Pseudônimo: Anna Lisboa
Título: Ela do beco
Anônima e solteira
Parecia assegurar-se de um romance
Nadava sem roupa
Sem seios sugados
O tempo passava bordado
Preferia os fuxicos coloridos
Criados pelos dialetos de overloque
Nem mais, nem menos linda
Apenas mulher, aliás, infinda
Detestava claridade
Barulho
Sorvete de lucidez com pistache
A lucidez lhe atacava o fígado
Mas adorava a novela das 08h59min
Pena ter perdido seu último capítulo
Ela do beco
Eu dela
Sem saída.
Anônima e solteira
Parecia assegurar-se de um romance
Nadava sem roupa
Sem seios sugados
O tempo passava bordado
Preferia os fuxicos coloridos
Criados pelos dialetos de overloque
Nem mais, nem menos linda
Apenas mulher, aliás, infinda
Detestava claridade
Barulho
Sorvete de lucidez com pistache
A lucidez lhe atacava o fígado
Mas adorava a novela das 08h59min
Pena ter perdido seu último capítulo
Ela do beco
Eu dela
Sem saída.
Título: Gênesis
Av. Paulista, 23h54: Acabou para mim o gemer da vizinha
Acabou carnaval, o feijão com farinha
E o clitóris da virgem tentou se matar. Há Deus?
McDonald's, 23h55: Vomitei na saída a mentira da faca
A minhoca indagou: “– É bovina essa vaca?”
Sex Shop, 23h56: Vou roubar espartilho, me amarrar com
fitilho
Tabacaria, 23h57: Teu charuto tragar e soltar mais um filho
– precisava rimar!
Igreja, 23h58: Quanta merda de gente! Isadora contente!
Quanta merda no dente!
Isadora o altar?
Autores S/A, 23h59: Um poeta não morre se alguém publicar.
Há Deus? Enviar.
São Pedro, 00h00: – Anna, as respostas tu pedes ao Pai Cria
Dor. Descerás ao inferno queimado de horror. Podes já te arrumar e também
perguntar! Aqui está o Senhor.
Anna, 00h00: – Nesse inferno citado haverá camiseta? E seu
Nelson Rodrigues, é de fato o capeta? Mas, espere! Há mesmo um Deus? Ah,
Deus... Fudeu! Esqueci a caneta!!
Diabo, 66h66: – Bem-vinda, poeta de anca discreta! Catarse
e fogo, seguir linha reta.
(Jurei me salvar; calei. Quando um seio fala, o outro
abaixa a orelha. Adeus).
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