domingo, 13 de novembro de 2011

Resultados das Sextas de Final

Olá!

Hoje é dia de post tensão no III Concurso de Poesia Autores S/A!
Seis grandes poetas deixarão o certame, e seis avançarão para o TERCETO FINAL. Este post será, certamente, um dos mais emocionantes de todo o certame. Aguentem firme e vamos nós!

Conforme foi dito, serão 04 jurados para os poemas temáticos e 01 jurado para as trovas, totalizando a avaliação de 05 jurados. Dessa forma, não há como resultar em empate.

Uma retificação em relação ao último post: foi dito que seriam 04 jurados para o poema temático e 01 jurado para o limerique. No entanto, ao invés disso, serão 09 jurados para os poemas infanto-juvenis e 01 jurado para os limeriques, resultando em 10 jurados (para todos. Não haverá divisão de jurado). Haverá um “jurado surpresa” que será responsável pelo desempate, caso algum duelo resulte em 5 a 5. Caprichem e lembrem-se: escrevam para crianças. Sejam simples, mas não simplórios!

SOBRE PREMIAÇÃO DA RODADA

Como foi dito no último post, o poeta que vencer pelo placar mais elástico receberá os DVDs da Letícia Simões. E o jurado-trovador que será anunciado já já ofereceu não só um, mas dois livros aos poetas que escreveram as duas melhores trovas da leva, em sua opinião. São eles:

Para a melhor trova: “E agora, José...s?” (trovas de José Ouverney e José Fabiano).

Para a segunda melhor trova: “Trovas premiadas de Pindamonhagaba 2014” (vários autores).

A jurada Thelma Guedes propôs doar 01 livro de poemas de sua autoria, autografado, chamado: "Atrás do osso" (Nankin/ProAc). Ela doará ao poeta que mais se destacou, a seu ver, na leva de poemas que leu. No momento de sua avaliação, descobriremos!




Bem, agora vamos ao que interessa! Reservem o café, o maracujina, o rivotril, as preces, e boa sorte!



APRESENTAÇÃO DOS JURADOS


JURADO DAS TROVAS: 

JOSÉ OUVERNEY




José Ouverney, nascido em Pindamonhangaba a 25 de março de 1949, filho de Gumercindo Nicolao Ouverney e Antonia Maria de Jesus Ouverney, é poeta desde criança e milita intensamente na Trova desde 1998. Tornou-se "Magnífico Trovador" em Nova Friburgo em 2008, coroando a conquista com a trova acima. É titular da cadeira nº 33 da Academia Pindamonhangabense de Letras, que tem por Patrono seu ídolo, o Poeta e Trovador, Prof. Lauro Silva.  Seu irmão João Paulo Ouverney também milita na Trova, desde 1992. Casado com Henriqueta Queiroz Ouverney, tem dois filhos: José Ouverney Jr. e José Renato. Escreve semanalmente a sua coluna "Falando de Trova" no tradicional jornal "Tribuna do Norte" e no "PortalR3". Também é Membro Correspondente da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte. Por  opção própria não faz parte de nenhuma diretoria.


JURADOS DOS DUELOS 04, 05 E 06:

Marcus Vinicius Quiroga, Eunice Arruda, Ronaldo Bressane
e Rogério Sacchi de Frontin




Marcus Vinicius Quiroga é poeta, contista, crítico e ensaísta; doutor em Literatura Brasileira; membro da Academia Carioca de Letras e do PEN Clube de Brasil; atualmente professor de oficina literária; autor de 18 livros de poesia, com prêmios da CBL (Jabuti), da Fundação Biblioteca Nacional, da UBE (Rio de Janeiro e São Paulo) e das cidades de Belo Horizonte, Recife e Juiz de Fora, entre outros; Colaborador de diversas publicações literárias, como o  Caderno Ideias (JB), o jornal Rioletras e a revista da Academia Brasileira de Letras. Venceu, recentemente, o prêmio nacional de literatura “Cidade de Belo Horizonte”, na categoria poesia, com o livro “Pomares de Cézzane” e conquistou a segunda colocação no Prêmio Jabuti 2014, categoria poesia, com o livro “Jardim das delícias”.




Eunice Arruda é poeta, tem 14 livros de poesia publicados, entre eles: "É tempo de noite", "Gabriel:", "Há estações", "Risco". Presença em antologias no Brasil e no exterior. Ao lado da escritura de poemas, coordena oficinas de poesia. Fez parte da diretoria da União Brasileira de Escritores. Detentora de inúmeros prêmios, entre os quais: "Pablo Neruda", Argentina; "Mérito Cultural", Rio de Janeiro; "Mulheres do Mercado", SP.. Em 2012, publicou "Poesia Reunida", pela editora Pantemporâneo.






