Sejam bem-vindos, poetas e leitores!
ERAM 562...
FICARAM 80...
32...
E AGORA...
16!
Dezesseis
guerreiros batalham nas Oitavas de Final
E
outros 11 lutam aguerridamente
Por
uma SEGUNDA CHANCE
QUEM SAIRÁ VITORIOSO
NO
III CONCURSO DE POESIA
AUTORES S/A?
ESTÁ
NO AR MAIS UM POST-POÉTICO!
Os
poetas tiveram que versar sobre os versos de ninguém menos do que CHICO
BUARQUE. Um obstáculo e tanto! Intransponível? Nunca! Para os poetas desse
concurso, qualquer barreira pode ser superada com louvor. Desejamos a todos uma ótima leitura deste
post riquíssimo!
PREMIAÇÃO
DAS OITAVAS DE FINAL
Os dois
poetas que mais se destacarem nas Oitavas de Final, ou seja, vencerem seus
respectivos duelos por 4 x0, serão agraciados com 1 livro cada. Caso nenhum
poeta vença por 4 x 0, será considerado quem venceu por 3 x 1. Em caso de mais
de dois poetas terem vencido pelo mesmo placar, o critério de desempate a ser
utilizado será o número de pontos feitos na fase de grupos, seguido do número
de pontos do haicai.
O mais destacado receberá o livro “Signos de Camões”, de Luis Maffei.
O segundo mais destacado receberá o
livro “miniSertão”, de Nonato
Gurgel.
NOTA
O poeta Nathan Sousa, que estava
classificado para as Oitavas de Final e enfrentaria o poeta Hugo Costa,
desistiu do certame por motivos pessoais. Bianca Velloso substitui o poeta por
ter alcançado a terceira colocação no GRUPO A. Já os poetas André Kondo,
Jacqueline Salgado, Dora Oliveira e Isadora Bellavinha não quiseram ou não puderam
tentar a segunda chance na Repescagem. Agradecemos e parabenizamos a todos pela
trajetória até aqui.
MAPA
DAS OITAVAS
O seu Estado está representado nas
Oitavas de Final do III Concurso de Poesia Autores S/A? E a sua região?
Confira, abaixo, como está o mapa do concurso!
TEMA/DESAFIO
DAS SEXTAS DE FINAL
O que seria as Quartas de Final se
tornou Sextas de Final, considerando-se, agora, a entrada de mais dois duelos na
etapa (vindos da repescagem, que é equivalente às oitavas).
Independente de saber quem irá avançar
ou não, é recomendado a todos os poetas que já comecem a matutar sobre os
desafios que aqui serão lançados. São eles:
1º DESAFIO:
ESCREVA
UM POEMA, DE NO MÁXIMO 01 LAUDA (EM TIMES NEW ROMAN, 12) COM A TEMÁTICA “CINEMA”.
2º DESAFIO:
ESCREVA
UMA TROVA, DE TEMA LIVRE, RESPEITANDO
AS REGRAS INERETES A ESTE GÊNERO POÉTICO. SIGA ESTA CARTILHA: http://www.falandodetrova.com.br/pequenacartilhadatrova
TANTO O POEMA QUANTO A
TROVA DEVEM SER ENTREGUES JUNTAMENTE, ENVIADAS ATÉ O DIA 09/11, DOMINGO, ÀS 20
HORAS, PARA O E-MAIL DO CONCURSO.
POR QUE UM SEGUNDO DESAFIO?
PORQUE,
NAS SEXTAS DE FINAL, SERÃO 04 JURADOS JULGANDO O POEMA PRINCIPAL E 01 JURADO
ESPECIALISTA JULGANDO A TROVA, TOTALIZANDO A CONTAGEM ÍMPAR DE 05 PONTOS
DISPONÍVEIS. DESSA FORMA, SERÁ INVIÁVEL UM EMPATE. LOGO, A TROVA PODERÁ SER
DECISIVA NA CONCLUSÃO DO DUELO.
TABELA
DAS FASES FINAIS
Vejam como está e quais
cruzamentos poderão acontecer nas próximas fases finais do concurso:
POEMAS
DA REPESCAGEM
Quatro
serão os poetas sortudos que se livrarão da degola, isto é, serão repescados.
Quem será? Quem soube aproveitar melhor a segunda chance? O tema proposto foi “Mulheres
de Chico”. Caso desconheçam a canção que inspirou o poeta, o link da música foi
disponibilizado logo antes do título do poema.
A SEGUIR, OS POEMAS DA REPESCAGEM:
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO:
“MANINHA”
Do Rio de Janeiro, RJ:
Marcelo Asth
Título: Daninha
(para
a mana Daniela)
Se lembra do peixe morto
Que eu disse que não te mordia?
Por detrás do guarda roupas
O cemitério de mosquinhas!
Laranjeira carregada
No quintal que não se ia...
O espiral de "Durma Bem"
Espantando tontas asas.
Arandelas, paz da noite:
Varandas praianas de casas.
Batuque de madrugada
De um dezembro de folias?
Das noites no meio do mato,
Pós-sarau-de-poesia!
Sessões de dança clássica
Que mamãe julgava e ria.
Cópia da Comanecci
No filme que a gente assistia.
O batismo da boneca
Com pipoca e fantasia!
Se lembra da corrida
No anúncio do almoço?
Strogonoff era a comida
De um certeiro alvoroço!
O vinil tocando antigo
Trazendo nosso pai mais moço.
E a espadinha do He-Man?
Te batia com o plástico grosso!
E os desenhos de mundos
Com as cores que a gente quis?
Infância esboçando o agora
Com nossos traços sutis...
Se lembra quando bailando você caiu no chafariz?
