domingo, 6 de novembro de 2011

Resultados das Oitavas de Final e Repescagem

QUINTA-FEIRA DE RESULTADOS!

         Amigos poetas e leitores, sejam bem-vindos a mais um post deste grande concurso de poesia!
         Hoje é dia de muita emoção aqui no Autores S/A. Quem avançará nas Oitavas de Final? Quem deixará o concurso? E na repescagem? Ponto a ponto, décimo a décimo: quem serão os quatro poetas sortudos a se darem bem nessa segunda chance?
         Lembrando que, aqueles que se classificarem, terão que elaborar, até domingo, uma trova e um poema com a temática CINEMA (de até 1 lauda).
         Agradecemos aqui a todos os generosos jurados que contribuíram nesta etapa tão importante e também pela paciência e perseverança de cada um de vocês, poetas participantes! É um concurso longo, difícil, que exige muito de cada um de vocês. Mas saibam que tudo isso será recompensado, se não agora, um dia, com certeza.
         Aos que deixaram o certame hoje, que deixem de cabeça erguida. Chegar até aqui, no nível de dificuldade que o concurso do Autores S/A apresenta, passando por diversos olhares de jurados gabaritados,  prazos apertados, temas quase impossíveis... não é para qualquer autor. Desde já, desejamos todo sucesso do mundo a vocês!
         Agora, iniciemos os trabalhos.
         As notas/escolhas e comentários serão postados a conta-gotas, como de costume. Poetas da repescagem e das oitavas, fiquem ligados!

NOTAS E COMENTÁRIOS DA REPESCAGEM

  
- Vale lembrar que, dos quatro que se classificarem, serão formados os confrontos:
1º lugar x 4º lugar
e
2º lugar x 3º lugar
nas sextas de final.

- São 03 jurados, no total.

JURADO 01: DAVID COHEN


         (Ele participou da 2º rodada da Fase de Grupos e está de volta).


David Cohen é poeta e advogado. Alguns de seus poemas já foram publicados em periódicos e antologias literárias, como a “10 vezes Literatura” (Litteris Editora, 1999) e “Poemas Cariocas 2012” (Ibis Libris, 2012). Em 2013, publicou seu primeiro livro de poemas, “Olho Nu”, pela Editora Verve e, ainda em 2014, lançará seu segundo livro, “Poemas que desisti de rasgar”, pela Editora 5W. Desde 2013 coordena o sarau “Da Boca Para Fora”, na Casa da Leitura (PROLER).


Título: Daninha (Marcelo Asth)

David Cohen: O poeta ficou muito preso à estrutura da canção que lhe serviu de mote.
NOTA: 6

Título: Afrodite (Bruno Baptista)

David Cohen: A Afrodite do poema, uma Afrodite dos tempos atuais, guarda semelhança com as “mulheres de Atenas” de Chico pela “pouca maquiagem”. Mas diferente das “mulheres de Atenas”, a nova Afrodite é protagonista da própria história. Ela não se preocupa em servir de exemplo. Tolice ser molde. Ela não está nem aí: Acredita que estando dentro de si estará em todo lugar. Gostei.
NOTA: 8

Título: GENI: It's All True (Georgio Rios)

David Cohen: A história de Geni permitiria ir além. O poeta contentou-se com seus jardins. Nos jardins cabem o mundo. Mas o poeta não encontrou Geni em seus jardins.
NOTA: 6

Título: Desventura (Natasha Félix)

David Cohen: “Aborta teus becos”. O poeta deixa a personagem e o leitor numa rua sem saída. Nos vazios do poema, entramos de mãos dadas com o eco das palavras.                                  
NOTA: 7

Título: À Rita, com amor (Francisco Ferreira)

David Cohen: O poema poderia ter maior intertextualidade com a música de Chico. Os versos muito longos comprometeram o ritmo do poema.
NOTA: 6

Título: Súplica de um trovador (Gerci Oliveira)

David Cohen: Também neste poema senti falta de maior intertextualidade. Gosto do verso “desfaz as amarras/ dos contratos de tua mágoa.”
NOTA: 6

Título: Olha, poeta (Maria Amélia Elói)

David Cohen: Embora o poema seja quase uma paródia, não soou óbvio ou previsível, como poderia ocorrer. Especial destaque para os versos “refaz tua vida/ escolhe uma aurora/ pra pôr na cantiga”. Bela resposta de Maria.
NOTA: 8

Título: Nossas mulheres (Luiz Otávio Oliani)

David Cohen: A ideia do cotejo das mulheres de Atenas com a mulher contemporânea é boa, mas o tom utilizado soou panfletário. Rimas com verbos empobrecem o poema.
NOTA: 6

Título: Menina (André Oviedo)

David Cohen: Especial destaque para os versos “permitiu/ que outra boca/ comesse nosso/começo”, com ótima sonoridade.
NOTA: 7

Título: Eu, tua Geni (Andressa Barrichello)

David Cohen: Gostei do uso da palavra “indirigível”. Mas depois disso o poema perdeu o fôlego e colidiu em uma nuvem. Chove esperança.
NOTA: 6

Título: Bucólico Eu (André Barbosa)

David Cohen: “Embuarqueando” nas asas da fantasia, o autor lembrou-se de Chico, mas esqueceu-se do poema.

NOTA: 5

RANKING COM NOTAS DE DAVID COHEN:




JURADO 02:

RODRIGO DOMIT



Rodrigo Domit nasceu em Curitiba, cidade modelo de organização, mas despontou para a literatura no Rio de Janeiro, cidade modelo do caos. Atualmente, vive geograficamente isolado dos círculos literários, em Jaraguá do Sul, para reavaliar trajetos percorridos e traçar planos para o futuro. É autor do premiado livro “Colcha de Retalhos” e editor do blog Concursos Literários, através do qual divulga e fomenta projetos de incentivo à leitura e à produção literária em todo o Brasil.

NOTA DO JURADO

Antes de qualquer julgamento, eu, Rodrigo, gostaria de protestar que, neste concurso, os que mais se expõem, de fato, são os jurados. Somos nós que, também com prazo curto, precisamos ler, reler, analisar e comentar poemas de autores e autoras anônimos.
Nesta tarefa, sem a opção de ficar calado, resguardando minha ignorância sob o manto da subjetividade, compartilho minhas opiniões enraizadas no vento - e adubadas por teimosia e preconceitos momentâneos, para que façam bom ou mau uso das mesmas, a meu favor ou contra mim.
Agora, com convite aceito e leite derramado, quero que saibam que também estou aqui de face exposta - a revides racionais ou raivosos.