Ronaldo Bressane  é escritor, jornalista e editor. Publicou a trilogia de contos “A Outra Comédia”, formada por “Os infernos possíveis” (Com-Arte/USP, 1972), “10 presídios de bolso” (Altana, 2001) e “Céu de Lúcifer” (Azougue, 2003), além dos volumes de poemas “O Impostor” (Ciência do Acidente, 2012) e “Cada vez que ella dice X” (Yiyi Jambo, 2000). Ao lado de Joca Reiners TerronMarcelino Freire e Nelson de Oliveira, co-editou a coleção “Risco:Ruído” (DBA, 2007), que publicou Lourenço MutarelliAndré CzarnobaiDaniel Pellizzari e Paulo Leminski, entre outros. Coordenou o projeto “Essa História Está Diferente” (Companhia das Letras, 2010), em que Mario BellatinJoão Gilberto NollRodrigo Fresán e mais 7 escritores adaptaram ao conto composições de Chico Buarque. Foi pioneiro na divulgação da literatura brasileira na rede ao editar, entre 1998 e 2000, a Revista A, em que pela primeira vez foram publicados nomes como Emilio Fraia e Jorge Cardoso.
Além de colaborações em sites e suplementos literários, participou da revista PS:SP (Ateliê, 2003) e das antologias “Geração 90: Os transgressores” (Boitempo, 2003), “Paixão por São Paulo” (Terceiro Nome, 2004), “Fábulas da Mercearia - Uma antologia bêbada” (Ciência do Acidente, 2004), além das seletas italianas Sex’n’Bossa (Mondadori, 2005), “Lusofonia” (Nuova Frontiera, 2006), “Il Brasile per le strade” (Azimut, 2009), da reunião hispânica “90-00: Cuentos brasileños contemporâneos” (Ediciones Copé/Petroperu, 2009) e da antologia francesa “Je suis favela” (Anacaona, 2011). Como jornalista, foi editor-executivo da V, redator-chefe da Trip e editor da Alfa. Seu texto passou por publicações como Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Brasil Econômico, Valor Econômico, O Globo, Jornal do Brasil, Serafina, Tpm, Vogue, VidaSimples, Piauí, Pernambuco, Bravo!, seLecT, Continente, Superinteressante, VIP, Poder,Bazaar, 4Rodas, MIT, Audi, Personnalité, Continuum, Rev. Nacional e S/Nº, entre outras. Também co-dirigiu o documentário “Só Quem É Sabe O Que É”, sobre a campanha do Corinthians durante a queda do time à série B em 2008, ao lado de Phydia de Athayde e Artur Voltolini. Em 2012, Bressane lançou um romance gráfico de ficção-científica, cujo roteiro escreveu ao lado do argumentista Eric Acher e do artista Fabio Cobiaco,V.I.S.H.N.U., pela editora Companhia das Letras. A graphic novel foi indicada ao Prêmio Jabuti e a três prêmios HQ Mix. Em 2014, lançou seu primeiro romance, “Mnemomáquina” (Demônio Negro), uma ficção distópica ambientada em uma São Paulo futurista, e também publicou o conto “Sandilichena” coleção infanto-juvenil da Cosac Naify, em volume ilustrado pela quadrinista equatoriana Powerpaola. No mesmo ano traduziu os romances “O corpo em que nasci” (Rocco) e “Androides sonham com ovelhas elétricas?” (Aleph). Seu blog, que reúne textos jornalísticos mais recentes bem como links para livros e ficções, é o Impostor.







Rogério Sacchi de Frontin, paulistano, nascido em 23 de Abril de 1964, é romancista, contista, poeta, dramaturgo e roteirista. Paralelamente à sua obra de ficção, que agora decidiu sair do estado de latência, Rogério desenvolve atividade como editor na TV Brasil e professor universitário. Trabalhou como autor-roteirista para a TV Globo, de 1996 a 2003. Ele é bacharel em Comunicação Social pela PuC-RJ e mestre em letras pela UERJ. Para o autor, a palavra e a ficção trazem a ação para que parte de sua existência se justifique. "Por meio delas, recebo e doo prazer na mesma proporção", revela o autor.


JURADOS DOS DUELOS 01, 02 E 03

Nilton Milanez, Thelma Guedes, Angélica Coutinho

e Luiz Roberto Guedes




Nilton Milanez é pós-doutorado (PDE/CNPq) em discurso, corpo e cinema na Sorbonne Nouvelle, Paris 3. Professor Titular em Análise do Discurso do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Doutor em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara com doutorado-sanduíche na Sorbonne Nouvelle, Paris 3. Professor do programa de Mestrado e Doutorado em Memória, Linguagem e Sociedade e no Programa de Mestrado em Linguística na UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Líder do GRUDIOCORPO/CNPq - Grupo de Estudos sobre o Discurso e o Corpo e coordenador do Labedisco/UESB - Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo. Mestrado em Lingüística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara (2002). Especialização em Análise do Discurso pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1999). Graduação em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa e suas Literaturas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1988), graduação em Língua Inglesa - Tradução - pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1988).). Tem experiência na área de Lingüística, Literatura e Ensino com ênfase em Análise do Discurso, atuando principalmente nos seguintes temas: corpo, imagem fixa e em movimento, memória, sujeito e cinema de horror.





Thelma Guedes é carioca, mas vive em São Paulo há trinta anos. Mestre em Literatura pela Universidade de São Paulo, é autora de livros de contos, poemas e ensaios. É autora da TV Globo desde 1997, onde escreveu programas infantis, foi colaboradora de outros novelistas e, em parceria com Duca Rachid, escreveu as telenovelas "O Profeta", "Cama de Gato", "Cordel Encantado" e "Joia Rara".




Angélica Coutinho é doutora e mestre em Literatura Brasileira com pesquisa sobre as relações entre a literatura, o cinema e a TV e a estrutura narrativa de roteiros. Por 20 anos, ministrou aulas em cursos de graduação de jornalismo e cinema no qual foram produzidos cerca de 500 curtas-metragens. Também ministrou aulas na Pós-Graduação em Jornalismo Cultural da UERJ como professora convidada. Trabalhou por 26 anos em televisão (TV Educativa/TV Brasil/ TV Manchete) e foi da equipe da comunicação da Casa da Leitura, da Fundação Biblioteca Nacional. Tem vários artigos sobre cinema, TV e literatura, publicados em livros; é autora de livro de ficção e peça de teatro, além de ter produzido, roteirizado e dirigido o curta-metragem Frágeis afetos, adaptado de um conto de João Gilberto Noll. É membro da SOCINE e da ABRALIC. Atualmente, é especialista em regulação cinematográfica e audiovisual da Agência Nacional do Cinema - ANCINE.