Dani, Dadá, Nié! Oh Daninha!
A gente foi feliz!
Se lembra do peixe morto
Que eu disse que não te mordia?
Por detrás do guarda roupas
O cemitério de mosquinhas!
Laranjeira carregada
No quintal que não se ia...
O espiral de "Durma Bem"
Espantando tontas asas.
Arandelas, paz da noite:
Varandas praianas de casas.
Batuque de madrugada
De um dezembro de folias?
Das noites no meio do mato,
Pós-sarau-de-poesia!
Sessões de dança clássica
Que mamãe julgava e ria.
Cópia da Comanecci
No filme que a gente assistia.
O batismo da boneca
Com pipoca e fantasia!
Se lembra da corrida
No anúncio do almoço?
Strogonoff era a comida
De um certeiro alvoroço!
O vinil tocando antigo
Trazendo nosso pai mais moço.
E a espadinha do He-Man?
Te batia com o plástico grosso!
E os desenhos de mundos
Com as cores que a gente quis?
Infância esboçando o agora
Com nossos traços sutis...
Se lembra quando bailando você caiu no chafariz?
Dani, Dadá, Nié! Oh Daninha!
A gente foi feliz!
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “MULHERES
DE ATENAS”
Do Rio de Janeiro, RJ:
Bruno Baptista
Título: Afrodite
afrodite
não acreditava em zeus
nem
nas promessas de prometeu
quanto
mais afrodite estudava
menos
acreditava
na
mitologia grega
e
mais em café pão e manteiga
se
ela confiava em poeta?
nem
em ninguém nem em dieta
indiferente
à celulite
não
ia à academia - afrodite
não
estava nem aí pra estria -
nunca
quis ser miss
nunca
quis representar o seu país
um
dia
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO:
“GENI E O ZEPELIM”
De Riachão do Jacuípe,
BA: Georgio Rios
Título: GENI: It's All True
Seus
olhos calmos
em violentos violões vagam,
vidrados na voraz vertigem
das pedras do cais do porto.
Sei que encontrou várias pedras na vida,
nas costas, nas dobras feridas do cais,
olhando os tons de prata do zepelim.
Dos teus ais, árias foram tecidas,
músicas minam dos teus muros:
sonhos de pedra retorcida.
Geni, It's All True
no voo rasante dos teus dias
notas sangram da rosa encarnada
que habita o cume de tuas pernas:
Jardins Suspensos de dor e alegria.
em violentos violões vagam,
vidrados na voraz vertigem
das pedras do cais do porto.
Sei que encontrou várias pedras na vida,
nas costas, nas dobras feridas do cais,
olhando os tons de prata do zepelim.
Dos teus ais, árias foram tecidas,
músicas minam dos teus muros:
sonhos de pedra retorcida.
Geni, It's All True
no voo rasante dos teus dias
notas sangram da rosa encarnada
que habita o cume de tuas pernas:
Jardins Suspensos de dor e alegria.
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “ANA
DE AMSTERDAM”
De Santos, SP: Natasha
Félix
Título: Desventura
Cartomante
dos versos borrados de açúcar
Esboça
na mesa o futuro
um
trago de sorte,
A
hora da estrela num fundo
bem
fundo de poço
enlaçada
num homem
qualquer
Ana,
o ventre colado no asfalto
a
pele envidrada de cacos mal pagos
e
a mágoa nos olhos
não
pariram distâncias
aborta
teus becos
teus
medos, teus riscos
diga
agora:
“de
nada”.
De
nada valeram as mãos
sem
palavras, rachadas
nos
peitos de donzela ferida,
até
outro dia.
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO:
“A RITA”
De Conceição do Mato
Dentro: Francisco Ferreira
Título: À Rita, com
amor
É
pra lá, além, que navegam meus pensamentos,
amor
em estado gasoso,
desde
que fluidificaste em saudade
virada
em assombração boa e sumiste na chaminé das noites
em
estradas de estrelas apagadas.
Firo-me
e me refiro nos muros que a ausência tua
planta
nos quintais de minha vida.
Choco-me,
ave tonta, contra eles
arrebento-me
de peito e alma em estilhaços de saudade.
Porém
redimo-te pela dor do meu sexo e violão jejunos,
meu
canto inconcluso, o disco do Noel,
a
vida plena de sua ausência,
e
saudade que me empoeira os objetos.
Só
não lhe perdoo a tortura de frases ditas
sem
serem jamais pronunciadas ou sequer ouvidas,
perdidas
nos anos que mos levaste, deixando-me aqui.
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “CAROLINA”
De Porto Alegre, RS:
Gerci Oliveira
Título: Súplica de um
trovador
Vem,
descerra as nuvens
que
embaçam a luz de teu olhar
se
o bilhete de volta queimou
alimenta
teu tempo
com
o perfume
da
rosa que secou
planta
em teu jardim
flores
sem espinhos
olha!
No horizonte
pautas,
esperam nova história
Sei
agora que minha lira não te consola
Vem,
cavalga as ondas que levaram teu barco
reescreve
tua paisagem
dança,
a orquestra te espera
rodopia
feito pião
desfaz
as amarras
dos
contratos de tua mágoa
Não
quero carregar no meu canto
a
tristeza de não te ver sorrir.
