol e o soco no estômago.



COMENTÁRIOS E NOTAS DOS JURADOS (CINEMA)





Estrelando: Barolo

Título: Shame





Afonso Henriques:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: A ideia da solidão de alguém abandonado e jogado na calçada como um brinquedo deixado na chuva é boa. Penso, contudo, que fica um gosto de “quero mais”. O poema curto às vezes dá a aparência de ser mais “fácil”, e por isso mesmo necessita de grande força e densidade, o que é coisa bastante difícil de se alcançar.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Conciso e imagético, o poema traduz numa tomada o cenário de uma humilhação amorosa.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: Esse poema me fez sentir saudade da profundidade poética que o autor demonstrou no início do certame. Bastante curto, se revela descritivo e raso de imagens, aprisionado a uma bidimensionalidade decepcionante.





Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Adorei! Muito boa a abordagem do tema.



Thelma Guedes:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: O poema é conciso e dialoga bem com a linguagem cinematográfica, ao reproduzir poeticamente uma cena de filme. Não cede a apelos de sentimentalismo barato, armadilha em que muitos poetas acabam caindo num tipo de poema como este. É seco, direto e busca ser definitivo. Ele quer dizer muito com pouco e sem estardalhaço. Mas talvez as próprias qualidades do poema, descritas anteriormente, tenham ido um pouco além e criado um certo vazio, uma falta. O poema poderia ter ido um pouco mais fundo (pouca coisa), para tocar o coração do leitor. O resultado ficou um tanto frio. O sentimento está visto de fora, com quase nenhum envolvimento emocional. Sim, é muito difícil, a linha é tênue entre o piegas e a emoção verdadeira transportada para um poema. Mas é exatamente atingir esse alvo que faz toda a diferença e faz o poeta chegar à empatia necessária, isto é, à compreensão emocional de seu leitor.



Francis Ivanovich:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO:

O poema poderia ter sido mais trabalhado, lapidado, exemplo: Já pisei nos discos, se estivesse Pisei nos discos, eliminando Já, já teria um efeito bem mais intenso. O texto tem qualidades, mas ainda não está pronto.



Flávia Rocha:

NOTA: 9.7

COMENTÁRIO:

Simples e direto e cinemático. O poema funciona como uma cena, com personagens, narrativa e imagem que se desenha na mente. Um ótimo salto (enjambment) separando as duas estrofes, uma na primeira pessoa (problema) e a outra na terceira pessoa (resolução). Parece menos poema que canção, e suspeito o refrão: "não morra,/ não vá embora,/ não vá."





Márcia Barbieri:

NOTA: 9.0

COMENTÁRIO: O poema perde nos quesitos sonoridade, criatividade e originalidade. O leitor não é envolvido pela cena descrita. Ele está mais para a prosa do que para o poema.







Estrelando: Lune

Título: Um lugar que se chama eu



Afonso Henriques:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: Há algumas boas imagens poéticas e a ‘descrição fílmica’ de um modo geral me pareceu interessante.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Montado o cenário poético, como num set de filmagem, o autor fez um trânsito entre Bergman e Suzana Amaral, um diálogo interessante entre as duas linguagens.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Poema excessivamente longo e caótico. A cena de abertura é tão lisérgica que se torna impenetrável. Considerando o tema, a autora teria sido mais feliz se tivesse ficado apenas em sua cena final.





Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Muito bom também. Muito feliz na escolha das cenas.





Thelma Guedes:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: O poema tem uma originalidade bem interessante, ao reproduzir a forma dos roteiros cinematográficos. Além disso, cria um divertido jogo em que as referências cinematográficas podem ser reconhecidas por seus leitores, desde que eles sejam cinéfilos, obviamente (senão, o poema cairá no vazio). Bela essa busca de identificação entre personagens femininos de cinema, em suas angústias; que parecem ser sentimentos também do poeta (uma poeta talvez?) e que podem sim chegar à emoção do leitor. Mas apesar de todas as suas qualidades, o poema peca, e muito, pelos excessos. São tantas as referências, são tantas as personagens, que ele se perde. E faz o leitor perder a “tensão” com o sentido profundo do que está lendo. O excesso de palavrório deixa o poema um pouco pomposo e tira força que ele poderia ter. Meu conselho? Ler Drummond é um excelente conselho para todo nós!



