domingo, 30 de outubro de 2011

Avaliação dos Jurados da 3º Rodada da Fase de Grupos

Olá, queridos amigos poetas e leitores!

         Post decisivo no ar! É hoje que descobriremos quais serão os confrontos das OITAVAS DE FINAL do III Concurso de Poesia Autores S/A! Prontos para embarcarem nessa?
         Primeiramente, a organização registra aqui a gratidão pela imensa contribuição dos jurados que participaram desta rodada. São olhares generosos de grandes nomes da nossa literatura que engrandecem os poetas e o concurso.

ANÚNCIO DO TEMA DAS OITAVAS DE FINAL

...Levou os meus planos, Meus pobres enganos, Os meus 20 anos o meu coração, E além de tudo, me deixou mudo o violão...
(“A Rita”, Chico Buarque)
        
         Hoje será diferente. Independente de já sabermos quem passou ou não, já anunciamos a temática das Oitavas de Final do concurso. Lembrando que, a partir de agora, o esquema é de mata-mata, ou seja, quem perder... dançará na disputa. E por falar em dançar, por que não valsarmos ao som de algumas canções de Chico Buarque, o mestre da MPB? Como já sugeriu a epígrafe, o tema das Oitavas de Final será:


“AS MULHERES DE CHICO





- Escreva um poema inspirado em uma das canções de Chico Buarque que retrate uma(s) mulher(es), uma musa.
- Não há limites de linha/caracteres.
- O poeta deverá comunicar qual título musical foi escolhido e enviar junto ao poema.
- O poema deverá ser enviado até domingo, dia 02/11/2014, às 20 horas, para o e-mail poesiaautoressa@gmail.com (favor, enviar pelo corpo do e-mail).
         Listemos, abaixo, algumas dicas de canções de Chico Buarque que abordam essa temática:
“Nina”, “A Rita”, “Januária”, “Carolina”, “Mulheres de Atenas”, “Beatriz”, “Angélica”, “Cecília”, “Olha, Maria”, “Renata Maria”, “Geni e o Zepelim”, “Teresinha”, “Joana Francesa”, “Luíza”, “Bárbara”, “A Rosa”, “Yolanda”, “Iracema voou”, “Lola”, “As atrizes”... Neste site, há todas as letras e vídeos: http://letras.mus.br/chico-buarque/
         Lembrando que a referência à mulher “escolhida” precisa ficar clara no poema. Ouçam todas as canções, estudem, destrinchem. É tudo ou nada a partir de agora no concurso!

CRITÉRIO DE DESEMPATE NAS OITAVAS DE FINAL

         Nas Oitavas de Final, ao invés dos poetas serem avaliados por 02 jurados, como vem acontecendo até então, serão 04 jurados por duelo. Sendo assim, em número par, haverá o risco de empate em 2 x 2. O critério de desempate a ser utilizado será o POEMA EXTRA. O poema extra, nas oitavas de final, deverá ser um dos poemas já apresentados neste concurso pelo poeta, com exceção do primeiro poema (enviado para inscrição). Posto isso, cada poeta deverá escolher um dos títulos já apresentados durante o concurso a partir da segunda etapa e comunicar a organização no ato de envio do poema com a temática “Mulheres de Chico”. Em caso de empate, o poema extra será avaliado pelos jurados e, através dele, se chegará a uma conclusão de quem avançará.

SURPRESA DO POST

         Fiquem ligados, pois, após todos os resultados serem anunciados, já com a definição dos 16 felizardos, será anunciada uma grande surpresa neste mesmo post! É importante que todos fiquem atentos a essa surpresa. O que será, na opinião de vocês?
        
RESULTADO DA VOTAÇÃO POPULAR

         Com uma quantidade votos massacrante, o poeta FRANCISCO CARVALHO JR., de Caxias, Maranhão, foi eleito o melhor poeta da fase de grupos do III Concurso de Poesia Autores S/A! Parabéns, Francisco! Já pode se candidatar a vereador, hein, rapaz! Como prometido, Francisco receberá uma premiação. Trata-se do premiado livro de poemas “Senhorita K” (Ed. Patuá), de Marcos Bassini. O próprio autor enviará o exemplar, com direito a dedicatória.



Agora, vamos ao que realmente nos interessa hoje: resultados! Acompanhem tudo até o fim do dia. Preparem o café, o aparelho de pressão, a maracujina e simbora nessa jornada! Boa sorte!


