QUINTA-FEIRA
DE RESULTADOS!
Amigos poetas e
leitores, sejam bem-vindos a mais um post deste grande concurso de poesia!
Hoje
é dia de muita emoção aqui no Autores S/A. Quem avançará nas Oitavas de Final?
Quem deixará o concurso? E na repescagem? Ponto a ponto, décimo a décimo: quem serão
os quatro poetas sortudos a se darem bem nessa segunda chance?
Lembrando
que, aqueles que se classificarem, terão que elaborar, até domingo, uma trova e
um poema com a temática CINEMA (de até 1 lauda).
Agradecemos
aqui a todos os generosos jurados que contribuíram nesta etapa tão importante e
também pela paciência e perseverança de cada um de vocês, poetas participantes!
É um concurso longo, difícil, que exige muito de cada um de vocês. Mas saibam
que tudo isso será recompensado, se não agora, um dia, com certeza.
Aos
que deixaram o certame hoje, que deixem de cabeça erguida. Chegar até aqui, no
nível de dificuldade que o concurso do Autores S/A apresenta, passando por
diversos olhares de jurados gabaritados, prazos apertados, temas quase impossíveis... não
é para qualquer autor. Desde já, desejamos todo sucesso do mundo a vocês!
Agora,
iniciemos os trabalhos.
As
notas/escolhas e comentários serão postados a conta-gotas, como de costume.
Poetas da repescagem e das oitavas, fiquem ligados!
NOTAS
E COMENTÁRIOS DA REPESCAGEM
- Vale lembrar que, dos
quatro que se classificarem, serão formados os confrontos:
1º
lugar x 4º lugar
e
2º
lugar x 3º lugar
nas
sextas de final.
- São 03 jurados, no total.
JURADO 01: DAVID COHEN
(Ele participou da 2º rodada da Fase de Grupos e está de
volta).
David Cohen é poeta e advogado. Alguns de seus poemas já foram publicados em periódicos e antologias literárias, como a “10 vezes Literatura” (Litteris Editora, 1999) e “Poemas Cariocas 2012” (Ibis Libris, 2012). Em 2013, publicou seu primeiro livro de poemas, “Olho Nu”, pela Editora Verve e, ainda em 2014, lançará seu segundo livro, “Poemas que desisti de rasgar”, pela Editora 5W. Desde 2013 coordena o sarau “Da Boca Para Fora”, na Casa da Leitura (PROLER).
Título:
Daninha (Marcelo Asth)
David
Cohen: O poeta ficou muito preso à estrutura da canção que
lhe serviu de mote.
NOTA:
6
Título:
Afrodite (Bruno Baptista)
David
Cohen: A Afrodite do poema, uma Afrodite dos tempos atuais,
guarda semelhança com as “mulheres de Atenas” de Chico pela “pouca maquiagem”.
Mas diferente das “mulheres de Atenas”, a nova Afrodite é protagonista da
própria história. Ela não se preocupa em servir de exemplo. Tolice ser molde.
Ela não está nem aí: Acredita que estando dentro de si estará em todo lugar.
Gostei.
NOTA:
8
Título:
GENI: It's All True (Georgio
Rios)
David
Cohen: A história de Geni permitiria ir além. O poeta
contentou-se com seus jardins. Nos jardins cabem o mundo. Mas o poeta não
encontrou Geni em seus jardins.
NOTA:
6
Título:
Desventura (Natasha Félix)
David
Cohen: “Aborta teus becos”. O poeta deixa a personagem e o
leitor numa rua sem saída. Nos vazios do poema, entramos de mãos dadas com o
eco das palavras.
NOTA:
7
Título:
À Rita, com amor (Francisco Ferreira)
David
Cohen: O poema poderia ter maior intertextualidade com a
música de Chico. Os versos muito longos comprometeram o ritmo do poema.
NOTA:
6
Título:
Súplica de um trovador (Gerci Oliveira)
David
Cohen: Também neste poema senti falta de maior
intertextualidade. Gosto do verso “desfaz
as amarras/ dos contratos de tua mágoa.”
NOTA:
6
Título: Olha, poeta
(Maria Amélia Elói)
David
Cohen: Embora o poema seja quase uma paródia, não soou
óbvio ou previsível, como poderia ocorrer. Especial destaque para os versos “refaz tua vida/ escolhe uma aurora/ pra pôr
na cantiga”. Bela resposta de Maria.
NOTA:
8
Título:
Nossas mulheres (Luiz Otávio Oliani)
David
Cohen: A ideia do cotejo das mulheres de Atenas com a
mulher contemporânea é boa, mas o tom utilizado soou panfletário. Rimas com
verbos empobrecem o poema.
NOTA:
6
Título: Menina (André
Oviedo)
David
Cohen: Especial destaque para os versos “permitiu/ que outra boca/ comesse
nosso/começo”, com ótima sonoridade.
NOTA:
7
Título:
Eu, tua Geni (Andressa Barrichello)
David
Cohen: Gostei do uso da palavra “indirigível”. Mas depois
disso o poema perdeu o fôlego e colidiu em uma nuvem. Chove esperança.
NOTA:
6
Título:
Bucólico Eu (André Barbosa)
David
Cohen: “Embuarqueando” nas asas da fantasia, o autor
lembrou-se de Chico, mas esqueceu-se do poema.
NOTA:
5
RANKING COM NOTAS DE DAVID COHEN:
JURADO
02:
RODRIGO
DOMIT
Rodrigo Domit
nasceu em Curitiba, cidade modelo de organização, mas despontou para a
literatura no Rio de Janeiro, cidade modelo do caos. Atualmente, vive
geograficamente isolado dos círculos literários, em Jaraguá do Sul, para
reavaliar trajetos percorridos e traçar planos para o futuro. É autor do
premiado livro “Colcha de Retalhos” e editor do blog Concursos Literários,
através do qual divulga e fomenta projetos de incentivo à leitura e à produção
literária em todo o Brasil.
NOTA DO JURADO
Antes de qualquer
julgamento, eu, Rodrigo, gostaria de protestar que, neste concurso, os que mais
se expõem, de fato, são os jurados. Somos nós que, também com prazo curto,
precisamos ler, reler, analisar e comentar poemas de autores e autoras
anônimos.
Nesta tarefa, sem a
opção de ficar calado, resguardando minha ignorância sob o manto da
subjetividade, compartilho minhas opiniões enraizadas no vento - e adubadas por
teimosia e preconceitos momentâneos, para que façam bom ou mau uso das mesmas,
a meu favor ou contra mim.
Agora, com convite
aceito e leite derramado, quero que saibam que também estou aqui de face
exposta - a revides racionais ou raivosos.