Francis Ivanovich:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: É um poema que se perde em si mesmo. Poderia ser menos óbvio.



Flávia Rocha:

NOTA: 9.4

COMENTÁRIO: Criativo sob o ponto de vista temático, usando referências do cinema e da literatura, mas não muito feliz na combinação desses elementos -- pendendo para uma série de chavões poéticos de tendência romântica (sacia, acariciar, demência, incendiar, amargura, trevas, etc). Faltou uma linguagem mais isenta de vícios poéticos.





Márcia Barbieri:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Poema muito bem construído, não cai no senso comum, tem uma excelente sonoridade e articula-se muito bem com o filme proposto. Grifo para os versos: “ejacula nas janelas / um orgasmo de sol que se espatifa no vazio”. Perfeito esses versos!!





Estrelando: João Saramica

Título: Adorável Vagabundo



Afonso Henriques:

NOTA: 9.4

COMENTÁRIO: A aproximação entre Chaplin e Drummond está interessante, mas lidar com dois gênios requer uma construção ainda mais apurada, com maior densidade. Que tal “repensar” um pouco o poema? Pela nova ortografia, escreve-se “antissemita”.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: A poesia se abrindo como um evangelho da criação. Passa ideia do cinema que nasce como o mundo, da luz e essa luz se projeta na literatura, nas telas, em todas artes.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: O poeta misturou cinema, Carlos Drummond de Andrade e Charles Chaplin. Pena que se agarrou em lugares-comuns dos três assuntos. Embora funcione, o resultado soa burocrático e até sem graça.





Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Interessante o poema, gosto da construção mas não me passou emoção.





Thelma Guedes:

NOTA: 9,3

COMENTÁRIO: Embora bem intencionado em relação ao conteúdo (a crítica ao horror do nazismo, da guerra e a homenagem ao cinema e a Charles Chaplin), falta poesia ao poema. Ele se perde em imagens que não conseguem levá-lo à dimensão de arte. Falta precisão, ritmo, força imagética. Quem sabe valeria retrabalhar o poema pensando nesses elementos?



Francis Ivanovich:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: É um poema com grandes problemas de composição, seu excesso de referências tira sua originalidade.



Flávia Rocha:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: Apesar de apreciar a intenção formal do poema, que tenta quebrar a narrativa, abordando assuntos de forma descontínua, e amarrando-o com rimas, o resultado acaba não tendo a unidade necessária para exprimir uma idéia de forma definida.  Pouco imaginativo usar a frase feita "câmeras, ação". Aliar Drummond a Charles Chaplin, e no topo disso Deus, pareceu meio forçado.





Márcia Barbieri:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: O poema tem uma boa sonoridade, perde um pouco empregando uma intertextualidade com versos de Drummond já muito gastos.





Estrelando: G.D

Título: Cinema novo, de novo, de novo, de novo, etc.



Afonso Henriques:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: Há uma tentativa interessante de dar ao poema um ritmo cinematográfico. Com pitadas de humor ao final.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Destaque para o exercício formal e o jogo de palavras e imagens e a homenagem a diretores e estúdios antológicos da sétima arte.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Novamente, a experimentação concretista “quebra” o poema em dois blocos. A última estrofe é a melhor de todo o poema, o que faz a parte de cima da quebra parecer ainda mais inóspita.





Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Interessante a construção do poema. Gosto da crítica social inserida.





Thelma Guedes:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Audacioso, inventivo, com uma saudável dose de desconcerto, o poema tem frescor e novidade. Ferino, ácido, critica, mas de maneira esperta e bem humorada (fazendo trocadilhos com os nomes de diretores, por exemplo). Vê-se que o autor conhece bem o tema de que trata e domina a linguagem poética com desenvoltura. O único senão fica por conta da obviedade e pouca poesia do verso (puramente panfletário): “a lógica histórica burguesa-dominação”. Embora caiba no contexto, soa apelativo e o poema não precisa disso. Tira um pouco da força da denúncia. Mas ainda assim, o poema é ótimo!



Francis Ivanovich:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Sem comentários, daria nota até inferior.