APRESENTAÇÃO DOS JURADOS

JURADOS DOS GRUPOS A e B:
Afonso Henriques Neto e Vasco Cavalcante




Afonso Henriques de Guimaraens Neto nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 17 de junho de 1944, sendo filho de Hymirene Papi de Guimaraens e do poeta Alphonsus de Guimaraens Filho, prêmio Jabuti de Poesia pelo livro “Nó”, em 1985. Em 1954, mudou-se para o Rio de Janeiro, e seguiu depois para Brasília, onde se formou em Direito na primeira turma da Universidade de Brasília, em 1966. De volta ao Rio de Janeiro em 1972, participou intensamente do movimento político - cultural rotulado de poesia marginal e trabalhou na FUNARTE – Fundação Nacional de Arte – (1976 -1994). Desde 1976, é professor do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense. Em 1997, defendeu tese de doutorado na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Casado com a arquiteta Cêça de Guimaraens, tem dois filhos: Mariana e Francisco. Publicou 12 livros. Faz parte da grande antologia “26 poetas hoje”, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Seu livro mais recente, “Uma cereja no dilúvio” (Ed. 7Letras) foi finalista do Prêmio Portugal Telecom de 2012.




Vasco Cavalcante é paraense, de Belém do Pará. Foi um dos fundadores do grupo de poesia alternativa “Fundo de Gaveta”, que se manteve na ativa entre os anos 1981 e 1983. Em 1985, foi selecionado pelo edital da SEMEC (Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Belém do Pará), para a publicação de um livro de poesia intitulado: “Poesias: Coletiva”, juntamente com três outros poetas da região: Jorge H. Bastos, Reivaldo Vinas e Zé Minino. Em 1997, lança pela primeira vez em Belém, um site contendo uma mostra de obras e dados biográficos de artistas paraenses, dando início ao projeto intitulado “Cultura Pará”, que agora em 2014, completou 17 anos de atividade on-line, contendo em suas páginas mais de 80 artistas nas áreas de Fotografia, Teatro, Artes Plásticas e Literatura, além de uma Agenda Cultural semanal, que apresenta a programação artístico-cultural local, nos teatros, galerias, museus e áreas afins.
Assumiu a Galeria de Arte da Sol Informática durante os anos de 2006 a 2008; convidado, participou como curador juntamente com os artistas plásticos Geraldo Teixeira e Dina de Oliveira, do XVII Salão de Arte Primeiros Passos do CCBEU, no ano de 2009. Tem poemas publicados na revista virtual “ZUNÁI - Revista de poesia & debates”, do poeta e crítico literário Cláudio Daniel, em 2010, e em várias edições da revista literária “Polichinello”. Em 2012, participa como convidado de uma plaquete de poemas juntamente com outros 12 poetas contemporâneos brasileiros, lançada no dia 14 de agosto de 2012, pelo CCSP (Centro Cultural de São Paulo) chamada "Desvio para o vermelho: treze poetas brasileiros contemporâneos", com organização de Marcele Becker. Lançará, ainda este ano, o livro de poemas intitulado de “Sob silêncio” (Ed. Patuá).

JURADOS DOS GRUPOS C e D:
Leila Míccolis e Susana Scramim




Leila Míccolis é carioca e atualmente reside no Rio de Janeiro. Advogada (embora não exerça a profissão atualmente), Mestre e Doutora em Ciência da Literatura (Teoria Literária) pela UFRJ (fazendo o pós-doutoramento), Leila é escritora, roteirista, dramaturga e editora. Possui 30 obras publicadas - em diversos países. Já escreveu telenovelas para a Rede Manchete e Rede Globo, entre elas, “Kananga no Japão”, "Mandacaru" e "Barriga de Aluguel”. Ministra cursos online de teledramaturgia. Elaborou verbetes para a “Enciclopédia de Literatura Brasileira” (MEC/OLAC). Já organizou, juntamente com Urhacy Faustino, duas "Antologias de Poetas Internautas". Faz parte, ao lado de poetas como Torquato Neto, Antonio Carlos Secchin e Ana Cristina Cesar, da antologia “26 poetas hoje”, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Publicou o "Catálogo da Imprensa Alternativa". Coedita há dezesseis anos o site "Blocos Online". Lançou, recentemente, uma antologia com sua poesia completa, intitulada de “Desfamiliares” (Ed. Annablume).




Susana Scramim (1965) é professora de Teoria Literária da Universidade Federal de Santa Catarina, bolsista de Produtividade em Pesquisa 1D do CNPq. É doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo, 2000, com tese sobre a obra de Darcy Ribeiro. Foi professora Visitante no Talen en culturen van Latijns Amerika (Departamento de Estudos de Cultura Latino-americana), da Leiden Universiteit, na Holanda, em 2007. É autora do livro de ensaios de crítica literária “Literatura do Presente” (Ed. Argos, 2007); do livro “Carlito Azevedo”, para a coleção Ciranda de Poesia da Editora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ (2010). É organizadora juntamente com Daniel Link e Ítalo Moriconi de “Teoria, Poesia, Crítica” (Editora 7 Letras, 2012). Organizou o livro “O contemporâneo na crítica” ( Ed. Iluminuras, 2012). Com Luciana di Leone, organizou número especial da revista outra travessia  sobre poesia e voz, “Poesia: a voz e a escuta, Revista outra travessia, n. 15, Florianópolis: Curso de Pós-Graduação em Literatura – UFSC, 2013. Com o Carlos Eduardo Schmidt Capela organizou a edição especial da revista outra travessia  sobre Giorgio Agamben e Georges Bataille, “A exceção e o excesso: Agamben & Bataille”. Revista outra travessia, n. 6, Florianópolis: Curso de Pós-Graduação em Literatura - UFSC, 2006.  Foi organizadora da edição especial da revista outra travessia sobre Euclides da Cunha, “Da Cunha, Euclides de Cunhas”. Revista outra travessia, n. 1, Florianópolis - SC: Curso de Pós-Graduação em Literatura da UFSC, 2004. Organizou e preparou para editora Argos a coletânea de ensaios de Giorgio Agamben, sob o título de “O que é o contemporâneo? e outros ensaios”, em 2009, e também a publicação no Brasil do livro do filósofo italiano Mario Perniola, sob o título “Enigmas. Egípcio, barroco, neo-barroco na sociedade e na arte”, da Ed. Argos, em 2009.        
             