Luiz Roberto Guedes é poeta e escritor. Publicou, entre outros, o poemário "Calendário lunático — Erotografia de Ana K." (2000), a novela histórica "O mamaluco voador" (2006), e os contos de "Alguém para amar no fim de semana" (2010). É autor de diversos livros para o público infanto-juvenil.



DUELO 01

Títulos:

“Rio Show” (Herton Gomes)

X

“:bolinação no escuro do cinema:” (Adalberto Carmo)

Título: Rio Show (Herton Gomes)

Nilton Milanez: Rio Show se constrói sobre dois eixos bem claros. Um, no nível sintagmático, focalizando o cinema carioca e suas extensões eróticas do amor. Outro, no nível paradigmático, singularizando cada espaço de cinema, à medida que desvela formas de paixão. A escolha por este tipo de forma coloca em evidência uma repetição disfarçada. A repetição no nível horizontal não é a mesma no nível vertical. Essa atitude poética alça o leitor a um campo tópico, conhecido, que produz um efeito de deslizamento sobre o poema, ao mesmo tempo em que desconcerta o leitor e o surpreende. Pois, a repetição que poderia ser o lugar do monótono e do comum é a produção de uma intensa subjetividade e pluralidade de afetos. A forma poética também é plural. Os elementos poemáticos como as rimas, as cadências no léxico e o tipo de encadeamento dos versos se estendem a uma configuração do texto narrativo. A narrativização poética emerge da racionalização tanto na estrutura da linguagem quanto na ênfase sobre a estrutura linguística e um cuidado, talvez no limite, com a pontuação. Entretanto, esses posicionamentos imprimem ao fazer poético um diagnóstico do cotidiano presente sob a perspectiva de um antropólogo do olhar.A imagem que parece sustentar a configuração poética é a do ‘escurinho no cinema”, em circulação por meio da memória coletiva de nosso arquivo de imagens históricas. O título do poema, Rio Show, sintetiza a espetacularização das salas do cinema, em âmbito público, e as intimidades e (in)visibilidades, em âmbito privado, das formas de se relacionar e amar nesses espaços. Tal formação nos leva a ler e reler o poema como uma ode à cidade e aos afetos.


Thelma Guedes: Interessante o estilo agressivo do poema. Tem muito ritmo e “melodia” forte. Uma sonoridade vibrante, que está de acordo com o espírito crítico que ele tem por objetivo apresentar. Talvez, porém, esta agressividade funcionasse mais se não estivesse tão explícita e óbvia de pronto. O trabalho do poeta é esse: encontrar uma forma dizer o indizível, da maneira nunca dita pelo discurso comum do dia a dia. O jogo entre esconder e revelar... Mas entendo que o objetivo pode causar um choque imediato e sem concessões à poética burguesa. Ainda assim, senti que ele perdeu força aos poucos. O poema começou “porrada” e foi afrouxando. Termina frágil. Quem sabe se a progressão fosse feita ao contrário ficaria mais forte? Alcançaria melhor o que parece ser o intento do poeta? De qualquer forma, é um bom poema. 

Luiz Roberto Guedes: Curioso esse “roteiro” dos cinemas do Rio de Janeiro. Tem alguns momentos mais “felizes”, mas, no todo, o filme é chato. 

Angélica Coutinho: Título adequado ao que propõe o poema: fazer um "guia" das salas de cinema da cidade caracterizando- as pelo perfil que seria específico de cada público ou do que passa em suas telas. Leve e preciso.

  
Título: :bolinação no escuro do cinema: (Adalberto Carmo)

Nilton Milanez: “:bolinação no escuro do cinema:” enceta, em um primeiro momento, o engajamento com algumas possibilidades de construção da linguagem bem específicas, a saber, tipos de heterogeneidade mostrada da língua,às vezes de forma insistente, como o capslock, iniciais maiúsculas, caracteres gráficos, ou de forma singularizadas, como o caso da sequência em minúsculas no título. A construção imagética e sensual do poema exige um exercício mental e físico de leitor que, acredito, não pode apreender a poesia desse percurso sem um certo grau de racionalização. Isso reitera a poeticidade do poema em um domínio da força e de uma virilidade da linguagem que parecem se justificar não mais no nível da língua, mas dos estratos subjacentes à ideia que alicerça a poeticidade do poema. Refiro-me à citação de Jim Morrison, que nos lança à problematização, na primeira parte, de uma composição cerebral e mental para, em sua segunda parte, considerar o lugar do corpo no cinema. Portanto, acredito que essa poética exige esforço intelectual e mecanismos específicos de leituras textuais e discursivas por parte do leitor. Esse fato poderia, de um lado, fechar a entrada do leitor no poema, de outro, porém, abre uma via de especificidade que abriga a fidelidade à ordem poemática dada pela citação, que é a porta de entrada do poema. A partir dessa compreensão, observo e sinto no poema a recriação do espaço da sala de cinema e o espaço interior de um espectador específico, o sujeito poeta, cérebro-sensorial, a quem seguimos pelos versos. A versificação extrapola os cânones de maneira muito produtiva, reconstruindo, a meu ver, o corte da película em planos e sua edição em sequência fílmica, formato que não é evidente, pois apresenta alta elaboração criativa e de avizinhamento com a arte cinematográfica. Entre o voyerismo poético, um verborrágico ”botinhas”, emerge o reconhecimento do sujeito poeta, que evoca, em nós leitores, identificação, catarse e espanto. A marca viril do percurso poético faz irromper o excesso e adestemparança de uma mente em ebulição e um corpo em chamas.