Título:
Daninha (Marcelo Asth)
Rodrigo
Domit: Quando se estica a prosa, corre-se o risco de
enfraquecer os elos. O trecho do “nosso pai mais moço” e da “espadinha do
He-man” com “plástico grosso” acabou constituindo o elo fraco, que, vez ou
outra, pode romper um poema ao meio. No geral, penso que carece de mais imagens
além-memória, que transcendam o saudosismo para o lirismo.
NOTA:
7,7
Título: Afrodite (Bruno
Baptista)
Rodrigo
Domit: Bem construído, rimas lá e cá, aliterações, quebras
e ritmo; mas, ainda assim, não me diz lá muita coisa. A música é uma crítica à
submissão, mas é muito mais profunda do que padrão de beleza... celulite,
estria e dieta.
NOTA: 7,5
Título:
GENI: It's All True
Rodrigo
Domit: Acho que exagerou um pouco na aliteração ali no
início, nos “violentos violões”, apesar de concluir muito bem com a “vidrados
na voraz vertigem / das pedras do cais do porto”. Dali em diante, o texto fluiu
muito bem. O final é excelente.
NOTA:
8,7
Título:
Desventura (Natasha Félix)
Rodrigo
Domit: O papo com Chico rendeu. Imagens fortes, cortes
secos em cenas cruas. Dolorido e bonito de ler.
NOTA:
9,5
Título:
À Rita, com amor (Francisco Ferreira)
Rodrigo
Domit: Os pronomes e tempos verbais estão me incomodando
como uma colher no compartimento dos garfos incomoda alguém com TOC - Eis aqui
um atestado de minha subjetividade de julgamento. Os “te”, “me”, “lhe”, “aste”,
“este” me dificultaram a leitura. Tem imagens interessantes, mas acho que uma
boa lapidação nos (meus) transtornos poderia tornar esta obra mais ritmada e
convidativa à leitura.
NOTA:
7,9
Título:
Súplica de um trovador (Gerci Oliveira)
Rodrigo
Domit: O final é muito bom, ali nas “amarras / dos
contratos de tua mágoa”. No meio senti falta de imagens mais distintas: “a rosa
que secou” e “rodopia feito pião” dão impressão de já lidos e relidos por aí,
ideias que já circularam ao vento, ainda que não tenham circulado por aqui. O
começo, por exemplo, “descerra as nuvens / que embaçam a luz de teu olhar” tem
um gosto de novidade, bem como o final já citado.
NOTA:
8,2
Título: Olha, poeta
(Maria Amélia Elói)
Rodrigo
Domit: Uma Maria arrebatadora; esta me ganhou por nocaute
pela intertextualidade-resposta-vigorosa.
NOTA:
9,2
Título:
Nossas mulheres (Luiz Otávio Oliani)
Rodrigo
Domit: Pareceu a mim que, para alcançar um objetivo,
sacrificou-se o poema. Penso que citar tantas das mulheres e o esforço
despendido para encaixá-las no contexto do texto-crítica poderia ser mais
concentrado no ritmo e na construção de imagens-conceitos para demarcar melhor
o contraponto ao discurso criticado. As parcas imagens, algumas emprestadas das
músicas, se diluem na crítica.
NOTA:
7
Título: Menina (André
Oviedo)
Rodrigo
Domit: Conseguiu manter o fôlego e o ritmo, com cortes
precisos, e trouxe algumas imagens interessantes, indo além do texto base.
NOTA:
8,5
Título:
Eu, tua Geni (Andressa Barrichello)
Rodrigo
Domit: Esta cena surreal, ritmada e bem construída merece
aplausos, partiu de Chico, mas voou longe e me agradou bastante.
NOTA:
9,5
Título:
Bucólico Eu (André Barbosa)
Rodrigo
Domit: O que não me agradou foi a mudança de tom e voz
entre um início aparentemente narrativo-impessoal e a personalização de um
fluxo de consciência. A meu ver, alterou-se entre uma construção de
personagens-cenas para um comentário-análise que perdeu fôlego e ritmo, apesar
de ter um final bem trabalhado.
NOTA:
8,0
RANKING COM AS NOTAS DO JURADO RODRIGO DOMIT:
RANKING COM AS NOTAS DO JURADO RODRIGO DOMIT:
JURADO 03: PAULO FODRA
(SEGUNDA PARTICIPAÇÃO NO CONCURSO, COMO JURADO)
Paulo
Fodra nasceu e vive em São Paulo. Formou-se
arquiteto e trabalha com marketing e comunicação. É também músico, arqueiro e
leitor compulsivo. Participou das antologias “Deus Ex Machina – Anjos e Demônios na
Era do Vapor” (Editora Estronho, 2011), “2013: Ano Um” (Editora
Ornitorrinco, 2012), “S.O.S. – A
Maldição do Titanic” (Editora Literata, 2012), “Dystopia” (Selo
Taberna, 2014), “Vírus Z – Apocalipse Zumbi” (Editora Navras Digital, 2014) e
“VAMP_EROS – A paixão entre vampiros e mortais” (Editora Lazúli, 2014). Ainda
pela Editora Estronho, lançou em e-book a noveleta steampunk “A Seita do
Ferrabraz” e a dupla de contos de terror “Antífona
Lúgubre & Frota do Diabo”. Autor do livro de microcontos “Insólito – microalucinações” (Editora
Multifoco, 2011). Atuou como jurado na 1ª e 2ª edição do Concurso de Poesia do
Blog Autores S.A., no I Concurso de Minicontos do Blog Autores S.A. e no
Desafio Literário da Câmara dos Deputados: Matreiros Contos do Rio. Mantém o
Twitter @paulofodra e
divulga seus contos fantásticos no site www.paulofodra.com.br.
Título:
Daninha (Marcelo Asth)
Paulo
Fodra: Texto bem fechado e com bastante sonoridade,
parafraseando com elegância os versos de Chico ao mesmo tempo em que conta uma
nova história.
NOTA:
9,5
Título:
Afrodite (Bruno Baptista)
Paulo
Fodra: Poema com a boa premissa de modernizar as Mulheres
de Atenas, porém com execução um tanto displicente. Senti falta de ritmo e sonoridade. Algumas
construções foram forçadas para encaixar na forma aparente de soneto e acabaram
comprometendo a construção das imagens.
NOTA:
8,0
Título:
GENI: It's All True (Georgio
Rios)
Paulo
Fodra: Poema muito bem executado, apresentando imagens
fortes e trabalhadas. A intertextualidade consegue escapar do óbvio. Muito bom!
NOTA:
10,0
Título:
Desventura (Natasha Félix)
Paulo
Fodra: Poema com bastante sonoridade e imagens marcantes. O
final, em contraponto, me soou um tanto quanto átono.
NOTA:
9,0
Título:
À Rita, com amor (Francisco Ferreira)
Paulo
Fodra: Tirando a breve citação ao disco de Noel, é muito
difícil identificar aqui a Rita de Chico. Talvez por isso tenha ficado com a
impressão de que as imagens não “decolam” ao longo do poema.