JURADOS DOS GRUPOS E e F:
Geraldo Lima e Marcos Bassini



Geraldo Lima é escritor, dramaturgo e roteirista. Mora em Brasília. Publicou alguns livros, entre eles “UM” (romance, LGE Editora), “BAQUE” (contos, LGE Editora) e “TESSELÁRIO” (minicontos, Selo 3 x 4, Editora Multifoco). Participou de algumas antologias, como “Antologia do conto brasiliense” (org. por Ronaldo Cagiano, Projecto Editorial) e “Todos os portais: realidades expandidas”, “Terracota”, org. por Nelson de Oliveira. Tem ainda textos publicados em jornais, revistas impressas,  revistas eletrônicas e blogs. Publica também no blog: www.baque-blogdogeraldolima.blogspot.com.br



Marcos Bassini é redator, roteirista, compositor e autor de “Senhorita K” (ed. Patuá), livro de poemas publicado como prêmio do concurso da editora EDITH (SP).

JURADOS DOS GRUPOS G e H
Susanna Busato e Luís Henrique Pellanda




Susanna Busato é paulistana e professora de Poesia Brasileira na UNESP de São José do Rio Preto. Seu primeiro livro de poemas, “Corpos em Cena”,  lançado pela Editora Patuá, em 2013, foi finalista do Prêmio Jabuti em 2014. Premiada pelo Mapa Cultural Paulista, fase estadual, categoria Poesia, em junho de 2010, tem poemas publicados na Revista Cult, Revista Brasileiros e nas revistas eletrônicas  Zunái, dEsEnrEdoS e Aliás, além de ensaios na Revista Texto Poético, FronteiraZ, Cronópios, Zunái e Gérmina, e outras revistas acadêmicas no Brasil e no exterior. Tem três livros de ensaios organizados e publicados em co-autoria pela Editora da UNESP.



Luís Henrique Pellanda nasceu em Curitiba (PR), em 1973. Escritor e jornalista, é autor dos livros “O macaco ornamental” (contos, Bertrand Brasil, 2009), “Nós passaremos em branco” (crônicas, Arquipélago Editorial, 2011, finalista do Prêmio Jabuti 2012) e “Asa de sereia” (crônicas, Arquipélago Editorial, 2013, finalista do Prêmio Portugal Telecom 2014), e organizador dos dois volumes da antologia “As melhores entrevistas do Rascunho” (Arquipélago Editorial, 2010 e 2012). É cronista da Gazeta do Povo e ministra oficinas de crônica por todo o Brasil. Na área literária, atua como jornalista, entrevistador, curador, mediador, resenhista e cronista em diversos eventos e veículos brasileiros. Foi editor e idealizador do site de crônicas “Vida Breve” e subeditor e colunista do jornal literário “Rascunho”. Repórter, trabalhou nos jornais Gazeta do Povo e Primeira Hora.


GRUPO A
3º RODADA
IMAGEM TEMÁTICA:





DUELO 01

“Hiato”, de Danilo Fernandes (MS)
X
“De como silenciar canções”, de Jacqueline Salgado (SP)

Título: Hiato (Danilo Fernandes)


Afonso Henriques Neto: Bom poema. Está bem construído, com utilização de dísticos (é como se fosse um poema dividido em seis estrofes formadas por dois versos cada). O final é o que tem de melhor (“me faz muda, me faz ser Deus”).


Vasco Cavalcante: Gostei da forma como descreve a situação da imagem. Apesar de inicialmente parecer uma explanação direta sobre o que ela mostra, o autor se põe como observador, mas no lugar da garota que cruza os braços diante do militar sisudo. A comparação da inocência do olhar infantil com o poder de um Deus também é muito feliz. Gostei bastante desse poema. O nome do poema “Hiato”, que é uma palavra que vem do latim e que significa “abertura”, diz demais o conteúdo da foto e o momento político que se vivia.


