APRESENTAÇÃO
Jurados
Oficiais: Afonso Henriques Neto, Ronaldo Cagiano, Paulo Fodra
e Tânia Tiburzio.
Jurados
Convidados: Flávia Rocha, Francis Ivanovich, Márcia
Barbieri e Thelma Guedes.
Sejam bem-vindos
a mais uma noite de resultados, meus caros!
Hoje teremos presenças ilustres na
banca de jurados: Francis Ivanovich,
grande promessa como dramaturgo e roteirista cinematográfico em nosso país; Flávia Rocha, poeta e fundadora da
Academia Internacional de Cinema (AIC); Thelma
Guedes, mestre em Literatura Brasileira e novelista global, autora de
novelas como “Cordel Encantado” e “Cama de Gato”, em parceria com Duca Rachid; Márcia Barbieri, é escritora e
pós-graduada em Prática de Criação Literária. Obrigado, caros jurados, por
terem aceitado esta tarefa de julgarem poemas de tanta qualidade!
Abaixo, conheça um pouco mais sobre
eles:
FRANCIS
IVANOVICH
Francis
Ivanovich, 49 anos, é ator, escritor, jornalista, dramaturgo,
roteirista e diretor de teatro e cinema. Autor entre outros do romance “O
Contador de Mentiras, 2010 - Editora Multifoco – Selo Desfecho - RJ”, e de mais
de 30 peças teatrais para adultos, jovens e crianças, entre elas: “A História
do Homem que Ouve Mozart e da Moça do Lado que Escuta o Homem” selecionada
pelas mostras oficiais 2011 dos Festivais de Curitiba e Porto Alegre”;
“Andersen Lobato” peça infantil premiada em festivais de teatro em Minas
Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro; Fundou e dirige a Cia Teatral
Ensinoemcena, uma das mais atuantes junto aos jovens com espetáculos educativos
como “Mãe, eu vou ser Mãe” premiado pelo SESC Rio de Janeiro; “Profissão
Poesia”, peça assistida por mais de 400 mil adolescentes nas escolas do Rio de
Janeiro; “Bullying, Tô fora”, peça teatral adotada pelas principais escolas
privadas do Rio e São Paulo em 2011, e “Viva!”, prevenção do uso de drogas. O
autor prepara novas publicações e é um dos idealizadores do primeiro encontro
de Autores teatrais latino-americanos: LATA. Estudou cinema na Escola de Cinema
Darcy Ribeiro; realizou os filmes curtas “A Deus Paissandu”; “O Morcego”, “Café
a Dois?”, entre outros; roterizou série sobre educação para a TV escola MEC.
Lohan:
Olá, Francis! É um prazer tê-lo como jurado neste concurso. Você é escritor e
roteirista. Quais as maiores diferenças que existem na elaboração de um livro e
de um roteiro? Quando você escreve um livro, ou um conto, você o imagina se
tornando um roteiro no futuro?
Francis: Profundas. No livro você escreve só, inteiramente só; no roteiro você conta com uma equipe de colaboradores, além do que, nos processos de filmagem e montagem o roteiro original pode sofrer mudanças; no livro original, é praticamente intocável, além de serem técnicas completamente opostas, no romance, há de se valorizar o estilo da narrativa, no roteiro, a força da imagem. Nunca imagino o que vai acontecer com texto depois de pronto.
Lohan: Francis, o que um poema deve ter, na sua concepção, para receber a sua nota 10?
Francis: Surpresa, imagem inusitada, algo revelado, a poesia em si.
Francis: Profundas. No livro você escreve só, inteiramente só; no roteiro você conta com uma equipe de colaboradores, além do que, nos processos de filmagem e montagem o roteiro original pode sofrer mudanças; no livro original, é praticamente intocável, além de serem técnicas completamente opostas, no romance, há de se valorizar o estilo da narrativa, no roteiro, a força da imagem. Nunca imagino o que vai acontecer com texto depois de pronto.
Lohan: Francis, o que um poema deve ter, na sua concepção, para receber a sua nota 10?
Francis: Surpresa, imagem inusitada, algo revelado, a poesia em si.
Lohan:
Se um dia você tiver a oportunidade de adaptar um roteiro para um
longa-metragem, de um poema, qual poema você escolheria e por que?
Francis: Tabacaria de Fernando Pessoa, simplesmente é a história de um gênio.
Francis: Tabacaria de Fernando Pessoa, simplesmente é a história de um gênio.
FLÁVIA
ROCHA
Flávia
Rocha é jornalista, poeta e tradutora. Autora dos livros
de poemas “Quartos Habitáveis” (Confraria do Vento, 2011) e "A Casa Azul
ao Meio-dia/ The Blue House Around Noon" (Travessa dos Editores, 2005).
Tem mestrado (M.F.A.) em Criação Literária/Poesia pela Columbia University e é
editora-chefe da revista literária americana Rattapallax, com sede em Nova
York. Editou antologias de poesia brasileira para as revistas Rattapallax
(EUA), Poetry Wales (País de Gales) e Papertiger (Austrália), entre outras.
Fundou, com seu marido, Steven Richter, a Academia Internacional de Cinema
(AIC), escola de cinema em São Paulo, de que é Diretora de Comunicação. Hoje
mora em Portland, Oregon, Estados Unidos.
THELMA
GUEDES
Thelma
Guedes é mestre em Literatura pela Universidade de São
Paulo. Autora dos livros Cidadela Ardente (contos, Ateliê, 1997); Pagu:
Literatura e Revolução (ensaio, Ateliê/Nankin, 2003); Atrás do Osso (poemas,
ProAC/Nankin, 2007); O Outro Escritor (contos, ProAC/Nankin, 2009). Autora da
Rede Globo, desde 1997, trabalhou nos programas “Turma do Didi”, “Sítio do
Picapau Amarelo”; e colaborou nas novelas “Vila Madalena” (1999/2000, de Walter
Negrão); “Esperança” (2002/2003, de Benedito Ruy Barbosa, na fase escrita por
Walcyr Carrasco); “Chocolate com Pimenta” (2003/2004) e “Alma Gêmea”
(2005/2006), as duas últimas de Walcyr Carrasco. Ao lado de Duca Rachid, é
autora das novelas “O Profeta” (2006/2007), “Cama de Gato” (2009/2010), e
“Cordel Encantado” (2011).
Lohan:
Olá, Thelma! É um prazer imenso recebê-la no Autores S/A. Você que, ao lado de
sua fiel parceira Duca Rachid, tem despontado como uma das maiores promessas da
teledramaturgia brasileira. Sua ingressão neste mundo se deu por acaso, segundo
você relatou na recente entrevista à SuperCult. Você se inscreveu com um único
roteiro numa Oficina de Roteiros da TV Globo e foi aprovada. Conte para nós
qual era a história desse roteiro que te abriu as portas para esta carreira.
Thelma:
Para
se inscrever na oficina da Globo que eu fiz, cada candidato deveria mandar um
roteiro de quinze páginas, inspirado na parábola bíblica do filho pródigo.
Escrevi um roteiro clássico, de folhetim, em que um fazendeiro tinha dois
filhos. O mais jovem ia embora da fazenda, para conquistar novos horizontes na
cidade grande. Além do pai, do irmão, ele deixava um grande amor. Quando
voltava, ele estava doente, sem dinheiro. E encontrava a mulher que amava
casada com o irmão mais velho que tinha ficado cuidando dos negócios do pai.