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “OLHA,
MARIA”
De Brasília, DF: Maria
Amélia Elói
Título: Olha, poeta
olha, poeta,
eu vou, sim, sem culpa
porque minha sina
é ser liberdade
não sofras saudade
porque não sou sua
só era contigo
pra caber no verso
parto, querido
a vida me chama
já criei bom gosto
pelo movimento
do canto do vento
do pulso da valsa
danço além do tempo
pra me redimir
parto disposta
em pele ouriço
com viço na face
o colo oferente
rompendo cancelas
sou mulher rebento
galgando triunfos
não tenho pesar
sabe, meu caro,
que não vou fugida
me dá tua bênção
quem sabe ainda volto
em onda robusta
ressaca dos mares
num beijo de espuma
pra te aninar
esta Maria
é só alegria
já sente a alforria
de madurecer
não fiques tão triste
refaz tua vida
escolhe uma aurora
pra pôr na cantiga
tchau, meu amigo
sou grata por tudo
mas vou desprendida
sou mais que a canção
olha, poeta,
eu vou, sim, sem culpa
porque minha sina
é ser liberdade
não sofras saudade
porque não sou sua
só era contigo
pra caber no verso
parto, querido
a vida me chama
já criei bom gosto
pelo movimento
do canto do vento
do pulso da valsa
danço além do tempo
pra me redimir
parto disposta
em pele ouriço
com viço na face
o colo oferente
rompendo cancelas
sou mulher rebento
galgando triunfos
não tenho pesar
sabe, meu caro,
que não vou fugida
me dá tua bênção
quem sabe ainda volto
em onda robusta
ressaca dos mares
num beijo de espuma
pra te aninar
esta Maria
é só alegria
já sente a alforria
de madurecer
não fiques tão triste
refaz tua vida
escolhe uma aurora
pra pôr na cantiga
tchau, meu amigo
sou grata por tudo
mas vou desprendida
sou mais que a canção
MÚSICA
DE INSPIRAÇÃO: “MULHERES DE ATENAS”
Do Rio de Janeiro, RJ:
Luiz Otávio Oliani
Título: Nossas mulheres
(A Chico Buarque)
mulheres
não devem
ser
de Atenas
infrutífero
não
deve ser o amor
se
o tempo passa na janela
não
vê o que sobrou?
o
retrato
o
trapo
o
papel
o
disco de Noel?
mulheres
não devem
ser
de Atenas
infrutífera
não
deve ser a dor
a
vida vale mais
que
o voo de Iracema
mas
por que não ser
mulher
de Atenas?
não
há mais samba
se
a rosa murchou
não
há mais graça
se
a vingança de Rita imperou
se
Carolina não viu o amor...
se
Renata Maria não sai do meu mar...
mulheres
não devem ser
como
Geni
tão
malvista por aí
não
devem ser
tristeza
banal
se
Luísa está em mim
faço
a lua faço a brisa
em
carmim
mas
por que
o
silêncio à voz de Cecília?
que
voz angelical é essa
que
ouço tanto?
mesmo
tão linda
Maria,
não lhe dou atenção
uma
voz me sopra
é
primavera
tem
que partir
estou
amargo
sem
meu violão não canto
e
mulheres devem ser
amadas
cantadas
em
verso e prosa
nunca
achincalhadas
Chico,
nossas mulheres
nossos
tesouros
que
não sejam de Atenas
pois
os tempos são outros
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “NINA”
De São Paulo, SP: André
Oviedo
Título: Menina
minha menina
se esqueceu
de mim.
permitiu
que outra boca
comesse nosso
começo, meio
e fim.
minha menina
dança
de olhos fechados.
salta, desliza
e encanta quem
estiver por perto,
enquanto meus pés
só querem
achar a beira
de qualquer
buraco aberto.
minha menina
continua combinando
sapatilha e lenço.
aquela de cor preta
e aquele amarelo intenso.
minha menina
diz coisas bonitas
por escrito.
dirige palavras
a outro
sem saber
que colidem comigo
e me ferem
com tal atrito.
minha menina
hoje cabe
num monitor
de treze polegadas
que repousa sobre
a estante.
até eu me dar conta
de que minha menina
está assim distante,
vou continuar
encarando a tela,
fingindo que a imagem
me olha exatamente
do jeito que olho
para ela.
minha menina
se esqueceu
de mim.
permitiu
que outra boca
comesse nosso
começo, meio
e fim.
minha menina
dança
de olhos fechados.
salta, desliza
e encanta quem
estiver por perto,
enquanto meus pés
só querem
achar a beira
de qualquer
buraco aberto.
minha menina
continua combinando
sapatilha e lenço.
aquela de cor preta
e aquele amarelo intenso.
minha menina
diz coisas bonitas
por escrito.
dirige palavras
a outro
sem saber
que colidem comigo
e me ferem
com tal atrito.
minha menina
hoje cabe
num monitor
de treze polegadas
que repousa sobre
a estante.
até eu me dar conta
de que minha menina
está assim distante,
vou continuar
encarando a tela,
fingindo que a imagem
me olha exatamente
do jeito que olho
para ela.
MÚSICA
DE INSPIRAÇÃO: “GENI E O ZEPELIM”
De
Curitiba, PR: Andressa Barrichello
Título:
Eu, tua Geni
Hoje
sobe aos céus nova crisálida
significante
sem sujeito
um zepelim prateado afeito
para levar aos ares
um zepelim prateado afeito
para levar aos ares
as
cores todas
de
uma aposta
Pálida;
indirigível
Sobe aos
céus
meu
corpo
de amante
Combustível
Inflamável
Flutuante.
de amante
Combustível
Inflamável
Flutuante.
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO:
“CECILIA”
De Crato, CE: André
Barbosa
Título: Bucólico Eu
Um
bardo e suas moças, suas musas,
São
suas asas em êxtase – motor propulsor;
Buscam
paixões arquitetadas, minudências focadas,
Na
alma, no corpo e no papel...
No
entanto e no intuito elas extravasam nuvens,
Voam
assim: avivadas e soberbas, plumas,
Buscando
a veemência – a coerência, ao léu.
