Como escrever uma boa crônica? Bem, para começar, pode-se jogar ao papel uma observação casual, tão banal e tão próxima do cotidiano do leitor quanto possível. Tão óbvia, mas tão óbvia que o leitor se surpreenda por não ter tido, ele próprio, aquela ideia.
Vejamos... Algo assim: há dois tipos de escadas, as que sobem e as que descem. Não, esqueçam o que eu disse: obviamente não há dois tipos de escadas, as escadas que sobem são as mesmas que descem. Então. Há dois tipos de pessoas: as que sobem escadas e as que descem escadas. Não, também não é um bom exemplo, pois tudo o que sobe, desce, já diz a sabedoria popular. Ah, sim, a sabedoria popular, aí está um tema que, embora batido, sempre pode se prestar a uma crônica de emergência. Escolham um provérbio e sigam em frente.
Terão de explorar o dito cujo, mas deliberadamente sem pretensões acadêmicas. Como uma conversa de bar, aí é que está o segredo. Embora as conversas de bar não tenham segredo. O problema é justamente controlar o ímpeto de se sentir como um orador falando do púlpito. Afinal, os escritores são normalmente uns tímidos enrustidos e, por isso mesmo, perigosos: escolhem uma das tarefas mais solitárias que existem, que é escrever, mas vingam-se na hora de publicar o texto escrito, momento em que são extremamente carentes de atenção. Esquecem que não temos necessariamente interesse em todas as suas reminiscências e opiniões. Assim como vocês não precisam ter paciência para me lerem até o final (mas, por favor, não me abandonem!). Lembrem-se da conversa de bar: ela não precisa levar a lugar algum para valer a pena (ninguém acredita realmente que pode convencer o amigo de que seu time é superior ao dele, mas não deixamos de discutir só por causa disso).
De repente, vocês se levantam da mesa do bar e pedem ao garçom a saideira, exultantes. É que, de tanto divagar, de tanto discutir seus argumentos com o interlocutor imaginário, vocês têm uma crônica na mão. Novinha em folha. A melhor crônica do mundo (os escritores são, normalmente, pais corujas). Pobre do cidadão que cruzar com o escritor neste momento: terá de ouvi-lo pacientemente até que consiga dar um elogio à altura de seu ego.
Então o texto vem a público, e o autor já mal se lembra sobre o que escreveu, mas se deleita com as respostas – elogios – que recebe. Raros são os leitores que discutem. E raros são os autores que gostam da discussão; mas estes são os melhores, talvez. Porque, no fundo, há dois tipos de escritores: os que preferem os elogios e os que preferem as críticas.
Vejamos... Algo assim: há dois tipos de escadas, as que sobem e as que descem. Não, esqueçam o que eu disse: obviamente não há dois tipos de escadas, as escadas que sobem são as mesmas que descem. Então. Há dois tipos de pessoas: as que sobem escadas e as que descem escadas. Não, também não é um bom exemplo, pois tudo o que sobe, desce, já diz a sabedoria popular. Ah, sim, a sabedoria popular, aí está um tema que, embora batido, sempre pode se prestar a uma crônica de emergência. Escolham um provérbio e sigam em frente.
Terão de explorar o dito cujo, mas deliberadamente sem pretensões acadêmicas. Como uma conversa de bar, aí é que está o segredo. Embora as conversas de bar não tenham segredo. O problema é justamente controlar o ímpeto de se sentir como um orador falando do púlpito. Afinal, os escritores são normalmente uns tímidos enrustidos e, por isso mesmo, perigosos: escolhem uma das tarefas mais solitárias que existem, que é escrever, mas vingam-se na hora de publicar o texto escrito, momento em que são extremamente carentes de atenção. Esquecem que não temos necessariamente interesse em todas as suas reminiscências e opiniões. Assim como vocês não precisam ter paciência para me lerem até o final (mas, por favor, não me abandonem!). Lembrem-se da conversa de bar: ela não precisa levar a lugar algum para valer a pena (ninguém acredita realmente que pode convencer o amigo de que seu time é superior ao dele, mas não deixamos de discutir só por causa disso).
De repente, vocês se levantam da mesa do bar e pedem ao garçom a saideira, exultantes. É que, de tanto divagar, de tanto discutir seus argumentos com o interlocutor imaginário, vocês têm uma crônica na mão. Novinha em folha. A melhor crônica do mundo (os escritores são, normalmente, pais corujas). Pobre do cidadão que cruzar com o escritor neste momento: terá de ouvi-lo pacientemente até que consiga dar um elogio à altura de seu ego.
Então o texto vem a público, e o autor já mal se lembra sobre o que escreveu, mas se deleita com as respostas – elogios – que recebe. Raros são os leitores que discutem. E raros são os autores que gostam da discussão; mas estes são os melhores, talvez. Porque, no fundo, há dois tipos de escritores: os que preferem os elogios e os que preferem as críticas.
4 comentários:
Muito boa !!!
Parabéns!!!
Sua entrada no blog só veio enriquecer ainda mais este time e estes momentos especiais em que temos acesso a um bom texto!
Mais um para eu aprender!
Abraços!!!
Já que talvez você prefira uma crítica, aí vai: porque não pensei nisso antes? Você "roubou" uma ideia que "tinha" que ser minha. Quanto ao fato de todo escritor ser tímido, talvez por isso, eu não escreva bem: sou mico de auditório. Adoro aparecer.
Edu, meu amigo, vc escreveu um verdadeiro ensaio sobre um cronista. Um texto tão simples e leve como uma conversa de bar acompanhada de amigos e cerveja; como de fato, uma boa crônica. Não sei se lhe elogio mais, ou se lhe critico, rs. Mas nessa escada, onde se sobe e se desce, prefiro apenas subir, pois, diante deste texto, a crítica seria a minha queda da escada: vc me empurraria, e com razão, pois não há o que ser criticado.
Parabéns!
Abs!
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