sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Poemas do Terceto Final - Homenagem ao público infanto-juvenil



ERA UMA VEZ...

uma estrada, muito, muito longa. Eu, Lírico, carregava uma trouxinha de saberes e vivências no ombro. Descalço, ralava os pezinhos na terra-papel, fazia machucado nas lascas das pedras-letrinhas, e até em árvore tive de subir para alcançar o fruto-verso mais suculento e vistoso. Ai, ai... como foi penosa a jornada nessa estrada-poesia... Eu, Lírico, esbarrei com outros pelo caminho, que na certa caçoavam de mim, dizendo se chamar Lírico também. Trocamos alimentos-experiências e seguimos adiante. Nos vãos da estrada, unimos forças-contextos e criamos pontes. Atravessar foi dureza. Monstros-jurados vindos de céu e mar balançavam a ponte pra lá, balançavam a ponte pra cá. Mas nem todos eram malvados. Uns puíam a corda, outros, ensinavam como amarrar. Alguns Líricos pegaram desvios, sumiram de vista. Eu, Lírico, não troquei de rumo: mirava o horizonte, agora já não tão distante. Pousei num castelo de confetes, cheio de balões coloridos e guloseimas de todo tipo. Outros Líricos festejavam e me convidaram para entrar na roda. Tomaram minha mão de assalto e me vi numa ciranda-intertextual sem fim nem começo. No meio, a vida celebrada.
A poesia!
Cantarolamos bem assim...

“Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar!
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar!

A palavra que me deste
Era bruta e não quebrou
E o suor dos meus miolos
Foi o que a lapidou!

Por isso, ó poesia
Nunca saia desta roda
Sopre um verso bem bonito
Que percorra o mundo afora!”

(Lohan Lage Pignone)






Seis poetas na ciranda
Seis poetas em busca do horizonte
Que é a linha de chegada do
III Concurso de Poesia Autores S/A

Para eles, um imenso...



  
Que comece a brincadeira!



Brincadeira de criança, como é bom, como é bom!
Guardo ainda na lembrança
Como é bom, como é bom!
(Grupo Molejo)


NOTA

         A poeta Simone Prado, por motivos de ordem familiar, precisou deixar o certame. Ela enfrentaria o poeta Herton Gomes. A poeta Bianca Velloso, então derrotada por Simone, assumiu a vaga e retornou à disputa. Parabéns pela bela e premiada trajetória neste certame, Simone!


PREMIAÇÃO DO TERCETO FINAL

         O poeta que vencer pelo placar mais elástico ganhará o livro autografado “Astrobeijo”, da escritora Ana Beatriz Manier.



TEMA DA SEMIFINAL

         Os quatro poetas que chegarem à semifinal sentirão o gostinho, bem perto, da grande final. E qual será o desafio para os quatro felizardos de coração na mão? Abaixo, a temática para a próxima etapa, a qual definirá os dois grandes finalistas:

DATAS COMEMORATIVAS

- As datas comemorativas sempre nos trazem surpresas, nostalgias; reúne a família, movimenta os comércios, causam os tão esperados feriados, geram criativas e inesquecíveis propagandas na televisão; suas festividades e propósitos podem destoar da realidade, ou mesmo reatar laços desfeitos por longos anos. Aniversário, Carnaval, Páscoa, Dia dos Namorados, Dia de Tiradentes, 07 de setembro, Dia das Crianças, Finados, Dia da Consciência Negra, Natal, Ano Novo, enfim... qual dessas datas inspirará o seu poema?

- Escreva, em no máximo 01 lauda, um poema sobre uma data comemorativa. No ato do envio, informe a data comemorativa escolhida e um dos poemas produzidos no concurso (com exceção do poema da primeira fase), o qual servirá como POEMA EXTRA, para caso de empate.
- Prazo para envio: até o dia 23/11/14, domingo, às 20 horas.

E NO DIA 04 DE DEZEMBRO, TEREMOS O NOME DO VENCEDOR (A) DO III CONCURSO DE POESIA AUTORES S/A!
AGUARDEM!