“Buarqueando”
- Como não falar de Chico?
-
Se a moradia na emoção é o botão de liga/desliga de uma alma incendiária.
E
por falar em musas...
São
obsoletas?
São
absolutas?
Algumas
reais:
“A
Marieta manda um beijo para os seus...”.
Agora,
veio-me a mente “Cecília” (nome da minha mãe);
Mas
vivem muitas na permuta aos olhos do poeta;
Tornam-se
paixões, canções, tentames, rabiscos infames,
Fragmentos
do meu bucólico Eu. (que nunca se completa).
POEMAS
DAS OITAVAS DE FINAL
Hora do mata-mata. Quem perder, dança no
certame. Por hora, bailemos ao som de Chico Buarque, apreciando tão belos
poemas.
DUELO 01
Títulos:
“Bebi
a lua toda”
(Danilo
Fernandes - MS)
X
“Ana
contemporânea”
(Herton
Gomes – RJ)
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “LUIZA”
Rua,
Espada nua
Boia no céu imensa e amarela
Tão redonda a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
E no silêncio lento
Um trovador, cheio de estrelas
Escuta agora a canção que eu fiz
Pra te esquecer Luiza
Espada nua
Boia no céu imensa e amarela
Tão redonda a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
E no silêncio lento
Um trovador, cheio de estrelas
Escuta agora a canção que eu fiz
Pra te esquecer Luiza
Título: Bebi a lua
toda (Danilo Fernandes)
No
alto da praça uma estrela
Emaranhado
de cores piscantes
Rostos
felizes e melancólicos
Velhos
calmos e jovens radiantes
Minha
alma sairia ilesa
Não
fosse a flor entre os corpos
Ornada
de tamanha beleza
Furtava
até os mais ágeis olhos
A
boca treme e os ossos dizem
que
só o silêncio te exprimiria
Fosse
um velório e não véspera
Pra
ver-te o morto reviveria
Minha
imagem: pura fuligem
Você
queimara a força das pernas
Naquele
instante se me vissem
Intuiriam:
"Já está na sela"
Depois
das festas e dos fogos
Saí
maluco pelos cantos
Perdi
teus olhos cor de folha
Num
golpe duro de espanto
Entre
mil faces tão cansadas
Fiquei
doente na busca tola
Cavei
nas falas e nas casas
Ao
menos uma nota boa
Mas
foi de modo repentino
que
eu encontrei você sorrindo
Gesticulando
tal qual um anjo
Arrebatou
mais meu espírito
Como
irromper da concretude
Aparecer,
assim, remando
Tão
fraco sem uma atitude
Sentei
inerme em um banco
A
praça toda conspirava
pra
que eu chegasse vagaroso
Te
confessasse o meu enlevo
E
ver-te rindo do meu corpo
Mas
foi, assim, só mesmo nada
Chegando
a ti com este jeito
Você
me olhou tão encantada
Que
foi ao chão todos os medos
Teu
nome já saiu carinho
da
boca que antes me abalara
Fugiu
tão doce a minha sina
A
chave que ao coração trancara
A
luz, o risco, a mina, a nota
Que
me despiu a alma e a vida
Que
destronou a minha lógica
A
rima rica, tu! Luiza...
E
não demora um coração
Para
envolver-se e ser dois-um
E
foi assim que nós ficamos
Um
sem o outro era nenhum
Mas
o sentido intuíra
Alguma
coisa a machucando
Pois
quando sua face ria
Não
se seguia um rosto brando
"Luiza,
o que está havendo?
Conta
pra mim, o teu Amor...
me
diga o que mais a ti fere
que
exorcizo a tua dor
Me
diz, Luiza! Se me amas!
Explica
a mim que não conhece
a
formação do que inflama
a
está lágrima que desce
Você
é duas e amo ambas
Às
vezes triste, às vezes, leda
Quero
salvar-te do teu carma
Não
deixar nada aborrecê-la
Já
te falei deste meu sonho
No
qual você enluarada
me
puxa intrépida de escombros
Beija
Meus lábios e me salva
Este
relato é um abraço
Que
é entregue mal formado
Forcei
Luiza a me dizer
Fugiu
tal bicho acuado
No
outro dia: lua cheia
Não
conseguiu mais se conter
Pois
paz quando se incendeia
de
amor endoida qualquer ser
Todos
os dias pelas ruas
saía
triste do insucesso
de
ser culpado de partistes
E
não mais crer no teu regresso
Como
perturba este teu nome
que
a mais vil chaga que existe
Se
foi, se está aqui, se esconde
Na
lua, volte! Mesmo triste...
Volte
amarga ou destruída
Volte
real ou imaginada
Pra
quem te ama e se ajoelha
Na
lua escura ou na de prata
Faz
o que quer de mim escravo
Volte
em partes ou inteira
Que
eu reparo o que jaz rachado
Volte
Luiza, reencher minhas veias...
