domingo, 26 de setembro de 2010

Meu cálice transborda

Dizem que o saber não ocupa espaço. Discordo. Ocupa sim. Preenche vazios, horas vazias, “horas perigosas do dia”.
A cada texto, a cada palestra, a cada aula, a cada nova amizade sinto-me transbordar, como se não houvesse mais espaço dentro de mim.
Em seguida, vem a inquietação. O sentimento de risco. O gosto pelo risco.
E arrisco.
Não tenho medo, sei quem sou: sou Ana, de trás para frente, de frente para trás.
Palíndromo não é uma ilha grega.
Então, com o passar dos dias, das horas, o novo saber é deglutido, absorvido, e os vazios voltam a se avolumar. Hora de mais: de mais leituras, de mais gente, de mais troca, de mais riscos.
O processo não se esgota. Repete-se eternamente. Renova-se.
Meu cálice transborda.

10 comentários:

Sidarta disse...

Pai, empurra pra mim este cálice, pai! Pai, empurra pra mim este cálice... E eu jamais me calarei novamente.

Parabéns, Ana, por ser Ana no espelho.

Ana Beatriz Manier disse...

Coincidência você se referir à música do Chico... Ando com ela na cabeça. Às vezes, no espelho também encontramos a nossa face.
bjs! Ana.

Lohan Lage Pignone disse...

Ana, adorei seu texto!

Engraçado, acho que eu e você mergulhamos esta semana num espelho. Um espelho que nos possibilite enxergar nossos reflexos interiores. Reconhecer-se.

A vida foi feita para ser arriscada. Arrisquemos, amiga!

Beijos, Lohan.

Dani Santos disse...

Encontrar-se. A si mesmo, com o outro, no outro.
"E aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente
Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas
E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá" [gonzaguinha, Caminhos do Coração]

Abraços, abraços.

Andréa Amaral disse...

Uma enciclopédia cuja capa pode ser um portarretrato digital. Um espelho em que o côncavo e o convexo se misturam, se complementam, se afastam, se reencontram e formam novas e diferentes figuras diante de um cálice que transborda, mas jamais esvaziará, tamanho conteúdo armazena. Você enxerga uma cachoeira translúcida, corredeira e inesgotável no seu espelho?

Ana Beatriz Manier disse...

Enxergo cada coisa, que nem te conto...

Lohan Lage Pignone disse...

rsrsrs

Anônimo disse...

Ah... a falta que nos move e comove...

Unknown disse...

Adorei esse texto.
Concordo com você que o conhecimento preenche espaço sim. quem não tem conhecimento tem a cabeça vazia.

Ana Beatriz Manier disse...

Não é? Obrigada pelo comentário.
Abraço,
Ana