terça-feira, 28 de julho de 2009
Despedidas
Despedir-se de uma história não é como despedir-se de alguém. A gente se despede da pessoa, mas a história que com ela vivemos é dificil deixar para trás.
Nós nos desfazemos dos objetos, das roupas, das cartas, desejando que o nosso sentimento queime junto com a foto, mas essa história fica escrita em nós como uma escara.
Pode não haver mais amor, pode não haver mais ciumes, mas se há uma história que nos une a alguém, passam-se meses, anos sem que a gente consiga se desvincular da criatura que nos incomoda com uma unha por fazer...
A gente se despede dele, ou dela, mas como fazemos para nos despedir da festa de casamento com que tanto sonhamos, da casa que seria no meio do mato, ou dos filhos, que ganharam nome, mas nunca existiram fora dos nossos pensamentos, alguém sabe?
Ela pode nunca mais vê-lo fazendo palavras cruzadas, mas essa lembrança ainda estará lá. Ele pode nunca mais sentir o cheiro dos cabelos molhados dela, mas o perfume não sairá da sua memória...
O que fazer com a história que fica e a vida que segue? O que fazer om essa raiz que nos prende a um presente que não nos pertence, que não nos agrada e que nós não queremos?
Despedir-se de uma história é despedir-se de nós mesmos, dos planos que tivemos um dia, de uma vida que estava lá pronta para ser usada, de um sentimento que gostávamos de sentir e que já não o temos mais.
Pessoas melancólicas não se despedem nunca e torcem para que seu perfume continue lá.
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5 comentários:
Adorei, Juliana. Todos nós já passamos situações como essas que você aduziu. Você foi objetiva e bem-aventurada na sua escrita. Parabéns!!!
Como diz a Sandra de Sá em sua canção; "Joga fora no lixo". Depois dos 40 fica mais fácil, você vai ver; mas todos passamos por isso pelo menos uma vez na vida.Ainda bem que passa e a vida nos surpreende com novidades todos os dias.
E como foi bem-aventurada em sua escrita... Hj vc foi certeira, Ju. Eu li exatamente o que precisava ler hj. Despedida... Qndo vc pressente que ela está pra acontecer - apenas pressente - tudo vem abaixo. O peito dói, a cabeça vai a mil, o ''pensamento só pensa'' na pessoa que está preste a seguir seu destino... As vezes amamos tanto esta pessoa que queremos ir para onde ela for. A história não pode acabar assim...
Bjs e meus parabéns, lindo texto!
Gostei muito do seu texto!!! Realmente, o mais difícil não é romper com o relacionamento e sim com os hábitos, os traços característicos daquela pessoa... É muito doloroso todo esse processo de reconstrução, já que o passado faz parte da nossa história. Seu texto faz uma ponte legal com algo que escrevi recentemente na Caixa de Pandora:
"...Por fim, teve de aceitar conviver com a memória dos dias idos, enquanto planejava os vindouros. Mas, por mais que as horas passassem, e passavam, ela não entendia porque o tempo denominava passado algo ainda tão presente."
Puxa Juliana, adorei ler seu texto, visto que retrata exatamente a fase atual de minha vidinha... Parabéns e que bom saber que não sou a única, ufa, que alívio!
bjs
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