Título: Daninha (Marcelo Asth)

Rodrigo Domit: Quando se estica a prosa, corre-se o risco de enfraquecer os elos. O trecho do “nosso pai mais moço” e da “espadinha do He-man” com “plástico grosso” acabou constituindo o elo fraco, que, vez ou outra, pode romper um poema ao meio. No geral, penso que carece de mais imagens além-memória, que transcendam o saudosismo para o lirismo.
NOTA: 7,7

Título: Afrodite (Bruno Baptista)

Rodrigo Domit: Bem construído, rimas lá e cá, aliterações, quebras e ritmo; mas, ainda assim, não me diz lá muita coisa. A música é uma crítica à submissão, mas é muito mais profunda do que padrão de beleza... celulite, estria e dieta.
NOTA: 7,5

Título: GENI: It's All True

Rodrigo Domit: Acho que exagerou um pouco na aliteração ali no início, nos “violentos violões”, apesar de concluir muito bem com a “vidrados na voraz vertigem / das pedras do cais do porto”. Dali em diante, o texto fluiu muito bem. O final é excelente.
NOTA: 8,7

Título: Desventura (Natasha Félix)

Rodrigo Domit: O papo com Chico rendeu. Imagens fortes, cortes secos em cenas cruas. Dolorido e bonito de ler.
NOTA: 9,5

Título: À Rita, com amor (Francisco Ferreira)

Rodrigo Domit: Os pronomes e tempos verbais estão me incomodando como uma colher no compartimento dos garfos incomoda alguém com TOC - Eis aqui um atestado de minha subjetividade de julgamento. Os “te”, “me”, “lhe”, “aste”, “este” me dificultaram a leitura. Tem imagens interessantes, mas acho que uma boa lapidação nos (meus) transtornos poderia tornar esta obra mais ritmada e convidativa à leitura.
NOTA: 7,9

Título: Súplica de um trovador (Gerci Oliveira)

Rodrigo Domit: O final é muito bom, ali nas “amarras / dos contratos de tua mágoa”. No meio senti falta de imagens mais distintas: “a rosa que secou” e “rodopia feito pião” dão impressão de já lidos e relidos por aí, ideias que já circularam ao vento, ainda que não tenham circulado por aqui. O começo, por exemplo, “descerra as nuvens / que embaçam a luz de teu olhar” tem um gosto de novidade, bem como o final já citado.
NOTA: 8,2

Título: Olha, poeta (Maria Amélia Elói)

Rodrigo Domit: Uma Maria arrebatadora; esta me ganhou por nocaute pela intertextualidade-resposta-vigorosa.
NOTA: 9,2

Título: Nossas mulheres (Luiz Otávio Oliani)

Rodrigo Domit: Pareceu a mim que, para alcançar um objetivo, sacrificou-se o poema. Penso que citar tantas das mulheres e o esforço despendido para encaixá-las no contexto do texto-crítica poderia ser mais concentrado no ritmo e na construção de imagens-conceitos para demarcar melhor o contraponto ao discurso criticado. As parcas imagens, algumas emprestadas das músicas, se diluem na crítica.
NOTA: 7

Título: Menina (André Oviedo)

Rodrigo Domit: Conseguiu manter o fôlego e o ritmo, com cortes precisos, e trouxe algumas imagens interessantes, indo além do texto base.
NOTA: 8,5

Título: Eu, tua Geni (Andressa Barrichello)

Rodrigo Domit: Esta cena surreal, ritmada e bem construída merece aplausos, partiu de Chico, mas voou longe e me agradou bastante.
NOTA: 9,5

Título: Bucólico Eu (André Barbosa)

Rodrigo Domit: O que não me agradou foi a mudança de tom e voz entre um início aparentemente narrativo-impessoal e a personalização de um fluxo de consciência. A meu ver, alterou-se entre uma construção de personagens-cenas para um comentário-análise que perdeu fôlego e ritmo, apesar de ter um final bem trabalhado.
NOTA: 8,0

RANKING COM AS NOTAS DO JURADO RODRIGO DOMIT:




JURADO 03: PAULO FODRA



(SEGUNDA PARTICIPAÇÃO NO CONCURSO, COMO JURADO)


Paulo Fodra nasceu e vive em São Paulo. Formou-se arquiteto e trabalha com marketing e comunicação. É também músico, arqueiro e leitor compulsivo. Participou das antologias “Deus Ex Machina – Anjos e Demônios na Era do Vapor” (Editora Estronho, 2011), “2013: Ano Um” (Editora Ornitorrinco, 2012), “S.O.S. – A Maldição do Titanic” (Editora Literata, 2012), “Dystopia” (Selo Taberna, 2014), “Vírus Z – Apocalipse Zumbi” (Editora Navras Digital, 2014) e “VAMP_EROS – A paixão entre vampiros e mortais” (Editora Lazúli, 2014). Ainda pela Editora Estronho, lançou em e-book a noveleta steampunk “A Seita do Ferrabraz” e a dupla de contos de terror “Antífona Lúgubre & Frota do Diabo”. Autor do livro de microcontos “Insólito – microalucinações” (Editora Multifoco, 2011). Atuou como jurado na 1ª e 2ª edição do Concurso de Poesia do Blog Autores S.A., no I Concurso de Minicontos do Blog Autores S.A. e no Desafio Literário da Câmara dos Deputados: Matreiros Contos do Rio. Mantém o Twitter @paulofodra e divulga seus contos fantásticos no site www.paulofodra.com.br.