Thelma Guedes: Um bom poema, forte, irônico, sonoro, com um tom de contemporaneidade interessante. É repleto de referências cinematográficas, o que o torna instigante ao leitor curioso. Vale citar a passagem: “A Casa do Amor é onde piso”. Lindo isso! No entanto, o poeta talvez tenha se empolgado demais e tenha deixado o leitor num labirinto um tanto penoso. O que era para ser algo provocante e desafiador, acaba por distanciar o leitor. Mesmo que tenha sido essa a opção, por manter o mistério, por não revelar tudo, é bom lembrar que nem todo leitor gosta de ficar no escuro completamente. Se o poema, como eu penso, é uma carta endereçada a alguém, acho que muita gente vai ter uma apreensão parcial demais da mensagem deste belo poema. É uma pena que isso aconteça. Uma pequena dose de concessão (não precisa muita...) às vezes pode ser bem-vinda. Muito difícil escolher entre os dois poemas. Ambos são fortes, modernos, têm pegada, se equivalem.

Luiz Roberto Guedes: Este poema atualiza Calígula na figura desse “Botinhas”, com um perceptível acento de Roberto Piva. Mais “informado” e melhor conduzido que o poema do oponente. 


Angélica Coutinho: Poema de vocação mais narrativa afeito à prosa. Inicia com epígrafe excessiva, quase se explicando. Excede-se na confrontação ente o culto e o perverso fazendo pesar a "erudição".



Escolha de Nilton Milanez; "Rio Show", de Herton Gomes.
Escolha de Thelma Guedes: "Rio Show", de Herton Gomes.
Escolha de Luiz Roberto Guedes: "bolinação no escuro do cinema", de Adalberto Carmo
Escolha de Angélica Coutinho: "Rio show", de Herton Gomes


Adalberto Carmo

Canta: que n'alma do povo
Há mais fé & menos drama
Pois lhe custa mais a cama
Ao café que empurra o ovo.

José Ouverney: Sua rima ABBA não é a adequada para a trova de concursos.

Herton Gomes

Jantar você foi uma delícia
mas não quero indigestão:
minha tara não é carícia
minha fome não é paixão.

José Ouverney: Um verso com sete sílabas, outro com nove e dois deles com oito.

VENCEDOR NA TROVA: ADALBERTO CARMO


PLACAR FINAL:

HERTON GOMES 3 X 2 ADALBERTO CARMO

HERTON GOMES AVANÇA!




DUELO 02

Títulos:

“Yume” (Bianca Velloso)

X

“Flor de quem” (Simone Prado)


Título: "Yume" (Bianca Velloso)


Nilton Milanez: “Yume” apresenta o sonho nos canteiros de um espaço virtual. A experiência onírica tem um ponto de partida, dado pela dedicatória do poema a Akira Kurosawa, mas se centra na subjetividade do poeta que, nos limites da sala do cinema, multiplica-se na mesma medida em que se desdobram os quadros aos quais assiste. O sujeito poético se desdobra sobre si mesmo a partir da produção de imagens que remontam à tela do cinema e à duplicação (pintura) ou reduplicação (túnel) de imagens, que arregimentam uma produção, no linguístico, de um domínio imagético próprio ao cinema, que é o efeito de um quadro dentro de outro quadro de imagens. Essa produção de imagens, portanto, é responsável pela materialização de um discurso do estabelecimento de textos dentro de um texto ou, ainda, de séries dentro de séries. A opção e a realização material pela língua do jogo, produzindo camadas que se superpõem,se concretizam por meio da alternância e demarcações deflagradas por dois tipos muito peculiares de sinais gráficos - ...e : - que aparecem alternadamente. O binarismo dos sinais não é, entretanto, marca de dicotomia, mas indicador de duplicidade e multiplicidade de imagens. Esse tipo de efeito produzido pela forma na língua e nos ícones que o sujeito poeta instrumentaliza parecem dizer sobre uma possibilidade de seriação e multiplicidade de forma de vida na condição humana. Destaco, também, a inversão dos parênteses no verso todo dia, antecipando em imagem a sequência nominal em o túnel da morte. A sensibilidade da mobilização de um recurso desse tipo desencadeia a problematização da intersecção entre a tradição do cinema, as obra de Kurosawa ou Van Gogh e os movimentos imagéticos de nossa atualidade, reafirmando a configuração, validação e autoridade da escrita da forma como ela é dada a ver em espaços virtuais de conversação. Assim, o cotidiano imediato de nossas vidas é colocado como peça constitutiva de nossas tradições e não em oposição a elas. Como sugestão talvez fosse interessante excluir o último verso do poema e os sonhos em poesia. Não acredito ser necessária uma conclusão deste tipo. O referido verso se mantém em domínio de senso comum se apresentado como uma forma de conclusão, rompendo, assim, com a construção do sonho ao longo do poema.


Thelma Guedes: O poema ainda não está maduro. É heterogêneo, na medida em que apresenta bons momentos, com belas imagens e sonoridade forte, com outros momentos menos felizes, em que vemos o trabalho da escrita muito exposto. Ou seja, é possível perceber o esforço poético para a construção de imagens “novas” e de efeito, por meio da junção de palavras que não dialogam. Como “engravida a essência”. Parece que a força de uma palavra somada à força da outra provoca um “efeito” formal apenas. Não uma imagem verdadeira que toca o interior do leitor, que mexe com ele. Assim como o final: “percebo que o olhar é feito de sonhos ... e os sonhos de poesia”. Aqui o lugar comum prevalece e “sepulta” o poema, impedindo de lembrarmos de seus melhores momentos, como a estrofe bela, forte, simples e contundente:
“um homem que atravessa
) todo dia (
o túnel da morte

comandante menino”



Luiz Roberto Guedes: Uma reflexão bem conduzida, circular, sobre o espectador (de cinema ou da vida); o fecho é clichê, dolorosamente: “sonhos” e “poesia”; mas é um objeto melhor construído em sua economia interna.  Será obra de um leitor de Claudio Daniel?