NOTA:
8,5
Título:
Súplica de um trovador (Gerci Oliveira)
Paulo
Fodra: Um belo texto ecoando quase como contracanto da
Carolina de Chico. Os versos de fechamento são bastante contundentes e me
fizeram desejar que todo o poema tivesse a mesma pegada.
NOTA:
9,5
Título: Olha, poeta
(Maria Amélia Elói)
Paulo
Fodra: Num belo texto, um outro ponto de vista. Maria
retorna ao poeta para por os pingos nos “is”
NOTA:
10,0
Título:
Nossas mulheres (Luiz Otávio Oliani)
Paulo
Fodra: O texto reúne tantas alegorias e intertextualidades
que acaba ficando confuso e fragmentado.
O autor poderia ter optado por reduzir o número de elementos em prol da
construção de uma imagem mais coesa e marcante.
NOTA:
8,0
Título:
Menina (André Oviedo)
Paulo
Fodra: Texto composto na medida certa para dialogar com a
música de Chico sem ficar amarrado às referências. Apesar de longo, vai
construindo a imagem palavra por palavra, com consistência deliberada.
NOTA:
9,6
Título:
Eu, tua Geni (Andressa
Barrichello)
Paulo
Fodra: Se parece mais com um começo promissor do que com
uma peça acabada. Textos mais concisos demandam uma lapidação apurada para
conseguir extrair o efeito máximo de cada palavra.
NOTA:
8,2
Título:
Bucólico Eu (André Barbosa)
Paulo
Fodra: Apesar da profundidade do texto, a intertextualidade
aqui não passou de uma mera citação um tanto forçada e quase burocrática. O
poeta demonstra grande domínio das palavras, e isso me deixou esperando uma
apropriação mais verdadeira do tema.
NOTA:
8,7
RANKING FINAL:
SALVOS NA REPESCAGEM:
MARIA AMÉLIA ELÓI
NATASHA FÉLIX
ANDRÉ OVIEDO
GEORGIO RIOS
APRESENTAÇÃO DOS JURADOS DAS OITAVAS DE FINAL
JURADOS
DOS DUELOS 01, 02, 03 E 04
Jacques
Fux, Oscar Nakasato, Alfredo Fressia e Flávio Morgado
Jacques
Fux é
vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2013 com o livro “Antiterapias”,
vencedor do Prêmio Capes de Melhor Tese de Letras/Linguística do Brasil em
2010. Recebeu ainda uma Menção Honrosa do Prêmio Cidade de Belo Horizonte de
Literatura 2014, pelo seu novo livro, ainda inédito, “Brochadas”.
Pesquisador Visitante na Universidade de Harvard de 2012 a 2014, pós-doutorando
em Literatura Comparada pela UFMG e pós-doutor em Teoria Literária pela
Unicamp. Formado em Matemática, Mestre em Ciência da Computação e Doutor
em Literatura Comparada pela UFMG e Docteur em Langue,
Littérature et Civilisation Françaises pela Université de Lille 3. Autor
dos livros Literatura e Matemática: “Jorge Luis Borges, Georges Perec e o
OULIPO” (Tradição Planalto, 2011 ISBN: 978-85-99361-20-7) e “Antiterapias” (Scriptum,
2012, ISBN: 978-85-89044-53-0). Publicará, em 2015, um livro infantil e um
romance, ambos pela Editora Rocco.
Oscar
Fussato Nakasato, filho de Yasuo Nakasato e Emiko
Nakasato. Sansei (neto de japoneses). Nascido em Maringá-Pr. Casado, com dois
filhos. Graduado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá, Mestre em
Teoria Literária e Literatura Comparada pela UNESP, câmpus de Assis-SP, Doutor
em Literatura Brasileira pela UNESP, câmpus de Assis-SP. Professor substituto
do Cefet-Pr, câmpus Campo Mourão, em 1995. Professor efetivo do Cefet-Pr,
depois UTFPR, câmpus de Campo Mourão, de 1996 a 2006. Professor da UTFPR,
câmpus Apucarana, de 2007 até o presente momento. Premiado no III Festival
Universitário de Literatura Xerox – Livro Aberto em 1999, com os
contos Olhos de Peri eAlô, os quais foram publicado em livro.
Ganhador do Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio, Categoria Especial
Paraná, em 2003, com o conto “Menino na árvore”, o qual foi publicado
em livro. Vencedor do Prêmio Benvirá de Literatura em 2011, do Prêmio Bunkyô de
Literatura em Língua Portuguesa em 2011 e do Prêmio Jabuti na categoria romance
em 2012 com “Nihonjin”, publicado pela editora Saraiva/selo
Benvirá. Autor do livro “Imagens da integração e da dualidade:
personagens nipo-brasileiros na ficção”, publicado pela Editora Bücher.
Colaborador do Caderno Ilustrada da Folha de São Paulo. Membro
da Academia de Letras, Artes e Ciências Centro-Norte do Paraná. Avaliador
institucional e de curso do SINAES/BASIs do MEC.
Alfredo
Fressia nasceu em Montevideo (Uruguai) em 1948.
Professor de Literatura, se desempenha também como periodista cultural. É
tradutor de poesia brasileira para o espanhol e é Editor da revista mexicana de
poesia “La Outra”. Tem realizado conferências,
seminários, cursos na Universidade de São Paulo, Univ. Autónoma de México,
Marshall, WV, Ohio State University, Fundación para as Letras Mexicanas.
Tem participado de festivais de poesia no Uruguai, Brasil,
México, República Dominicana, Colômbia, Chile, Nicarágua, Argentina, entre
outros. Sua obra tem sido premiada e traduzida em várias línguas. No
Brasil, acha-se com facilidade a antologia bilíngue “Canto desalojado”, na
Lumme Editor, São Paulo, 2010.
(Segunda participação do jurado no concurso)
Flávio
Morgado é poeta. Nasceu em 1989 na cidade do Rio de
Janeiro, onde ainda vive. Formou-se em História pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Foi publicado em diversas antologias pelo país, entre elas
“Amar, verbo atemporal: 100 poemas de amor” (Rocco) organizada pela escritora e
tradutora Celina Portocarrero e que conta com cem poemas escolhidos entre os
séculos XVI e XXI. Em 2010 ganhou o Prêmio Berçário de Talentos (Editora
Faces), no ano seguinte venceu o Prêmio Nacional de Poesia Mar de Letras
(Sapere). Em 2012 publicou seu primeiro livro “Um caderno de capa verde”
(7Letras) com prefácio da crítica Heloísa Buarque de Hollanda e apresentação do
poeta Salgado Maranhão. Com boa acolhida da crítica, o livro foi indicado ao
Prêmio Jabuti de 2013, ao Prêmio Telecom Brasil-Portugal de Literatura 2013, ao
Prêmio Fundação Biblioteca Nacional 2013 e ao Prêmio Bienal de Brasília 2014.
