Minha posição já está mais do que clara. Ou escura? Não sei, posso estar cometendo um ato racista. Preciso tomar cuidado com essas palavras, ah, essas palavras...
A meu ver, não existe raça, acho que já abordei esse ponto de vista em um dos meus textos. Existe o ser humano. Raça tem os meus cachorros, que por sinal, são lindos, Husky Siberianos. Qualquer dia posto uma foto deles aqui no blog.
Mas, voltando ao assunto que não tem fim, rs, eu gostei da entrevista do Gilberto Gil, um cantor que admiro. Também o admiro pela sua passagem na política brasileira. Graças a ele também que foi instituído no Brasil o programa que favorece a todos os estudantes do país, independente de cor de pele: O Pró-Uni. O processo compensatório nos Eua foi bastante eficaz, haja vista o homem que hoje assume a Casa Branca. Ora, mas por que Casa Branca, não podia ser Preta? Esses nomes, ah, esses nomes... Porém, não custa nada ver a formação do nosso amigão Obama. Graduou-se em Ciências Políticas pela Universidade Columbia em Nova Iorque para depois cursar Direito na Universidade de Harvard, a melhor Universidade do mundo. Só pra ressaltar, ele conquistou tudo isso sem cotas ou quaisquer privilégios concedidos pelo governo. Pelo contrário, os Eua são considerados um dos países mais segmentados etnicamente falando.
Obama atuou como líder comunitário e como advogado na defesa de Direitos Civis. Direitos dos cidadãos, independente de sua condição étnica.
Obama se tornou o presidente favorecido pela sua inteligência, sua competência, seus bons aliados, e uma série interminável de razões que não caberia citar aqui.
Obama possui “nas mãos” um país, composto por cinqüenta Estados e quase 300 milhões de seres humanos. Todos filhos da democracia. Existem filhos mais frágeis, ou menos favorecidos? Of course. E como apoiá-los?
Erradicar o mal pela raiz. Essa é a solução. Não há educação eficiente para tal Estado, ou, a saúde é precária noutra cidade; os negros estão sendo discriminados nas ruas das cidades... Constroem-se mais instituições de ensino. Reestrutura os hospitais. Transmita às crianças (crianças!), nas escolas, que se deve respeitar o próximo, independente da cor, credo ou classe social. Que a História inglória não se repita. Que hoje o mundo é globalizado, aberto a todos. Incutindo isso na nova geração, não serão necessárias cotas universitárias no futuro. Ora, não haverá mais discriminação. Conceder cotas, ou qualquer outro privilégio, é “tapar o sol com a peneira”. É agravar uma situação que já não é das melhores. É revoltar os que lutam com as próprias forças. Os asiáticos, por exemplo. Índices mostram que são quase todos aprovados nos Vestibulares da vida, sem cotas. A discriminação se torna revolta. E de uma revolta, pode nascer uma guerra.
A minha bisavó paterna era negra, e chegou a viver um curto período da escravidão quando mais nova. Um período lamentável, como foi também o da Inquisição. A Igreja Católica cometeu atrocidades contra os considerados “hereges”. Hoje, como compensar o que fez no passado? Eu, fiel, não tenho obrigação de compensar ninguém, assim como cidadão não tenho obrigação de pagar, com juros ainda por cima, pelo o que o minha bisavó sofreu no passado. Mas o Estado tem, então a Igreja também tem. E o Papa João Paulo II anunciou ao mundo inteiro um pedido de desculpas. Um pedido de desculpas apaga todo o passado? Não. Mas vale a pena pregar esse quadro negro na memória para sempre? Toda aquela obscuridade, onde reinava a ignorância, as trevas? Hoje somos seres humanos “avançados” intelectualmente em relação há tempos atrás, e não podemos ser tão medíocres a ponto de resgatar males de outrora para construir um futuro digno de sabedoria.
A maior parcela de negros e pardos habitam os morros, sim, e também sei o maior motivo disso. E morar no morro, ou passar alguma necessidade, justifica aquele assalto, aquela guerra do tráfico, aquela bala perdida que se encontrou no coração de uma criança, um ser humano inocente? O morro é uma triste realidade, e nela vivem pretos, pardos, brancos, tem de tudo lá. Que sejam concedidas moradias decentes a todas as cores que compõem tal aquarela. Educação e lazer, que impeça os jovens de adentrarem no mundo das drogas e dos crimes. Mas a todos, sem exclusão. O morro é uma aquarela manchada pelo vermelho do sangue.
Pra finalizar de vez meu discurso acerca desse assunto, quero dizer que, fosse eu um negro, hoje, me envergonharia de tanta demagogia política se apoiando nos alicerces da minha história, se apoiando no preconceito que eu sofreria na pele. Me envergonharia também das compensações, pois me sentiria subestimado, um ser incapaz de alcançar patamares elevados como os demais. Desejaria sim, prisão aos racistas, respeito mútuo, respeito às minhas crenças. Desejaria que isso fosse “martelado” mais vezes nas escolas, incutido na cabeça das crianças. Teria como ídolo não só Mather Luther King, ou Barack Obama, ou Nelson Mandela, ou Gilberto Gil... Mas todos aqueles que, independente de cor de pele, lutaram e lutam pelos direitos humanos, e não apenas dos negros, ou dos brancos, ou dos amarelos. Eu não me segregaria da sociedade que sim, deseja me ver segregado. Eu me faria surgir. Eu não lamentaria ter nascido com esta cor, jamais. Eu não seria preconceituoso com meus irmãos de cor, jamais, e nem com os primos e os tios de cor. Eu seria mais um simples mortal que busca seu espaço na sociedade. Eu seria uma pessoa sensata, que não se apóia em argumentos pedintes para me defender. Eu não ia querer receber, ainda com acréscimos, sem trabalhar; ia querer ser pago pelo meu suor.
(Por favor, selecionem a última oração)
Eu ia querer ser visto como apenas mais um filho de Deus.
Um comentário:
Lohan, estou muito comovida e conscientizada de suas verdades.
Não outro meio de divulgar esse seu texto tão rico, tão verdadeiro e tão necessário ao restante da nossa sociedade?
Deve haver! abraços Bruna
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