Sinceramente, nem me lembro como terminava, mas tinha cara de novelão. Enquanto
escrevia só pensava em Janete Clair. Mas este roteiro só foi mesmo para me
inscrever. Fui chamada para testes, entrevista. Depois tive que passar por uma
oficina de três meses. Dos setecentos inscritos, 12 foram selecionados para
passar pela oficina. Depois do primeiro mês, eles deixaram apenas seis cursando
a nova etapa de dois meses. Durante este tempo escrevi um roteiro adaptado de
um conto de uma escritora portuguesa. Foi um super aprendizado estudar
minuciosamente o conto, desconstruí-lo para escrever um roteiro de um especial.
No final da oficina eles escolheram três roteiristas para contratar. Eu nem
acreditei quando soube quer era um desses escolhidos!
Lohan:
Thelma, você também tem 4 livros publicados e, entre eles, um livro de poemas
(“Atrás do Osso”, 2007). Ainda hoje, apesar do intenso trabalho com os roteiros
televisivos, você produz e/ou lê poesia nos tempos vagos? Em tempo: qual o seu
livro de cabeceira?
Thelma:
Claro que sim. Adoro literatura. Adoro poesia. Sempre leio e escrevo contos e
poemas! Minha cabeceira está sempre cheia de livros. Por muito tempo, meu livro
de cabeceira foi “Laços de Família” ou algum outro livro da Clarice Lispector.
Ultimamente, tenho lido autores contemporâneos. Acabei de ler um livro do
Philip Roth e neste momento estou terminando o livro maravilhoso do Georges
Bourdoukan: “Capitão Mouro”. Mas tem muitos na fila, no meu criado-mudo. Para o
nosso proximo trabalho na TV, tenho lido livros de História, focando o período
das décadas de 30 e 40. E também sobre o Budismo. A leitura de poesia eu uso
como uma espécie de colírio, para limpar a vista, alma. A poesia limpa, abre a
cabeça e o coração para novos pontos de vista do mundo. Adoro voltar à poesia
de Orides Fontela, por exemplo. Manoel de Barros também é um dos meus
preferido. Fernando Pessoa também reserva grandes surpresas nas releituras que
faço de seus poemas.
Lohan:
Hoje em dia, segundo estatísticas, se vende muito livro e, paradoxalmente,
ainda se lê pouco. Como você enxerga o cenário atual do leitor no Brasil? Você
acredita que a inserção da literariedade na teledramaturgia brasileira (vide
“Cordel Encantado”) seja uma isca eficaz para “pescar” o telespectador e
conduzi-lo para o mundo da leitura? Ao formular histórias como ''Cordel
Encantado'', há essa intencionalidade para com o público?
Thelma:
Parece que as pessoas estão lendo menos mesmo. É uma pena, não é? O hábito da
leitura é algo que tem que ser cultivado cedo. Acho que faltam campanhas fortes
incentivando este hábito no Brasil. A leitura é tão importante, mas parece que
a questão do livro é vista apenas no âmbito comercial, de mercado... Acho que
as obras audio-visuais com grande alcance, como a telenovela, que atinge o
grande público podem e devem sim colaborar neste sentido, de divulgar a
literatura e incentivar a leitura. A TV pode fazer parte disso, mesmo sendo
fundamental, não acho que seu papel seja determinante. O leitor não se forma
por meio da televisão. Este trabalho tem que ser feito na base, sobretudo por
meio de uma educação consistente, na escola, e por meio de grandes campanhas. A
leitura tem que fazer parte da vida, do dia-a-dia desde a infância. Acho muito
bom que muitos jovens adoraram as referências literárias de “Cordel Encantado”.
Mas elas não foram usadas com este intuito específico. Duca e eu quisemos
escrever um trabalho de qualidade. E fizemos uso das nossas referências.
Lohan:
Nesta etapa do concurso estamos falando de cinema, essa arte tão magnífica. Qual
é o filme mais marcante da sua vida, Thelma? E por que?
Thelma:
São tantos os filmes da minha vida, que é difícil escolher só um. “Hiroxima,
mon amour” é um dos filmes que mais me marcou. Adoro todos os filmes do
Kieslovsky. Sobretudo o filme “Não Amarás”. Amo “Blade Runner”. O último filme
que me impactou foi “Melancolia”. São todos filmes que tratam de amor, da
fragilidade e do desamparo humano.
Lohan:
Se um dia surgisse para você a proposta de adaptar uma única obra literária
para a televisão, qual obra você escolheria e por quê? Essa vontade já existe,
ou já foi discutida, por parte de vocês (você e a Duca)?
Thelma:
Esta pergunta eu preferia não responder. Se eu falar, de repente, alguém tem a
ideia e adapta antes que eu tenha a oportunidade de fazê-lo!
Lohan:
Thelma, te agradeço de coração pela sua generosidade em conceder esta
entrevista e pela sua contribuição como jurada no II Concurso de Poesia Autores
S/A. Te desejo sucesso no prosseguir da sua carreira. Até a próxima!
MÁRCIA
BARBIERI
Marcia
Barbieri nasceu em 1979, em Indaiatuba-SP. É Formada em
Port./Francês pela UNESP, pós-graduada em Prática de Criação Literária, curso
organizado pelo escritor Nelson de Oliveira. Tem textos publicados nas
principais revistas literárias brasileiras: Coyote, Polichinello, Arraia
Pajeurb, Cronópios, Germina, Escritoras suicidas, Musa Rara, entre outras. Tem
dois livros de contos escritos: “Anéis de Saturno” e “As mãos mirradas de Deus”.
O romance inédito “Mosaico” de rancores será lançado em 2013 na Alemanha pela
editora Clandestino Publikationen. Participou da coletânea de contos intitulada
“Abigail”, organizada por Nelson de Oliveira. É colunista d’O Bule. Edita o
blog: www.avidanaovaleumconto.blogspot.com.
“RESPONDA,
JURADO!”
Nesta etapa,
demos o direito aos poetas de dirigirem perguntas aos jurados oficiais do II
Concurso de Poesia Autores S/A. Cada poeta deveria escolher apenas um dos
jurados e formular sua pergunta para ele. Abaixo, as perguntas dos poetas e o
que os jurados responderam. Vejam:
PERGUNTAS DIRIGIDAS A AFONSO HENRIQUES GUIMARAENS NETO
Pergunta de: Thiago
Luz (Jean Jacques):
Até que ponto o "gosto pessoal" influencia na avaliação de um poema?
Até que ponto o "gosto pessoal" influencia na avaliação de um poema?
Afonso: O
"gosto pessoal" certamente irá ter alguma influência na avaliação de
um poema. Contudo, procuro o mais possível me colocar na posição de quem sabe
que há múltiplos caminhos para se construir um poema (e, entre tantos caminhos,
sempre haverá aqueles que se afastam bastante das preferências do julgador). Penso
muito em tudo isso para não incorrer em injustiças gritantes.
Pergunta de:
Wender Montenegro (Manoel Helder):
Para
T.S Eliot, em seu ensaio intitulado "Tradição e talento individual",
“nenhum poeta e nenhum artista de qualquer ofício produz sentido integral sozinho.
Seu significado é a apreciação de sua relação com os poetas e artistas mortos.”
Neste sentido, poeta, quais os autores, vivos ou mortos, que mais
exercem/exerceram influência sobre o seu modo de escrever poemas?
Afonso: Os poetas que mais me marcaram foram Fernando Pessoa, Federico García Lorca e Rimbaud. Dos brasileiros, os simbolistas e os modernos Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes e Jorge de Lima. Dos atuais, gosto muito do português Herberto Helder.