Já colaborou com diversas revistas pelo país e atualmente escreveu críticas
literárias e manteve uma coluna intitulada “Fala, Brasil!” na revista
eletrônica portuguesa “Toca a falar disso”. Acredita que os prêmios literários
ajudam a forjar a confiança.
JURADOS
DOS DUELOS 05, 06, 07 E 08
Rinaldo
Fernandes, Márcia Barbieri, Anélia Pietrini e Noemi Jaffe
Rinaldo
de Fernandes é romancista, contista, crítico
literário e antologista. Doutor em Letras pela UNICAMP e professor de
literatura da UFPB. Autor dos romances "Rita no Pomar" (Rio de
Janeiro: 7Letras, 2008 - finalista do Prêmio São Paulo de Literatura) e
"Romeu na Estrada" (Rio de Janeiro: Garamond, 2014). De contos
publicou, entre outros, "O perfume de Roberta" (Rio de Janeiro:
Garamond, 2014) e "O professor de piano" (Rio de Janeiro: 7Letras,
2010). Organizador de várias antologias de contos e de ensaios de sucesso
editorial, como "Contos cruéis" (São Paulo: Geração Editorial, 2006),
"Capitu mandou flores" (São Paulo: Geração Editorial, 2006),
"Chico Buarque do Brasil" (Rio de Janeiro: Garamond, 2004) e
"Chico Buarque: o poeta das mulheres, dos desvalidos e dos
perseguidos" (São Paulo: LeYa, 2013). Assina, há 10 anos, uma coluna de
crítica no Jornal Rascunho, de Curitiba.
Márcia Barbieri
é paulista, formada em Letras e mestranda em Filosofia. Tem
textos publicados em várias antologias e nas principais revistas literárias
brasileiras. Publicou os livros de contos Anéis
de Saturno (independente), As mãos
mirradas de Deus (Multifoco), o romance Mosaico
de rancores (no Brasil pela Terracota e na Alemanha pela Clandestino
Publikationen), e o romance A Puta
(Terracota).
Anélia
Montechiari Pietrani é Doutora em Letras - Literatura
Comparada pela UFF (2005) e Mestre em Letras - Literatura Brasileira pela mesma
universidade (1998). Atualmente é professora adjunta de Literatura Brasileira
da Faculdade de Letras - UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Letras
Vernáculas - UFRJ, coordenadora do NIELM - Núcleo Interdisciplinar de Estudos
da Mulher na Literatura, órgão vinculado à direção da Faculdade de Letras -
UFRJ, integrante/pesquisadora do Grupo de Estudos Nação e Narração UFF/CNPq e
do Grupo de Pesquisas Vozes da Educação: Memória(s), História(s) e Formação de
Professores/as, pertencentes ao Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil -
CNPq. Além disso, integra a equipe de coordenadores (com Anabelle Loivos
Considera - UFRJ e Luiz Fernando Conde Sangenis - UERJ) do Projeto
Interinstitucional de Extensão 100 Anos sem Euclides. Tem interesse em estudos
sobre Ana Cristina Cesar, poesia, subjetividade, gênero, Euclides da Cunha,
Machado de Assis, nacionalismo e estudos literários. Atualmente desenvolve
pesquisa sobre literatura contemporânea brasileira de autoria feminina,
abordando as questões de gênero e os estudos literários. Publicou
individualmente os livros “Experiência (do) limite: Ana Cristina Cesar e Sylvia
Plath entre escritos e vividos” (EdUff, 2009) e “ O enigma mulher no
universo masculino machadiano” (EdUFF, 2000).
Noemi
Jaffe nasceu em São Paulo, em 1962. Doutorou-se em literatura
brasileira pela USP, e atualmente é professora da PUC-SP e da Casa do Saber.
Crítica literária do jornal Folha de S.Paulo desde 2006, é autora de “A
Verdadeira História do Alfabeto” (Companhia das Letras, 2012) – livro finalista
do Prêmio Portugal Telecom 2013; “O que os cegos estão sonhando” (Editora 34,
2012) – livro baseado nas experiências relatadas por sua mãe, sobrevivente do
campo de extermínio de Auschwitz; “Quando nada está acontecendo” (Martins
Editora, 2011), “Todas as coisas pequenas” (Hedra, 2005), “Folha
explica Macunaíma” (Publifolha, 2001) e “Do princípio às criaturas” (USP,
2008) É também organizadora da antologia de poemas de Arnaldo
Antunes (Global, 2010). Blog: nadaestaacontecendo.blogspot.com
DUELO 01
Títulos:
“Bebi a lua toda”
(Danilo
Fernandes – MS)
X
“Ana contemporânea”
(Herton
Gomes – RJ)
Jacques
Fux: Gostei bastante do poema. Ritmo, beleza e muita
poesia. Bem estruturado e redigido. Embala, encanta, recria.
Oscar
Nakasato: O poeta recupera em seus versos o espaço
aberto (praça, rua) e a noite estrelada ou enluarada da música de Chico Buarque
e Tom Jobim, bem como a atmosfera de embriaguez amorosa. Nesse contexto, não se
preocupa com a precisão no que diz respeito a rimas - embora
cometa algumas - ou a
sílabas métricas. Usa versos comedidos, com extensão que varia de sete a dez
sílabas métricas, o que proporciona uma leitura
harmoniosa. O poeta oscila entre o óbvio
(Rostos felizes e melancólicos/ Velhos calmos e jovens radiantes) e o inusitado
(Perdi teus olhos cor de folha/Num golpe duro de espanto)
Alfredo Fressia: Poema narrativo, com finas assonâncias, talvez excessivo no detalhe da narração (e estou pensando em imagens tradicionalmente revisitadas como a do defunto que renasceria para “ver-te”, ou em “quero salvar-te do teu carma”). Em compensação, percebe-se o bom trabalho do artista quando o poeta-narrador “comenta” a matéria narrada com sabedoria. Quero destacar, efetivamente, versos como “Pois paz quando se incendeia/ de amor endoida qualquer ser (...)” ou a delicada antecipação de “Minha alma sairia ilesa/ Não fosse a flor entre os corpos”. Ali o poeta sabe que sempre devemos deixar uma parte do sentido para ela ser construída pela sensibilidade do leitor, ou, dito de outro modo, admitir que o leitor é também autor do poema. São versos belos, sugestivos, adequados porque criam esse espaço que é só do leitor, que não deve ser “invadido” pelos excessos retóricos. Finalmente, dever ser dito que o português vacila às vezes; isso pode ser aceitável num poema marcado pela urgência expressiva, ou em algumas experiências barrocas, mas aqui o bom trabalho do poeta fica prejudicado por deslizes evitáveis.