Flávia Rocha:

NOTA: 9.4

COMENTÁRIO: Criatividade aflorada, mas atira para todo lado, sem controle (mesmo o poema aparentemente descontrolado tem que ter um controle danado). Não conseguiu, a meu ver, expressar uma ideia clara, flutua entre artifícios poéticos, abusando de aliterações e rimas internas (pouco elaboradas) e de pretensos modernismos, como as repetições da palavra re-produção (sem um efeito bem definido). E termina com a coisa do "poema-choque", "poema-manifesto", de inclinação política.  O trocadilho no final parece não se converter na ideia proposta - anti-televisiva… Assunto aí para pelo menos uns 5 poemas, não 1.





Márcia Barbieri:

NOTA: 9.3

COMENTÁRIO: Embora o poema tenha uma boa sonoridade e algumas imagens fortes, acredito que o tema alienação-televisão-cinema é um tema um pouco gasto, óbvio demais.





Estrelando: Alice Lobo

Título: carta a buñuel



Afonso Henriques:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: A conversa com Buñuel possui alguns bons momentos, principalmente quando esses momentos se mostram por meio de versos que chamam a atenção: “a noite despencou e quebrou três estrelas”.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO:  O autor montou quadro a quadro o poema, calcado nos referenciais da tela grande numa sutil alusão a algumas importantes películas.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Poema obscuro e surreal, deixando entrever a história trágica de um amor louco e obsessivo. A autora repete o recurso utilizado no poema da rodada anterior de deixar para o último verso a referência direta à obra de Buñuel, obrigando a uma nova leitura do poema sob a luz dessa intertextualidade. Destaque para o lindo verso “a noite despencou e quebrou três estrelas”.





Tânia Tiburzio:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Adorei! Li e reli várias vezes e confesso que copiei. Leve, bonito, sensível.



Thelma Guedes:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: A leitura e interpretação que cada um de nós faz de um poema não é necessariamente equivalente à mensagem que o poeta tentou enviar a seus leitores. Mas eu tive a minha leitura. E é dela que vou falar. Li este poema como se eu estivesse nele. Como alguém que revê uma cena do poema de sua própria vida. A cena em que o casal assiste ao filme. A mulher olha o amado, olha o amor que está indo embora, olha a solidão. Quando um poema consegue fazer isso com um leitor (e um leitor treinado como eu, também escritor e poeta), é um poema que vale a pena. O bom poema usa a técnica, sem deixar esta técnica entrevista. A emoção prevalece. Aqui a emoção prevaleceu. Em mim, o poema se cumpriu plenamente. Nota 10. Conselhos para o autor (ou autora): continue, faça mais poemas lindos como este.



Francis Ivanovich:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: Um bom poema, sem dúvida. Há força poética, imagens, ritmo.



Flávia Rocha:

NOTA: 9.7

COMENTÁRIO: Tem uma voz definida, leve, com ritmo. Abordou o tema de forma lateral (não literal), fazendo uma referência sutil no verso final, e amarrando com o título. Diversas palavras/ideias que são chavões poéticos em poemas de amor: coração, sangue, cantar, dançar na chuva, entrega, solidão -- que empobreceram o poema. Mas algumas passagens com imagens criativas, imprevisíveis, como quebrar estrelas, sorrir em rasgos de amarelo, aconchegar atrás da hora.





Márcia Barbieri:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: O autor conseguiu uma boa sonoridade, assim como conseguiu utilizar imagens ternas e bonitas. Destaque para os versos: “você na plateia sorri em rasgos de amarelo / eu me desdobro em navios e solidão”.





Estrelando: Manoel Helder

Título: Silêncio de Claquete: Parte Saraceni



Afonso Henriques:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: Há uma boa tentativa de se falar do Cinema Novo e homenagear Saraceni / Glauber. O final do poema está bom.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Poema-homenagem a um ícone do cinema nacional, o autor recorre à obra do diretor para falar do cinema novo e  como obra maior, que um Glauber também entronizou.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: O poeta parece ter se desgarrado do estilo certeiro que o conduziu à liderança do certame. Eu gostava mais dos textos em que o poeta era ele mesmo, mais coeso e mais profundo, sem perder a clareza. Talvez o poeta tenha se abalado com as duras críticas recebidas em comentários no blog, não sei. O texto dessa rodada flui em volta de uma cena que, aparentemente, tem muito significado para o poeta. Porém falha ao não conseguir criar pontes que conduzam o leitor até ele. Na minha opinião particular e não-acadêmica, essa é a missão maior da poesia: fazer com que o leitor olhe para o mundo não com os seus próprios olhos, mas com os olhos do poeta.





Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: Poema sem muita inventividade, sem surpresa.



Thelma Guedes:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: Poucos são os “poemas-homenagem” que não caem na armadilha do sentimentalismo; quase nenhum deles se sustenta como obra de arte. Infelizmente este poema não foge à regra. Usando imagens poéticas e trocadilhos pouco inspirados (“no ventre da câmera de papelão” ou “SaracenIncendiasse Rocha”), referências óbvias como se fossem grande “sacadas” (“imagem na cabeça e poema na mão”), o poema não surpreende, não cria interesse, enfim, não convence como poema.



Francis Ivanovich:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Mais uma vez um poema que se perde na composição, não há verdade, não há emoção, não há criação poética autêntica só jogo de palavras, um poema mental.



Flávia Rocha:

Nota: 9.6

Comentário: A homenagem com o jogo de palavras e referências é uma ideia interessante, mas as tentativas formais de uma linguagem mais complexa não alcançaram o efeito desejado, dando um tom "afetado" ao poema, especialmente por conta da criação de verbos e substantivos a partir da aglutinação de palavras. O objeto do poema, a homenagem, perde seu efeito diante desses malabarismos de linguagem. Faltou ritmo e "humildade" diante do tema.





Márcia Barbieri:

NOTA: 9.7

COMENTÁRIO: O poema tem uma boa sonoridade, originalidade e consegue construir cenas e imagens palpáveis.





Estrelando: Jean Jacques

Título: Era uma vez um cinema...



Afonso Henriques:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: A ideia de se “antropomorfizar” uma sala cinematográfica (infância, idade adulta, velhice e morte) é boa. Penso que é preciso dar mais densidade poética à linguagem.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: O tom prosaico empobreceu o poema, mas o trabalho valeu pela crítica que se faz à transformação das salas em templo religioso, pela analogia entre o cinema de hoje e o ancião moribundo das ruas, pela nostalgia que nos remete a um tempo de profunda magia, que os cinemas de shopping não conseguem reproduzir.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: O poeta faz uso de um dos seus temas preferidos que é a saudade da infância, porém, seu poema não passa de uma descrição quase literal do filme Cinema Paradiso, mornamente adaptada para a realidade brasileira em que os cinemas acabam virando igrejas.





Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Poema bonito, bem construído mas poderia ser um pouco mais curto. Ficou cansativo.



Thelma Guedes:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: O tema é tratado de maneira inteligente e habilidosa, com uma progressão interessante entre as partes. Vai criando curiosidade no leitor. E o vai envolvendo aos poucos. Tecnicamente é prejudicado por um certo desequilíbrio entre as partes. Apesar de ter identificado qualidades, não me tocou de maneira especial. Ou seja, não reconheci frescor, novidade, brilho que o distinguisse dos demais.



Francis Ivanovich:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Sem comentários, daria nota inferior.



Flávia Rocha:

NOTA: 9.3

COMENTÁRIO: Uma sequência de chavões poéticos românticos. Quase todas as palavras, a linguagem do poema passa por essa matriz. Sugiro muita leitura de poetas contemporâneos! Algumas coisas bem pensadas: a divisão em partes, os títulos das partes são ótimos e dão unidade ao poema.





Márcia Barbieri:

NOTA: 9.0

COMENTÁRIO: Embora o poema cumpra sua missão, conseguimos vislumbrar cenas e sentimentos, ele se aproxima do senso comum, perdendo em originalidade.







Estrelando: Anna Lisboa

Título: A Dama e o Vaga-lume



Afonso Henriques:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: Gostei do ritmo do poema, apesar do perigo representado pela profusão de filmes citados, o que de certa forma transforma o texto em um rendilhado, sem aprofundar nenhum assunto. Uma observação: Pagu não tem acento.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,6

COMENTÁRIO: Bom bem estruturado desde a abertura ao descerrar da cortina, fazendo um passeio por películas e diretores, estabelecendo uma interessante contextualidade e intertextualidade.



Paulo Fodra:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: O estilo vertiginoso e entrecortado da autora a levou a trabalhar o tema como se estivesse em uma mesa de edição. O resultado alcançado é primoroso, principalmente por causa dos novos contextos gerados pela colagem das referências – alinhavadas por jogos de palavras e inversões – criando um enredo original e criativo que traduz muito bem a voz lírica da poetisa.






Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Muito bom, divertido! Uma miscelânea de imagens que funcionou muito bem. O poema é como uma grande colagem.





Thelma Guedes:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: O poema parece discorrer de maneira aleatória por referências cinematográficas, sem quê nem por quê. A mistura de referências poderia sim ter um bom resultado. Mas faltou habilidade, ou quem sabe, trabalho e esforço por parte do criador.








Francis Ivanovich:

NOTA: 9,0

COMENTÁRIO: Mais uma poema que faz somente jogo de palavras.



Flávia Rocha:

NOTA: 9.3

COMENTÁRIO: Novamente aqui, o universo ultra romântico como referência de linguagem, e a recomendação: vamos ler poetas contemporâneos! Os mestres do século 20, como Celan, Lorca, Akmatova, e muitos e muitos outros, que há tanto tempo nos distanciaram do mal-do-século 19, e nos carregaram para além da primeira fase modernista, cruzando desertos pós-modernistas, até chegarmos aqui, hoje, nesse mundo enorme de possibilidades estilísticas e com muita coisa para dizer sobre o nosso próprio tempo, e sobre nós mesmos. Para quem quer praticar verdade em poesia: o poema é normalmente mais verdadeiro e real quando escrevemos sobre coisas que conhecemos de perto. A ideia de montar o poema como um filme é válida, claro, mas não tão original. Vejo no poema potencialidades criativas. Tem muita energia criativa no tom do poema





Márcia Barbieri:

NOTA: 9.8

COMENTÁRIO: Poema muito bem construído, em harmonia com o tema proposto. Consegue levar o leitor a vislumbrar a tela.







Estrelando: Per-Verso

Título: E pur si muove



Afonso Henriques:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: Gostei do ritmo deste poema. Mas também aqui temos o perigo do texto se voltar em demasia para uma enumeração de filmes/fragmentos fílmicos, sem nenhum aprofundamento maior.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: A ideia de interpretar o que ocorre na tela grande foi boa. Ainda que presentes alguns referenciais à arte cinematográfica, o poema perdeu-se pelo excesso descritivo. 



Paulo Fodra:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Abordagem correta do tema, com argumentos bem estruturados, embora o formato de exaltação à arte tenha dado ao poema um tom um tanto quanto leviano.





Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: Só poema bom nesta etapa! Muito bom este também. Bem construído, divertido, leve.





Thelma Guedes:

NOTA: 9,8

COMENTÁRIO: A simplicidade e leveza do tema deste poema, que faz uma homenagem simples e até mesmo pueril à arte do cinema, é salva pela habilidade do poeta. O poema é bom, porque o autor sabe usar referências de maneira inteligente, esperta, sagaz. Dos que li neste concurso, é um dos que têm o melhor desempenho rítmico. Mas não me tocou com profundidade; ele me interessou mais pela harmonia e engenhosidade. Mas um poema tem que ser mais do que isso para tocar o coração do leitor. Faltou um pouco mais de entrega do autor.



Francis Ivanovich:

NOTA: 9,2

COMENTÁRIO: Um poema que melhor trabalhado poderia obter um bom resultado, sente-se nele o trabalho do poeta, mas que infelizmente cede ao óbvio como esse the end, etc.



Flávia Rocha:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: O poema apresenta bem a ideia, do começo ao fim, mas deixa de ousar, adotando o tema literalmente, com uma linguagem poética singela, algumas rimas aqui e ali, dando ritmo. A prova de que faltou um pouquinho de imaginação é a referência final "The End" que vários dos poemas dessa semana apresentaram como solução final. Se tanta gente teve a mesma ideia, é para desconfiar…



Márcia Barbieri:

NOTA: 9.4

COMENTÁRIO: O poema embora cumpra sua missão, embora leve o leitor em frente à tela, não comove.





Estrelando: Gaspar

Título: Sob(e) a Luz



Afonso Henriques:

NOTA: 9.6

COMENTÁRIO: O poema está bem construído. Ficaram interessantes os ‘contrapontos’ apresentados.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,5

COMENTÁRIO: A tentativa de definir o cinema a partir das sensações que produz não produziu efeito poético, perdeu-se na verborragia. A criatividade não buscou a intertextualidade, um diálogo maior entre as duas artes, poesia-cinema.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Belíssima alegoria do cinema. O poeta consegue traduzir em imagens profundas o simples ato de sentar e assistir um filme. Os trechos destacados em itálico, aqui, me pareceram supérfluos, mero formalismo.