DA SÉRIE
“O QUE LEMBRO DA INFÂNCIA”

POR CINTHIA KRIEMLER


Nossa, são tantas! Minha infância foi muito feliz. Tanto que até perdoo quando a vida briga comigo, porque acho que ela tem crédito comigo! (risos). Uma das minhas melhores lembranças é de quando eu viajava do Rio para o sul de Minas, nas férias, para me encontrar e brincar com os primos (imagina o que é isso para uma filha única!). Mas tem os banhos de chuva, o fugir para ir brincar na vizinha do prédio do lado, a praia, o carnaval infantil, o arco e flecha no América... Não cabe aqui, não! 





DE PEDRO BLOCH (Autor de mais de 100 livros, mais da metade, infanto-juvenis).

"Aninha já estava com dois anos. Loira, linda. Nunca tinha cortado o cabelo. Era amarelo-ouro e cacheado. Parecia um anjinho barroco.
Lá um dia, a mãe pega uma enorme tesoura e resolve dar um trato na cabeça da criança, pois as melenas já estavam nos ombros. Chama a menina, que chega ressabiada, olhando a cintilante tesoura.
– Mamãe vai cortar a cabelinho da Aninha.
Aninha olha para a tesoura, se apavora.
– Não quero, não quero, não quero!!!
– Não dói nada…
– Não quero!, já disse.
E sai correndo. A mãe sai correndo atrás. Com a tesoura na mão. A muito custo, consegue tirar a filha que estava debaixo da cama, chorando, temendo o pior. Consola a filha. Sentam-se na cama. Dá um tempo. A menina para de chorar. Mas não tira o olho da tesoura.
– Olha, meu amor, a mamãe promete cortar só dois dedinhos.
Aninha abre as duas mãos, já submissa, desata o choro, perguntando, olhando para a enorme tesoura e para a própria mãozinha:

– Quais deles, mãe?"






Se essa rua, se essa rua
Fosse minha...
Eu mandava, eu mandava
Ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas
De brilhante
Para o meu,
Para o meu
Amor passar...




“O QUE LEMBRO DA INFÂNCIA”

POR NATASHA FÉLIX


 O quintal da minha avó é um acolher de lembranças. Mas eu lembro de estar brincando de policia e ladrão em uma viagem, no escuro. Era um lugar bem grande, muitas crianças. A gente tava correndo sem parar e eu fiquei pra trás. Escorreguei nos cascalhos do estacionamento e caí de olhos fechados. Quando me virei, vi o céu todo pintado de estrelas. Não tinha reparado, tava ocupada demais sendo criança.







Mais respeito, eu sou criança!
(De Pedro Bandeira)

Prestem atenção no que eu digo,
pois eu não falo por mal:
os adultos que me perdoem,
mas ser criança é legal!

Vocês já esqueceram, eu sei.

Por isso eu vou lhes lembrar:
pra que ver por cima do muro,
se é mais gostoso escalar?
Pra que perder tempo engordando,
se é mais gostoso brincar?
Pra que fazer cara tão séria,
se é mais gostoso sonhar?

Se vocês olham pra gente,
é chão que veem por trás.
Pra nós, atrás de vocês,
há o céu, há muito, muito mais!

Quando julgarem o que eu faço,
olhem seus próprios narizes:
lá no seu tempo de infância,
será que não foram felizes?

Mas se tudo o que fizeram
já fugiu de sua lembrança,
fiquem sabendo o que eu quero:

mais respeito eu sou criança!


DA SÉRIE
“O QUE LEMBRO DA INFÂNCIA”

POR MARIA AMÉLIA ELÓI

Eu adorava o período do Natal. A cada ano, montávamos uma árvore diferente (ora com bolas coloridas, ora de uma cor só, ora com algodão, ora com galhos retorcidos...). Na noite de Natal, montávamos uma mesa colorida, cheia de guloseimas e rezávamos perto do presépio. No outro dia de manhã, sempre havia uma surpresa: o Papai Noel deixava dicas para encontrarmos os presentes, espalhava sapatos pela casa... Uma farra! 