Alfredo Fressia: Poema narrativo, com finas assonâncias, talvez excessivo no detalhe da narração (e estou pensando em imagens tradicionalmente revisitadas como a do defunto que renasceria para “ver-te”, ou em “quero salvar-te do teu carma”). Em compensação, percebe-se o bom trabalho do artista quando o poeta-narrador “comenta” a matéria narrada com sabedoria. Quero destacar, efetivamente, versos como “Pois paz quando se incendeia/ de amor endoida qualquer ser (...)” ou a delicada antecipação de “Minha alma sairia ilesa/ Não fosse a flor entre os corpos”. Ali o poeta sabe que sempre devemos deixar uma parte do sentido para ela ser construída pela sensibilidade do leitor, ou, dito de outro modo, admitir que o leitor é também autor do poema. São versos belos, sugestivos, adequados porque criam esse espaço que é só do leitor, que não deve ser “invadido” pelos excessos retóricos. Finalmente, dever ser dito que o português vacila às vezes; isso pode ser aceitável num poema marcado pela urgência expressiva, ou em algumas experiências barrocas, mas aqui o bom trabalho do poeta fica prejudicado por deslizes evitáveis.
Flávio
Morgado: O poema se perde em sua longitude. Longo demais. As
rimas estão num campo semântico bem previsível. E na intertextualidade não traz
nada de novo à interpretação da original (crítica, ironia, realce...)
Título: Ana Contemporânea (Herton Gomes)
Jacques Fux: Um texto forte,
direto, preciso. O autor sabe trabalhar com as palavras, com os sentimentos,
com o banal e com o profundo. Humano, belo e ríspido.
Oscar
Nakasto: O poeta respeita o
tema proposto, dialogando com o texto de Chico Buarque num tom meio debochado.
Embora não se preocupe com os aspectos formais tradicionais da composição
poética, como a uniformidade dos versos em relação às sílabas métricas, o poema brinca com a
sonoridade (chope/chupo, quental/mal, língua/pinga, porra/corra), tornando os
versos ainda mais lúdicos. Outro aspecto a se ressaltar é o uso da linguagem
oral, coerente com o contexto. O poeta alterna a segunda e terceira pessoa no
uso dos pronomes/verbos e com tranquilidade escreve: pra, puta. É um poema
simples, sem grandes metáforas, mas com a linguagem poética na medida certa
para o que se propõe.
Alfredo
Fressia: Este expressivo poema podia ser mais breve (em
poesia menos é sempre mais), mas está bem estruturado, é direto, e vai assim,
direto, à sensibilidade do leitor. Pode-se dizer que o poema escolheu a
retórica da oralidade (e de fato, pessoalmente, eu adoraria ver uma performance
cênica feita sobre o poema). Muito bom.
Flávio
Morgado: Poema muito longo. Volto a dizer: poetas, a força da
poesia está no seu poder de condensação. Imaginem que ela também é uma
conversa, só que a mais completa delas: a que deixa emergir silêncios e pausas,
a que o interlocutor se insere como intérprete e sua voz fala nas lacunas sem a
permissão do emissor (desconhecidos os dois). Boas ideias, algumas boas tiradas,
mas se perde em outras.
Escolha
de Jacques Fux: “Bebi a lua toda”, de Danilo Fernandes
Escolha de Oscar Nakasato: “Ana Contemporânea”, de Herton Gomes
Escolha de Oscar Nakasato: “Ana Contemporânea”, de Herton Gomes
Escolha de Alfredo
Fressia: “Ana Contemporânea”, de Herton Gomes
Escolha de Flávio Morgado: “Ana Contemporânea”, de Herton Gomes
Escolha de Flávio Morgado: “Ana Contemporânea”, de Herton Gomes
PLACAR FINAL:
DANILO FERNANDES 1 X 3 HERTON GOMES
HERTON GOMES AVANÇA!
HERTON GOMES AVANÇA!
DUELO 02
Títulos:
“Carta
de teresa”
(Hugo
Costa – PB)
X
“à
espera de Francisco”
(Bianca
Velloso – SC)
Título: Carta de Teresa
(Hugo Costa)
Jacques
Fux: Um poema curto, preciso e gostoso de ler. De sentir.
De pensar na leitura de uma música. A voz é bonita, sensível, sutil. Muito
bom.
Oscar
Nakasato: No início, a
impressão que se tem é que o eu-lírico se volta para o seu coração e com ele
dialoga, mas, depois, percebe-se que seu interlocutor é o homem, inspirado no
“terceiro” da canção de Chico Buarque, o que comprova a adequação ao tema
proposto. O poeta sustenta o eu-lírico feminino, com passagens líricas: escuta
o que eu calo/gritando por dentro/ roendo as unhas e dedos/perdendo/impressões
digitais.
O poema é totalmente
livre de condicionamentos formais de composição poética, o que não é uma falha,
mas uma escolha. Entretanto, numa composição que se sustenta em verbos
conjugados no imperativo, percebe-se que o poeta se perde numa confusão de
pessoas verbais (2ª e 3ª do singular e 2ª do plural). O mesmo ocorre no uso de
pronomes: “teu colo”, “vos apague” e “irreversivelmente sua”.
Alfredo
Fressia: O tríplice jogo no uso dos imperativos (em você, em tu e em vós- por ex.:
“surpreenda-me”, “brinca”, “deixai” numa mesma estrofe) leva o leitor a
imaginar três destinatários. De fato o poema começa dirigido ao coração
(“Calma, coração levado”, como o célebre verso de Baudelaire, “Sois sage, oh ma
douleur”, etc). No caso, isto prejudica a leitura, “distrai” o leitor, coisa
que o poema não aceita. Misturar o tu
e o você, como de fato a gente faz na
linguagem familiar, é lícito (aliás, não há tabus em poesia). A pessoa vós já traz um informação nova (que eu,
como leitor, tentei resolver imaginando, como dizia, vários destinatários, como
os três homens do poema de Chico). O resultado é um poema quase hermético (e no
caso o hermetismo no se adequava ao tema).
Flávio
Morgado: Bom poema. Talvez pudesse ser melhor trabalhado na
quebra dos versos, mas faz uma intertextualidade bacana com outras canções de
Chico e acaba por seguir uma linha (embora com outra força lírica) de
“tatuagem”.
Título: à espera de
Francisco (Bianca Velloso)
Jacques
Fux: Também um poema curto, mas muito bem escrito.
Encanta. Embala. Evoca a linda música. Muito bom.