Título: Daninha (Marcelo Asth)
Paulo Fodra: Texto bem fechado e com bastante sonoridade, parafraseando com elegância os versos de Chico ao mesmo tempo em que conta uma nova história.
NOTA: 9,5

Título: Afrodite (Bruno Baptista)

Paulo Fodra: Poema com a boa premissa de modernizar as Mulheres de Atenas, porém com execução um tanto displicente.  Senti falta de ritmo e sonoridade. Algumas construções foram forçadas para encaixar na forma aparente de soneto e acabaram comprometendo a construção das imagens.
NOTA: 8,0

Título: GENI: It's All True (Georgio Rios)

Paulo Fodra: Poema muito bem executado, apresentando imagens fortes e trabalhadas. A intertextualidade consegue escapar do óbvio. Muito bom!
NOTA: 10,0

Título: Desventura (Natasha Félix)

Paulo Fodra: Poema com bastante sonoridade e imagens marcantes. O final, em contraponto, me soou um tanto quanto átono.
NOTA: 9,0

Título: À Rita, com amor (Francisco Ferreira)

Paulo Fodra: Tirando a breve citação ao disco de Noel, é muito difícil identificar aqui a Rita de Chico. Talvez por isso tenha ficado com a impressão de que as imagens não “decolam” ao longo do poema.
NOTA: 8,5

Título: Súplica de um trovador (Gerci Oliveira)

Paulo Fodra: Um belo texto ecoando quase como contracanto da Carolina de Chico. Os versos de fechamento são bastante contundentes e me fizeram desejar que todo o poema tivesse a mesma pegada.
NOTA: 9,5

Título: Olha, poeta (Maria Amélia Elói)


Paulo Fodra: Num belo texto, um outro ponto de vista. Maria retorna ao poeta para por os pingos nos “is”
NOTA: 10,0

Título: Nossas mulheres (Luiz Otávio Oliani)

Paulo Fodra: O texto reúne tantas alegorias e intertextualidades que acaba ficando confuso e fragmentado.  O autor poderia ter optado por reduzir o número de elementos em prol da construção de uma imagem mais coesa e marcante.
NOTA: 8,0

Título: Menina (André Oviedo)

Paulo Fodra: Texto composto na medida certa para dialogar com a música de Chico sem ficar amarrado às referências. Apesar de longo, vai construindo a imagem palavra por palavra, com consistência deliberada.
NOTA: 9,6

Título: Eu, tua Geni (Andressa Barrichello)

Paulo Fodra: Se parece mais com um começo promissor do que com uma peça acabada. Textos mais concisos demandam uma lapidação apurada para conseguir extrair o efeito máximo de cada palavra.
NOTA: 8,2

Título: Bucólico Eu (André Barbosa)

Paulo Fodra: Apesar da profundidade do texto, a intertextualidade aqui não passou de uma mera citação um tanto forçada e quase burocrática. O poeta demonstra grande domínio das palavras, e isso me deixou esperando uma apropriação mais verdadeira do tema.

NOTA: 8,7

RANKING FINAL:



SALVOS NA REPESCAGEM:

MARIA AMÉLIA ELÓI

NATASHA FÉLIX

ANDRÉ OVIEDO

GEORGIO RIOS



APRESENTAÇÃO DOS JURADOS DAS OITAVAS DE FINAL


JURADOS DOS DUELOS 01, 02, 03 E 04


Jacques Fux, Oscar Nakasato, Alfredo Fressia e Flávio Morgado




Jacques Fux é vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2013 com o livro “Antiterapias”, vencedor do Prêmio Capes de Melhor Tese de Letras/Linguística do Brasil em 2010. Recebeu ainda uma Menção Honrosa do Prêmio Cidade de Belo Horizonte de Literatura 2014, pelo seu novo livro, ainda inédito, “Brochadas”. Pesquisador Visitante na Universidade de Harvard de 2012 a 2014, pós-doutorando em Literatura Comparada pela UFMG e pós-doutor em Teoria Literária pela Unicamp. Formado em Matemática, Mestre em Ciência da Computação e Doutor em Literatura Comparada pela UFMG e Docteur em Langue, Littérature et Civilisation Françaises pela Université de Lille 3. Autor dos livros Literatura e Matemática: “Jorge Luis Borges, Georges Perec e o OULIPO” (Tradição Planalto, 2011 ISBN: 978-85-99361-20-7) e “Antiterapias” (Scriptum, 2012, ISBN: 978-85-89044-53-0). Publicará, em 2015, um livro infantil e um romance, ambos pela Editora Rocco. 


Oscar Fussato Nakasato, filho de Yasuo Nakasato e Emiko Nakasato. Sansei (neto de japoneses). Nascido em Maringá-Pr. Casado, com dois filhos. Graduado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá, Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela UNESP, câmpus de Assis-SP, Doutor em Literatura Brasileira pela UNESP, câmpus de Assis-SP. Professor substituto do Cefet-Pr, câmpus Campo Mourão, em 1995. Professor efetivo do Cefet-Pr, depois UTFPR, câmpus de Campo Mourão, de 1996 a 2006. Professor da UTFPR, câmpus Apucarana, de 2007 até o presente momento. Premiado no III Festival Universitário de Literatura Xerox – Livro Aberto em 1999, com os contos Olhos de Peri eAlô, os quais foram publicado em livro. Ganhador do Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio, Categoria Especial Paraná, em 2003, com o conto “Menino na árvore”, o qual foi publicado em livro. Vencedor do Prêmio Benvirá de Literatura em 2011, do Prêmio Bunkyô de Literatura em Língua Portuguesa em 2011 e do Prêmio Jabuti na categoria romance em 2012 com “Nihonjin”, publicado pela editora Saraiva/selo Benvirá. Autor do livro “Imagens da integração e da dualidade: personagens nipo-brasileiros na ficção”, publicado pela Editora Bücher. Colaborador do Caderno Ilustrada da Folha de São Paulo. Membro da Academia de Letras, Artes e Ciências Centro-Norte do Paraná. Avaliador institucional e de curso do SINAES/BASIs do MEC. 



Alfredo Fressia nasceu em Montevideo (Uruguai) em 1948. Professor de Literatura, se desempenha também como periodista cultural. É tradutor de poesia brasileira para o espanhol e é Editor da revista mexicana de poesia “La Outra”. Tem realizado conferências, seminários, cursos na Universidade de São Paulo, Univ. Autónoma de México, Marshall, WV, Ohio State University, Fundación para as Letras Mexicanas. Tem participado de festivais de poesia no Uruguai, Brasil, México, República Dominicana, Colômbia, Chile, Nicarágua, Argentina, entre outros. Sua obra tem sido premiada e traduzida em várias línguas. No Brasil, acha-se com facilidade a antologia bilíngue “Canto desalojado”, na Lumme Editor, São Paulo, 2010.