Pergunta de: Henrique César (Gaspar):
Não sei bem se essa é uma questão literária, talvez seja mais pertinente em outros campos, como Psicologia, Filosofia, etc. Tenho observado que o autor é a pessoa que menos conhece o seu trabalho. Não sei, por exemplo, se é consequência de certa vaidade – ou se a vaidade é decorrente dessa cegueira. Seria esse o “buraco negro” do autor? Ou apenas um deles? E, finalizando, existe algum pior?
Não sei bem se essa é uma questão literária, talvez seja mais pertinente em outros campos, como Psicologia, Filosofia, etc. Tenho observado que o autor é a pessoa que menos conhece o seu trabalho. Não sei, por exemplo, se é consequência de certa vaidade – ou se a vaidade é decorrente dessa cegueira. Seria esse o “buraco negro” do autor? Ou apenas um deles? E, finalizando, existe algum pior?
Afonso: O problema de um verdadeiro autoconhecimento do trabalho poético é algo complexo mesmo. Mas se não for possível conseguir alcançar uma boa visualização crítica do próprio trabalho, você corre o risco de ficar "empacado", repetindo muitas vezes fórmulas que podem não estar funcionando bem. Penso que a leitura sistemática dos grandes poetas provocará sempre a possibilidade de você colocar em discussão os próprios poemas e, com isso, poder mudar de rumo ou repensar tudo quanto você já realizou de modo radical.
Pergunta de: Marco Antônio Tozzato (Per-Verso):
O
que é mais difícil: julgar um poema ou fazer um poema?
Afonso: Penso que fazer um bom poema é mais difícil do que julgar um poema de outra pessoa. Não quero dizer com isso que é fácil julgar, pois não é mesmo. Mas realizar um poema que seja de fato algo de 'permanente' (uma 'obra de arte pra valer'), pode acreditar que poucas pessoas conseguem...
Pergunta de: Letícia Simões (Alice Lobo):
Haveria
como traduzir a crueza da intimidade na poesia? Ou o processo poético, por si
só, já elimina qualquer possibilidade do íntimo?
Afonso: Acredito que você está colocando "a crueza da intimidade" em contraponto com a ideia do necessário grau de "lirismo da linguagem poética", o que nos levaria para a questão da água e do azeite, que não se misturam. Penso que o 'poético' não elimina nem contradiz o 'intimo'. Já li excelentes poemas em que a 'crueza da intimidade' está presente, vazada em uma linguagem que foge da prosa pela força concentrada da poesia. Penso em poetas como Roberto Piva, por exemplo. E o que falar dos bons poemas fesceninos de qualquer tempo? Assim, acho que qualquer assunto pode ser 'poetizado'. O problema está em conseguir criar um poema que possa de fato ser digno desse nome (em termos de ritmo e imagens enlaçadas pela inteligência)... Isto é que é o mais difícil de tudo.
Pergunta de: Ana Beatriz Manier (Barolo):
Quando
lemos sobre poemas simbolistas, é comum encontramos textos teóricos que
desvalorizam sua estética. As críticas normalmente se voltam para o mesmo
ponto: excesso de sonoridade das palavras, priorização da forma em detrimento
do conteúdo, excesso de espiritualismo, misticismo, etc. Sendo neto de um dos
maiores nomes do Simbolismo no Brasil, gostaria de saber o que pensa do
assunto.
Afonso: Em primeiro lugar é preciso saber de que teóricos estamos falando, ou seja, quais as posições estéticas de cada um deles. No passado, por longo tempo uma certa crítica valorizou muito os poetas parnasianos, em detrimento dos românticos e simbolistas. Os modernistas, por sua vez, caíram de pau nos parnasianos (que são na verdade muito chatos) e recuperaram os simbolistas e, por extensão, os românticos. Com o advento das vanguardas (concretismo à frente), novamente os românticos e simbolistas enfrentaram fogo forte, pois naquele momento poesia passou a ser uma construção muito menos verbal e mais ligada a outras linguagens, principalmente as das artes visuais (essas tendências 'concretistas' estão presentes até hoje em certos poetas e críticos, o que acho. às vezes, 'prejudicial' à poesia). Portanto, literatura sempre será um campo minado. De minha parte, gosto imenso dos românticos e dos simbolistas, bem como dos modernistas, é claro. Os simbolistas foram sempre muito valorizados por certas vanguardas do início do século 20 na Europa, principalmente os surrealistas (que são ótimos). Contudo, o surrealismo foi de certa forma banido do Brasil no tempo do modernismo (temos apenas traços do surrealismo em Murilo Mendes e Jorge de Lima, por sinal dois grandes poetas) e durante as décadas seguintes. E, por fim, para se ter uma ideia de como a crítica desconsiderava mesmo o simbolismo é dizer que meu avô morreu em 1921, e sua obra completa só foi editada em 1938 com o apoio do modernista Manuel Bandeira (como já disse, os modernistas 'adoravam' os simbolistas). Encerrando, é bom dizer que de fato sempre prevaleceu no Brasil uma certa surdez em relação à poesia não-discursiva, à escrita de natureza analógica e metafórica. A preferência sempre foi na direção de um discurso que se aproxima o tempo inteiro da prosa. Como você vê, trata-se de um assunto que pode render ensaios e mais ensaios.
PERGUNTAS
DIRIGIDAS A PAULO FODRA:
Pergunta de: Hernany Tafuri (Nonada F.C.)
Paulo,
quais seus critérios para avaliar se um texto é literário ou não? E como fugir
de lugares-comuns na construção de um poema?
Paulo: Não vou
mentir. Meu critério principal é meu gosto. O que eu procuro refinar cada vez
mais é a minha habilidade de explicar o por quê de eu ter gostado ou não de um
texto. Como disse em um dos comentários dos poemas dessa rodada, na minha
opinião particular e não-acadêmica, a missão maior da poesia - eu poderia até
dizer da literatura - é fazer com que o leitor olhe para o mundo não com os
seus próprios olhos, mas com os olhos do poeta. Mesmo em prosa, eu gosto de
textos que pintem mundos nas paredes da minha mente. Escrever por escrever é
como uma imagem bidimensional. Sua mente fica restrita à superfície limitada do
papel. Tanto a prosa quanto a poesia literária adicionam profundidade a essa
imagem sugando sua mente para outros planos. Quanto aos lugares-comuns, pense
nas suas férias. Ao viajar, a grande maioria de nós opta conhecer lugares
novos, novos ares, novas culturas. Com a literatura também é assim. Se alguém
já disse algo sobre determinado assunto e você não tem nenhum ângulo novo a
acrescentar, evite. Invista seu tempo em textos nos quais você consiga traduzir
novos ares.
Pergunta de: Cinthia Kriemler (Lune):
Paulo,
Você
tem se mostrado um dos mais criteriosos jurados deste concurso, um dos que mais
esclarecem ao autor sobre possíveis falhas. Tanto nas críticas, quanto nos
elogios, vê-se que seu julgamento supera preferências, o que é bom para todos
os autores. Mas eu quero saber, longe dos momentos de avaliar: qual é o seu
estilo de poesia preferido? Não vale dizer todos!