Tânia Tiburzio:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Seu poema me transportou para uma sala de cinema. Parabéns!





Thelma Guedes:

NOTA: 10

COMENTÁRIO: Poema forte, rítmico, envolvente, trabalha com a sonoridade, a concisão e, ao mesmo tempo, toca fundo. Fala de um “pouco” que é “tanto”, que é “muito”, que é “quase tudo”. O escuro, o silêncio, a magia do cinema que nos leva ao paraíso e que na saída nos devolve ao mundo, em seco. Bárbaro! Quem ama o cinema sabe exatamente do que este poema está falando! E o melhor: sem se baratear, usando imagens ou trocadilhos fáceis e batidos.



Francis Ivanovich:

NOTA: 9,9

COMENTÁRIO: Sem dúvida, um poema. Linguagem poética apurada, imagens, ritmo, grandes qualidades.



Flávia Rocha:

NOTA: 9.5

COMENTÁRIO: Palavras um pouco carregadas demais de valores poéticos pré-estabelecidos no lirismo clássico (ou seja, outra vez, chavões líricos), que vem de um mundo familiar, antigo: coração da noite, dança bailarina, solidão, cala, deleite, escuridão, amalgamado, penumbra, ar elísio, sopro, sussurrando, silêncio, punho, onírico, vazio. Mas o poema tem ritmo, e alguns versos fortes, como a quebra de ritmo no final "se distrai" -- formando um ótimo trampolim -- virada/movimento -- para a estrofe final.





Márcia Barbieri:

NOTA: 9.8

COMENTÁRIO: O poema é muito bem construído, utiliza imagens bonitas. Destaque para os versos: “em uníssono silêncio veste a capa / couraça contra as armadilhas do sol em punho”.





Estrelando: Nonada F.C.

Título: Cena



Afonso Henriques:

NOTA: 9.4

COMENTÁRIO: Este poema pede mais elementos. Já disse a outro poeta que o poema curto é algo bastante problemático, pois tem que possuir a adequada densidade para não deixar a sensação de incompletude.



Ronaldo Cagiano:

NOTA: 9,4

COMENTÁRIO: o Autor desviou-se,  preocupado em falar do cinema como sentimento e não como ação e movimento que alimentam a grande tela.



Paulo Fodra:

NOTA: 9,7

COMENTÁRIO: Um bom conceito. Porém, o poema demandaria um pouco mais de trabalho para conseguir um efeito marcante. A quebra dos versos, por exemplo, acabam marcando o ritmo da leitura, mesmo que o poema não tenha rima ou métrica. Nesse ponto, um bom truque a ser usado durante a revisão dos poemas é lê-los (ou, porque não cantá-los?) em voz alta.



 
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Poema bonito, simples. Mas fiquei com a sensação de que falta algo, um grande final.


Thelma Guedes:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O poema promete mas não chega lá. Falta um pouco mais de trabalho e invenção. O bom poema é simples, mas não simplório. O que fica claro é que há um bom poeta por detrás desse poema. Mas um bom poeta que não foi mais longe, que não deu mais para ir além. Um pouco mais e ele iria...

Francis Ivanovich:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Sem comentários.

Flávia Rocha:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO: Conciso e econômico no uso de palavras, mas pouco imaginativo, e muito literal. As rimas aqui amarram o poema, mas são muito perfeitas/diretas, e acabam tendo um efeito contrário, de previsibilidade. Faltou alguma imagem forte, um "objeto" para concretizar uma figura na nossa mente e dar substância a este poema filosófico.


Márcia Barbieri:
NOTA: 9.0
COMENTÁRIO: O poema tem uma boa sonoridade, no entanto, considero-o um pouco ingênuo.


Estrelando: Dersu Uzala
Título: sonhos de Kurosawa

Afonso Henriques:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Dos poemas curtos enviados este é o melhor, principalmente pelo sopro lírico que ele contém. Uma observação: pela nova ortografia, escreve-se "autorretrato".

Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: Poema síntese, que capta com singeleza a essência da poética cinéfila do mestre Kurosawa, que soube fazer uma interface entre o sonho e a realidade, entre os quadros de Van Gogh e a expressão estética de seu cinema.


