sábado, 8 de outubro de 2011

Chamado

 

Estava eu quieto no meu canto
Cuidando de minha medíocre vida
E então me veio
Perturbando...
Instigando...
Ordenando...
Mate!
Minta!
Foda com os outros,
com o vento,
com as coisas,
com a vida,
com você!
Deponha reis!
Zombe de deuses!
Exponha a verdade
no almoço de domingo dos hipócritas!
Desorganize a ordem!
Ordene a desordem!
Tire os pingos dos is
E os coloque onde bem entender!
Construa cidades
e as destrua com pétalas de rosas!
Então me pôs em uma nau
E me lançou num oceano de lama
Em mares gastos por muitos navegadores
Me encheu de paixões
Desiludiu todos meus amores
Reparou meus cotovelos
E os preveniu de todas as dores
ocultas e insanas
E quanto mais eu resistia
Mais alto me gritava
Um grito estridente
IRRITANTE!
E quando eu deixava tudo escuro
Como luz consumidora se revelava
Me mostrando a guerra
Seu campo de batalha
Não me deu nenhum soldado
Nenhuma estratégia
NADA!
Apenas uma caneta simples
E uma folha de papel
Ainda não desvirginada.


Um comentário:

Lohan Lage Pignone disse...

Desvirgine teus teclados, Lucas! Estupre-os com tua avassaladora vontade de gritar e protestar e amar com fúria. Estaremos sempre o chamando.

Abraços!
Lohan.