Paulo: Jura que
é tão difícil assim de saber? Então tá. Eu gosto muito dos simbolistas –
Ismália é um dos meus poemas preferidos –, dos góticos e dos malucos. Tenho
profundo respeito pelos poetas que conseguem arrancar poesia em estado puro das
coisas mais banais do cotidiano, como o Fred Barbosa e a Alice Ruiz. Não era
uma resposta única como a que você pediu, mas o meu gosto não é mesmo linear.
Se fosse, talvez não conseguisse superar as barreiras das preferências pessoais
ao analisar os poemas.
PERGUNTAS
DIRIGIDAS A TÂNIA TIBURZIO:
Pergunta de: Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa):
Tânia,
muito prazer! Gostaria muitíssimo de conhecer sua visão sobre poesia
contemporânea e é essa minha pergunta: O que é poesia contemporânea para você?
Como tal poesia deve se apresentar? Obrigada.
Tânia: Olá! A
poesia contemporânea pra mim é uma poesia que tem como matéria a experiência
pessoal do autor, seu cotidiano, o comum e ordinário que o cerca. É uma poesia
livre, sem forma definida, sem molduras. Ela é multifacetada, diversa como o
mundo que vivemos.
Pergunta de: Geovani Doratiotto (G.D)
Qual
a importância do Cubo-Futurismo Russo para a poesia Concreta Brasileira?
Tânia: G.D., não
sou estudiosa de literatura, não tenho formação na área (sou advogada), posso
pesquisar na internet e lhe dar uma resposta acadêmica que satisfaça sua
curiosidade, mas acredito que essa resposta você já conheça portanto não vou
fazer tal coisa. Para ser muito sincera, apesar de não negar a importância do
movimento concretista brasileiro, a poesia concreta não me agrada nem um pouco
e tão pouco me agrada a o cubo-futurismo russo. O pouco que sei e conheço do
último é que o mesmo acreditava que o livro deveria possuir uma eficácia de
obra de arte e que autores e artistas plásticos deveriam trabalhar em conjunto
o que também se encontra na poesia concreta brasileira que trabalhou a poesia
com as artes plásticas e abordou a estética e funcionalidade do livro.
PERGUNTA
DIRIGIDA A RONALDO CAGIANO:
Pergunta de: Francisco Ferreira (João Saramica)
Nesta
época de ditadura da imagem, quando quase todo o mundo tem "uma câmera na
mão" (os famigerados celulares) e alguns, com "ideias na
cabeça"; você acredita que ainda tenha "lugar" para a literatura
- sobretudo no gênero poesia -? Qual a sua opinião sobre a poesia produzida
hoje?
Ronaldo: Sim, a
arte, seja qual for a linguagem – existe para isso, para evitar que, nesse
mundo de coisificação e etiqueta, a expressão artística perca seu status para
as demandas do mercado, o racionalismo das ações pragmáticas, a ditadura da
mídia e a velocidade avassaladora com que a tecnologia nos governa. Como dizia
o saudoso poeta Alphonsus de Guimaraens Filho, “se não for pela poesia/ como crer
na eternidade?” Ela está aí para não deixar que tudo vá por água abaixo.
Acredito nessa eternidade – não a espiritual, pregada enganosamente pelas
religiões –mas a da obra e do artista, que nunca morrerão enquanto o que
pensaram, exprimiram e comunicaram renovar sua atualidade frente aos desafios
da contemporaneidade. Mesmo da poesia que se faz hoje, muitas vezes perdida
ente a imagem e a mensagem, seduzida pelos apelos da cultura de massas, ainda
há como (re)colher o que é essencial, o farol e o soco no estômago.
COMENTÁRIOS
E NOTAS DOS JURADOS (CINEMA)
Estrelando:
Barolo
Título:
Shame
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO: A
ideia da solidão de alguém abandonado e jogado na calçada como um brinquedo
deixado na chuva é boa. Penso, contudo, que fica um gosto de “quero mais”. O
poema curto às vezes dá a aparência de ser mais “fácil”, e por isso mesmo
necessita de grande força e densidade, o que é coisa bastante difícil de se
alcançar.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: Conciso
e imagético, o poema traduz numa tomada o cenário de uma humilhação amorosa.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO: Esse
poema me fez sentir saudade da profundidade poética que o autor demonstrou no
início do certame. Bastante curto, se revela descritivo e raso de imagens,
aprisionado a uma bidimensionalidade decepcionante.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Adorei! Muito boa a abordagem do tema.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
poema é conciso e dialoga bem com a linguagem cinematográfica, ao reproduzir
poeticamente uma cena de filme. Não cede a apelos de sentimentalismo barato,
armadilha em que muitos poetas acabam caindo num tipo de poema como este. É
seco, direto e busca ser definitivo. Ele quer dizer muito com pouco e sem
estardalhaço. Mas talvez as próprias qualidades do poema, descritas
anteriormente, tenham ido um pouco além e criado um certo vazio, uma falta. O
poema poderia ter ido um pouco mais fundo (pouca coisa), para tocar o coração
do leitor. O resultado ficou um tanto frio. O sentimento está visto de fora,
com quase nenhum envolvimento emocional. Sim, é muito difícil, a linha é tênue
entre o piegas e a emoção verdadeira transportada para um poema. Mas é
exatamente atingir esse alvo que faz toda a diferença e faz o poeta chegar à
empatia necessária, isto é, à compreensão emocional de seu leitor.
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO:
O poema poderia
ter sido mais trabalhado, lapidado, exemplo: Já pisei nos discos, se estivesse
Pisei nos discos, eliminando Já, já teria um efeito bem mais intenso. O texto
tem qualidades, mas ainda não está pronto.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.7
COMENTÁRIO:
Simples e direto
e cinemático. O poema funciona como uma cena, com personagens, narrativa e
imagem que se desenha na mente. Um ótimo salto (enjambment) separando as duas
estrofes, uma na primeira pessoa (problema) e a outra na terceira pessoa
(resolução). Parece menos poema que canção, e suspeito o refrão: "não
morra,/ não vá embora,/ não vá."
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.0
COMENTÁRIO: O
poema perde nos quesitos sonoridade, criatividade e originalidade. O leitor não
é envolvido pela cena descrita. Ele está mais para a prosa do que para o poema.
Estrelando:
Lune
Título:
Um lugar que se chama eu
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: Há
algumas boas imagens poéticas e a ‘descrição fílmica’ de um modo geral me
pareceu interessante.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Montado
o cenário poético, como num set de filmagem, o autor fez um trânsito entre
Bergman e Suzana Amaral, um diálogo interessante entre as duas linguagens.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO:
Poema excessivamente longo e caótico. A cena de abertura é tão lisérgica que se
torna impenetrável. Considerando o tema, a autora teria sido mais feliz se
tivesse ficado apenas em sua cena final.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Muito bom também. Muito feliz na escolha das cenas.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: O
poema tem uma originalidade bem interessante, ao reproduzir a forma dos
roteiros cinematográficos. Além disso, cria um divertido jogo em que as
referências cinematográficas podem ser reconhecidas por seus leitores, desde
que eles sejam cinéfilos, obviamente (senão, o poema cairá no vazio). Bela essa
busca de identificação entre personagens femininos de cinema, em suas
angústias; que parecem ser sentimentos também do poeta (uma poeta talvez?) e
que podem sim chegar à emoção do leitor. Mas apesar de todas as suas
qualidades, o poema peca, e muito, pelos excessos. São tantas as referências,
são tantas as personagens, que ele se perde. E faz o leitor perder a “tensão”
com o sentido profundo do que está lendo. O excesso de palavrório deixa o poema
um pouco pomposo e tira força que ele poderia ter. Meu conselho? Ler Drummond é
um excelente conselho para todo nós!