Trecho de “Marcelo, marmelo, martelo”
 (De Ruth Rocha)
Marcelo vivia fazendo perguntas a todo mundo:
- Papai, por que é que a chuva?
-Mamãe, por que é que o mar não derrama?
- Vovó, por que é que o cachorro tem quatro pernas?
As pessoas grandes às vezes respondiam. Às vezes, não sabiam como responder.
-Ah, Marcelo, sei lá...
Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:
- Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo?
- Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.
- E por que é que não escolheram martelo?
-Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de ferramenta...
- Por que é que não escolheram marmelo?
- Porque marmelo é nome de fruta, menino!
- E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?
No dia seguinte, lá vinha ele outra vez:
- Papai, por que é que mesa chama mesa?
- Ah, Marcelo, vem do latim.
- Puxa, papai, do latim? E latim é língua de cachorro?
- Não, Marcelo, latim é uma língua muito antiga”...


DA SÉRIE
“O QUE LEMBRO DA INFÂNCIA”

POR RICARDO THADEU
        
Lembro-me de quando meus pais chegavam à noite com um montão de doces. E o dobro de abraços.




Leilão de Jardim

(Por Cecília Meireles)

Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?

(Este é o meu leilão.)


DA SÉRIE
“O QUE LEMBRO DA INFÂNCIA”

POR BIANCA VELLOSO

A casa da minha avó, na Rua Holanda, em Curitiba. Esta casa aí:

A casa

a casa que em mim habita
tem um quintal cheio de primos
tem cheiro de churrasco
e barulho de máquina de costura

a casa que em mim habita
tem samambaias e risadas
tem esconde-esconde e pega-pega
e os mistérios do quarto de uma bisa bugra

a casa que em mim habita
tem joelho ralado de traquinagem
e as broncas de um avô duro e doce

a casa que em mim habita
tem tatu bola e maria-sem-vergonha
e é confeitada com pedaços de memória



A Galinha D’Angola
(Por Vinícius de Moraes)

Coitada
Da galinha-
D’Angola
Não anda
Regulando
Da bola
Não pára
De comer
A matraca
E vive
A reclamar
Que está fraca:

— “Tou fraca! Tou fraca!”

 DA SÉRIE
“O QUE LEMBRO DA INFÂNCIA”

POR HERTON GOMES
        
Não tenho muitas lembranças felizes da minha infância.  Minha infância é repleta de partidas, de ausências, de cobranças, de culpas, de saudades camufladas, de medo, de esperas intermináveis, de promessas nunca cumpridas, de agressão verbal e emocional. De falta, de pedaços, de rodoviárias, e plataformas de embarque e desembarque. De separação. Rebobinar a infância só faço quando a poesia se impõe e dá play de trás pra frente feito um filme trazendo de volta todas as cenas entaladas, represadas, mofadas dentro de mim.  De qualquer modo, minha trajetória pueril não é feita só de consternação. O sorriso, o afeto, e o perfume de esperança que exalava dos meus irmãos e exala até hoje, é que de mais puro carrego dentro do coração. E voz doce e corajosa da minha mãe, lavando e quarando a roupa num sol de rachar enquanto cantava uma cantiga que embalava o céu, a casa, e nosso quintal. Se numa dessas artimanhas que a poesia me lança de rebobinar o tempo, eu pudesse ficar em alguma estação do estação do passado: eu ficaria para sempre num dia de sol, ouvindo minha mãe cantar e rodeado pelos meus irmãos amados.
- Eduardo! Rita! Laura! Herton! O almoço está pronto! Lavem as mãos e venham almoçar!
- Vem também mãe!
- Daqui a pouco. Só vou terminar de pôr essa roupa pra quarar. E vê se para de pisar na barra da calça menino, que eu sou de máquina de lavar. Se pisar outra vez, escreve: te boto para esfregar.



HORA DO LIMERIQUE!


(Autora: Viviane Távora)


DUELOS DOS LIMERIQUES

DUELO 01: BIANCA VELLOSO X HERTON GOMES


BIANCA VELLOSO

Meu sonho é tocar na lua
a lua toda nua
será que é dura
linda criatura
tal qual uma índia charrua?