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “ANA
DE AMSTERDAM”
Sou
Ana de vinte minutos
Sou Ana da brasa dos brutos na coxa
Que apaga charutos
Sou Ana dos dentes rangendo
E dos olhos enxutos
Até amanhã, sou Ana
Das marcas, das macas, das vacas, das pratas
Sou Ana de Amsterdam
Sou Ana da brasa dos brutos na coxa
Que apaga charutos
Sou Ana dos dentes rangendo
E dos olhos enxutos
Até amanhã, sou Ana
Das marcas, das macas, das vacas, das pratas
Sou Ana de Amsterdam
Título: Ana
Contemporânea (Herton Gomes)
me pague um chope
em troca eu chupo
o canto esquerdo
do seu lábio inferior
que eu juro que lhe adoro
que lhe tenho tanto amor
me pague um chope
em troca eu chupo
o canto esquerdo
do seu lábio inferior
que eu juro que lhe adoro
que lhe tenho tanto amor
me
pague um sorvete
e meu bilhete do metrô
que passeio contigo de mãos dadas
apesar desse calor
numa tarde de domingo na Antero de Quental
não me leve a mal
se eu não fechar os olhos
quando me beijar
mas fui adestrada
pra não me emocionar
mas posso fazer de conta
que lhe dou meu coração
se me pagar um prato feito
ou um mate com limão
sussurro no seu ouvido
sacanagens com paixão
e lhe deixo me exibir como prêmio
como um troféu, um bicho de estimação
me pague um drops, um cigarro
e meu bilhete do metrô
que passeio contigo de mãos dadas
apesar desse calor
numa tarde de domingo na Antero de Quental
não me leve a mal
se eu não fechar os olhos
quando me beijar
mas fui adestrada
pra não me emocionar
mas posso fazer de conta
que lhe dou meu coração
se me pagar um prato feito
ou um mate com limão
sussurro no seu ouvido
sacanagens com paixão
e lhe deixo me exibir como prêmio
como um troféu, um bicho de estimação
me pague um drops, um cigarro
e
um batom
meu chocolate preferido
que massageio o seu ego
lhe abraçando sem pudor
em pleno calçadão
como cachaça
não sou de graça,
mas também não saio caro.
sou a refeição mais barata
pra você comer no carro
ou num motel de quinta
numa sexta-feira cinza
depois do expediente
mas cuidado!
a minha língua
é aguardente
meu corpo é como pinga:
gastando pouco
se consome diariamente
e como a bebida, que vem da cana
você se torna dependente
da minha presença na sua cama
ou no banco de trás do seu veículo
e sem sua porra,
lambuzando o meu pescoço,
você se sentirá andando em círculos
por isso corra
enquanto é tempo
pois sou blindada a sentimentos
depois não diga que não avisei:
caso se apaixonar
a coisa muda de figura depois.
vou querer ser tratada como uma puta rainha
e meu preço sobe pra bandeira dois
daí em diante
enxergarei com desprezo
qualquer forma barata de tentar me impressionar
muito pra mim será pouco
lhe ordenarei, ir à esquina me trazer a lua
e caso não encontre, tudo bem
do mesmo modo, lhe arranco até a roupa do corpo
em troca, lhe dou prazer
lhe faço o ser humano mais realizado
meu chocolate preferido
que massageio o seu ego
lhe abraçando sem pudor
em pleno calçadão
como cachaça
não sou de graça,
mas também não saio caro.
sou a refeição mais barata
pra você comer no carro
ou num motel de quinta
numa sexta-feira cinza
depois do expediente
mas cuidado!
a minha língua
é aguardente
meu corpo é como pinga:
gastando pouco
se consome diariamente
e como a bebida, que vem da cana
você se torna dependente
da minha presença na sua cama
ou no banco de trás do seu veículo
e sem sua porra,
lambuzando o meu pescoço,
você se sentirá andando em círculos
por isso corra
enquanto é tempo
pois sou blindada a sentimentos
depois não diga que não avisei:
caso se apaixonar
a coisa muda de figura depois.
vou querer ser tratada como uma puta rainha
e meu preço sobe pra bandeira dois
daí em diante
enxergarei com desprezo
qualquer forma barata de tentar me impressionar
muito pra mim será pouco
lhe ordenarei, ir à esquina me trazer a lua
e caso não encontre, tudo bem
do mesmo modo, lhe arranco até a roupa do corpo
em troca, lhe dou prazer
lhe faço o ser humano mais realizado
e enquanto
pego as chaves do conjugado
que comprou pra mim no Estácio
que comprou pra mim no Estácio
lhe
faço crer
que gozo
que gozo
só
de
lhe
ver
de
dia, de tarde, de noite, de madrugada
que
estou completamente apaixonada.
DUELO 02
Títulos:
“Carta
de teresa”
(Hugo
Costa – PB)
X
“à
espera de Francisco”
(Bianca
Velloso – SC)
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “TERESINHA”
Foi
chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração.
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração.
Título: Carta de teresa
(Hugo Costa)
Calma, coração levado
Sustenta os impulsos e
impasses urgentes
Dai tempo e lugar a
curiosidade
Não pergunte tanto,
não pouse, não ladre
Aprenda a me ouvir pelo
gesto latente
Surpreenda-me
sempre aos poucos
sem pressa
como quem faz tatuagem
Brinca sem pedir
licença
Bagunça teu colo,
teu quarto - meu
corpo
Deixai cicatrizes
para além do
exposto
e que borracha alguma
jamais vos apague
Não teima de novo
em ligar novamente
Fazei com que eu sinta
o ardor da saudade
escuta o que eu
calo
gritando por dentro
roendo as unhas e dedos
perdendo
impressões digitais
escrevendo mensagens
Não sejas assim tão
afoito,
meu menino homem,
meu menino bobo
Saiba ser o meu
presente
Diga não
Suporte o tempo
Me dome aos poucos
para que eu seja não só
mas toda
e irreversivelmente
sua.