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: É um
poema que se perde em si mesmo. Poderia ser menos óbvio.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO:
Criativo sob o ponto de vista temático, usando referências do cinema e da
literatura, mas não muito feliz na combinação desses elementos -- pendendo para
uma série de chavões poéticos de tendência romântica (sacia, acariciar,
demência, incendiar, amargura, trevas, etc). Faltou uma linguagem mais isenta
de vícios poéticos.
Márcia Barbieri:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: Poema
muito bem construído, não cai no senso comum, tem uma excelente sonoridade e
articula-se muito bem com o filme proposto. Grifo para os versos: “ejacula nas
janelas / um orgasmo de sol que se espatifa no vazio”. Perfeito esses versos!!
Estrelando:
João Saramica
Título:
Adorável Vagabundo
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO: A
aproximação entre Chaplin e Drummond está interessante, mas lidar com dois
gênios requer uma construção ainda mais apurada, com maior densidade. Que tal
“repensar” um pouco o poema? Pela nova ortografia, escreve-se “antissemita”.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: A
poesia se abrindo como um evangelho da criação. Passa ideia do cinema que nasce
como o mundo, da luz e essa luz se projeta na literatura, nas telas, em todas
artes.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
poeta misturou cinema, Carlos Drummond de Andrade e Charles Chaplin. Pena que
se agarrou em lugares-comuns dos três assuntos. Embora funcione, o resultado
soa burocrático e até sem graça.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Interessante o poema, gosto da construção mas não me passou emoção.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,3
COMENTÁRIO: Embora
bem intencionado em relação ao conteúdo (a crítica ao horror do nazismo, da
guerra e a homenagem ao cinema e a Charles Chaplin), falta poesia ao poema. Ele
se perde em imagens que não conseguem levá-lo à dimensão de arte. Falta
precisão, ritmo, força imagética. Quem sabe valeria retrabalhar o poema
pensando nesses elementos?
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: É um
poema com grandes problemas de composição, seu excesso de referências tira sua
originalidade.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO:
Apesar de apreciar a intenção formal do poema, que tenta quebrar a narrativa,
abordando assuntos de forma descontínua, e amarrando-o com rimas, o resultado
acaba não tendo a unidade necessária para exprimir uma idéia de forma
definida. Pouco imaginativo usar a frase
feita "câmeras, ação". Aliar Drummond a Charles Chaplin, e no topo
disso Deus, pareceu meio forçado.
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO: O
poema tem uma boa sonoridade, perde um pouco empregando uma intertextualidade
com versos de Drummond já muito gastos.
Estrelando:
G.D
Título:
Cinema novo, de novo, de novo, de novo, etc.
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO: Há
uma tentativa interessante de dar ao poema um ritmo cinematográfico. Com
pitadas de humor ao final.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Destaque
para o exercício formal e o jogo de palavras e imagens e a homenagem a
diretores e estúdios antológicos da sétima arte.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Novamente, a experimentação concretista “quebra” o poema em dois blocos. A
última estrofe é a melhor de todo o poema, o que faz a parte de cima da quebra
parecer ainda mais inóspita.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Interessante a construção do poema. Gosto da crítica social inserida.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Audacioso,
inventivo, com uma saudável dose de desconcerto, o poema tem frescor e
novidade. Ferino, ácido, critica, mas de maneira esperta e bem humorada
(fazendo trocadilhos com os nomes de diretores, por exemplo). Vê-se que o autor
conhece bem o tema de que trata e domina a linguagem poética com desenvoltura.
O único senão fica por conta da obviedade e pouca poesia do verso (puramente
panfletário): “a lógica histórica burguesa-dominação”. Embora caiba no
contexto, soa apelativo e o poema não precisa disso. Tira um pouco da força da
denúncia. Mas ainda assim, o poema é ótimo!
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Sem
comentários, daria nota até inferior.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO:
Criatividade aflorada, mas atira para todo lado, sem controle (mesmo o poema
aparentemente descontrolado tem que ter um controle danado). Não conseguiu, a
meu ver, expressar uma ideia clara, flutua entre artifícios poéticos, abusando
de aliterações e rimas internas (pouco elaboradas) e de pretensos modernismos,
como as repetições da palavra re-produção (sem um efeito bem definido). E
termina com a coisa do "poema-choque", "poema-manifesto",
de inclinação política. O trocadilho no
final parece não se converter na ideia proposta - anti-televisiva… Assunto aí
para pelo menos uns 5 poemas, não 1.
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO:
Embora o poema tenha uma boa sonoridade e algumas imagens fortes, acredito que
o tema alienação-televisão-cinema é um tema um pouco gasto, óbvio demais.
Estrelando:
Alice Lobo
Título:
carta a buñuel
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: A
conversa com Buñuel possui alguns bons momentos, principalmente quando esses
momentos se mostram por meio de versos que chamam a atenção: “a noite despencou
e quebrou três estrelas”.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: O autor montou quadro a quadro o poema,
calcado nos referenciais da tela grande numa sutil alusão a algumas importantes
películas.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Poema obscuro e surreal, deixando entrever a história trágica de um amor louco
e obsessivo. A autora repete o recurso utilizado no poema da rodada anterior de
deixar para o último verso a referência direta à obra de Buñuel, obrigando a
uma nova leitura do poema sob a luz dessa intertextualidade. Destaque para o
lindo verso “a noite despencou e quebrou três estrelas”.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 10
COMENTÁRIO:
Adorei! Li e reli várias vezes e confesso que copiei. Leve, bonito, sensível.
Thelma Guedes:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: A
leitura e interpretação que cada um de nós faz de um poema não é
necessariamente equivalente à mensagem que o poeta tentou enviar a seus
leitores. Mas eu tive a minha leitura. E é dela que vou falar. Li este poema
como se eu estivesse nele. Como alguém que revê uma cena do poema de sua
própria vida. A cena em que o casal assiste ao filme. A mulher olha o amado,
olha o amor que está indo embora, olha a solidão. Quando um poema consegue
fazer isso com um leitor (e um leitor treinado como eu, também escritor e
poeta), é um poema que vale a pena. O bom poema usa a técnica, sem deixar esta
técnica entrevista. A emoção prevalece. Aqui a emoção prevaleceu. Em mim, o
poema se cumpriu plenamente. Nota 10. Conselhos para o autor (ou autora):
continue, faça mais poemas lindos como este.
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: Um
bom poema, sem dúvida. Há força poética, imagens, ritmo.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.7
COMENTÁRIO: Tem
uma voz definida, leve, com ritmo. Abordou o tema de forma lateral (não
literal), fazendo uma referência sutil no verso final, e amarrando com o
título. Diversas palavras/ideias que são chavões poéticos em poemas de amor:
coração, sangue, cantar, dançar na chuva, entrega, solidão -- que empobreceram
o poema. Mas algumas passagens com imagens criativas, imprevisíveis, como
quebrar estrelas, sorrir em rasgos de amarelo, aconchegar atrás da hora.
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: O
autor conseguiu uma boa sonoridade, assim como conseguiu utilizar imagens
ternas e bonitas. Destaque para os versos: “você na plateia sorri em rasgos de
amarelo / eu me desdobro em navios e solidão”.