Título: De como silenciar canções (Jacqueline Salgado)

Afonso Henriques Neto: Outro bom poema. Este feito em fôlego longo, com boas metáforas e revelando em excelente medida a distância abissal entre os gestos do ditador e da criança. Em escolha difícil, vou ficar com este poema. É necessário, contudo, corrigir um erro no antepenúltimo verso, quando há uma crase inexistente (colocar “a despertar pássaros ferida abaixo.”).


Vasco Cavalcante: Um bonito texto poético, com imagens bem contundentes, mas a meu ver fugiu muito do tema da foto. Pode transparecer em alguns momentos que em metáfora se veja a ideia, mas não se conduz a ela de uma forma poética como alcança o poema anterior.



Escolha de Afonso Henriques Neto: “De como silenciar canções”, de Jacqueline Salgado

Escolha de Vasco Cavalcante: “Hiato”, de Danilo Fernandes


PLACAR FINAL: Jacqueline Salgado 1 x 1 Danilo Fernandes




DUELO 02

Títulos:
“Caudilho”, de Nathan Sousa (PI)
X
“resistência”, de Bianca Velloso (SC)

Título: Caudilho (Nathan Sousa)


Afonso Henriques Neto: O poema está muito bem construído, com boas imagens e bem colocadas rimas, a maior parte internas.


Vasco Cavalcante: Bonito poema. O autor aqui, pelo o que entendi, se coloca no lugar da força, do anti-herói militar. O povo representado pela garota que cruza os braços diante do opressor o desafia. Como se a imagem representasse um devir do militar, um sonho, uma imagem que ele carrega e que é a sua própria tortura. A negação, a revolta movida pelo processo opressor, mesmo ínfimo e inofensivo, traz para ele o peso de um morteiro. O próprio título do poema se refere a isso, “Caudilho”.




Título: resistência (Bianca Velloso)

Afonso Henriques Neto: Em termos formais, este poema não tem a mesma qualidade do anterior. Contudo, o ponto positivo dele é ser direto, doloroso, e apresentar uma imagem fortíssima: “pústula acesa” a exilar a criança da própria infância. Em outra escolha difícil, vou ficar com este, por considerá-lo mais adequado ao tema proposto.

Vasco Cavalcante: Aqui o autor já coloca a imagem da foto como representação do que era a ditadura militar em sua vida. Refere-se à imagem como um significado pleno da ditadura, mas no texto volta-se para sua história, suas memórias, sua própria dor. Também é um bonito poema, com belas passagens: “a gente engolia ideais e vomitava escuridões”, ou ”levaram meus pais / deixaram no meu peito / esta pústula acesa que carrego até hoje”.

Escolha de Afonso Henriques Neto: “Resistência”, de Bianca Velloso

Escolha de Vasco Cavalcante: “Resistência”, de Bianca Velloso

PLACAR FINAL: Bianca Velloso 2 x 0 Nathan Sousa


SITUAÇÃO FINAL DO GRUPO A:






CLASSIFICADOS: DANILO FERNANDES (1º) E NATHAN SOUSA (2º)




GRUPO B
3º RODADA

IMAGEM TEMÁTICA:


DUELO 01

Títulos:
“Nunca mais”, de André Oviedo (SP)
X
“Não reciclável”, de Hugo Costa (PB)

Título: Nunca mais (André Oviedo)

Afonso Henriques Neto: O poema é bom e busca, de uma maneira sutil, se referir ao papel amassado em termos de “nunca mais”.


Vasco Cavalcante: Gostei muito desse poema. Sucinto, ele diz de forma direta e extremamente poética a representação da dor do amor comparando-a à imagem de algo que foi descartado, como uma bola de papel amassada da imagem de referência para concebê-lo. Mas diz de uma forma bem contundente e visceral quando se lança contra as feridas deixadas em seu coração em busca de uma saída para a dor, mesmo sabendo de tudo o que sofrerá com esse ato de coragem diante do que nesse momento é praticamente incurável.



Título: Não Reciclável (Hugo Costa)

Afonso Henriques Neto: O poema está bem construído, com boas imagens, e considero o mais adequado em termos da imagem proposta.


Vasco Cavalcante: Faz uma pequena referência à imagem proposta como tema, quando diz “que marcou de amor / todo um corpo, / amassou sem perdão / toda a carta”. Utiliza algumas imagens já bem usadas em poemas de outros autores, assim como a construção poética. Penso esse texto como uma letra de música; parece que para ser grande, precisa de uma melodia que o carregue.

Escolha de Afonso Henriques Neto: “Não reciclável”, de Hugo Costa
Escolha de Vasco Cavalcante: “Nunca mais”, de André Oviedo


PLACAR FINAL: André Oviedo 1 x 1 Hugo Costa


DUELO 02

Títulos:
“Desdobramentos”, de Dora Oliveira (MG)
X
“à queima roupa”, de Herton Gomes (RJ)

Título: Desdobramentos (Dora Oliveira)

Afonso Henriques Neto: Este poema se apresenta com mais adequação tendo em vista a imagem proposta.