Angélica Coutinho: Dedicado a Akira Kurosawa é uma bela construção de imagens e referências dentro de referências assim como a imagem se faz dentro do dentro do olho. Bonita construção de encaixe.

 Título: Flor de quem (Simone Prado)

Nilton Milanez: “Flor de quem” prima pela simplicidade estilística e a economia linguística em prol da transfiguração das letras em imagens. Encantador. A dedicatória é um domínio de antecipação das imagens do poema e, sobretudo, talvez o mais importante, fixa os limites para a confecção das imagens que se seguirão. A capacidade de organização do poema e sua forma de síntese mostram uma desenvoltura poética e habilidade de delimitação dos traços que se cercam da literatura de Jorge Amado em Dona Flor e seus dois maridos e do filme homônimo de Bruno Barreto. As estrofes são compactas e trabalham em aglutinação, dizem características das personagens do filmes que, podemos apenas recuperar enquanto imagens em nossa memória.O poema liga o sujeito leitor à história das imagens da literatura e do cinema, reconfigurando a memória do passado em presente. Essa estratégia linguística demonstra a força e o poder de transfiguração da língua escrita em imagem, e exalta a imagem como lugar de existência do ser poético. Para além disso, homenageia o ator José Wilker, falecido recentemente. Entretanto, o fato relevante está no domínio de atualidade das malhas da poeticidade. Explico-me. O sujeito poeta reverte a noção de morte e de saudade por meio da pintura de imagens que trazem a ideia de fartura, sensualidade e impossibilidade em controlar a vida, sem ditar ou buscar controlar, linguisticamente, em demasia esses sentidos em seus versos. A estruturação do poema se firma sobre frases muito curtas que exigem uma complementação, dada apenas pela incorporação do sujeito leitor ao poema. Esse caráter corporativo criado pelo sujeito poeta produz o efeito de uma unidade entre um cá do poeta e o lá do leitor. Assim, por meio das estratégias de elaboração da arte criativa e o desmantelamento de hierarquias, o sujeito poeta convoca o leitor e seus quadros de imagens a compor sua poesia, dividindo-a e propondo co-autoria com seus versos.


Thelma Guedes: Simples, claro, solar, o poema traduz, sem mistérios, o universo de Jorge Amado e do filme Dona Flor e seus dois Maridos. A referência é clara, pode até ser óbvia, mas funciona muito bem, ao dialogar alegremente com a malemolência da poética da obra de Jorge Amado, adaptada para o cinema. Foi uma escolha corajosa, ao optar pelo simples, pelo menos, escolhendo inclusive uma obra apenas. O particular, no lugar do cinema universal. Mas aqui o “menos” de fato acaba sendo “mais”. É um poema bem bonito. Apenas uma ressalva, talvez fosse bom repensar este final, que aqui sim ficou óbvio demais, ao deixar tão evidente o Jorge Amado. Isso já estava dado ao longo do poema. Um final mais forte e contundente seria bem-vindo pra fechar este belo poema! 

Luiz Roberto Guedes: Esse segundo poema, movido a dendê,  não apeteceu.


Angélica Coutinho: Homenagem a Jose Wilker com referências ao filme "Dona Flor e seus dois maridos", um dos maiores sucessos do cinema brasileiro. Mistura referências do filme com o livro adaptado de Jorge Amado. Bom e bem construído.

OBS: Thelma Guedes elegeu o poema "Flor de quem", de Simone Prado, como o melhor da leva que ela leu. A poeta receberá um livro autografado da jurada.

Escolha de Nilton Milanez: “Flor de quem”, de Simone Prado
Escolha de Thelma Guedes: "Flor de quem", de Simone Prado
Escolha de Luiz Roberto Guedes: "Yume", de Bianca Velloso
Escolha de Angélica Coutinho: "Yume", de Bianca Velloso

Simone Prado

O mar que tanto se irrita
com navegantes do mundo
é o mar que no abismo habita
o sal da vida fecundo.

José Ouverney:  Ótima trova, em forma e conteúdo. A melhor. Parabéns.

Bianca Velloso

porque não creio em certezas
também duvido da morte
entrego-me à beleza
só a poesia é meu norte.

José Ouverney: Sem pontuação; iniciando com minúscula; rima imperfeita do primeiro com o terceiro verso que também contém apenas seis sílabas poéticas.


VENCEDOR NA TROVA: SIMONE PRADO


PLACAR FINAL:

SIMONE PRADO 3 X 2 BIANCA VELLOSO


SIMONE PRADO AVANÇA!