Oscar
Nakasato: O poema faz uma
leitura da composição de Chico Buarque e Tom Jobim, numa atmosfera de Simbolismo,
destacando a cor branca (branco,
neve, névoa, lua) - mas sem a assonância que valoriza “Luiza”. O tom
monocromático explode, depois, num colorido arco-íris e em sete mil
amores, num bom aproveitamento da intertextualidade. A
mudança do foco feminino (Luiza) para o masculino (Francisco) revela não uma diferença, mas a ideia de que
o jogo de sedução independe do sexo. Aproveitando as motivações da canção, o
poeta revela momentos de intenso lirismo: eu burilava a lua/para exorcizar o
medo/e segredava ao ar o meu desejo/de navegar teus beijos. No
aspecto formal, não se percebe a preocupação com rimas ou sílabas métricas,
somente a escolha lexical, que proporciona alguns momentos de harmonia sonora:
neve/névoa, repetição da palavra Francisco.
Alfredo
Fressia: Retórica adequada, dialoga bem como o poema de Chico
Buarque –o “Francisco” que o poema menciona (e o poema se menciona a si mesmo:
“em silêncio eu te ditava/ as notas desta melodia”). Imagens delicadas. Alguma
imagem audaz –pelo perigo do barroquismo: “o olhar ausente mergulhado em sóis”-
acaba felizmente se resolvendo bem (seguida dessas cores do arco-íris que o
poema de Chico menciona).
Flávio
Morgado: Singelo. Belo como um poema que me parece à espera
do nascimento de um filho. Achei um poema verdadeiro em sua dicção, sincero. As
imagens poéticas poderiam ser menos “apolíneas” (há um enraizamento com uma
ideia de poesia como algo sagrado e de enunciação pomposa que me desagrada).
Mas no geral, um poema sincero. Deve ter sido importante ao autor escrevê-lo.
Escolha de Jacques Fux: “Carta de Teresa”, de Hugo Costa
Escolha
de Oscar Nakasato: “à espera de Francisco”, de Bianca Velloso
Escolha de Alfredo Fressia: “à espera de Francisco”, de Bianca Velloso
Escolha de Flávio Morgado: “à espera de Francisco”, de Bianca Velloso
Escolha de Alfredo Fressia: “à espera de Francisco”, de Bianca Velloso
Escolha de Flávio Morgado: “à espera de Francisco”, de Bianca Velloso
PLACAR FINAL:
HUGO COSTA 1 X 3 BIANCA VELLOSO
BIANCA VELLOSO AVANÇA!
DUELO 03
Títulos:
“Curaçau
Blue”
(Adalberto
Carmo – SP)
X
“só
Carolina não viu”
(Raimundo
de Moraes – PE)
Título: Curaçau Blue
(Adalberto Carmo)
Jacques
Fux: Um poema certeiro, direto, concentrado. Beleza,
delicadeza, incerteza. Gostei bastante.
Oscar
Nakasato: Percebe-se no poema
forte conexão com a composição de Chico Buarque, a começar pela atmosfera
inicial festiva, colorida e dançante. A diversidade de extensão dos versos e a
opção pelo seu deslocamento no espaço da folha proporcionam um movimento
interessante, coerente com a ideia de “dancing”, de loucura. Destaque para a partição do vocábulo coração,
que proporcionou o paradoxo ação/estático, dando conta da oposição entre
loucas/tantas vontades e porto da solidão.
Alfredo
Fressia: Belo, sugestivo poema. O “segredo” dele reside na
conivência que ele pede ao leitor. Como leitor, eu participo do poema, não sou mero espectador porque eu sou convidado
a juntar as imagens que o poeta me propõe (por ex., dancing, loucas,
colombinas, licores). Pessoalmente eu não recorreria ao duplo significado de um
só significante através da barra (“cor/ação”) porque é uma informação que
dialoga mais com a minha inteligência que com a minha intuição, e o poema todo
é regido pela intuição, mas o recado do poema não se ressente. Muito bom.
Flávio
Morgado: Muito bom. Poema condensado. Cirúrgico. Não vai mais
do que o próprio poema pede.
Título: só
carolina não viu (Raimundo de Moraes)
Jacques
Fux: Poema suave, breve, delicado. Uma bonita homenagem e
releitura. Muito bom.
Oscar
Nakasato: O poema mantém o tom
melancólico da composição de Chico, potencializando-o na escolha lexical: tules
rasgados, mortalha, velório. Persiste a ideia de perda, do não-realizado. A
grande surpresa é a inserção repentina de elementos prosaicos em sequências
líricas (café, playground), proporcionando uma interessante ruptura. No aspecto formal, temos uma composição
despreocupada com a sonoridade, com sílabas métricas, o que não a prejudica.
Alfredo
Fressia: Bonito poema. A estrutura quase invariável de “Se A
fosse B aconteceria C” contribui a essa espécie de tristeza que dialoga com as
imagens (mortalha, partida). Boa retórica. Também produz um belo efeito o poema
que se auto-menciona: “esta página não seria uma janela (...)”. Duelo duro!
Flávio
Morgado: Muito bom. Um poema também denso. E acima de tudo,
um poema melancólico sem os clichês românticos. Acertou nas imagens.
Escolha
de Jacques Fux: “só Carolina não viu”, de Raimundo de Moraes.
Escolha de Oscar
Nakasato: “Curaçau Blue”, de Adalberto Carmo
Escolha de Alfredo Fressia:
“Curaçau blue”, de Adalberto Carmo
Escolha de Flávio Morgado: “Curaçau blue”, de Adalberto Carmo
Escolha de Flávio Morgado: “Curaçau blue”, de Adalberto Carmo
PLACAR FINAL:
RAIMUNDO DE MORAES 1 X 3 ADALBERTO CARMO
ADALBERTO CARMO AVANÇA!
DUELO 04
Títulos:
“Para
Chico”
(Simone
Prado – RJ)
X
“Os
olhos e o tempo”
(Álvaro
Barcellos – RS)
Título:
Para Chico (Simone Prado)
Jacques
Fux: Quase uma nova canção. Embala e encanta. Bonito,
certeiro e bem escrito.
Oscar
Nakasato: O poema recupera o
sentimento de ausência e solidão cantado por Chico Buarque. A vírgula no início
do poema já parece indicar que a lista de “coisas” deixadas no chão se estende
num movimento que vai para o antes de “malas”. Há uma confluência de elementos
que indicam esse sentimento: os versos mínimos, o paradoxo “vazio habita
cômodos”, passos sem pressa, invisíveis paredes, mudo violão. Os versos mínimos, aliás, centrados em substantivos, exploram
eficazmente as lições do Cubismo e do Futurismo. Ao mesmo tempo, o poema
proporciona uma ambiguidade: a porta é a entrada ou a saída?
Alfredo
Fressia: Mais um belo poema, criado sobre uma
retórica da fragmentação, do implícito (e ainda o tema da conivência,
colaboração do leitor). Se tudo isto não bastasse, o poema contém também
uma joia, a saber, estes versos perfeitos: “na mão o desejo infinito/
sobre a maçaneta de ferro/ envelhecido:”. Muito bom.