Vasco Cavalcante: O autor a meu ver utilizou bem a imagem do tema com a história das viagens dos sonhos de infância, mas achei pouco criativo em suas passagens, seguindo uma fórmula já muito usada nesse desenho da memória quando retrata seus brinquedos que são registros vivos e lúdicos que povoaram sua fase infantil e o transpasse para a idade adulta. O seu papel muda de configuração e importância dentro do passar dos anos e sua lembrança aviva o tempo de outrora, desconfigurando o homem que é hoje.



Título: à queima roupa (Herton Gomes)

Afonso Henriques Neto: O poema não consegue construir um enredo suficientemente adequado à imagem proposta.

Vasco Cavalcante: Bonito poema. Cheio de boas metáforas e bem construído poeticamente. A imagem da bola de papel amassada se configura no poema sem que ele precise citá-la, pode-se vê-la na leitura do próprio poema. E finaliza bem. E o mais interessante é que vemos a bola de papel até mesmo quando finaliza falando na ironia do poeta, dizendo que ”rimas são tiros à queima roupa”, a bala é o poema escrito na folha de papel agora amassada e dentro do alvo que a capta e a carrega para dentro de seu coração.

Escolha de Afonso Henriques Neto: “Desdobramentos”, de Dora Oliveira
Escolha de Vasco Cavalcante: “`à queima roupa”, de Herton Gomes


PLACAR FINAL: Dora Oliveira 1 x 1 Herton Gomes

SITUAÇÃO FINAL DO GRUPO B:


CLASSIFICADOS: HUGO COSTA (1º) E HERTON GOMES (2º)




GRUPO C
3º RODADA

IMAGEM TEMÁTICA:





DUELO 01

Títulos:
“La vie”, de Adalberto Carmo (SP)
X
“A faixa (de segurança) beatle”, de Álvaro Barcellos (RS)

Título: La Vie (Adalberto Carmo)
             
Leila Míccolis: Interessante, principalmente pela intertextualidade criativa com as músicas da banda, o que propicia um diálogo repleto de referenciais e uma mixagem literária engenhosa. A técnica lembra o frenético ritmo do rock psicodélico, além do contexto fragmentado e multidimensional de uma época contracultural definida por Mautner como sendo a do “pontilhismo eletrificado”.


Susana Scramim: Legal o jogo de ambivalências no texto. Ponto fraco: abuso da intertextualidade.

Título: A faixa (de segurança) beatle (Álvaro Barcellos)

Leila Míccolis: O poema versa principalmente sobre a imagem apresentada, capa de um dos álbuns da banda, portanto atende ao critério temático, e culmina com um belo final para um quarteto que fez história no campo da música, viajando no som.


Susana Scramim: Interessante sob o ponto de vista formal, mas não acho que os Beatles sejam passíveis de serem comparados com os cavaleiros do apocalipse.

Escolha de Leila Míccolis: “La vie”, de Adalberto Carmo
Escolha de Susana Scramim: “La vie”, de Adalberto Carmo


PLACAR FINAL: Adalberto Carmo 2 x 0 Álvaro Barcellos


DUELO 02

Títulos:
“A escolha”, de André Barbosa (CE)
X
“abbey road”, de Bruno Baptista (RJ)

Título: A escolha (André Barbosa)


Leila Míccolis: Eis uma visão contestatória do fanatismo dos beatlemaníacos por parte de quem prefere os Rolling. Em matéria de admiradores exaltados, a troca se faz apenas com relação aos ídolos, e não quanto ao modo cego de admirá-los por parte da maioria dos fãs que os seguem. No entanto, o final impressiona, porque sugere que a opção de um determinado grupo em detrimento de outro envolve – mais do que uma simples preferência musical – um caminho estético de ideários e arquétipos específicos.


Susana Scramim: Tanto sob o ponto de vista formal, ritmo marcado, imagens contundentes e plenas de sentido, quanto de posição crítica este poema é muito bom.

Título: abbey road (Bruno Baptista)

Leila Míccolis: Já que o poema mencionou uma música dos Beatles, gostaria dele ter girado mais em torno da pergunta do que da trajetória/caminhada da banda: “Por quê nós não fazemos isto na estrada?” O que seria esse “isto”, ainda mais acompanhado da outra frase da letra, que é:  “Ninguém nos verá”. Talvez fosse mais instigante indagar sobre uma possível relação de causalidade ou de absurdez entre ambas.

Susana Scramim: Poema sem muito o que acrescentar, parece uma descrição de um quadro por meio de elipses.