HERTON GOMES

O papai vai chorar em cena
a mamãe não verá problema
junho de manhã
na Rua Sacopã
eu de paquera com um poema.


DUELO 02: MARIA AMÉLIA X NATASHA FÉLIX


MARIA AMÉLIA ELÓI

Ao crer numa tal tartaruga
que salva o mané sanguessuga,
Senhor Jabuti
saiu do gibi:
“Não quer me ajudar noutra fuga?”


NATASHA FÉLIX

Quando pula pulava, Caco
coisou o seu coco no toco.
Caco carrapato
tombado e torto
tornou-se um careca moco.


DUELO 03: RICARDO THADEU X CINTHIA KRIEMLER

RICARDO THADEU

O vento beijou teu cabelo
arranjando um belo novelo
de cordas douradas,
todas afinadas,
que dedilhei com muito zelo.


CINTHIA KRIEMLER

A malvada Bruxa do Oeste,
sem bússola, rumou para o leste.
No reino das fadas,
estrada encantada,
vassoura só varre carpete.





Não atire o pau no gato (to-to)
Porque isso (sso-sso)
Não se faz (faz-faz)
Ô gatinho (nho-nho)
É nosso amigo (go)
Não devemos maltratar
Os Animais
Miau!!!


SENSAÇÃO DOS FINALISTAS... EM 01 PALAVRA!

NATASHA FÉLIX
“GRATIDÃO”

CINTHIA KRIEMLER
“EUFORIA”

MARIA AMÉLIA ELÓI
“ESPANTO”

RICARDO THADEU
“ALEGRIA”

BIANCA VELLOSO
“SURPRESA”

HERTON GOMES
“VINGANÇA”

Justificativa de Herton: É uma honra, uma felicidade, chegar nessa fase do concurso. Os dois últimos dias passei trancafiado em minha casa. Respirando poesia, estudando, pesquisando, fazendo experimentos na minha sala, na rede social, em busca de inspiração. No final das contas, preciso ser honesto com minha poesia. E o poema que grita para ser duelado nessa fase, é o poema a seguir. A palavra que escolhi é Vingança. Nenhuma palavra resume com tanta força a sensação de estar aqui. Levei um pé na bunda há cinco anos e sendo bem franco lá no fundo nunca esqueci. Mas reverti a dor, em palavra, conto, prosa, roteiro, epitáfio, jingle, anúncio no Bom Negócio, post, inbox, scrap, carta, torpedo, e-mail e poesia. E tudo que passei a escrever respira amor, amor e amor. Amor que invento, que enfeito, que despedaço, feito uma flor. Amor que perfuma, que fede, que toma conta da casa, do bairro, da vida. Amor que cura, e que deixa a alma partida. Descobri que tenho dom, um vício, ou uma missão de tudo que tudo que eu disser haverá amor no meio.  Até quando rimo céu com pastel. O sentimento é seu recheio. E por isso chegar até esse ponto dessa competição. É uma vingança positiva. Do meu próprio coração. Sofreria tudo outra vez, ganharia outro pé na bunda, só pra chegar até aqui. Sem amor eu não existiria e nem teria sido um dos personagens dessa competição. A minha vingança é benigna. É prima-irmã da superação.




DUELOS DO TERCETO FINAL
POEMAS PARA O PÚBLICO INFANTO-JUVENIL




Que a história original da Bela Adormecida, do Charles Perrault, tem continuação? Sim! Depois do felizes para sempre, Perrault ainda escreveu várias aventuras desse “sempre”. A Bela, já bem acordada, teve até filhos. E a Malévola virou Angelina Jolie. Bem, isso o Perrault não esperava...

DUELO 01

Títulos:
“Helena”
(Bianca Velloso – SC)

X

“Barquinho de papel”
(Herton Gomes – RJ)


Título: Helena (Bianca Velloso)

Dois grandes olhos castanhos
sempre atentos pra poesia
tímida entre estranhos
em casa tagarela noite e dia

Menina morena voraz leitora
brinca de ser escritora
não sabe definir um soneto
mas já construiu o próprio livreto

Inventa mil brincadeiras
protege plantas e animais
coleciona caveiras

Gosta mesmo de um bom futebol
joga intrépida entre os meninos
depois descansa apreciando o arrebol.