(Segunda participação do jurado no concurso)

Flávio Morgado é poeta. Nasceu em 1989 na cidade do Rio de Janeiro, onde ainda vive. Formou-se em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi publicado em diversas antologias pelo país, entre elas “Amar, verbo atemporal: 100 poemas de amor” (Rocco) organizada pela escritora e tradutora Celina Portocarrero e que conta com cem poemas escolhidos entre os séculos XVI e XXI. Em 2010 ganhou o Prêmio Berçário de Talentos (Editora Faces), no ano seguinte venceu o Prêmio Nacional de Poesia Mar de Letras (Sapere). Em 2012 publicou seu primeiro livro “Um caderno de capa verde” (7Letras) com prefácio da crítica Heloísa Buarque de Hollanda e apresentação do poeta Salgado Maranhão. Com boa acolhida da crítica, o livro foi indicado ao Prêmio Jabuti de 2013, ao Prêmio Telecom Brasil-Portugal de Literatura 2013, ao Prêmio Fundação Biblioteca Nacional 2013 e ao Prêmio Bienal de Brasília 2014. Já colaborou com diversas revistas pelo país e atualmente escreveu críticas literárias e manteve uma coluna intitulada “Fala, Brasil!” na revista eletrônica portuguesa “Toca a falar disso”. Acredita que os prêmios literários ajudam a forjar a confiança.


JURADOS DOS DUELOS 05, 06, 07 E 08


Rinaldo Fernandes, Márcia Barbieri, Anélia Pietrini e Noemi Jaffe



Rinaldo de Fernandes é romancista, contista, crítico literário e antologista. Doutor em Letras pela UNICAMP e professor de literatura da UFPB. Autor dos romances "Rita no Pomar" (Rio de Janeiro: 7Letras, 2008 - finalista do Prêmio São Paulo de Literatura) e "Romeu na Estrada" (Rio de Janeiro: Garamond, 2014). De contos publicou, entre outros, "O perfume de Roberta" (Rio de Janeiro: Garamond, 2014) e "O professor de piano" (Rio de Janeiro: 7Letras, 2010). Organizador de várias antologias de contos e de ensaios de sucesso editorial, como "Contos cruéis" (São Paulo: Geração Editorial, 2006), "Capitu mandou flores" (São Paulo: Geração Editorial, 2006), "Chico Buarque do Brasil" (Rio de Janeiro: Garamond, 2004) e "Chico Buarque: o poeta das mulheres, dos desvalidos e dos perseguidos" (São Paulo: LeYa, 2013). Assina, há 10 anos, uma coluna de crítica no Jornal Rascunho, de Curitiba.



Márcia Barbieri é paulista, formada em Letras e mestranda em Filosofia. Tem textos publicados em várias antologias e nas principais revistas literárias brasileiras. Publicou os livros de contos Anéis de Saturno (independente), As mãos mirradas de Deus (Multifoco), o romance Mosaico de rancores (no Brasil pela Terracota e na Alemanha pela Clandestino Publikationen), e o romance A Puta (Terracota).



Anélia Montechiari Pietrani é Doutora em Letras - Literatura Comparada pela UFF (2005) e Mestre em Letras - Literatura Brasileira pela mesma universidade (1998). Atualmente é professora adjunta de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras - UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas - UFRJ, coordenadora do NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literatura, órgão vinculado à direção da Faculdade de Letras - UFRJ, integrante/pesquisadora do Grupo de Estudos Nação e Narração UFF/CNPq e do Grupo de Pesquisas Vozes da Educação: Memória(s), História(s) e Formação de Professores/as, pertencentes ao Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil - CNPq. Além disso, integra a equipe de coordenadores (com Anabelle Loivos Considera - UFRJ e Luiz Fernando Conde Sangenis - UERJ) do Projeto Interinstitucional de Extensão 100 Anos sem Euclides. Tem interesse em estudos sobre Ana Cristina Cesar, poesia, subjetividade, gênero, Euclides da Cunha, Machado de Assis, nacionalismo e estudos literários. Atualmente desenvolve pesquisa sobre literatura contemporânea brasileira de autoria feminina, abordando as questões de gênero e os estudos literários. Publicou individualmente os livros “Experiência (do) limite: Ana Cristina Cesar e Sylvia Plath entre escritos e vividos” (EdUff, 2009) e “ O enigma mulher no universo masculino machadiano” (EdUFF, 2000).



Noemi Jaffe nasceu em São Paulo, em 1962. Doutorou-se em literatura brasileira pela USP, e atualmente é professora da PUC-SP e da Casa do Saber. Crítica literária do jornal Folha de S.Paulo desde 2006, é autora de “A Verdadeira História do Alfabeto” (Companhia das Letras, 2012) – livro finalista do Prêmio Portugal Telecom 2013; “O que os cegos estão sonhando” (Editora 34, 2012) – livro baseado nas experiências relatadas por sua mãe, sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz; “Quando nada está acontecendo” (Martins Editora, 2011), “Todas as coisas pequenas” (Hedra, 2005), “Folha explica Macunaíma” (Publifolha, 2001) e “Do princípio às criaturas” (USP, 2008)  É também organizadora da antologia de poemas de Arnaldo Antunes (Global, 2010). Blog: nadaestaacontecendo.blogspot.com

DUELO 01
Títulos:

“Bebi a lua toda”
(Danilo Fernandes – MS)

X

“Ana contemporânea”
(Herton Gomes – RJ)


 Título: Bebi a lua toda (Danilo Fernandes)

Jacques Fux: Gostei bastante do poema. Ritmo, beleza e muita poesia. Bem estruturado e redigido. Embala, encanta, recria.