Escolha de Leila Míccolis: “A escolha”, de André Barbosa
Escolha de Susana Scramim: “A escolha”, de André Barbosa

PLACAR FINAL: André Barbosa 2 x 0 Bruno Baptista

SITUAÇÃO FINAL DO GRUPO C:


CLASSIFICADOS: ADALBERTO CARMO (1º) E ÁLVARO BARCELLOS (2º)


GRUPO D
3º RODADA

IMAGEM TEMÁTICA:







DUELO 01

Títulos:
“Rio, de janeiro”, de Simone Prado (RJ)
X
“Da emotividade”, de Andressa Barrichello (PR)

Título:  Rio, de Janeiro (Simone Prado)


Leila Míccolis: Gosto muito do minimalismo, mas, aqui a técnica é exagerada, como que levada ao extremo. Inclusive a palavra “plúmbea”, considerada erudita, destoa neste tipo de estética, que lida com despojamento, simplicidade, e naturalidade de linguagem. As entrelinhas nos frustram um pouco, dificultado a comunicação e o entendimento, no entanto, simultaneamente, também abrem espaço para uma reflexão mais ampla do que vemos, sugerindo várias interpretações.



Susana Scramim: O minimalismo das imagens reduz a complexidade do objeto. Com o título do poema, a elipse que se antepõe à mensagem da passagem do tempo, abre-se uma promessa de verticalidade da reflexão, a qual não é cumprida com a redução das possibilidades de abertura para os sentidos.



Título: Da emotividade (Andressa Barrichello)

Leila Míccolis: A ideia inicial (até nascente) tem tudo a ver com a imagem oferecida e se bastaria, não precisava ir além; o desenvolvimento posterior dilui sua força, até porque, como lágrima é um tema bastante corriqueiro, exige um ponto de vista muito diferente para sobressair-se.


Susana Scramim: Poema demasiadamente sentimental.

Escolha de Leila Míccolis: “Rio, de janeiro”, de Simone Prado
Escolha de Susana Scramim: “Da emotividade”, de Andressa Barrichello


PLACAR FINAL: Simone Prado 1 x 1 Andressa Barrichello


DUELO 02

Títulos:
“feliz natal”, de Raimundo de Moraes (PE)
X
“Tudo pode ser dito”, de Isadora Bellavinha (RJ)

Título: feliz natal (Raimundo de Moraes)


Leila Míccolis: Excelente o enfoque de um mundo desfocado, visto através de uma festa que deveria incentivar a união e o amor, mas que, em tempos da “Modernidade Líquida”, valoriza muito mais a troca de presentes (mercadorias) do que as pessoas presentes (os seres humanos que participam dela). Achei fantástica a percepção das bolas coloridas de árvores de Natal; e esses enfeites tão alegres e divertidos são mostrados através da visão de um mundo embaçado pelo consumismo desenfreado, pela ostentação, pela “compra” de simulacros em detrimento de sentimentos reais, como a alegria (“o cartão de crédito explode em fogos de artifício”), pelo esvaziamento de símbolos, deixando ao final tanto os falsos quanto o “verdadeiro” papai noel... frustrados e... furiosos.

Susana Scramim: Interessante sob o ponto de vista crítico, porém, formalmente ainda muito ingênuo, pois pensa a forma como figura, figura de árvore de natal.


Título: Tudo permanece por ser dito (Isadora Bellavinha)

Leila Míccolis: Em literatura, no jogo de ambiguidades e polissemias, ao escrever-se uma palavra nós a cristalizamos, perdendo-se vários de seus significados, intenções e dimensões múltiplas; e o que nos escapa embaça nossa visão. É um poema bem elaborado diante de temática teórica tão complexa. No entanto, não sinto grandes aproximações com o que vejo na foto.


Susana Scramim: Bom poema, mas falta-lhe acercar-se mais ao propósito do poema refletir sobre o dizer da poesia.

Escolha de Leila Míccolis: “feliz natal”, de Raimundo de Moraes
Escolha de Susana Scramim: “Tudo pode ser dito”, de Isadora Bellavinha

PLACAR FINAL: Raimundo de Moraes 1 x 1 Isadora Bellavinha

SITUAÇÃO FINAL DO GRUPO D:




CLASSIFICADOS: SIMONE PRADO (1º) E RAIMUNDO DE MORAES (2º)



GRUPO E
3º RODADA

IMAGEM TEMÁTICA:


DUELO 01

Títulos:
“Enredo”, de Ricardo Thadeu (BA)
X
“Enverdecer”, de Marília Lima (SP)

Título: Enredo (Ricardo Thadeu)

Geraldo Lima: Trata-se de um bom poema que nos revela, num ritmo quase à maneira de um João Cabral, essa visão do ser fragmentado, ou que se divide em outros tantos.  Mas, frente ao outro poema, perde na expressão da magia que nos remete à infância, como os balões sugerem. Diria que, de todas as escolhas, esta foi a mais difícil, já que os dois autores ou autoras demonstram grande sensibilidade e domínio das técnicas de compor poemas. São, de fato, poetas.

Marcos Bassini: Usa rimas, mas sem se tornar refém delas; escapole e faz um poema reflexivo e sensível.

