No meio da sua praça, e de ambos os lados do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a cura das nações. Apocalipse 22.2.
sobrevoei a floresta
amazônica
fiquei com a falsa
impressão de que não havia desmatamento
tomado pela cegueira
não percebi o quanto
era estreita essa percepção
quase do tamanho da
janela do avião
a derrubada era longe
daquele caminho percorrido
entre Manaus
e Urucu
dava – se pelas costas
como de hábito agem
os covardes
acontecia com as
bênçãos dos insanos representantes do poder
gente que não tem
vergonha de aparecer em público
em solenidades comemorativas
sendo capazes de
plantar árvores ao som do hino nacional
como guardiões das
reservas ambientais
cada árvore derrubada
cada hectare de
floresta transformado em deserto
cada tribo expulsa
por grileiros e gado
cada morte repetida de
Chico Mendes
registro da total
incapacidade de respeito ao próximo.
que país queremos
deixar de herança?
o país da mentira e
da impunidade?
o que temos feito nos
últimos trinta anos
para barrar esse crime
anunciado?
remeto os
versos prosaicos
como um grito para
despertar consciências
e recuperar a
dignidade dos povos amazônicos.
Flávio Machado
5 comentários:
Caro Flavio,
Eis um desabafo que deve ser gritado por todo brasileiro, seja em forma de poema, seja em forma de música, pintura enfim, todos meios artísticos.
Obrigado por compor a equipe do Autores S/A!
Grande abraço,
Lohan
Companheiro Lohan, esse grito parece abafado na garganta, mas vamos soltar a nossa voz. Abraços
PS: Uma honra estar aqui postando no blog.
Um contundente apelo em forma de poema. Pena que quem deve ouvir, não tem sensibilidade para perceber o quão verdeiro ele é.
Um grito de alerta em forma de poema,o que me lembra o grito de Munch!
Todos nós devemos fazer coro a esse belo poema, até que, mesmo aqueles que não desejam escutá-lo, sejam por ele contaminados pela força de um Brasil unido.
Parabéns, amigo Flávio,
Inah
Lindo texto! Está tão na moda falar de Amazônia e de questões indígenas em geral; muitos mudam seus sobrenomes para demonstrar apoio à causa. Mas quantos estão de fato concatenados com o perigo eminente do desmatamento? Quantos educam seus filhos e pensar essas questões? Quantos levam essa discussão à mesa de jantar em casa? Educar dá trabalho... reeducar adultos viciados em não preocupar-se dá mais.
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