Oscar Nakasato: O poeta recupera em seus versos o espaço aberto (praça, rua) e a noite estrelada ou enluarada da música de Chico Buarque e Tom Jobim, bem como a atmosfera de embriaguez amorosa. Nesse contexto, não se preocupa com a precisão no que diz respeito a rimas - embora cometa algumas - ou a sílabas métricas. Usa versos comedidos, com extensão que varia de sete a dez sílabas métricas, o que proporciona uma leitura harmoniosa.  O poeta oscila entre o óbvio (Rostos felizes e melancólicos/ Velhos calmos e jovens radiantes) e o inusitado (Perdi teus olhos cor de folha/Num golpe duro de espanto)

Alfredo Fressia: Poema narrativo, com finas assonâncias, talvez excessivo no detalhe da narração (e estou pensando em imagens tradicionalmente revisitadas como a do defunto que renasceria para “ver-te”, ou em “quero salvar-te do teu carma”). Em compensação, percebe-se o bom trabalho do artista quando o poeta-narrador “comenta” a matéria narrada com sabedoria. Quero destacar, efetivamente, versos como “Pois paz quando se incendeia/ de amor endoida qualquer ser (...)” ou a delicada antecipação de “Minha alma sairia ilesa/ Não fosse a flor entre os corpos”. Ali o poeta sabe que sempre devemos deixar uma parte do sentido para ela ser construída pela sensibilidade do leitor, ou, dito de outro modo, admitir que o leitor é também autor do poema. São versos belos, sugestivos, adequados porque criam esse espaço que é só do leitor, que não deve ser “invadido” pelos excessos retóricos. Finalmente, dever ser dito que o português vacila às vezes; isso pode ser aceitável num poema marcado pela urgência expressiva, ou em algumas experiências barrocas, mas aqui o bom trabalho do poeta fica prejudicado por deslizes evitáveis. 


Flávio Morgado: O poema se perde em sua longitude. Longo demais. As rimas estão num campo semântico bem previsível. E na intertextualidade não traz nada de novo à interpretação da original (crítica, ironia, realce...)

Título: Ana Contemporânea (Herton Gomes)

Jacques Fux: Um texto forte, direto, preciso. O autor sabe trabalhar com as palavras, com os sentimentos, com o banal e com o profundo. Humano, belo e ríspido.


Oscar Nakasto: O poeta respeita o tema proposto, dialogando com o texto de Chico Buarque num tom meio debochado. Embora não se preocupe com os aspectos formais tradicionais da composição poética, como a uniformidade dos versos em relação às sílabas métricas, o poema brinca com a sonoridade (chope/chupo, quental/mal, língua/pinga, porra/corra), tornando os versos ainda mais lúdicos. Outro aspecto a se ressaltar é o uso da linguagem oral, coerente com o contexto. O poeta alterna a segunda e terceira pessoa no uso dos pronomes/verbos e com tranquilidade escreve: pra, puta. É um poema simples, sem grandes metáforas, mas com a linguagem poética na medida certa para o que se propõe. 


Alfredo Fressia: Este expressivo poema podia ser mais breve (em poesia menos é sempre mais), mas está bem estruturado, é direto, e vai assim, direto, à sensibilidade do leitor. Pode-se dizer que o poema escolheu a retórica da oralidade (e de fato, pessoalmente, eu adoraria ver uma performance cênica feita sobre o poema). Muito bom.


Flávio Morgado: Poema muito longo. Volto a dizer: poetas, a força da poesia está no seu poder de condensação. Imaginem que ela também é uma conversa, só que a mais completa delas: a que deixa emergir silêncios e pausas, a que o interlocutor se insere como intérprete e sua voz fala nas lacunas sem a permissão do emissor (desconhecidos os dois). Boas ideias, algumas boas tiradas, mas se perde em outras.


Escolha de Jacques Fux: “Bebi a lua toda”, de Danilo Fernandes
Escolha de Oscar Nakasato: “Ana Contemporânea”, de Herton Gomes
Escolha de Alfredo Fressia: “Ana Contemporânea”, de Herton Gomes
Escolha de Flávio Morgado: “Ana Contemporânea”, de Herton Gomes

PLACAR FINAL:
DANILO FERNANDES 1 X 3 HERTON GOMES

HERTON GOMES AVANÇA!

DUELO 02

Títulos:

“Carta de teresa”
(Hugo Costa – PB)

X

“à espera de Francisco”
(Bianca Velloso – SC)


Título: Carta de Teresa (Hugo Costa)

Jacques Fux: Um poema curto, preciso e gostoso de ler. De sentir. De pensar na leitura de uma música. A voz é bonita, sensível, sutil. Muito bom. 


Oscar Nakasato: No início, a impressão que se tem é que o eu-lírico se volta para o seu coração e com ele dialoga, mas, depois, percebe-se que seu interlocutor é o homem, inspirado no “terceiro” da canção de Chico Buarque, o que comprova a adequação ao tema proposto. O poeta sustenta o eu-lírico feminino, com passagens líricas: escuta o que eu calo/gritando por dentro/ roendo as unhas e dedos/perdendo/impressões digitais.              
O poema é totalmente livre de condicionamentos formais de composição poética, o que não é uma falha, mas uma escolha. Entretanto, numa composição que se sustenta em verbos conjugados no imperativo, percebe-se que o poeta se perde numa confusão de pessoas verbais (2ª e 3ª do singular e 2ª do plural). O mesmo ocorre no uso de pronomes: “teu colo”, “vos apague” e “irreversivelmente sua”.


Alfredo Fressia: O tríplice jogo no uso dos imperativos (em você, em tu e em vós- por ex.: “surpreenda-me”, “brinca”, “deixai” numa mesma estrofe) leva o leitor a imaginar três destinatários. De fato o poema começa dirigido ao coração (“Calma, coração levado”, como o célebre verso de Baudelaire, “Sois sage, oh ma douleur”, etc). No caso, isto prejudica a leitura, “distrai” o leitor, coisa que o poema não aceita. Misturar o tu e o você, como de fato a gente faz na linguagem familiar, é lícito (aliás, não há tabus em poesia). A pessoa vós já traz um informação nova (que eu, como leitor, tentei resolver imaginando, como dizia, vários destinatários, como os três homens do poema de Chico). O resultado é um poema quase hermético (e no caso o hermetismo no se adequava ao tema).


Flávio Morgado: Bom poema. Talvez pudesse ser melhor trabalhado na quebra dos versos, mas faz uma intertextualidade bacana com outras canções de Chico e acaba por seguir uma linha (embora com outra força lírica) de “tatuagem”.


Título: à espera de Francisco (Bianca Velloso)

Jacques Fux: Também um poema curto, mas muito bem escrito. Encanta. Embala. Evoca a linda música. Muito bom. 