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “LUIZA”
Vem
cá, Luiza
Me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza
Dá-me tua boca
E a rosa louca
Vem me dar um beijo
E um raio de sol
Nos teus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar Luiza
Luiza
Luiza
Me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza
Dá-me tua boca
E a rosa louca
Vem me dar um beijo
E um raio de sol
Nos teus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar Luiza
Luiza
Luiza
Título: à espera de
Francisco (Bianca Velloso)
vestido
branco coração sereno
não
era neve era apenas névoa
em
silêncio eu te ditava
as
notas desta melodia
eu
burilava a lua
para
exorcizar o medo
e
segredava ao ar o meu desejo
de
navegar teus beijos
o
olhar ausente mergulhado em sóis
não
era indiferença nem desdém
era
uma valsa de sedução
que
escondia as sete cores
só
para ver explodir em ti
todo
o brilho dos sete mil amores
vem,
Francisco, e me resgata o tempo
Francisco
Francisco
DUELO 03
Títulos:
“Curaçau
Blue”
(Adalberto
Carmo – SP)
X
“só
Carolina não viu”
(Raimundo
de Moraes – PE)
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “A
HISTÓRIA DE LILY BRAUN”
E
voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão
Foi desde então ficando flou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão
Foi desde então ficando flou
Título: Curaçau Blue
(Adalberto Carmo)
Noite
de confete em terra de eterno dancing
lança na boca o
perfume delirante
Ai! As loucas que fizeram tantas vontades em cor/ação estático no porto da saudade
- Colombinas que boiam
no fundo
olho licoroso
lança na boca o
perfume delirante
Ai! As loucas que fizeram tantas vontades em cor/ação estático no porto da saudade
- Colombinas que boiam
no fundo
olho licoroso
MÚSICA
DE INSPIRAÇÃO: “CAROLINA”
Lá
fora, amor
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Eu
bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
Só Carolina não viu
O tempo passou na janela
Só Carolina não viu
Título: só
carolina não viu (Raimundo de Moraes)
se tules rasgados
enfeitassem o céu
seriam tua mortalha
se outras manhãs
não mais viessem
seria possível
sentir o café
se no quarto de brinquedos
o velório fosse um playground
serias aquela que não calou
se a foto não fosse um poema
esta página não seria uma janela
onde meus olhos tristes
buscam o último sorriso
de quem partiu
DUELO 04
Títulos:
“Para
Chico”
(Simone
Prado – RJ)
X
“Os
olhos e o tempo”
(Álvaro
Barcellos – RS)
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “A
RITA”
Levou
os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão
Título: Para Chico
(Simone Prado)
,
malas
echarpe
são
francisco
deixados no chão
entrada
–
aparente
vazio
habita
cômodos
meus
passos
(sem
pressa)
na
sala
o
rosto
o
verde das íris
o
dedilhar no violão
invisíveis
paredes
quarto
–
terra
estranha:
aqui
a guerra
é
mais longa
na
mão o desejo infinito
sobre
a maçaneta de ferro
envelhecido:
bastava
um giro
um
fechar a porta
virar
as costas
e
fazer vibrar as cordas
daquele
mudo violão
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “CAROLINA”
Lá
fora, amor
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu
Título: Os olhos e o
tempo (Álvaro Barcellos)
Como
cabiam, Carolina, tanta dor
nesses
teus olhos fundos?
Em
nossa dança
abriam
e fechavam janelas
caíam
estrelas
partiam
barcos
lembras,
Carolina?
e
inútil restava teu pranto…
Que
diriam as Carolinas?
E
hoje, quando portas outras se abrem
rumos
outros se oferecem
ventos
outros refrescam as varandas…
e
agora? ainda armazenam teus olhos
toda
a mesma imensa tristeza?
Que
me dizes, Carolina?
E
o que podes ver
nos
cais dos portos?
o
que podem teus olhos de hoje, Carolina?
Teus
olhos que viram – lembras?
também
uma rosa nascer
também
todo mundo sambar…
Quem,
enfim, és hoje
frente
ao mundo?
Se
quiseres, Carolina,
vem
comigo, vem rodar
pelos
salões
pra
que eu te mostre sorrindo
(pela
janela: ói que lindo)
o
amor que contigo aprendi
–
o amor de todo esse mundo.
DUELO 05
Títulos:
“Dona
do mundo”
X
“Legado”
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “VALSINHA”
Então
ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como
há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça
E começaram a se abraçar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como
há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça
E começaram a se abraçar
Título: Dona do mundo
(Marília Lima)
Tirou
do armário
“cheirando
a guardado”
Seu
vestido mais decotado
Batom
Vermelho
Sandálias
brancas
Cabelos
soltos
Olhos
pintados
Pulseira,
anéis
E
brincos
“Pra
seu grande espanto”
não
o esperou tirá-la pra rodar
Rodou
sozinha
No
meio do baile
No
meio da noite
Do
seu jeito
Rodou
feliz
Seios
e dentes
ancas
e pernas
E
riu seu riso mais bonito
Rodou
mulher
Dona
de si
Ventre
à mostra
Dona
do mundo
Os
homens acercando-se
E
roçou sua perna em tantas pernas
E
colou seus lábios em tantas bocas
E
se libertou
E
se iluminou
E
se compreendeu
E
se amanheceu em paz.
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “A
RITA”
A
Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
O que me é de direito
E arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
O que me é de direito
E arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel
Título: Legado
(Francisco Carvalho)
escuta, Rita,
escuta, Rita,
dos
reveses
estou
em recuperação...
sorrisos
e discos
quebrados;
todas as fantasias
e o mais tão surrado;
dos
anos,
não
quero de volta
nem
o fogo dos vinte.
“a
imagem de são Francisco!”
foi
o que, um dia, anotaste
sobre
minha fotografia...
hoje,
só tua deslembrança me guarda,
do
nosso amor o legado:
seis
cordas por um imensilêncio afinadas.