Estrelando:
Manoel Helder
Título:
Silêncio de Claquete: Parte Saraceni
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: Há
uma boa tentativa de se falar do Cinema Novo e homenagear Saraceni / Glauber. O
final do poema está bom.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Poema-homenagem
a um ícone do cinema nacional, o autor recorre à obra do diretor para falar do
cinema novo e como obra maior, que um
Glauber também entronizou.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: O
poeta parece ter se desgarrado do estilo certeiro que o conduziu à liderança do
certame. Eu gostava mais dos textos em que o poeta era ele mesmo, mais coeso e
mais profundo, sem perder a clareza. Talvez o poeta tenha se abalado com as
duras críticas recebidas em comentários no blog, não sei. O texto dessa rodada
flui em volta de uma cena que, aparentemente, tem muito significado para o
poeta. Porém falha ao não conseguir criar pontes que conduzam o leitor até ele.
Na minha opinião particular e não-acadêmica, essa é a missão maior da poesia:
fazer com que o leitor olhe para o mundo não com os seus próprios olhos, mas
com os olhos do poeta.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Poema sem muita inventividade, sem surpresa.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: Poucos
são os “poemas-homenagem” que não caem na armadilha do sentimentalismo; quase
nenhum deles se sustenta como obra de arte. Infelizmente este poema não foge à
regra. Usando imagens poéticas e trocadilhos pouco inspirados (“no ventre da
câmera de papelão” ou “SaracenIncendiasse Rocha”), referências óbvias como se
fossem grande “sacadas” (“imagem na cabeça e poema na mão”), o poema não
surpreende, não cria interesse, enfim, não convence como poema.
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Mais
uma vez um poema que se perde na composição, não há verdade, não há emoção, não
há criação poética autêntica só jogo de palavras, um poema mental.
Flávia Rocha:
Nota: 9.6
Comentário: A
homenagem com o jogo de palavras e referências é uma ideia interessante, mas as
tentativas formais de uma linguagem mais complexa não alcançaram o efeito
desejado, dando um tom "afetado" ao poema, especialmente por conta da
criação de verbos e substantivos a partir da aglutinação de palavras. O objeto
do poema, a homenagem, perde seu efeito diante desses malabarismos de
linguagem. Faltou ritmo e "humildade" diante do tema.
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.7
COMENTÁRIO: O
poema tem uma boa sonoridade, originalidade e consegue construir cenas e
imagens palpáveis.
Estrelando:
Jean Jacques
Título:
Era uma vez um cinema...
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO: A
ideia de se “antropomorfizar” uma sala cinematográfica (infância, idade adulta,
velhice e morte) é boa. Penso que é preciso dar mais densidade poética à
linguagem.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: O
tom prosaico empobreceu o poema, mas o trabalho valeu pela crítica que se faz à
transformação das salas em templo religioso, pela analogia entre o cinema de
hoje e o ancião moribundo das ruas, pela nostalgia que nos remete a um tempo de
profunda magia, que os cinemas de shopping não conseguem reproduzir.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
poeta faz uso de um dos seus temas preferidos que é a saudade da infância,
porém, seu poema não passa de uma descrição quase literal do filme Cinema
Paradiso, mornamente adaptada para a realidade brasileira em que os cinemas
acabam virando igrejas.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Poema bonito, bem construído mas poderia ser um pouco mais curto. Ficou
cansativo.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: O tema
é tratado de maneira inteligente e habilidosa, com uma progressão interessante
entre as partes. Vai criando curiosidade no leitor. E o vai envolvendo aos
poucos. Tecnicamente é prejudicado por um certo desequilíbrio entre as partes.
Apesar de ter identificado qualidades, não me tocou de maneira especial. Ou
seja, não reconheci frescor, novidade, brilho que o distinguisse dos demais.
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Sem
comentários, daria nota inferior.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO: Uma
sequência de chavões poéticos românticos. Quase todas as palavras, a linguagem
do poema passa por essa matriz. Sugiro muita leitura de poetas contemporâneos!
Algumas coisas bem pensadas: a divisão em partes, os títulos das partes são
ótimos e dão unidade ao poema.
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.0
COMENTÁRIO:
Embora o poema cumpra sua missão, conseguimos vislumbrar cenas e sentimentos,
ele se aproxima do senso comum, perdendo em originalidade.
Estrelando:
Anna Lisboa
Título:
A Dama e o Vaga-lume
Afonso Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO:
Gostei do ritmo do poema, apesar do perigo representado pela profusão de filmes
citados, o que de certa forma transforma o texto em um rendilhado, sem
aprofundar nenhum assunto. Uma observação: Pagu não tem acento.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Bom
bem estruturado desde a abertura ao descerrar da cortina, fazendo um passeio
por películas e diretores, estabelecendo uma interessante contextualidade e
intertextualidade.
Paulo Fodra:
NOTA: 10
COMENTÁRIO: O
estilo vertiginoso e entrecortado da autora a levou a trabalhar o tema como se
estivesse em uma mesa de edição. O resultado alcançado é primoroso,
principalmente por causa dos novos contextos gerados pela colagem das
referências – alinhavadas por jogos de palavras e inversões – criando um enredo
original e criativo que traduz muito bem a voz lírica da poetisa.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Muito bom, divertido! Uma miscelânea de imagens que funcionou muito bem. O
poema é como uma grande colagem.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
O poema parece discorrer de maneira aleatória por referências cinematográficas,
sem quê nem por quê. A mistura de referências poderia sim ter um bom resultado.
Mas faltou habilidade, ou quem sabe, trabalho e esforço por parte do criador.
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Mais
uma poema que faz somente jogo de palavras.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO:
Novamente aqui, o universo ultra romântico como referência de linguagem, e a recomendação:
vamos ler poetas contemporâneos! Os mestres do século 20, como Celan, Lorca,
Akmatova, e muitos e muitos outros, que há tanto tempo nos distanciaram do
mal-do-século 19, e nos carregaram para além da primeira fase modernista,
cruzando desertos pós-modernistas, até chegarmos aqui, hoje, nesse mundo enorme
de possibilidades estilísticas e com muita coisa para dizer sobre o nosso
próprio tempo, e sobre nós mesmos. Para quem quer praticar verdade em poesia: o
poema é normalmente mais verdadeiro e real quando escrevemos sobre coisas que
conhecemos de perto. A ideia de montar o poema como um filme é válida, claro,
mas não tão original. Vejo no poema potencialidades criativas. Tem muita
energia criativa no tom do poema
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.8
COMENTÁRIO:
Poema muito bem construído, em harmonia com o tema proposto. Consegue levar o
leitor a vislumbrar a tela.
Estrelando:
Per-Verso
Título:
E pur si muove
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO:
Gostei do ritmo deste poema. Mas também aqui temos o perigo do texto se voltar
em demasia para uma enumeração de filmes/fragmentos fílmicos, sem nenhum
aprofundamento maior.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: A
ideia de interpretar o que ocorre na tela grande foi boa. Ainda que presentes
alguns referenciais à arte cinematográfica, o poema perdeu-se pelo excesso
descritivo.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Abordagem correta do tema, com argumentos bem estruturados, embora o formato de
exaltação à arte tenha dado ao poema um tom um tanto quanto leviano.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Só
poema bom nesta etapa! Muito bom este também. Bem construído, divertido, leve.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: A
simplicidade e leveza do tema deste poema, que faz uma homenagem simples e até
mesmo pueril à arte do cinema, é salva pela habilidade do poeta. O poema é bom,
porque o autor sabe usar referências de maneira inteligente, esperta, sagaz.