Título: Enverdecer (Marília Lima)

Geraldo Lima: O autor ou autora consegue traduzir, de modo bastante poético, o sentimento de infância que a imagem dos balões sugere. Abre o poema com uma belíssima imagem poética e o encerra com outra não menos bela. O olhar da criança ( ou do eu lírico) salta de dentro do poema e se apodera dos balões, dando asas à imaginação e ao lirismo. Somos, desse modo, transportados por ele até as nuvens pela força de uma expressão poética de grande sensibilidade.


Marcos Bassini: Acho espetaculares as imagens que esse poema transmite, só não gosto do que remete a poemas antigos: "gris", "rindo-me".

Escolha de Geraldo Lima: “Enverdecer”, de Marília Lima
Escolha de Marcos Bassini: “Enredo”, de Ricardo Thadeu

PLACAR FINAL: Ricardo Thadeu 1 x 1 Marília Lima


DUELO 02

Títulos:
“Travessia de cores”, de Gerci Oliveira (RS)
X
“Traços”, de Luiz Otávio Oliani (RJ)

Título: Travessia de cores (Gerci Oliveira)

Geraldo Lima: Faltou ao poema um pouco mais de leveza na expressão de uma imagem que nos remete à infância.  Não há um sentido de unidade na abordagem do mesmo tema, como era de se esperar neste caso. O ritmo não nos envolve nem nos transporta para o momento de magia que a figura dos balões sugere.



Marcos Bassini: É um bom poema, mas deveria se livrar de alguns chavões como "envolta na esperança”.

Título: Traços (Luiz Otávio Oliani)

Geraldo Lima: A força desse belo poema está em nos apresentar o sentido da transitoriedade da vida, ou das suas fases, através de uma metonímia impactante: as casas em lugar de seus habitantes. Casas repletas de memória e lirismo. São elas que expressam, de modo pujante, esse sentimento profundo sobre a finitude da vida, da brevidade do momento. Ao final do poema, no entanto, o eu lírico nos mostra que ainda há um consolo: a memória dos belos momentos, como este da passagem dos balões, é que nos permite suportar a visão dessa efemeridade da existência.   


Marcos Bassini: Boa reflexão sobre o tempo e a sabedoria de encarar sua passagem.



Escolha de Geraldo Lima: “Traços”, de Luiz Otávio Oliani
Escolha de Marcos Bassini: “Traços”, de Luiz Otávio Oliani

PLACAR FINAL: Luiz Otávio Oliani 2 x 0 Gerci Oliveira

SITUAÇÃO FINAL DO GRUPO E:



CLASSIFICADOS DO GRUPO E: MARÍLIA LIMA (1º) E RICARDO THADEU (2º)




GRUPO F
3º RODADA

IMAGEM TEMÁTICA:



DUELO 01

Títulos:
“Rapina”, de Maria Amélia Elói (DF)
X
“À espreita”, de Desirée Jung (Vancouver, Canadá)

Título: Rapina (Maria Amélia Elói)

Geraldo Lima: Embora tenha ficado meio retórico na terceira estrofe, explicativo demais, o poema se aproxima bastante da visão de dor e abandono que a imagem da criança espreitada pelo abutre nos transmite. Gostei da ideia do diálogo de mão única, em que a criança parece se safar da rapinagem pelo silêncio. Embora um pouco irônico ao final, ao destacar o caráter virtual da realidade poetizada, o poeta reveste essa criança desamparada de uma força impressionante, capaz de fazê-la resistir à sedução do inimigo. O sentimento de humanidade que o poema nos comunica é sua força maior.

Marcos Bassini: Guimarães Rosa e Manoel de Barros deixam armadilhas pelo caminho... Qualquer poema que usa palavras inventadas fica parecendo deles.

Título: À espreita (Desirée Jung)

Geraldo Lima: O poema se afasta muito da imagem temática proposta. Apresenta-se muito palavroso, sem riqueza de imagens e atado a um ritmo que não seduz o leitor.


Marcos Bassini: Excelente poema, com ritmo, sem contar sílabas, e um efeito, sem que a gente perceba o que o causa.

Escolha de Geraldo Lima: “Rapina”, de Maria Amélia Elói

Escolha de Marcos Bassini: “À espreita”, de Desirée Jung


PLACAR FINAL: Desirée Jung 1 x 1 Maria Amélia Elói


DUELO 02

Títulos:
“Clarão”, de Francisco Carvalho (MA)
X
“asas famintas”, de André Kondo (SP)

Título: Clarão (Francisco Carvalho)


Geraldo Lima: Faltou ao poeta aproximar mais o leitor da cena proposta. Desse modo, a sua abordagem comove menos que a do poema com o qual rivaliza. Não se trata só de narrar o que se vê na fotografia, mas de traduzi-lo, em imagens, com força expressiva e poética. 


Marcos Bassini: Alterna ritmos como um improviso de jazz, sem se esquecer do tema principal.