Oscar Nakasato: O poema faz uma leitura da composição de Chico Buarque e Tom Jobim, numa atmosfera de Simbolismo, destacando a cor branca (branco, neve, névoa, lua) - mas sem a assonância que valoriza “Luiza”. O tom monocromático explode, depois, num colorido arco-íris e em sete mil amores, num bom aproveitamento da intertextualidade. A mudança do foco feminino (Luiza) para o masculino (Francisco) revela não uma diferença, mas a ideia de que o jogo de sedução independe do sexo. Aproveitando as motivações da canção, o poeta revela momentos de intenso lirismo: eu burilava a lua/para exorcizar o medo/e segredava ao ar o meu desejo/de navegar teus beijos. No aspecto formal, não se percebe a preocupação com rimas ou sílabas métricas, somente a escolha lexical, que proporciona alguns momentos de harmonia sonora: neve/névoa, repetição da palavra Francisco.

Alfredo Fressia: Retórica adequada, dialoga bem como o poema de Chico Buarque –o “Francisco” que o poema menciona (e o poema se menciona a si mesmo: “em silêncio eu te ditava/ as notas desta melodia”). Imagens delicadas. Alguma imagem audaz –pelo perigo do barroquismo: “o olhar ausente mergulhado em sóis”- acaba felizmente se resolvendo bem (seguida dessas cores do arco-íris que o poema de Chico menciona).




Flávio Morgado: Singelo. Belo como um poema que me parece à espera do nascimento de um filho. Achei um poema verdadeiro em sua dicção, sincero. As imagens poéticas poderiam ser menos “apolíneas” (há um enraizamento com uma ideia de poesia como algo sagrado e de enunciação pomposa que me desagrada). Mas no geral, um poema sincero. Deve ter sido importante ao autor escrevê-lo.

Escolha de Jacques Fux: “Carta de Teresa”, de Hugo Costa
Escolha de Oscar Nakasato: “à espera de Francisco”, de Bianca Velloso
Escolha de Alfredo Fressia: “à espera de Francisco”, de Bianca Velloso
Escolha de Flávio Morgado: “à espera de Francisco”, de Bianca Velloso


PLACAR FINAL:
HUGO COSTA 1 X 3 BIANCA VELLOSO

BIANCA VELLOSO AVANÇA!


DUELO 03

Títulos:

“Curaçau Blue”
(Adalberto Carmo – SP)

X

“só Carolina não viu”
(Raimundo de Moraes – PE)

Título: Curaçau Blue (Adalberto Carmo)

Jacques Fux: Um poema certeiro, direto, concentrado. Beleza, delicadeza, incerteza. Gostei bastante.


Oscar Nakasato: Percebe-se no poema forte conexão com a composição de Chico Buarque, a começar pela atmosfera inicial festiva, colorida e dançante. A diversidade de extensão dos versos e a opção pelo seu deslocamento no espaço da folha proporcionam um movimento interessante, coerente com a ideia de “dancing”, de loucura. Destaque para a partição do vocábulo coração, que proporcionou o paradoxo ação/estático, dando conta da oposição entre loucas/tantas vontades e porto da solidão. 



Alfredo Fressia: Belo, sugestivo poema. O “segredo” dele reside na conivência que ele pede ao leitor. Como leitor, eu participo do poema, não sou mero espectador porque eu sou convidado a juntar as imagens que o poeta me propõe (por ex., dancing, loucas, colombinas, licores). Pessoalmente eu não recorreria ao duplo significado de um só significante através da barra (“cor/ação”) porque é uma informação que dialoga mais com a minha inteligência que com a minha intuição, e o poema todo é regido pela intuição, mas o recado do poema não se ressente. Muito bom.



Flávio Morgado: Muito bom. Poema condensado. Cirúrgico. Não vai mais do que o próprio poema pede.

Título: só carolina não viu (Raimundo de Moraes)
                                       
Jacques Fux: Poema suave, breve, delicado. Uma bonita homenagem e releitura. Muito bom.


Oscar Nakasato: O poema mantém o tom melancólico da composição de Chico, potencializando-o na escolha lexical: tules rasgados, mortalha, velório. Persiste a ideia de perda, do não-realizado. A grande surpresa é a inserção repentina de elementos prosaicos em sequências líricas (café, playground), proporcionando uma interessante ruptura.  No aspecto formal, temos uma composição despreocupada com a sonoridade, com sílabas métricas, o que não a prejudica.


Alfredo Fressia: Bonito poema. A estrutura quase invariável de “Se A fosse B aconteceria C” contribui a essa espécie de tristeza que dialoga com as imagens (mortalha, partida). Boa retórica. Também produz um belo efeito o poema que se auto-menciona: “esta página não seria uma janela (...)”. Duelo duro!


Flávio Morgado: Muito bom. Um poema também denso. E acima de tudo, um poema melancólico sem os clichês românticos. Acertou nas imagens.

Escolha de Jacques Fux: “só Carolina não viu”, de Raimundo de Moraes.
Escolha de Oscar Nakasato: “Curaçau Blue”, de Adalberto Carmo
Escolha de Alfredo Fressia: “Curaçau blue”, de Adalberto Carmo
Escolha de Flávio Morgado: “Curaçau blue”, de Adalberto Carmo


PLACAR FINAL:
RAIMUNDO DE MORAES 1 X 3 ADALBERTO CARMO

ADALBERTO CARMO AVANÇA!



DUELO 04

Títulos:

“Para Chico”
(Simone Prado – RJ)

X

“Os olhos e o tempo”
(Álvaro Barcellos – RS)


Título: Para Chico (Simone Prado)

Jacques Fux: Quase uma nova canção. Embala e encanta. Bonito, certeiro e bem escrito.


Oscar Nakasato: O poema recupera o sentimento de ausência e solidão cantado por Chico Buarque. A vírgula no início do poema já parece indicar que a lista de “coisas” deixadas no chão se estende num movimento que vai para o antes de “malas”. Há uma confluência de elementos que indicam esse sentimento: os versos mínimos, o paradoxo “vazio habita cômodos”, passos sem pressa, invisíveis paredes, mudo violão. Os versos mínimos, aliás, centrados em substantivos, exploram eficazmente as lições do Cubismo e do Futurismo. Ao mesmo tempo, o poema proporciona uma ambiguidade: a porta é a entrada ou a saída?  

Alfredo Fressia: Mais um belo poema, criado sobre uma retórica da fragmentação, do implícito (e ainda o tema da conivência, colaboração do leitor). Se tudo isto não bastasse, o poema contém também uma joia, a saber, estes versos perfeitos: “na mão o desejo infinito/ sobre a maçaneta de ferro/ envelhecido:”. Muito bom.