Flávio
Morgado: O poema leva de forma interessante (na quebra dos
versos e no seu “pé ante pé”) a uma narrativa singela, simples. Mas por que
não? Merecedora de poema. Bom poema.
Título: Os olhos e o
tempo (Álvaro Barcellos)
Jacques
Fux: Muitas perguntas, incertezas, dúvidas. Poucas
respostas e muitas possibilidades. Assim deve ser um poema, como a vida.
Bonito.
Oscar
Nakasato: O problema de
concordância verbal que se nota no primeiro verso parece comprometer o poema,
mas o que se segue é uma sequencia de versos bem escritos, talvez comportados
demais. a opção pela segunda
pessoa (tu), embora natural em alguma região país, parece revestir o poema de
tradição e lirismo. A dor e a tristeza dos olhos de “Carolina” estão presentes
no poema, mas sem a carga dramática dos versos de Chico Buarque. Se neste o
tempo é aliado do drama, no poema que se analisa ele abre a perspectiva do fim
da dor, remete à dúvida, enfatizada pelas perguntas sem respostas.
Alfredo
Fressia: Também muito bom. Poema discursivo, que não cai em
chavões. Sábio uso dos imperfeitos no começo, para introduzir o tema
(melancólico, como o poema de Chico). Aliás, há uma ótima intertextualidade com
ele. O ritmo, a musicalidade do poema, tornam o texto propício também para uma
leitura performática. Mais um duelo
duro!
Flávio
Morgado: O título me gerou uma expectativa tão grande! Não
correspondeu. O poema está longe de ser um mau poema, mas também fica ao meio
do caminho. A impostação do eu lírico não comove, apenas afasta. A
intertextualidade não traz o novo. Mas é um poema que a ser trabalhado, ficaria
muito bom. Tem musicalidade, pense nisso.
Escolha
de Jacques Fux: “Para Chico”, de Simone Prado
Escolha
de Oscar Nakasato: “Para Chico”, de Simone Prado
Escolha de Alfredo Fressia: “Para Chico”, de Simone Prado
Escolha de Flávio Morgado: “Para Chico”, de Simone Prado
Escolha de Alfredo Fressia: “Para Chico”, de Simone Prado
Escolha de Flávio Morgado: “Para Chico”, de Simone Prado
PLACAR FINAL:
SIMONE PRADO 4 X 0 ÁLVARO BARCELLOS
SIMONE PRADO AVANÇA!
SIMONE PRADO AVANÇA!
DUELO 05
Títulos:
“Dona
do mundo”
(Marília
Lima – SP)
X
“Legado”
(Francisco
Carvalho – MA)
Título:
Dona do Mundo (Marília Lima)
Rinaldo
Fernandes: O poema traz uma protagonista solta, que se libera
do jugo do marido. Como na "Valsinha" de Chico, a cena se dá em torno
da dança, que metaforiza o gesto liberador. Poema com bom ritmo, extraído
sobretudo do emprego eficiente de anáforas.
Márcia Barbieri: O
poema utilizou com maestria os recursos de linguagem, é sonoro e musical sem
detrimento do sentido.
Anélia
Pietrini: O poema dialoga com o do Chico ao mesmo tempo em que
inverte e subverte posições, especialmente no que diz respeito à tematização de
uma consciência feminina que “amanhece”. A imagem, recuperada do poema matriz e
subvertida no “novo” poema, é belíssima na construção da personagem e da narratividade
do poema. Também há a recuperação do jogo anafórico, que acompanha o passo da
dança e, no caso deste poema, a união em si e fora de si mesma da personagem.
Penso, no entanto, que o poema não apresenta outras soluções imagísticas e
acaba por tornar-se carente de metáforas.
Noemi
Jaffe: O poema é bom, mas tem imagens bastante semelhantes
ao original e, por isso, acaba se tornando mais ilustrativo e explicativo do
que propriamente inventivo.
Título:
Legado (Francisco Carvalho)
Rinaldo
Fernandes: O poema inverte a situação encenada em "A
Rita". O "eu" lírico se diz agora "recuperado", após a
partida da mulher amada. Se na canção de Chico o "eu" lírico fica
triste e imobilizado com a amada que se retirou da relação sorridente, portanto
"por cima", em "Legado" o "eu" lírico desfere uma
contrapartida, ao reelaborar sua autoestima. Há certa densidade na linguagem do
poema - e o emprego feliz, no desfecho, do neologismo "imensilêncio".
Márcia Barbieri: O
poema utilizou de forma mediana os recursos de linguagem.
Anélia Pietrini: O dialogismo com o texto original é bem sutil, o que
é enriquecedor como construção textual e interpelador de seu leitor a
participar como coautor de seu texto. Poema sintético, de frases curtas,
predominantemente nominais, com imagens impactantes que acentuam a intensidade
e densidade poética. Ressalto ainda os neologismos e as imagens extraídas tanto
do universo da própria poesia quanto do da música.
Noemi
Jaffe: Esse poema estabelece um recurso mais dialógico com
a canção original, utilizando recursos de fragmentação e neologismos, chegando
a um resultado conciso e interessante.
Escolha
de Rinaldo Fernandes: “Legado", de Francisco Carvalho
Escolha de Márcia Barbieri: "Dona do mundo", de Marília Lima
Escolha de Anélia Pietrini: “Legado", de Francisco Carvalho
Escolha de Noemi Jaffe: “Legado", de Francisco Carvalho
Escolha de Márcia Barbieri: "Dona do mundo", de Marília Lima
Escolha de Anélia Pietrini: “Legado", de Francisco Carvalho
Escolha de Noemi Jaffe: “Legado", de Francisco Carvalho
PLACAR FINAL:
FRANCISCO CARVALHO 3 X 1 MARÍLIA LIMA
FRANCISCO CARVALHO AVANÇA!
FRANCISCO CARVALHO AVANÇA!
DUELO 06
Títulos:
“Neera”
(Cinthia
Kriemler – DF)
X
“Acepção
da atriz”
(Thiago
Carvalho – RJ)
Título:
Neera (Cinthia Kriemler)
Rinaldo
Fernandes: O poema põe na ordem do cotidiano carioca o drama
da submissão feminina encenado em "Mulheres de Atenas". Linguagem bem
elaborada, com bons e sutis efeitos na caracterização dos nomes próprios
(Neera, Estéfano, Aspásia - os três integrantes da cultura grega).
Márcia Barbieri: Os
recursos de linguagem foram muito bem utilizados, com destaque para a
intertextualidade com a música, mostrando que apesar dos anos transcorridos a
condição da mulher não foi modificada.
Noemi
Jaffe: Poema rico em imagens, engajado sem ser panfletário
e que estabelece uma relação original com a canção em pauta. Apresenta bom
ritmo, se assemelhando em si mesmo a uma canção.