Dos que li neste concurso, é um dos que têm o melhor desempenho rítmico. Mas
não me tocou com profundidade; ele me interessou mais pela harmonia e
engenhosidade. Mas um poema tem que ser mais do que isso para tocar o coração
do leitor. Faltou um pouco mais de entrega do autor.
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,2
COMENTÁRIO: Um
poema que melhor trabalhado poderia obter um bom resultado, sente-se nele o
trabalho do poeta, mas que infelizmente cede ao óbvio como esse the end, etc.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO: O
poema apresenta bem a ideia, do começo ao fim, mas deixa de ousar, adotando o
tema literalmente, com uma linguagem poética singela, algumas rimas aqui e ali,
dando ritmo. A prova de que faltou um pouquinho de imaginação é a referência
final "The End" que vários dos poemas dessa semana apresentaram como
solução final. Se tanta gente teve a mesma ideia, é para desconfiar…
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO: O
poema embora cumpra sua missão, embora leve o leitor em frente à tela, não
comove.
Estrelando:
Gaspar
Título:
Sob(e) a Luz
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.6
COMENTÁRIO: O
poema está bem construído. Ficaram interessantes os ‘contrapontos’
apresentados.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO: A
tentativa de definir o cinema a partir das sensações que produz não produziu
efeito poético, perdeu-se na verborragia. A criatividade não buscou a
intertextualidade, um diálogo maior entre as duas artes, poesia-cinema.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO:
Belíssima alegoria do cinema. O poeta consegue traduzir em imagens profundas o
simples ato de sentar e assistir um filme. Os trechos destacados em itálico,
aqui, me pareceram supérfluos, mero formalismo.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: Seu
poema me transportou para uma sala de cinema. Parabéns!
Thelma Guedes:
NOTA: 10
COMENTÁRIO:
Poema forte, rítmico, envolvente, trabalha com a sonoridade, a concisão e, ao
mesmo tempo, toca fundo. Fala de um “pouco” que é “tanto”, que é “muito”, que é
“quase tudo”. O escuro, o silêncio, a magia do cinema que nos leva ao paraíso e
que na saída nos devolve ao mundo, em seco. Bárbaro! Quem ama o cinema sabe
exatamente do que este poema está falando! E o melhor: sem se baratear, usando
imagens ou trocadilhos fáceis e batidos.
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,9
COMENTÁRIO: Sem
dúvida, um poema. Linguagem poética apurada, imagens, ritmo, grandes
qualidades.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.5
COMENTÁRIO:
Palavras um pouco carregadas demais de valores poéticos pré-estabelecidos no
lirismo clássico (ou seja, outra vez, chavões líricos), que vem de um mundo
familiar, antigo: coração da noite, dança bailarina, solidão, cala, deleite,
escuridão, amalgamado, penumbra, ar elísio, sopro, sussurrando, silêncio,
punho, onírico, vazio. Mas o poema tem ritmo, e alguns versos fortes, como a
quebra de ritmo no final "se distrai" -- formando um ótimo trampolim
-- virada/movimento -- para a estrofe final.
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.8
COMENTÁRIO: O
poema é muito bem construído, utiliza imagens bonitas. Destaque para os versos:
“em uníssono silêncio veste a capa / couraça contra as armadilhas do sol em
punho”.
Estrelando:
Nonada F.C.
Título:
Cena
Afonso
Henriques:
NOTA: 9.4
COMENTÁRIO: Este
poema pede mais elementos. Já disse a outro poeta que o poema curto é algo
bastante problemático, pois tem que possuir a adequada densidade para não
deixar a sensação de incompletude.
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,4
COMENTÁRIO: o
Autor desviou-se, preocupado em falar do
cinema como sentimento e não como ação e movimento que alimentam a grande tela.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO: Um
bom conceito. Porém, o poema demandaria um pouco mais de trabalho para
conseguir um efeito marcante. A quebra dos versos, por exemplo, acabam marcando
o ritmo da leitura, mesmo que o poema não tenha rima ou métrica. Nesse ponto,
um bom truque a ser usado durante a revisão dos poemas é lê-los (ou, porque não
cantá-los?) em voz alta.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,7
COMENTÁRIO:
Poema bonito, simples. Mas fiquei com a sensação de que falta algo, um grande
final.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: O
poema promete mas não chega lá. Falta um pouco mais de trabalho e invenção. O
bom poema é simples, mas não simplório. O que fica claro é que há um bom poeta
por detrás desse poema. Mas um bom poeta que não foi mais longe, que não deu
mais para ir além. Um pouco mais e ele iria...
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,0
COMENTÁRIO: Sem
comentários.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.3
COMENTÁRIO:
Conciso e econômico no uso de palavras, mas pouco imaginativo, e muito literal.
As rimas aqui amarram o poema, mas são muito perfeitas/diretas, e acabam tendo
um efeito contrário, de previsibilidade. Faltou alguma imagem forte, um
"objeto" para concretizar uma figura na nossa mente e dar substância
a este poema filosófico.
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.0
COMENTÁRIO: O
poema tem uma boa sonoridade, no entanto, considero-o um pouco ingênuo.
Estrelando:
Dersu Uzala
Título:
sonhos de Kurosawa
Afonso
Henriques:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO: Dos
poemas curtos enviados este é o melhor, principalmente pelo sopro lírico que ele
contém. Uma observação: pela nova ortografia, escreve-se
"autorretrato".
Ronaldo Cagiano:
NOTA: 9,5
COMENTÁRIO:
Poema síntese, que capta com singeleza a essência da poética cinéfila do mestre
Kurosawa, que soube fazer uma interface entre o sonho e a realidade, entre os
quadros de Van Gogh e a expressão estética de seu cinema.
Paulo Fodra:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Belas imagens concentradas em poucas linhas. A concisão falando a favor do
argumento. Senti falta de uma conexão intertextual um pouco mais clara no corpo
do texto. Para mim, que vergonhosamente não sou íntimo da obra de Kurosawa, a
única chave para o tema foi o titulo. Mea culpa. Porém, muitos outros leitores
por aí devem partilhar dessa minha falha de caráter. Eu não precisei conhecer a
obra de Kurosawa para gostar – como de fato gostei – da sua poesia. Mas a sua
poesia poderia despertar em mim o desejo de conhecer Kurosawa. Fica a dica.
Tânia Tiburzio:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO:
Bonito, simples e boa abordagem do tema. Gostei muito.
Thelma Guedes:
NOTA: 9,8
COMENTÁRIO: Belo
poema, delicado enigma. Emociona com o que tem de leve e etéreo. Para o meu
paladar faltou um pouco de drama, de tom vermelho e sanguíneo. Mas isso é
questão de gosto. O poema é muito bom.
Francis
Ivanovich:
NOTA: 9,6
COMENTÁRIO:
Excelente, sintético, preciso. É um poema.
Flávia Rocha:
NOTA: 9.7
COMENTÁRIO: Interessante pelo aspecto menos convencional com que abordou o tema, fechando num assunto específico e reconhecível (conseguiu passar um lado zen/clean, que combina com Kurosawa e, ao mesmo tempo, com a concisa poesia japonesa, dedicada a elementos da natureza e aparente simplicidade), e evitando o perigo de cair no lugar comum ou no abstrato ao falar genericamente sobre um tema tão rico como é o cinema. O verso final dá uma virada importante, que puxa o poema para um patamar mais reflexivo e filosófico.