DUELO 06
Títulos:
“Neera”
X
“Acepção
da atriz”
(Thiago
Carvalho – RJ)
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “MULHERES
DE ATENAS”
Mirem-se
no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas
Título: Neera (Cinthia
Kriemler)
anda,
Neera, termina, limpa
logo
essa latrina
que
ainda falta a pia entulhada
copo,
prato, garfo, xícara
cuidado
com as unhas, Neera
não
quebra as garras pintadas
com
flores, laços, estrelas
que
Estéfano espera no quarto, que Estéfano
anseia
no lombo uma trilha de arrepios
riscada
por tais punhais
limpa
o chão, esfrega, encera, mas corre
te
apressa, Neera
que
ainda te faltam dois ônibus, do Leblon
a
Cascadura, do ganha-pão à prisão
lá
tem mais uma latrina, uma cozinha
encardida,
um chão de terra
batida,
roupa a lavar na mão
e
tem a fome de Estéfano, que não se
importa
com nada, que se consome
em
urgências, que bate, puxa
arrebenta,
fedendo a cachaça, a tesão
não
reclama, não chora a Neera
pórnē julgada de Atenas, mulher
de um
direito a-penas, que deita,
rebola
implora,
ajoelha, geme
e
adormece
sonhos
de Aspásia
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “BEATRIZ”
Olha
Será que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Será que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Título: Acepção de
atriz (Thiago Carvalho)
Beatriz,
contorções de graciosos kabukis,
De
barrocas pelúcias, poses espelhadas,
Por
cujas rendas sangram encantados truques,
Que
ao berço do silêncio impelem suas falas.
DUELO 07
Títulos:
“Ao
Cair da Tarde”
X
“De
Carol para Chico”
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “AQUELA
MULHER”
As
nossas noites são
Feito oração na catedral
Não cuidamos do mundo
Um segundo sequer
Que noites de alucinação
Passo dentro daquela mulher
Com outros homens, ela só me diz
Que sempre se exibiu
E até fingiu sentir prazer
Mas nunca soube, antes de mim
Que o amor vai longe assim
Não foi você quem quis saber?
Feito oração na catedral
Não cuidamos do mundo
Um segundo sequer
Que noites de alucinação
Passo dentro daquela mulher
Com outros homens, ela só me diz
Que sempre se exibiu
E até fingiu sentir prazer
Mas nunca soube, antes de mim
Que o amor vai longe assim
Não foi você quem quis saber?
Título: Ao Cair da
Tarde (Desirée Jung)
Sua
pele fica quente quando ela se debruça
sobre
a janela do carro. Aquela Mulher, de Chico Buarque,
lhe
traz um sorriso nos lábios. Ela toma um suco de laranja,
e
clama, que seu ex-marido não entende nada,
porque
ela ficou comigo. Mas Chico sabe,
você
sabe, ela suspira, na tarde incandescida
de
Vancouver.
Dentro
de você, sinto o sol, ela me diz,
e
são poucos os dias iluminados aqui. Ao redor,
os
prédios tampam a luz, que fica escondido
no
horizonte da baía. Eu quero ser sua melhor amante,
lhe
digo, como uma estranha mulher, dentro da minha mulher,
ouvindo
ela cantar com ele. Sinto o dia alucinar
numa
outra cidade quando estou longe dela.
Eu
sempre me exibi, fingi sentir prazer, mas só
agora
o amor pausa na língua, aqui, onde os gomos
da
laranja aguçam minha curiosidade de te beijar.
Ela
sorri, enquanto Chico canta, sem explicação ou futuro.
Eu
quero cuidar de você como meu mundo, meu rosto
amadurecido,
que se transforma com a canção.
Quando
estou contigo, tenho a sensação
de
que a vida é eterna,
insisto,
segurando a sua mão.
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “CAROLINA”
Carolina
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Eu
já lhe expliquei que não vai dar
Seu pranto não vai nada mudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar
Seu pranto não vai nada mudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar
Título: De Carol para
Chico (Ricardo Thadeu)
Meus
olhos fundos, tu dizes,
são
tristes, com teus versos em riste
apontados
para a partida.
As
comedidas lágrimas, tu sabes,
nublam-me
as coisas lá de fora:
a
flor que nasce, a estrela que cai.
Se
cheia de amor me deixaste
reside
ele ainda em minhas retinas
mesmo
sem existir de fato.
Não
importa a festa e os versos
que
cantaste. Nada vale o que não vi.
Eu
parti no mesmo barco que partiste.