Título: Barquinho de papel (Herton Gomes)

Na minha infância, nunca tive árvore de Natal.
No dia vinte e quatro não tinha essa história de ceia 
a gente jantava o trivial
e depois ia dormir de barriga de cheia.
No dia vinte e cinco, nunca ganhei bicicleta, videogame
carrinho de controle remoto, abraço de pai, ou bola de capotão.
Eu me distraía olhando as estrelas
jogando bolita, rodando pião.
A caixa d’ água no quintal de casa
era meu oceano 
onde feliz da vida eu navegava         
com meu barquinho de papel.                                                                                        
A minha infância nem foi assim tão colorida,
mas eu ainda acredito em Papai Noel.



Que na história original da Chapeuzinho Vermelho, escrita por Charles Perrault em 1697, ela se chamava Biddy, e o lobo, disfarçado de vovó, come a Chapeuzinho e fim de papo?  


DUELO 02
Títulos:

“Devoção”
(Maria Amélia Elói – DF)

X

“A mangueira e o broto”
(Natasha Félix – SP)


Título: Devoção (Maria Amélia Elói)

Para Luana Lis e Mariana Flor

Durante um tantão de tempo
─ do tamanho de dez parabéns
e dez presépios de Natal ─
escrevi pra pessoas grandes
─ dessas com o coco da metade da porta pra cima
despertador no criado-mudo
enxaqueca perfume trabalho,
diversão muito pouca.

Fiz soneto pra maestro
acróstico pra político
trova pra galã de novela
balada pra padrinho de amigo...

Eu rimava palavras pomposas
─ dessas que usam gravata, tomam adoçante e dirigem um baita automóvel:
salário com calendário
processo e café expresso
ciência com inteligência
imposto e muito desgosto.

Mas adulto reclama de um tudo:
do porteiro do prédio velho
da areia que suja o sapato
da roupa que amassa depressa
de verso sobrando na estrofe
de beijo breado de doce.

Foi então que você nasceu e listou novos requisitos
tão engraçados, tão esquisitos:
solte um punzão no meio da bolha de sabão
todo brinquedo acorde bem cedo
troque a vacina por banho de piscina
rime sorvete com outro sorvete...

Se me tornei melhor poeta?
Se a verdade me escolhe agora?
Isso é conversa pra boi dormir.
Mas toco o cheiro da fantasia!
Sorrio pra tudo que é lado.
Você besuntando a minha vida
de leite, amor, chocolate.
Eu me entornando inteira
e fazendo acalanto de graça!

Título: A mangueira e o broto (Natasha Félix)

Mangueira é uma árvore pra lá de matreira
Mas andava se sentindo só, sem sol, sem sal.
Desfolhou as pitangas vezes tantas
E tristinha, ficou sem eira nem beira.

Mangueira é uma árvore pra lá de festeira
Mas com os homi de fogo e faca, não tem vez não.
O baile de primavera, onde a fauna toda se juntava pra farrear
acabou-se ainda no verão.

Mangueira hoje viu uma semente despontar no chão.
Além de tudo, é árvore pra lá de esperadeira.
Paciência era seu sobrenome quando a curiosidade dava olá.
Não deu em outra:
O brotinho germinou
O brotinho cresceu
O broto vingou.

Mangueira, mãe do pasto que um dia foi mata
Guardou no broto um sentimento bom
A continuação de um futuro bonito
Com esperança enraizada
E de verde pintada.




Que a Branca de Neve, na história original dos Irmãos Grimm, se chamava Pingo de Neve? E no final, ela e o príncipe ainda convidam a bruxa má para o casório deles? A bruxa, ao saber que Pingo de Neve estava bem de vida e continuava a mais bela do Guiness Book da época, fica tão nervosa que morre... engasgada!