COMENTÁRIO: Interessante pelo aspecto menos convencional com que abordou o tema, fechando num assunto específico e reconhecível (conseguiu passar um lado zen/clean, que combina com Kurosawa e, ao mesmo tempo, com a concisa poesia japonesa, dedicada a elementos da natureza e aparente simplicidade), e evitando o perigo de cair no lugar comum ou no abstrato ao falar genericamente sobre um tema tão rico como é o cinema. O verso final dá uma virada importante, que puxa o poema para um patamar mais reflexivo e filosófico.
Márcia Barbieri:
NOTA: 9.2
COMENTÁRIO: O
poema apresenta imagens bonitas e bem contextualizadas com o filme escolhido,
no entanto, acredito que ele poderia ser desenvolvido melhor.
BONUS
DO JURI:
Abaixo, constam os poetas cujos
poemas foram os destaques nesta etapa, na opinião dos jurados convidados. Cada
poeta destacado receberá 0,5 pontos de bônus. Parabéns, poetas!
Para
a jurada Thelma Guedes – Letícia Simões (Alice Lobo)
Para
a jurada Flávia Rocha – Flávio Machado (Dersu Uzala)
Para
o jurado Francis Ivanovich - Henrique César (Gaspar)
Para
a jurada Márcia Barbieri - Lune
BÔNUS
DO LEITOR:
Nos comentários, o poeta mais
votado foi Anna Lisboa, com 16 votos.
Parabéns, Anna ! Você receberá 1 ponto de bônus.
PONTO-PRESENTE
(VOTO DOS POETAS)
Quem
terá sido o preferido (a) entre os poetas na etapa “Cinema”? Confira abaixo!
Wender Montenegro (Manoel Helder):
Ponto-Presente
para: Letícia Simões (Alice Lobo)
Justificativa: Meu
ponto-presente vai para a Alice Lobo. Pela exuberância lírica do poema, que nos
suspende em versos como "você na plateia sorri em rasgos de amarelo"
[...] "agora estamos pelo mínimo pavio / onde amor e sangue se aconchegam
atrás da hora" [...] "a última cena são seus olhos ávidos /
incorridos em entregas arrependidas". Poema sublime! Parabéns, Letícia
Simões!
Geovani
Doratiotto (G.D):
Ponto-Presente para: Ana Lúcia
Pires (Anna Lisboa)
Justificativa:
Sou um leitor da Anna!
Lune:
Ponto-Presente para: Marco Antônio
Tozzato (Per-Verso)
Justificativa: Per-Verso
jogou com leveza as palavras e falou do universo do cinema sem rebuscamentos,
mas com emoção. É quase um deslumbramento o olhar que o autor divide conosco,
além de algumas frases especiais, como: "se imita, não se limita / enrola,
desenrola, faz fita".
Henrique César (Gaspar):
Ponto-Presente para: Lune.
Justificativa: A
poeta não brinca, dá golpes pontiagudos, carregados com o veneno da mais doce
melancolia. Não é derramada, é precisa nas estocadas, dura, sem dó de ninguém –
principalmente de si mesma. Todo o poema é bem cuidado (carinhosamente até, me
parece) cada verso é lapidado para integrar harmoniosamente o todo – é um poema
íntegro nas várias acepções da palavra. Na dedicatória da Paixão Segundo GH,
Clarice, no prefácio “A Possíveis Leitores” diz que ficaria contente que o
livro “fosse lido apenas por pessoas de alma já formada”, é o que recomendo
para quem ler esse poema, do contrário corre-se o risco de ficar com danos
permanentes. Eu confesso, depois de tanto apanhar, virei manteiga. Parabéns a
poeta Lune, Martini (única correção: nunca o último) e poema na medida certa.
Ana Lúcia Pires (Anna Lisboa):
Ponto-Presente para: Lune
Justificativa:
Arrepios e mais arrepios a cada verso.
Letícia Simões (Alice Lobo):
Ponto-Presente para: Ana Lúcia
Pires (Anna Lisboa)
Justificativa: mais
uma vez, para mim, conseguiu extrair um delicioso sorriso do canto da boca ao
ler seu poema. Se no início eu tinha alguma resistência à forma como ela
apresentava sua visão de mundo, agora me delicio.
Thiago Luz (Jean Jacques):
Ponto-Presente para: Geovani
Doratiotto (G.D)
Justificativa: As
imagens e os jogos de palavras mantêm o leitor atento de frente pra tela, digo,
de frente para o papel. Uma pitada de pimenta-crítica evidencia o gosto
agradável do poema.
Francisco Ferreira (João Saramica):
Ponto-Presente para: Lune.
Justificativa:
Voto em Lune pela força de suas metáforas.
Barolo:
Ponto-Presente para: Flávio Machado
(Dersu Uzala).
Justificativa:
Pela beleza e pela delicadeza – um sonho mesmo.
Marco Antônio Tozzato (Per-Verso):
Ponto-Presente para: Letícia Simões
(Alice Lobo)
Justificativa:
Gostei muito como ela colocou as referências cinematográficas em seu poema.
Lê-lo foi como assistir a um pequeno filme.
Flávio Machado (Dersu Uzala):
Ponto-Presente para: Barolo.
Justificativa:
O poema tem muita força e beleza cinematográfica.
Hernany Tafuri (Nonada F.C.):
Ponto-Presente para: Letícia Simões
(Alice Lobo)
Justificativa:
Lindo!
RANKING DA RODADA (CINEMA):
1º HENRIQUE CÉSAR CABRAL (GASPAR) – 78,1 pts.
2º LETÍCIA SIMÕES (ALICE LOBO) – 77,7 pts.
3º FLÁVIO MACHADO (DERSU UZALA) – 77 pts.
4º ANA LÚCIA PIRES (ANNA LISBOA) – 76,9 pts.
5º LUNE – 76,5 pts.
(maior nota: 10).
6º MARCO ANTÔNIO TOZZATO (PER-VERSO) – 76,5 pts.
(maior nota: 9,8 pts.).
7º GEOVANI DORATIOTTO (G.D) – 76 pts.
8º FRANCISCO FERREIRA (JOÃO SARAMICA) – 75,7 pts.
(última maior nota: 9,3 pts.).
9º WENDER
MONTENEGRO (MANOEL HELDER) – 75, 7 pts.
(última maior
nota: 9,2 pts.).
10º BAROLO – 75,
5 pts.
11º THIAGO LUZ
(JEAN JACQUES) – 75,2 pts.
12º HERNANY
TAFURI (NONADA F.C.) – 75, 1 pts.
PREMIAÇÃO DA RODADA:
O poeta Henrique César (Gaspar) vai receber de presente um exemplar da antologia "Poesia.com". Parabéns, Henrique!
E ENTÃO POETAS, O QUE ACHARAM DOS RESULTADOS? QUE REVIRAVOLTA, NÃO? PARABÉNS A TODOS E ATÉ SEMANA QUE VEM, NA GRANDE FINAL. CAPRICHEM EM SEUS POEMAS!
AUTORES S/A
2 comentários:
Gente obrigada, mais uma vez. Agora falta pouco para que a poesia venca rs. Sorte na proxima rodada, pessoal e uma ultima observacao apenas: Pagu, pelo menos na capa do filme dirigido por Norma Benguell, tem acento sim. Nao escrevo nada sem pesquisar bastante. Escrevia sobre cinema/filmes e escolhi usar o nome que consta na capa de um filme.
Leticia, so consegui ler tudo com atencao agora. Obrigada nao apenas pelo ponto, mas por abrir teu coracao pro meu jeito de sonhar. G.D, meu grande, obrigada.
Um beijo
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