DUELO 03

Títulos:

“Eureka!” (Maria Amélia Elói)

X

“A vinte quatro quadros por segundo”
(Georgio Rios)



Título: "Eureka!" (Maria Amélia Elói)

Nilton Milanez: “Eureka!” percorre as trilhas de um momento único sujeito poeta, sem um espaço ou tempo determinado. Prende o leitor pelo fio narrativo-poético e o enreda na prática do cotidiano familiar, dos padrões de (a)normalidade, do encontro de si. O poema leva-nos do fora do sujeito poeta em “Nada de médico, igreja ou dieta.” para a dobra do dentro da poeticidade em “Eureka!”. Eleva-se daí a contradição dada pela abertura e fechamento do poema, reinventa a descoberta não com uma proposta da exibição de uma produção exterior, mas sob as vias de uma busca e encantamento consigo mesmo na descoberta. O deslocamento do lugar do sujeito dentro de si mesmo é o belo dado a ver em um realismo simples e invaginados do dia-a-dia. O gatilho do poema é o lugar do incômodo e da inquietação, “casquinha de milho entre os dentes”, traço poético que surge da sensação afinada com uma arte do detalhe e que remonta à memória da literatura de Clarice Lispector. É o minúsculo detalhe que alavanca a epifania da existência do poeta. Em termos de posição diante do manejo com as normas linguísticas, talvez fosse interessante optar pelo apagamento das vírgulas, o que na leitura em voz alta do poema parece produzir uma interrupção do fluxo imagético das proposições diárias. Ressalto, também, reconheço que, em termos de leitura interpretativa, essa outra contradição - entre usar vírgulas na quarta estrofe, e não usar vírgulas na quinta estrofe – também possam ser constitutivas da contradição que arquiteta o poema.


Thelma Guedes: Belíssimo poema, cheio de intensidade e verdade. Ao lê-lo um cinéfilo se reconhece imediatamente. Feito de referências agradavelmente reconhecíveis e sutilezas na revelação dos sentimentos, ele de fato envolve o leitor interessado no tema. Talvez o único deslize seja a estrofe com referências desnecessariamente óbvias, que remete aos nomes dos filmes... Talvez neste momento há que se manter um pouco o mistério. Mas é muito bonito e sensível.

Luiz Roberto Guedes: Mais um “patchwork” com títulos de filmes medianos. É realmente difícil desovar um poema sob encomenda.  Vejamos o próximo.


Angélica Coutinho: Descreve o viciado em cinema que de nada mais precisa na vida que cura suas neuroses, doenças, menos o próprio vício. Na segunda parte, descreve como o cinema age sobre si e através de quais métodos. Tem leveza, demonstra amor por qualquer gênero e termina voltando à realidade prosaica da casca de milho entre os dentes.

Título: A vinte quadro por segundos (Georgio Rios)

Nilton Milanez: “A vinte quatro quadros por segundos” é um dizer poético sensível e emocionante sobre o tempo e sua liquidez em nossas vidas (in)finitas. Com este fim, o sujeito poético se desdobra, primeiro, naquele que olha, depois, naquele que se observa a si em “Aumenta a respiração”. Ou observa ao outro do seu lado? O apagamento e não referenciação do sujeito no verso poderia ser tomado como uma inobservância na estrutura linguística. Por outro lado, compreendo que possa ser a ligação linguística pela ausência da sobreposição dos corpos, no interior da poeticidade, que se unem naquele espaço em Você me disse, aglutinando “ele” no pronome você e “eu” no pronome me. Opto por esta leitura que parece estar em harmonia com a discursivização do tempo e as possibilidades do sujeito poeta, e em cascata o leitor do poema, em ocupar outros espaços, espaços indeléveis.Convenço-me de que este verso, justamente por sua dissonância com a composição e focalização do sujeito poeta, indica uma mudança de posição, tornando-se este verso o turning point do poema. A sucessão e a associação entre respiração, morte e vida (Aumenta a respiração/ A tarde morre/ O tempo finda/ Morre o dia como a vida/ A vinte quatro quadros) são singulares, tocantes e diretas como a fluidez e dispersão dos quadros que compõem a unidade das maneiras de se ver a imagem no cinema. O poema remonta, ainda, sobre um discurso da dor em uma angústia suave de se ver o tempo passar, reconfigurando os contornos cinematográficos de Hitchcock, Kubric e Stevens. Sugiro que o verso “Hay que tener ilusion” figure ou entre aspas ou em itálico para evitar um excesso de destaques.


Thelma Guedes: Outro poema excelente e sensível. Belo e sonoro, faz o leitor escorregar pelos versos de maneira natural como numa dança. O tema é tratado de maneira clara e precisa. Chamo a atenção para o final que traz ao cinéfilo a lembrança exata da sensação prazerosa e incomparável de assistir um bom filme. De fato, o tempo desaparece e a vida morre... Muito bom ter finalizado com a frase do tema, incorporada de maneira completamente integrada e adequada ao poema. Muito bom mesmo! Escolha difícil entre ambos os poemas, os dois se equivalem em qualidade e beleza.

Luiz Roberto Guedes: O poema nadou, nadou... e morreu na praia. Nenhuma iluminação sobre a invenção dos Irmãos Lumiére.


Angélica Coutinho: Tem uma beleza romântica que remete aos encontros nas salas de cinema embalados por alguns títulos clássicos. A quadra inicial parece desigual com os versos que se seguem, bem melhores.


Escolha de Nilton Milanez: “Eureka!”, de Maria Amélia Elói
Escolha de Thelma Guedes: "A vinte e quatro quadros por segundo", de Georgio Rios.
Escolha de Luiz Roberto Guedes: "Eureka!", de Maria Amélia Elói
Escolha de Angélica Coutinho: "Eureka!", de Maria Amélia Elói



Maria Amélia Elói

Me belisca a fantasia
Pra atiçar um novo conto
Subo à cela, há poesia
Nessa tal de ideia eu monto

José Ouverney: Boa trova. Atentar à questão das letras maiúsculas e da falta de pontuação. Embora seja um estilo, isso, em trova, não é aceito.

Georgio Rios

Trinando aquelas certezas
Coisas que me deve a lida
Carrego o ar das belezas
Da sinfonia desta vida


José Ouverney: Um pecadinho: oito sílabas no quarto verso. E também aplico as mesmas observações que fiz à trova anterior.