DUELO 03

Títulos:
“Coisa de gente grande”
(Ricardo Thadeu – BA)

X

“Rebeca, a rotweiller roliça”
(Cinthia Kriemler – DF)


Título: Coisa de gente grande (Ricardo Thadeu)

Gente grande nunca diz
O que a gente quer saber
Existe tanta pergunta
E ninguém pra responder.

Se o casco da tartaruga
é também a casa dela,
onde fica, então, a janela?

Porque tem dente de leite
e não tem dente de café?
Caranguejo só anda de ré?

Porque a onda vai e volta?
Porque o mar é salgado?
Só tem água do outro lado?

Porque a lua fica magra?
A sombra segue a gente?
A hiena está sempre contente?

Porque a cadeira tem perna
e não usa meia e sapato?
Quem faz os bigodes do gato?

Gente grande nunca diz
O que a gente quer saber.
E se for pra não saber nada
Eu prefiro nem crescer.


Título: Rebeca, a rottweiler roliça (Cinthia Kriemler)

RRRebolando
rrrequebrando
rrrevirando os olhos dengosos
bumbum de pelo escovado
unhas cortadas e limpas
pelos brilhantes, sedosos
corrente de prata, elegante
musculatura possante
nariz redondo, empinado
orelhas caídas de lado
RRRebeca, a rottweiler roliça
dama de voz de contralto
se exibe andando no asfalto.

Por ela suspiram pastores
dobermanns morrem de amores
terriers arreganham os dentes
babam berneses carentes.
Mas ela segue sem pausa
sem ver o efeito que causa.
é de raça, uma princesa
pedigree de realeza.
Come ração de primeira
e vitamina importada
nada, salta, anda na esteira
só dorme em colchão macio
e usa edredom no frio

Rejeitado
repelido
rechaçado pelos fortes,
protege-se atrás de um carro
um cão de pequeno porte.
Nervoso, desconfiado
latindo alto, estridente
o corpo magro tremendo
não parece estar contente.
Os sentidos bem despertos
percebem que treme o chão
e assim Escobar, o pinscher
logo enxerga o caminhão.

RRRebolando
rrrequebrando
rrrevirando os olhos dengosos
RRRebeca da voz de contralto
não vê o monstro do asfalto
e passeia distraída.
Então, de repente, ela gira
não anda, não corre, não vira
só vê que não tem saída.
No último instante, porém
alguém com força a empurra
ela ainda não sabe quem
é autor de tamanha bravura.

É o pinscher Escobar
que vigilante, alerta
a salva da morte certa.
O que se diz por aí
é que o amor foi tão grande
que em gigante o transformou
e que Rebeca
a princesa
a rottweiler importante
daquele dia em diante
só por ele se encantou.

(E se alguém duvidar de mim
que imagine um melhor fim!)






CONTINUE SEGUINDO A TRILHA...

CUIDADO COM O LOBO MAU...

CUIDADO QUE A CUCA TE PEGA...

MESTRE DOS MAGOS COMUNICA:

QUINTA-FEIRA TEREMOS RESULTADOS!

QUEM SERÃO OS 4 POETAS SEMIFINALISTAS?

BOA SORTE A TODOS E...


VIVA A CRIANÇADA!




ASSIM, TODOS FORAM
FELIZES
PARA SEMPRE...

2 comentários:

Gerci Godoy disse...

que maravilha, tudo lindo mas a poesia que mais me encantou foi a das perguntas intermináveis que os adultos não respondem. De quem é?

Simone Prado Ribeiro disse...

Que post mais delicado e divertido. Dá uma ponta de tristeza de não estar mais aqui figurando nesse meio... Lohan, vc está ficando craque mesmo , hein! O post está lindo. Quanto capricho e dedicação. Esse seu ofício diário para dar o melhor toma muito tempo, vira qse uma segunda empresa de trabalho, eu sei. Deixo registrado nesse post o meu respeito e admiração diante do muito zelo com TUDO que envolve esse belo concurso. Desejo sorte e muita experiência aos poetas. E muito obrigado pelas muitas Letras aqui empreendidas por todos vcs. Abração! Simone.