MARIA AMÉLIA ELÓI
(Distrito Federal)
HERTON GUSTAVO GOMES
(Rio de Janeiro)
RICARDO THADEU
(Riachão do Jacuípe)
BIANCA VELLOSO
(Florianópolis)
Um deles será o grande poeta campeão do III Concurso de Poesia
Autores S/A. Em que você aposta suas fichas?
Bem-vindos a SEMIFINAL
III Concurso de Poesia Autores S/A!
TEMA:
DATAS COMEMORATIVAS
Nesta semifinal, cada poeta
teve de escolher uma data comemorativa, qualquer que fosse do calendário, e
elaborar um poema a partir dela. E pra abertura, que tal um embate poético
entre os semifinalistas, num desafio do dia dos namorados, ou melhor...
ex-namorados!
“Você
descobriu que é traído(a) pelo seu namorado(a) justamente no dia 12 de junho!
Doloroso, não? Que comece a guerra dos sexos!”
DUELO 01
ESTROFES
ÍMPARES (1, 3, 5) – HERTON GUSTAVO GOMES
ESTROFES
PARES (2, 4, 6) – MARIA AMÉLIA ELÓI
NESTE DUELO, O PERSONAGEM DE HERTON GOMES É O NAMORADO TRAÍDO PELA
PERSOAGEM DA AUTORA MARIA AMÉLIA ELÓI.
(Herton)
A dor me dilacera
vide o teu descaramento:
amputou a primavera
germinou meu sofrimento.
vide o teu descaramento:
amputou a primavera
germinou meu sofrimento.
(Maria
Amélia)
Querido, deixa de manha
Já não sabias que eras corno?
Uma outra rosa logo te assanha.
Engole agora esse choro morno.
Querido, deixa de manha
Já não sabias que eras corno?
Uma outra rosa logo te assanha.
Engole agora esse choro morno.
(Herton)
Não só engulo todo o meu pranto
Como lhe arranco do meu jardim.
Se esfregue com outros cravos, em qualquer canto,
que nunca mais se perfumará para mim.
Não só engulo todo o meu pranto
Como lhe arranco do meu jardim.
Se esfregue com outros cravos, em qualquer canto,
que nunca mais se perfumará para mim.
(Maria
Amélia)
És muito mau jardineiro
Desdenho de teus espinhos
Já tenho um amor altaneiro
E não pretendo voltar ao teu ninho.
És muito mau jardineiro
Desdenho de teus espinhos
Já tenho um amor altaneiro
E não pretendo voltar ao teu ninho.
(Herton)
Ingrata, mundana, harpia
sua lembrança agora jaz no passado
mas não se esqueça bandida, vadia:
o que é teu, tá guardado.
Ingrata, mundana, harpia
sua lembrança agora jaz no passado
mas não se esqueça bandida, vadia:
o que é teu, tá guardado.
(Maria
Amélia)
Ofensas não me atingem
se vindas de um cravo menor
Bem vês que as rosas não fingem
Tens galhos. Já sabes de cor!
Ofensas não me atingem
se vindas de um cravo menor
Bem vês que as rosas não fingem
Tens galhos. Já sabes de cor!
DUELO 02
ESTROFES
ÍMPARES (1, 3, 5) – BIANCA VELLOSO
ESTROFES
PARES (2, 4, 6) – RICARDO THADEU
NESTE DUELO, O PERSONAGEM DE BIANCA VELLOSO É A NAMORADA TRAÍDA PELO
PERSONAGEM DE RICARDO THADEU.
(Bianca
Velloso)
Vaza! Sempre fiz tuas vontades de
bom grado
nunca reclamei da bebida nem do
cigarro
mas não posso aceitar ver meu
namorado
num doze de junho beijando outra
dentro do carro.
(Ricardo
Thadeu)
Meu amor, aquela era a minha irmã
Com um probleminha de respiração
Você me viu abrindo o seu soutien
Pra que ela não morresse do
coração...
(Bianca
Velloso)
De repente, assim? De onde ela
surgiu?
Irmã? Ora essa! Quanta desfaçatez!
Fui vítima de um amor que nunca
existiu
Pega estas flores e vai embora de
vez!
(Ricardo
Thadeu)
Levo as flores e um amor
Igual à história de novela
Faça-me só mais um favor:
Nunca mais segure vela.
(Bianca
Velloso)
Melhor mesmo que seja assim
Não vou derramar dor nesta cidade
Já preparei o tamborim
Vou cantar minha liberdade.
(Ricardo
Thadeu)
Então cante sua liberdade
Com voz de taquara rachada
Só não busque a felicidade
Chorando com a cara inchada.
E então? Na sua
opinião, quem se saiu melhor os confrontos poéticos? Esses confrontos serão
avaliados por dois jurados e valerá na contagem da disputa da semifinal!
JÚRI
DA SEMIFINAL
A
banca da semifinal será formada por seis
jurados, sendo que dois deles serão
destacados para avaliarem o desempenho dos poetas no desafio poético do dia dos
namorados. Ou seja: são seis pontos em jogo.
Em
caso de 3 a 3, recorreremos aos poemas extras para o desempate.
DUELOS
DA SEMIFINAL
Sem
delongas, vamos à leitura dos poemas da semifinal! Quem avançará para a grande
final?