Paulo Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Belas imagens concentradas em poucas linhas. A concisão falando a favor do argumento. Senti falta de uma conexão intertextual um pouco mais clara no corpo do texto. Para mim, que vergonhosamente não sou íntimo da obra de Kurosawa, a única chave para o tema foi o titulo. Mea culpa. Porém, muitos outros leitores por aí devem partilhar dessa minha falha de caráter. Eu não precisei conhecer a obra de Kurosawa para gostar – como de fato gostei – da sua poesia. Mas a sua poesia poderia despertar em mim o desejo de conhecer Kurosawa. Fica a dica.



Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Bonito, simples e boa abordagem do tema. Gostei muito.


Thelma Guedes:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Belo poema, delicado enigma. Emociona com o que tem de leve e etéreo. Para o meu paladar faltou um pouco de drama, de tom vermelho e sanguíneo. Mas isso é questão de gosto. O poema é muito bom.

Francis Ivanovich:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Excelente, sintético, preciso. É um poema.

Flávia Rocha:
NOTA: 9.7
COMENTÁRIO: Interessante pelo aspecto menos convencional com que abordou o tema, fechando num assunto específico e reconhecível (conseguiu passar um lado zen/clean, que combina com Kurosawa e, ao mesmo tempo, com a concisa poesia japonesa, dedicada a elementos da natureza e aparente simplicidade), e evitando o perigo de cair no lugar comum ou no abstrato ao falar genericamente sobre um tema tão rico como é o cinema. O verso final dá uma virada importante, que puxa o poema para um patamar mais reflexivo e filosófico.

Márcia Barbieri:
NOTA: 9.2
COMENTÁRIO: O poema apresenta imagens bonitas e bem contextualizadas com o filme escolhido, no entanto, acredito que ele poderia ser desenvolvido melhor.

BONUS DO JURI:

Abaixo, constam os poetas cujos poemas foram os destaques nesta etapa, na opinião dos jurados convidados. Cada poeta destacado receberá 0,5 pontos de bônus. Parabéns, poetas!

Para a jurada Thelma Guedes – Letícia Simões (Alice Lobo)
Para a jurada Flávia Rocha – Flávio Machado (Dersu Uzala)
Para o jurado Francis Ivanovich - Henrique César (Gaspar)
Para a jurada Márcia Barbieri - Lune


BÔNUS DO LEITOR:

Nos comentários, o poeta mais votado foi Anna Lisboa, com 16 votos. Parabéns, Anna ! Você receberá 1 ponto de bônus.


PONTO-PRESENTE (VOTO DOS POETAS)

Quem terá sido o preferido (a) entre os poetas na etapa “Cinema”? Confira abaixo!

Wender Montenegro (Manoel Helder):
Ponto-Presente para: Letícia Simões (Alice Lobo)
Justificativa: Meu ponto-presente vai para a Alice Lobo. Pela exuberância lírica do poema, que nos suspende em versos como "você na plateia sorri em rasgos de amarelo" [...] "agora estamos pelo mínimo pavio / onde amor e sangue se aconchegam atrás da hora" [...] "a última cena são seus olhos ávidos / incorridos em entregas arrependidas". Poema sublime! Parabéns, Letícia Simões!

Geovani Doratiotto (G.D):
Ponto-Presente para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)
Justificativa: Sou um leitor da Anna!

Lune:
Ponto-Presente para: Marco Antônio Tozzato (Per-Verso)
Justificativa: Per-Verso jogou com leveza as palavras e falou do universo do cinema sem rebuscamentos, mas com emoção. É quase um deslumbramento o olhar que o autor divide conosco, além de algumas frases especiais, como: "se imita, não se limita / enrola, desenrola, faz fita".

Henrique César (Gaspar):
Ponto-Presente para: Lune.

Justificativa: A poeta não brinca, dá golpes pontiagudos, carregados com o veneno da mais doce melancolia. Não é derramada, é precisa nas estocadas, dura, sem dó de ninguém – principalmente de si mesma. Todo o poema é bem cuidado (carinhosamente até, me parece) cada verso é lapidado para integrar harmoniosamente o todo – é um poema íntegro nas várias acepções da palavra. Na dedicatória da Paixão Segundo GH, Clarice, no prefácio “A Possíveis Leitores” diz que ficaria contente que o livro “fosse lido apenas por pessoas de alma já formada”, é o que recomendo para quem ler esse poema, do contrário corre-se o risco de ficar com danos permanentes. Eu confesso, depois de tanto apanhar, virei manteiga. Parabéns a poeta Lune, Martini (única correção: nunca o último) e poema na medida certa.

Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa):
Ponto-Presente para: Lune
Justificativa: Arrepios e mais arrepios a cada verso.

Letícia Simões (Alice Lobo):
Ponto-Presente para: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa)
Justificativa: mais uma vez, para mim, conseguiu extrair um delicioso sorriso do canto da boca ao ler seu poema. Se no início eu tinha alguma resistência à forma como ela apresentava sua visão de mundo, agora me delicio.

Thiago Luz (Jean Jacques):
Ponto-Presente para: Geovani Doratiotto (G.D)
Justificativa: As imagens e os jogos de palavras mantêm o leitor atento de frente pra tela, digo, de frente para o papel. Uma pitada de pimenta-crítica evidencia o gosto agradável do poema.

Francisco Ferreira (João Saramica):
Ponto-Presente para: Lune.
Justificativa: Voto em Lune pela força de suas metáforas.

Barolo:
Ponto-Presente para: Flávio Machado (Dersu Uzala).
Justificativa: Pela beleza e pela delicadeza – um sonho mesmo.

Marco Antônio Tozzato (Per-Verso):
Ponto-Presente para: Letícia Simões (Alice Lobo)
Justificativa: Gostei muito como ela colocou as referências cinematográficas em seu poema. Lê-lo foi como assistir a um pequeno filme.

Flávio Machado (Dersu Uzala):
Ponto-Presente para: Barolo.
Justificativa: O poema tem muita força e beleza cinematográfica.

Hernany Tafuri (Nonada F.C.):
Ponto-Presente para: Letícia Simões (Alice Lobo)
Justificativa: Lindo!


RANKING DA RODADA (CINEMA):



1º HENRIQUE CÉSAR CABRAL (GASPAR) – 78,1 pts.

2º LETÍCIA SIMÕES (ALICE LOBO) – 77,7 pts.

3º FLÁVIO MACHADO (DERSU UZALA) – 77 pts.

4º ANA LÚCIA PIRES (ANNA LISBOA) – 76,9 pts.

5º LUNE – 76,5 pts.
(maior nota: 10).

6º MARCO ANTÔNIO TOZZATO (PER-VERSO) – 76,5 pts.
(maior nota: 9,8 pts.).

7º GEOVANI DORATIOTTO (G.D) – 76 pts.

8º FRANCISCO FERREIRA (JOÃO SARAMICA) – 75,7 pts.
(última maior nota: 9,3 pts.).

9º WENDER MONTENEGRO (MANOEL HELDER) – 75, 7 pts.
(última maior nota: 9,2 pts.).

10º BAROLO – 75, 5 pts.

11º THIAGO LUZ (JEAN JACQUES) – 75,2 pts.

12º HERNANY TAFURI (NONADA F.C.) – 75, 1 pts.
 &


PREMIAÇÃO DA RODADA:

O poeta Henrique César (Gaspar) vai receber de presente um exemplar da antologia "Poesia.com". Parabéns, Henrique!


E ENTÃO POETAS, O QUE ACHARAM DOS RESULTADOS? QUE REVIRAVOLTA, NÃO? PARABÉNS A TODOS E ATÉ SEMANA QUE VEM, NA GRANDE FINAL. CAPRICHEM EM SEUS POEMAS!

AUTORES S/A

2 comentários:

Anna Lisboa disse...

Gente obrigada, mais uma vez. Agora falta pouco para que a poesia venca rs. Sorte na proxima rodada, pessoal e uma ultima observacao apenas: Pagu, pelo menos na capa do filme dirigido por Norma Benguell, tem acento sim. Nao escrevo nada sem pesquisar bastante. Escrevia sobre cinema/filmes e escolhi usar o nome que consta na capa de um filme.

Anna Lisboa disse...

Leticia, so consegui ler tudo com atencao agora. Obrigada nao apenas pelo ponto, mas por abrir teu coracao pro meu jeito de sonhar. G.D, meu grande, obrigada.

Um beijo