DUELO 08
Títulos:
“Reversão
para Luiza”
X
“Quem
são essas mulheres? (ou das Angélicas)”
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “LUIZA”
Luiza
Eu sou apenas um pobre amador
Apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda amor
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração
Eu sou apenas um pobre amador
Apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda amor
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração
Título: Reversão para
Luiza (Jorge Augusto)
I
cego
dessa tua lua
luiza
mas não como Chico
fico
com outros sintomas
hematomas
de corpo ferido
efeito
invertido daquele
romantismo
de Azevedo
azedo
na sua distância
não
canto como o poeta
vela
acessa no escuro
luto
contra o que não vejo
desejo
de quem cego
cedo
bate contra muros
murro
em ponta de faca
falta
a luz porque a lua
luta
com o breu demais alta
escrevo
luiza menos longe
onde
se inscreva sem além
ou
aquém do outro o corpo
a
corpo da linguagem,
imagem
que se grafa e
grafita
na língua do corpo
outro
é o ritmo que te tento
vendo-te
na rima penso:
II
Penso
assim: teu corpo
gesto
de praia coisa
esparramada
em si
gesto
aberto que oferta
à
quem flor igual aberta
Tua
forma de praia
é
de quando nela
tem-se
“água-viva”:
(posta
coagulada de água
corpo
remando dentro do corpo)
com
seus líquidos fogos
queimando
o que se lhe atrita
teu
corpo é des-medida
plural
de espaços mar-aberto
com
a forma líquida dos
teus
traços faz do próprio
corpo
simulacro do outro
a
quem dominas faz como
o
líquido sua mímica - decalca
a geografia
do que abriga
penso
assim: teu corpo
espraiado
maré sempre
cheia
sem rasos transbor -
dando
de si a pré-cio
penso
assim: teu corpo
como
o sol, ardendo em si
coisa
feita só de fogo mas
que
existe sem explodir
pra
que assim resista o fogo
de
comendo-se se exaurir
ela
transpira incêndios e
faz
do entorno uma extensão de si
comendo
o corpo do outro
com
seu calor de inferno
ela
se expande – explode -
a
tornar-se calor atmosférico
soprando
seu hálito quente
em
todo o resto
faz
com que o ambiente
apreenda
o seu verão interno
como
quem sai do fogo
traz
o corpo em carne viva
o
meu – (carne nunca tão viva)
saiu
dela todo em ferida
não
chaga exposta a exame
é
ferida-febre, queimadura -
temperatura
acessa sob a pele -
teu
corpo é ainda a coisa
que
de dizê-la me escapa
o
próprio signo carregado de si
demais
à qualquer metáfora
(mas devoto sou, mesmo,
é do santo e não da
imagem
se traço aqui essas
paisagens
teus abstratos retratos
é porque teu corpo é o
caminho
por onde te amo, crendo
que são da mesma
natureza
a aventura da alma e da
carne)
III
é
assim luiza que te vejo
escrevo
como a viu Chico
dito
ao contrário, pelo avesso
espelho
do meu desejo vão
não
quero luiza, que me exorcize
fique
em mim, cravada a força
e
foice não regenere nem cicatrize
fossilize
em mim luiza teu abraço
farpado
tua língua e dentes de aço
embaraço
quero ficar luiza - presa
presa
em teu ventre até amor
o
amor dizer: chega.
MÚSICA DE INSPIRAÇÃO: “ANGÉLICA”
Quem
é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Que canta sempre esse estribilho?
Só
queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar
Que mora na escuridão do mar
Título: Quem são essas
mulheres? (ou das Angélicas) (Danielle Takase)
Ecoa
tal mulher
Canta
outra o mesmo estribilho
Só
queria embalar seu filho
Ser
pra ele o que foi o mar.
Ecoa
tal mulher
Nessa
que mal teve alegria
Uma
que não dorme noite e dia
Sem
saber se o filho vai voltar.
Ecoa
tal mulher
Nem
sequer pôde ouvir a bala
Sabe
o filho morto numa vala
Sabe,
nunca mais vai o encontrar.
Ecoa
tal mulher
alguém
percorre mesmo destino
muitas
mães, "apenas um menino
com
toda uma vida pra durar".
Ecoa
tal mulher
Tantas
outras, mesmo estribilho
Só
queriam embalar seus filhos,
3 comentários:
Poemas lindos. Todos. Mas voto em Nossas mulheres de Luiz Otávio
O poema "Quem são essas mulheres?", de Danielle Takase, chamou muito a minha atenção pela leveza, pela força e sonoridade. Do mesmo modo, "Dona do mundo", de Marília Lima, gerou encanto. Belos poemas, como as letras das músicas de Chico Buarque. Mas meu voto vai para "Legado", de Francisco Carvalho.
"hoje, só tua deslembrança me guarda,
do nosso amor o legado:
seis cordas por um imensilêncio afinadas"
Essa (des)construção de palavras, agrada-me mais ainda. Parabéns, poeta!
Eu não passei nem pela fase da triagem (risos), mas tem sido muito bom participar como leitor. Sorte a todos, inclusive os poetas da repescagem.
Chico, Chico.
Alcançar o nível de Chico Buarque é impossível (como letrista. Como cantor, qualquer taquara rachada supera). Tolo foi o poeta que tentou ou cogitou. Sagaz foi o poeta que desvirtuou o tom da canção sem desafinar.
Inicio minha crítica lançando um foco de luz nos poemas ‘olha, poeta’, ‘daninha’, ‘curaçau blue’, ‘desventura’, ‘só Carolina não viu’, e ‘para chico’. Meu apurado faro crítico detectou uma quase excelência nesses poemas. O quase já pode ser visto de bom tamanho. ‘olha poeta’ encara com olhos leoninos. Encara como quem quer se ‘safar’ de uma repescagem. ‘daninha’ rebusca um lirismo pueril, nostálgico que flui ao sabor de um melódico ‘joão e maria’. ‘curaçau blue’ brinca com Chico. ‘desventura’ é o melhor da leva. Releitura digna da meretriz de Chico no tangente melódico e sutil que não escapa ao tom do compositor ainda bebericando em Clarice Lispector. ‘só Carolina não viu’ é triste como o olhar da Carolina musicada e assume este tom do primeiro ao último verso. ‘para chico’ recorta um ato de quase despedida com passagens memoráveis como a da mão hesitante na maçaneta.
Preferi me ater aos poemas que me agradaram. Os outros ou foram longos demais ou saíram do tom. Espero provocar imensa dor aos poetas que julguei terem desafinado. Sei que vocês têm coração mas coração não ganha concurso. Vence a cabeça, o tom competitivo. Miolo não serve só pra ocupar espaço. Não consigo enxergar riscos em muitos poetas. Entra leva sai leva e lá estão mórbidos seguindo o mesmo traço marcado a giz no pátio do comodismo. Aposto em quem arrisca como a poeta de ‘descerteza’ na última leva. Hoje escolho ‘desventura’.
Até a próxima leva.
Cordialmente,
F.N.V.
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