DUELO 01
TÍTULOS:
“Álbum”
(Maria
Amélia Elói)
X
“Nada
de novo sob o sol de 40 graus”
(Herton
Gustavo Gomes)
Data escolhida:
“Finados” (02 de novembro)
Título: “Álbum” (Maria
Amélia Elói)
Eu
sempre guardei feriado
como
quem crê um milagre:
um
beijo no carnaval, as luzes de novo ano, o banho de mar nas férias, recato
na sexta santa, argola de namorado
A
vida contada em recessos — pois fatos do todo dia acabam perdendo o viço
Meu
livro é de festa das mães proclamação da alegria caça-ovos tiradentes bom
velhinho corpus christi
Não
fica de fora o finados:
chuvinha
precisa e insistente, família de abraço cingido, gostoso zelar de memórias
Por
muito e querido tempo, velávamos mortos distantes
cravados
em outras instâncias: parentes de décimo grau, amigos de década antiga
Doía
um nada na alma
saudade
polida fazendo cosquinha
Mas
ela chegou resoluta pra se apoderar dos retratos
ceifou
meus avós alguns primos
rondou
toda a vizinhança
Sem
nem embaraço ou socorro
senhora
de si e dos meus
laçou
os chegados mais rentes.
Tocou
até mesmo o meu pai!
Agora
no 2 de novembro tormenta vem muito robusta
saudade
que ofende o pra sempre
O
que celebrar no suspenso – pra caber no hoje outra vez o tempo em que éramos
juntos?
Data escolhida: Ano
Novo (31 de dezembro)
Título: Nada de novo
sob o sol de 40 graus (Herton Gustavo Gomes)
“Feliz
ano velho!”
Diz
a puta fodida
por
um gordo funéreo
na
Central do Brasil.
“É
dia de branco!”
Berra
a nega suada
na
Lapa currada
por
um porco senil.
Entra
ano, sai ano, outra vez, tudo igual:
a
fé sai pelo cano de um revólver no Vidigal.
“Que
tudo se realize
nesse
ano que acabou de nascer!”
Deseja
o pai de família
na
Glória, debaixo do seu michê.
“Muito
dinheiro no bolso,
saúde
pra dar e vender!”
São
os votos de um mendigo doente,
que
só será atendido depois de morrer.
“Feliz ano velho!”
Grita
o desempregado
escondido
atrás do Evangelho
traficando
em São Conrado.
“Que
tudo se realize
nesse
ano que acabou de nascer!”
Deseja
o malandro em crise
roubando
criança no Baixo Bebê.
“É
dia de trampo!”
Canta
o funkeiro sem fone de ouvido
de
janeiro a janeiro
dentro
de um 474 entupido.
“Saúde
pra dar e vender!”
Murmura
o coroa tarado
roçando
o pinto no rabo
da
estudante que pensa em morrer.
Entra
ano, sai ano e o mais do mesmo acontece:
a
gente repete promessas enquanto o Rio apodrece.
Entra
ano, sai ano, é sempre a mesma canção:
na
cidade do samba todo dia é réveillon.
Entra
ano sai ano: inércia, engano.
40
graus de desgraça fritando o cotidiano.
Réveillon
em Copa, au revoir!
Esse
Rio já passou em minha vida
e
meu coração se perdeu no mar.
DUELO 02
TÍTULOS:
“Dissimulação”
(Ricardo Thadeu)
X
“vermelho”
(Bianca
Velloso)
Data escolhida: Ano
Novo (31 de dezembro)
Título: Dissimulação
(Ricardo Thadeu)
As
luzes queimam, no escuro céu:
cinzas
de um ano que se desfaz.
Esperanças
transgridem o tempo
estourado
na contagem regressiva.
Passantes,
embriagados do porvir,
cumprem
o ritual de suas biografias:
usam,
como disfarce, brancos trajes
e
fingem a felicidade da mesa farta;
pulam
três ondas, afagam amigos,
atiram
ao mar pedidos e promessas.
Várias
explosões enfeitam a virada
de
pólvora e bolhas de champanhe.
Não
são os relógios que celebram.
Data
escolhida: Dia Nacional de Luta contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças
e Adolescentes (18 de maio).
Título: vermelho
catorze
anos eu tinha
e
tinha também o Beto
e
a delicadeza
do
primeiro beijo
um
beijo e mais nada
um
beijo que era tudo
...
menina
praieira
voltava
pra casa
cantarolando
o mar
...
questão
de segundos
meu
cantarolar foi interrompido
...
não
sei nem de onde
surgiu
aquele homem
alto
e forte, estilo lutador de jiu-jitsu
...
parecia
raiva o que ele carregava nos olhos
não
tive tempo de pensar
:
arrastou-me
arrancou-me
as roupas
arrancou-me
a inocência
arrancou-me
os sonhos
beijou-me
com força
e
o beijo dele tinha gosto de morte
invadiu-me
o sexo
depois
foi embora
o
vermelho doce virou sangue
abortei
minha adolescência.
ATÉ
QUINTA-FEIRA, COM OS RESULTADOS E O TÃO ESPERADO ANÚNCIO DOS FINALISTAS DESTA
EDIÇÃO!
AUTORES S/A:
UMA SOCIEDADE DIFERENTE DAS OUTRAS
PARCEIROS:
Um comentário:
Maria Amélia, que poema! Você veio de cara limpa, peito aberto, mostrando o sentimento da perda. Lindo! Fico com esta frase "Agora no 2 de novembro tormenta vem muito robusta
saudade que ofende o pra sempre
O que celebrar no suspenso – pra caber no hoje outra vez o tempo em que éramos juntos?"
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