VENCEDOR DA TROVA: MARIA AMÉLIA ELÓI

PLACAR FINAL:

MARIA AMÉLIA ELÓI 4 X 1 GEORGIO RIOS

MARIA AMÉLIA ELÓI AVANÇA!


DUELO 04

Títulos:

“Primeiro plano” (Cinthia Kriemler)

X

“Projeção” (Francisco Carvalho)


Título: Primeiro plano (Cinthia Kriemler)

Marcos Vinicius Quiroga: Escolho este por sua metaforização feita a partir do campo semântico cinematográfico, pela sonoridade não usual (blanche/ecrã; efeito/take), pela oposição das heroínas (que sugerem mais doc que os simples nomes dora/estamira), pelo ritmo acelerado, obtido graças à enumerações...  


Eunice Arruda: A linguagem específica desse poema, embora seja bem colocada, distancia o leitor ao relatar processos tão internos do cinema. No entanto, o texto traça um caminho com imagens interessantes ao se deslocar do “útero quente, escuro”  à “decupagem incessante”.

Ronaldo Bressane: Imagens e registros solenes.


Rogério Frontin: O tema proposto está aí. A poesia tem a linguagem trabalhada como fosse um quadro a quadro, como se as palavras fizessem parte de um copião a ser pré-editado sempre. Não há um cessar: a imagem do cinema como vida que não se esgota, e uma vez realizado, não tem consciência do que é. Decupagem incessante.

Título: Projeção (Francisco Carvalho)

Marcus Vinicius Quiroga: Apesar de ter escolhido o outro, apreciei as imagens em “fino sabor de milho e novembro escorre”, por reunir elementos distantes (milho e novembro) e “na película dos lábios se acende”, pelo uso da palavra película.


Eunice Arruda: O poema adquire forma e realidade na medida em que situa o espaço onde ocorre a cena, “na esquina do Cine Rex”, e ganha singularidade quando identifica esse espaço como o “lugar onde nunca estivemos”. Imagem interessante: “um louro olor de saudade / na película dos lábios se acende.”

Ronaldo Bressane: Registros solenes demais. Merecia um 0 a 0.


Rogério Frontin: O tema proposto está aí. Existe uma imagem pretérita, um corte de imagens mínimas compondo a expressão poética. A recriação dos sentidos, o novo dimensionamento deles, parecem-me um pouco artificiais. Nos dois últimos versos, percebemos, por exemplo, “o olor que se acende.” Há potencialidades não desenvolvidas que prejudicam a imagem poética.

Escolha de Marcus Vinicius Quiroga: "Primeiro plano", de Cinthia Kriemler.
Escolha de Eunice Arruda: "Projeção", de Francisco Carvalho.
Escolha de Ronaldo Bressane: "Projeção", de Francisco Carvalho.
Escolha de Rogério Frontin: "Primeiro plano", de Cinthia Kriemler.


Francisco Carvalho

néctar que me bebe e lavra,
engole-me a linguaruda,
ela, a cútis da palavra:
a fêmea que me desnuda.

José Ouverney: Para uma trova, falta a clareza, a simplicidade. Como poesia moderna, ótimo.

Cinthia Kriemler

Se proteges a criança
Com amor e educação 
Vais garantir mais pujança 
Ao futuro da nação.

José Ouverney: Embora seja uma trova “lugar-comum”, nada a restringir, a não ser os mesmos lembretes quanto ao início de versos com maiúsculas e a falta de vírgula após o segundo verso.

VENCEDOR NA TROVA: CINTHIA KRIEMLER



PLACAR FINAL:

CINTHIA KRIEMLER 3 X 2 FRANCISCO CARVALHO

CINTHIA KRIEMLER AVANÇA!


DUELO 05

Títulos:

“Super oito – (sobre a vida e a memória como cinema)” (Jorge Augusto)

X

“Foco” (Ricardo Thadeu)

Título: Super oito – (sobre a vida e a memória como cinema) (Jorge Augusto)

Marcus Vinicius Quiroga: Enxugaria o texto e tiraria, por exemplo, “transa um transe”, por ser uma associação previsível. A primeira parte já poderia ser publicada sozinha. Gosto do duplo sentido de “Hollywood”, da imagem da “fratura exposta”e do comentário de autorreflexão. Nas outras partes, há por um lado jogos de palavras sugestivos, mas que em alguns caso tornam-se fechados ou arriscam a ser gratuitos (ouvir/olvida). O poema readquire força nos versos finais com alteridade x a própria imagem, pois se utiliza da frase feita, renovando-a.


Eunice Arruda: Este poema descreve os movimentos ocorridos durante a apresentação do filme (“18 fotogramas por segundo”). O texto vai se desenvolvendo realmente como cenas de um filme, por causa da velocidade da leitura.


Ronaldo Bressane: Nada que eu já tivesse visto de outro jeito, e melhor.

Rogério Frontin: O início do texto flui para o universo poético. Após a lembrança da infância revelada, conceitos da Academia são resgatados para dentro do poema e, sinceramente, creio, se perdem e não têm a força para se sustentar como visão poética. Fica artificial.

Título: Foco (Ricardo Thadeu)

Marcus Vinicius Quiroga: “Atropeladas hordas de sentimentos” é um verso com um tom acima, beirando à hipérbole e eu o tiraria ou faria uma versão mais amena. Gosto do vocabulário cinematográfico espalhado ao longo do texto e da estrofe final, que muda a dicção e, principalmente, por quebrar a expectativa. 


Eunice Arruda: Neste poema, ao lado das “engrenagens corroídas pela ferrugem” ocorrem cenas com sentimentos humanos como no está colocado no final do poema: “na última fila, / um casal partilha outros sentidos.”