Flávio Morgado: O poema leva de forma interessante (na quebra dos versos e no seu “pé ante pé”) a uma narrativa singela, simples. Mas por que não? Merecedora de poema. Bom poema.

Título: Os olhos e o tempo (Álvaro Barcellos)

Jacques Fux: Muitas perguntas, incertezas, dúvidas. Poucas respostas e muitas possibilidades. Assim deve ser um poema, como a vida. Bonito. 


Oscar Nakasato: O problema de concordância verbal que se nota no primeiro verso parece comprometer o poema, mas o que se segue é uma sequencia de versos bem escritos, talvez comportados demais. a opção pela segunda pessoa (tu), embora natural em alguma região país, parece revestir o poema de tradição e lirismo. A dor e a tristeza dos olhos de “Carolina” estão presentes no poema, mas sem a carga dramática dos versos de Chico Buarque. Se neste o tempo é aliado do drama, no poema que se analisa ele abre a perspectiva do fim da dor, remete à dúvida, enfatizada pelas perguntas sem respostas.



Alfredo Fressia: Também muito bom. Poema discursivo, que não cai em chavões. Sábio uso dos imperfeitos no começo, para introduzir o tema (melancólico, como o poema de Chico). Aliás, há uma ótima intertextualidade com ele. O ritmo, a musicalidade do poema, tornam o texto propício também para uma leitura performática. Mais um duelo duro!


Flávio Morgado: O título me gerou uma expectativa tão grande! Não correspondeu. O poema está longe de ser um mau poema, mas também fica ao meio do caminho. A impostação do eu lírico não comove, apenas afasta. A intertextualidade não traz o novo. Mas é um poema que a ser trabalhado, ficaria muito bom. Tem musicalidade, pense nisso.

Escolha de Jacques Fux: “Para Chico”, de Simone Prado
Escolha de Oscar Nakasato: “Para Chico”, de Simone Prado
Escolha de Alfredo Fressia: “Para Chico”, de Simone Prado
Escolha de Flávio Morgado: “Para Chico”, de Simone Prado



PLACAR FINAL:
SIMONE PRADO 4 X 0 ÁLVARO BARCELLOS

SIMONE PRADO AVANÇA!

DUELO 05

Títulos:

“Dona do mundo”
(Marília Lima – SP)

X

“Legado”
(Francisco Carvalho – MA)

Título: Dona do Mundo (Marília Lima)

Rinaldo Fernandes: O poema traz uma protagonista solta, que se libera do jugo do marido. Como na "Valsinha" de Chico, a cena se dá em torno da dança, que metaforiza o gesto liberador. Poema com bom ritmo, extraído sobretudo do emprego eficiente de anáforas.


Márcia Barbieri: O poema utilizou com maestria os recursos de linguagem, é sonoro e musical sem detrimento do sentido.


Anélia Pietrini: O poema dialoga com o do Chico ao mesmo tempo em que inverte e subverte posições, especialmente no que diz respeito à tematização de uma consciência feminina que “amanhece”. A imagem, recuperada do poema matriz e subvertida no “novo” poema, é belíssima na construção da personagem e da narratividade do poema. Também há a recuperação do jogo anafórico, que acompanha o passo da dança e, no caso deste poema, a união em si e fora de si mesma da personagem. Penso, no entanto, que o poema não apresenta outras soluções imagísticas e acaba por tornar-se carente de metáforas.


Noemi Jaffe: O poema é bom, mas tem imagens bastante semelhantes ao original e, por isso, acaba se tornando mais ilustrativo e explicativo do que propriamente inventivo.

Título: Legado (Francisco Carvalho)

Rinaldo Fernandes: O poema inverte a situação encenada em "A Rita". O "eu" lírico se diz agora "recuperado", após a partida da mulher amada. Se na canção de Chico o "eu" lírico fica triste e imobilizado com a amada que se retirou da relação sorridente, portanto "por cima", em "Legado" o "eu" lírico desfere uma contrapartida, ao reelaborar sua autoestima. Há certa densidade na linguagem do poema - e o emprego feliz, no desfecho, do neologismo "imensilêncio".


Márcia Barbieri: O poema utilizou de forma mediana os recursos de linguagem.


Anélia Pietrini: O dialogismo com o texto original é bem sutil, o que é enriquecedor como construção textual e interpelador de seu leitor a participar como coautor de seu texto. Poema sintético, de frases curtas, predominantemente nominais, com imagens impactantes que acentuam a intensidade e densidade poética. Ressalto ainda os neologismos e as imagens extraídas tanto do universo da própria poesia quanto do da música.


Noemi Jaffe: Esse poema estabelece um recurso mais dialógico com a canção original, utilizando recursos de fragmentação e neologismos, chegando a um resultado conciso e interessante.

Escolha de Rinaldo Fernandes: “Legado", de Francisco Carvalho
Escolha de Márcia Barbieri: "Dona do mundo", de Marília Lima
Escolha de Anélia Pietrini: “Legado", de Francisco Carvalho
Escolha de Noemi Jaffe: “Legado", de Francisco Carvalho


PLACAR FINAL:
FRANCISCO CARVALHO 3 X 1 MARÍLIA LIMA

FRANCISCO CARVALHO AVANÇA!

DUELO 06

Títulos:

“Neera”
(Cinthia Kriemler – DF)

X

“Acepção da atriz”
(Thiago Carvalho – RJ)


Título: Neera (Cinthia Kriemler)

Rinaldo Fernandes: O poema põe na ordem do cotidiano carioca o drama da submissão feminina encenado em "Mulheres de Atenas". Linguagem bem elaborada, com bons e sutis efeitos na caracterização dos nomes próprios (Neera, Estéfano, Aspásia - os três integrantes da cultura grega).

Márcia Barbieri: Os recursos de linguagem foram muito bem utilizados, com destaque para a intertextualidade com a música, mostrando que apesar dos anos transcorridos a condição da mulher não foi modificada.

Anélia Pietrini: A nova musa, a velha mulher que está sempre “sob”. Homero e Baudelaire dão-se as mãos na construção dessa “não tão nova assim” personagem



Noemi Jaffe: Poema rico em imagens, engajado sem ser panfletário e que estabelece uma relação original com a canção em pauta. Apresenta bom ritmo, se assemelhando em si mesmo a uma canção.

