quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Guernica




Eu vi Guernica e ela estava viva.
Saltou sobre mim e me cuspiu a verdade.
Em seus olhos brilhava o fogo,
E em seus cabelos ecoava o vento.

Eu vi Guernica e ela gritava.
Gritava a mãe, com o filho morto nos braços,
Gritava o toureiro, com sangue na espada,
Gritamos nós, que aqui padecemos.

Eu vi Guernica e seu hálito era doce.
Me lembrou caminhos percorridos,
Me trouxe a tona os tantos outros que virão,
Me lembrou que há paz depois da escuridão.

Eu vi Guernica e Guernica me viu.
Me viu descoberta e me reconheceu,
Me viu deserta e me acolheu,
Me ouviu pedindo e me concedeu.

Eu vi Guernica e ela transcende o absurdo.
Ela brilha no escuro,
Ela faz ver quem nunca viu.
Eu vi Guernica, e ela me sorriu.

3 comentários:

Eduardo Trindade disse...

Como cantou Cazuza:
Eu vi a cara da morte
e ela tava viva
!

Guernica é mesmo impactante, de todos os ângulos e sob todos os aspectos.
Belo texto...
Abraços!

Rosemarie disse...

Liiiiiiiiiiiiindo !

Lohan Lage Pignone disse...

Eu vi uma bela poesia, e ela me sorriu.
Lindo! Deu pra sentir toda a emoção que vc sentiu ao estar defronte tal obra de arte!
Realmente... Diante de toda experiencia q vc viveu, esse privilégio, e essa poesia tão bem construída... Arrisco dizer q esta é uma poesia pra ficar na história do blog, impactante mesmo.
Bjão Ju!