Ronaldo Bressane: Clichês, imagens solenes, arrumadinho demais. Outro zero a zero!


Rogério Frontin: A fragmentação do tempo e das imagens poéticas chegam bem neste texto. Há um passado do cinema aprisionado na tradição e um presente indiferente a tudo.

Escolha de Marcus Vinicius Quiroga: "Super oito – (sobre a vida e a memória como cinema)", de Jorge Augusto.
Escolha de Eunice Arruda: "Foco", de Ricardo Thadeu.
Escolha de Ronaldo Bressane: "Super oito - (sobre a vida e a memória como cinema)", de Jorge Augusto.
Escolha de Rogério Frontin: "Foco", de Ricardo Thadeu


Ricardo Thadeu

Adornaste teu olhar
Com a pura maresia;
Eu, bebendo deste mar,
Afoguei-me em agonia.

José Ouverney:  Boa trova. Apenas, se o autor for participar de algum concurso no Brasil, procure não iniciar todos os versos com maiúscula, pois isto não é aceito.


Jorge Augusto

uma bandeira sem imagem
nem emblema, brasão, tema
flor de dilema a linguagem
é leme e lema do poema

José Ouverney: Já no 1º verso noto oito sílabas poéticas. É um bonito poemeto, mas, como trova, eu elimino, por causa da métrica.


VENCEDOR NA TROVA: RICARDO THADEU

PLACAR FINAL:

JORGE AUGUSTO 2 X 3 RICARDO THADEU

RICARDO THADEU AVANÇA!


DUELO 06

Títulos:

“manual para abraçar no cinema” (André Oviedo)

X

“Ação e reação” (Natasha Félix)


Título: manual para abraçar no cinema (André Oviedo)

Marcus Vinicius Quiroga: A apropriação de uma linguagem didática, que faz lembrar o texto de um manual de instruções, dá ao poema um humor e um tom coloquial que me agradam, pois este ato banal (abraçar no cinema) é tratado de um modo formal ou técnico que destoa do acontecimento corriqueiro em si: o namoro no cinema. Aqui, a ideia prevalece sobre a linguagem, isto é: o tratamento inesperado dado ao gesto do abraço é o poético em si.


Eunice Arruda: O valor do poema se ampara na forma como conduz as sequências dos versos.


Ronaldo Bressane: Manual sem sangue nem criatividade.

Rogério Frontin: O tema cinema está presente neste texto. Há humor nele, o que o faz bom de ler. A linguagem dos ditos manuais é revisitada, no entanto, a meu ver, o poético não consegue se inserir apenas pela forma em verso.

Título: Ação e reação (Natasha Félix)

Marcus Vinicius Quiroga: Gostei muito da estrofe final, porque “mudo” não é apenas o grito guardado, mas faz parte da expressão “filme mudo”. Ou seja, ocorre aqui uma ampliação e sentido. E a cena, ainda que curta, lembra roteiro, utilizando, assim, também de forma criativa a proposta para o poema. Aqui há imagens como “chuva nos olhos” e “guardei meu grito no escuro”, e isso dá força conotativa.


Eunice Arruda: Essa imagem “Guardei meu grito / no escuro / feito filme mudo” demonstra a singularidade do poema, fazendo com que a linguagem da poesia passe a ser diferente da cotidiana.


Ronaldo Bressane: Arrumadinho demais, sem sangue. Outro que ficaria no 0 a 0.


Rogério Frontin: A linguagem poética impera aqui. O tema cinema se revela de forma intensa e há uma angústia do poeta em dar vida ao cinema na poesia, muito boa de ser sentida.

Escolha de Marcus Vinicius Quiroga: "Ação e Reação", de Natasha Félix
Escolha de Eunice Arruda: "Ação e Reação", de Natasha Félix
Escolha de Ronaldo Bressane: "manual para um abraço", de André Oviedo
Escolha de Rogério Frontin: "Ação e Reação", de Natasha Félix


Natasha Félix

o fio da vida, esticou
feito a corda bamba
no pescoço colou:
"aqui estalo samba" 

José Ouverney:  Nenhum dos versos está metricamente correto.

André Oviedo

amor é uma coisa fina,
vaza por qualquer espaço.
se quer fugir dessa sina,
segure o seu num abraço.

José Ouverney:  Boa trova. Esta foi aprovada. Apenas peço ao autor que inicie o trabalho com letra maiúscula.


VENCEDOR NA TROVA: ANDRÉ OVIEDO

PLACAR FINAL:

NATASHA FÉLIX 3 X 2 ANDRÉ OVIEDO

NATASHA FÉLIX AVANÇA!




AS DUAS MELHORES TROVAS, NA OPINIÃO DE JOSÉ OUVERNEY, FORAM:

1º TROVA DE SIMONE PRADO
2º TROVA DE ANDRÉ OVIEDO

OS DOIS POETAS RECEBERÃO LIVROS DE TROVAS QUE SERÃO ENVIADOS PELO JURADO JOSÉ OUVERNEY. PARABÉNS!

A POETA MARIA AMÉLIA ELÓI SERÁ PREMIADA COM OS DVDS DA LETÍCIA SIMÕES, POR TER VENCIDO PELO PLACAR MAIS ELÁSTICO DAS SEXTAS DE FINAL: 4 A 1. PARABÉNS!

COMO FICOU A TABELA COM OS CONFRONTOS:





ATÉ A PRÓXIMA, PESSOAL! PARABÉNS A TODOS E AGORA... DEIXEM FLUIR A CRIANÇA QUE EXISTE DENTRO DE VOCÊS! ARRASEM!


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