Título: Acepção de atriz (Thiago Carvalho)

Rinaldo Fernandes: Poema de linguagem sintética, vigorosa, com metáforas bem compostas. Há força em imagens como "contorções de graciosos kabukis", "barrocas pelúcias" ou ainda rendas que "sangram encantados truques". 

Márcia Barbieri: O poema utilizou de forma mediana os recursos de linguagem. A forma breve favorece poemas de grande impacto, nesse caso, a brevidade foi um fator negativo.


Anélia Pietrini: Poema estático, silencioso, colorido, cujo efeito revela a isomorfia entre forma e conteúdo, mas não me tocou. Embora curto, não é, a meu ver, um poema sintético.



Noemi Jaffe: Poema conciso, de imagens requintadas, que sintetiza bem a relação com a canção original. Entretanto, soa um tanto parnasiano e faz recurso a alguns lugares-comuns.

Escolha de Rinaldo Fernandes: "Acepção de atriz", de Thiago Carvalho
Escolha de Márcia Barbieri: "Neera", de Cinthia Kriemler
Escolha de Anélia Pietrini: "Neera", de Cinthia Kriemler
Escolha de Noemi Jaffe: "Neera", de Cinthia Kriemler

PLACAR FINAL:
THIAGO CARVALHO 1 X 3 CINTHIA KRIEMLER

CINTHIA KRIEMLER AVANÇA!


DUELO 07

Títulos:

“Ao Cair da Tarde”
(Desirée Jung – Vancouver)

X

“De Carol para Chico”
(Ricardo Thadeu – BA)

Título: Ao cair da tarde (Desirée Jung)

Rinaldo Fernandes: Há no poema a sugestão de um "eu" lírico feminino que louva os prazeres a serem obtidos com outra mulher. Portanto, o poema fica na esfera do desejo ainda não concretizado. Na canção "Aquela mulher", de Chico, o "eu" lírico masculino canta os prazeres efetivos, concretizados, com uma mulher, contrapondo, implicitamente, a sua performance sexual com a performance do ex-marido da mulher. Há, assim, uma variação importante operada no poema (que é narrativo) em relação à canção.


Márcia Barbieri: Utilizou de forma mediana os recursos de linguagem, a intertextualidade me pareceu pobre.


Anélia Pietrini: Interessante polifonia com/sem diálogos. Vozes internas e externas. 


Noemi Jaffe: Poema bem-humorado e intertextual, mas extremamente calcado em referências, o que o torna explícito e o empobrece no sentido da linguagem lírica.

Título: De Carol para Chico (Ricardo Thadeu)

Rinaldo Fernandes: O poema opera um jogo denso com a canção de Chico "Carolina". Sugere a mescla de um "eu" lírico feminino com um "eu" biográfico, também feminino - o que dá uma tensão eficaz ao texto. Além disso, o poema reavalia a figura de Carolina, pondo-a num patamar existencial próximo ao do sujeito masculino encenado no texto.

Márcia Barbieri: Utilizou bem os recursos de linguagem. O poema tem sonoridade e um tom singelo e melancólico.


Anélia Pietrini: O texto tem um tom erudito que considero ultrapassado. Tom parnasiano sem ser um poema parnasiano. 


Noemi Jaffe: Embora o poema soe um pouco parnasiano, tem um efeito de síntese maior do que o anterior, com imagens mais requintadas e ricas.

Escolha de Rinaldo Fernandes: "De Carol para Chico", de Ricardo Thadeu
Escolha de Márcia Barbieri: "De Carol para Chico", de Ricardo Thadeu
Escolha de Anélia Pietrini: "Ao Cair da Tarde", de Desirée Jung
Escolha de Noemi Jaffe: "De Carol para Chico", de Ricardo Thadeu



PLACAR FINAL:
RICARDO THADEU 3 X 1 DESIRÉE JUNG


RICARDO THADEU AVANÇA!


 DUELO 08

Títulos:

“Reversão para Luiza”
(Jorge Augusto Silva – BA)

X

“Quem são essas mulheres? (ou das Angélicas)”
(Danielle Takase - SP)


Título: Reversão para Luiza (Jorge Augusto)

Rinaldo Fernandes: Um poema de linguagem cabralina, em que a palavra "corpo", sobretudo, vai sendo iconizada, impondo sua força, variando seus campos de sentido.


Márcia Barbieri: Utilizou com maestria os recursos de linguagem. O poema tem musicalidade e amplia o sentido da música, a intertextualidade foi muito bem aproveitada.


Anélia Pietrini: Fascinantes as rimas internas das palavras que “acavalgam”, presentes na primeira e terceira partes. O poema vira música, novelo de sensações e paixões de palavras. Erotismo das letras e das imagens, dupla chama, já bem dizia Octavio Paz.

Noemi Jaffe: Poema bastante “cabralino”, que substantiva o valor das palavras e das imagens, com sintaxe rica e desafiadora e uma relação rica e dialógica com a canção original.


"Quem são essas mulheres? (ou das Angélicas)" (Danielle Takase)

Rinaldo Fernandes: O poema, partindo da canção "Angélica", que particulariza, à primeira vista, a dor de Zuzu Angel, busca representar, dramaticamente, a dor de todas as mães, ou de todas as "Angélicas", que perderam seus filhos.


Márcia Barbieri: Utilizou muito bem os recursos de linguagem. O poema é muito bom, tanto em forma quanto em sentido.

Anélia Pietrini: Belíssimo poema. Imagens simples e fortes. Pode dar empate?

Noemi Jaffe: Poema menos trabalhado que o anterior, com rima pobre em “ar”, imagens já conhecidas e excesso de sentimentalismo.

Escolha de Rinaldo Fernandes: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto
Escolha de Márcia Barbieri: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto
Escolha de Anélia Pietrini: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto
Escolha de Noemi Jaffe: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto


PLACAR FINAL:
JORGE AUGUSTO 4 X 0 DANIELLE TAKASE

JORGE AUGUSTO SILVA AVANÇA!

 PARABÉNS AOS CLASSIFICADOS! VEJAM COMO FICOU A TABELA AGORA!



ATÉ A PRÓXIMA!

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