Título: Acepção de atriz (Thiago Carvalho)
Rinaldo
Fernandes: Poema de linguagem sintética, vigorosa, com
metáforas bem compostas. Há força em imagens como "contorções de graciosos
kabukis", "barrocas pelúcias" ou ainda rendas que "sangram
encantados truques".
Márcia Barbieri: O
poema utilizou de forma mediana os recursos de linguagem. A forma breve
favorece poemas de grande impacto, nesse caso, a brevidade foi um fator
negativo.
Anélia
Pietrini: Poema estático, silencioso, colorido, cujo efeito
revela a isomorfia entre forma e conteúdo, mas não me tocou. Embora curto, não
é, a meu ver, um poema sintético.
Noemi
Jaffe: Poema conciso, de imagens requintadas, que sintetiza
bem a relação com a canção original. Entretanto, soa um tanto parnasiano e faz
recurso a alguns lugares-comuns.
Escolha
de Rinaldo Fernandes: "Acepção de atriz", de Thiago Carvalho
Escolha de Márcia Barbieri: "Neera", de Cinthia Kriemler
Escolha de Anélia Pietrini: "Neera", de Cinthia Kriemler
Escolha de Márcia Barbieri: "Neera", de Cinthia Kriemler
Escolha de Anélia Pietrini: "Neera", de Cinthia Kriemler
Escolha de Noemi Jaffe: "Neera", de Cinthia Kriemler
PLACAR FINAL:
THIAGO CARVALHO 1 X 3 CINTHIA KRIEMLER
CINTHIA KRIEMLER AVANÇA!
CINTHIA KRIEMLER AVANÇA!
DUELO 07
Títulos:
“Ao
Cair da Tarde”
(Desirée
Jung – Vancouver)
X
“De
Carol para Chico”
(Ricardo
Thadeu – BA)
Título:
Ao cair da tarde (Desirée Jung)
Rinaldo
Fernandes: Há no poema a sugestão de um "eu" lírico
feminino que louva os prazeres a serem obtidos com outra mulher. Portanto, o
poema fica na esfera do desejo ainda não concretizado. Na canção "Aquela
mulher", de Chico, o "eu" lírico masculino canta os prazeres
efetivos, concretizados, com uma mulher, contrapondo, implicitamente, a sua performance
sexual com a performance do ex-marido da mulher. Há, assim, uma variação
importante operada no poema (que é narrativo) em relação à canção.
Márcia Barbieri: Utilizou de forma mediana os recursos de linguagem,
a intertextualidade me pareceu pobre.
Anélia
Pietrini: Interessante polifonia com/sem diálogos. Vozes
internas e externas.
Noemi
Jaffe: Poema bem-humorado e intertextual, mas extremamente
calcado em referências, o que o torna explícito e o empobrece no sentido da
linguagem lírica.
Rinaldo
Fernandes: O poema opera um jogo denso com a canção de Chico
"Carolina". Sugere a mescla de um "eu" lírico feminino com
um "eu" biográfico, também feminino - o que dá uma tensão eficaz ao
texto. Além disso, o poema reavalia a figura de Carolina, pondo-a num patamar
existencial próximo ao do sujeito masculino encenado no texto.
Márcia Barbieri: Utilizou
bem os recursos de linguagem. O poema tem sonoridade e um tom singelo e
melancólico.
Anélia
Pietrini: O texto tem um tom erudito que considero
ultrapassado. Tom parnasiano sem ser um poema parnasiano.
Noemi
Jaffe: Embora o poema soe um pouco parnasiano, tem um
efeito de síntese maior do que o anterior, com imagens mais requintadas e
ricas.
Escolha
de Rinaldo Fernandes: "De Carol para Chico", de Ricardo Thadeu
Escolha de Márcia Barbieri: "De Carol para Chico", de Ricardo Thadeu
Escolha de Anélia Pietrini: "Ao Cair da Tarde", de Desirée Jung
Escolha de Noemi Jaffe: "De Carol para Chico", de Ricardo Thadeu
Escolha de Márcia Barbieri: "De Carol para Chico", de Ricardo Thadeu
Escolha de Anélia Pietrini: "Ao Cair da Tarde", de Desirée Jung
Escolha de Noemi Jaffe: "De Carol para Chico", de Ricardo Thadeu
PLACAR FINAL:
RICARDO THADEU 3 X 1 DESIRÉE JUNG
RICARDO THADEU AVANÇA!
RICARDO THADEU AVANÇA!
DUELO 08
Títulos:
“Reversão
para Luiza”
(Jorge
Augusto Silva – BA)
X
“Quem
são essas mulheres? (ou das Angélicas)”
(Danielle
Takase - SP)
Título:
Reversão para Luiza (Jorge Augusto)
Rinaldo
Fernandes: Um poema de linguagem cabralina, em que a palavra
"corpo", sobretudo, vai sendo iconizada, impondo sua força, variando
seus campos de sentido.
Márcia Barbieri: Utilizou
com maestria os recursos de linguagem. O poema tem musicalidade e amplia o
sentido da música, a intertextualidade foi muito bem aproveitada.
Anélia
Pietrini: Fascinantes as rimas internas das palavras que “acavalgam”,
presentes na primeira e terceira partes. O poema vira música, novelo de
sensações e paixões de palavras. Erotismo das letras e das imagens, dupla
chama, já bem dizia Octavio Paz.
Noemi
Jaffe: Poema bastante “cabralino”, que substantiva o valor
das palavras e das imagens, com sintaxe rica e desafiadora e uma relação rica e
dialógica com a canção original.
"Quem
são essas mulheres? (ou das Angélicas)" (Danielle Takase)
Rinaldo
Fernandes: O poema, partindo da canção "Angélica",
que particulariza, à primeira vista, a dor de Zuzu Angel, busca representar,
dramaticamente, a dor de todas as mães, ou de todas as "Angélicas",
que perderam seus filhos.
Márcia
Barbieri: Utilizou muito bem os recursos de linguagem. O poema
é muito bom, tanto em forma quanto em sentido.
Anélia
Pietrini: Belíssimo poema. Imagens simples e fortes. Pode dar
empate?
Noemi
Jaffe: Poema menos trabalhado que o anterior, com rima
pobre em “ar”, imagens já conhecidas e excesso de sentimentalismo.
Escolha
de Rinaldo Fernandes: "Reversão para Luiza",
de Jorge Augusto
Escolha de Márcia Barbieri: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto
Escolha de Anélia Pietrini: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto
Escolha de Noemi Jaffe: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto
Escolha de Márcia Barbieri: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto
Escolha de Anélia Pietrini: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto
Escolha de Noemi Jaffe: "Reversão para Luiza", de Jorge Augusto
PLACAR FINAL:
JORGE AUGUSTO 4 X 0 DANIELLE TAKASE
JORGE AUGUSTO SILVA AVANÇA!
JORGE AUGUSTO SILVA AVANÇA!
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