Título: asas famintas (André Kondo)

Geraldo Lima: O poeta ou a poeta, com imagens contundentes, nos faz sentir fundo essa tragédia que se avizinha da criança. E contextualiza a cena, dando-nos a real dimensão do drama humano que assola o continente africano. Achei de grande força expressiva esta imagem: “ a morte também tem fome/e se sacia de outra fome.” E quem não se comove com versos como estes? “a criança busca/no seio da terra/o leite de alguma mãe/inexistente”. A temática de cunho social foi abordada com grande sensibilidade neste poema.


Marcos Bassini: Um poema que causa emoção e consegue instigar a reflexão que pretende buscar. Mas “Clarão” ainda é um melhor poema.

Escolha de Geraldo Lima: “asas famintas”, de André Kondo
Escolha de Marcos Bassini: “Clarão”, de Francisco Carvalho

PLACAR FINAL: André Kondo 1 x 1 Francisco Carvalho

SITUAÇÃO FINAL DO GRUPO F:



CLASSIFICADOS: DESIRÉE JUNG (1º) E FRANCISCO CARVALHO (2º)




GRUPO G
3º RODADA

IMAGEM TEMÁTICA:




DUELO 01

Títulos:
“descerteza”, de Danielle Takase (SP)
X
“Quotidiano”, de Georgio Rios (BA)

Susanna Busato: Muito bons os recursos formais utilizados para construir a imagem do cotidiano, da rotina; a “teresa” está contida no título “descerteza”, como uma paranomásia; “teresa” contém em si a “descERTEZA”.


Luís Henrique Pellanda: Já no começo, uma ótima imagem, a “Teresa antes dos galos”, estimula a leitura. Apesar de não ser exatamente original, a ideia de usar o verso em prosa para retratar o real, o “prosaico”, e o verso livre para registrar o devaneio, o sonho, o resgate de velhos desejos, funciona bem. Curiosamente, os melhores achados estão nas partes em prosa. Pouco antes do fim, uma facilidade excessiva nos versos “ontem hoje amanhã/ agora” e uma construção forçada como “teresa tédio médio, acre/ medíocre da raiz às pontas” me atrapalharam, e quase puseram tudo a perder. Gosto do final, “teresa desencontrada/ em busca de alguma coisa”, embora a noção de cotidiano me remeta mais às esperas do que às buscas.




Título: Quotidiano (Georgio Rios)

Susanna Busato: O poema parece buscar um cenário abstrato da memória na pontuação da paisagem anímica. Sugiro que se pense a escolha vocabular e que se evitem os gerúndios e palavras como “perscrutando”, por exemplo, a qual soa muito “prosa” e não tem a sonoridade aproveitada para criar, com outras palavras, alguma zona de sentido.


Luís Henrique Pellanda: Gosto bastante da “flora secreta que habita as cortinas”. Também acho que esse poema “interpretou” melhor a imagem proposta, se concentrando sobre o velho telefone, a espera da personagem por algum chamado, não esquecendo, por exemplo, o tentador pássaro na parede. De minha parte, aliás, tenho outra impressão sobre a foto (e que nem se ajusta ao seu título, “Cotidiano”): penso que a mulher, ali, já recebeu um chamado, uma notícia qualquer, e que agora aguarda, paralisada, por algo que dê um fim àquela estagnação. Quanto ao poema, seu final, infelizmente, prejudicou minha leitura. Eu o achei um pouco confuso. Não entendi muito o sentido da conclusão, e há um problema com a vírgula no penúltimo verso: “as valsas do tempo,/ decomposição, que repartida/ na tarde, se dissipa”. Melhor seria “as valsas do tempo,/ decomposição que, repartida/ na tarde, se dissipa”.

Escolha de Suanna Busato: “descerteza”, de Danielle Takase
Escolha de Luís Henrique Pellanda: “descerteza”, de Danielle Takase

PLACAR FINAL: Danielle Takase 2 x 0 Georgio Rios




DUELO 02

Títulos:
“Natureza morta”, de Cinthia Kriemler (DF)
X
“Espera”, de Marcelo Asth (RJ)

Título: Natureza morta (Cinthia Kriemler)

Susanna Busato: Há um desejo de experimentar a sintaxe, em termos de um uso singular dos sinais e da pontuação. Não se percebe a necessidade desses recursos, pois não interferem tanto na construção do sentido. O deslocamento dos dois pontos e a vírgula após o travessão não me parecem construir um diálogo com as palavras de modo a criar um sentido, assim como acontece com as chaves e os parêntesis que se alternam sem uma razão aparente. O uso abusivo de recursos como esse pode resultar em ruído e pouco favorecer a construção de sentido.



Luís Henrique Pellanda: É um poema pretensioso, o que não necessariamente significa algo negativo. Mas, ao ler e reler os versos, tive uma impressão de improviso e, às vezes, de falta de estrutura, de plano. Algumas imagens me pareceram quase incompreensíveis, mas aí pode ser falha minha ou a própria intenção do poeta, não sei. Dois exemplos: “medos-inquilinos foram/ subornados por girassóis/ de plástico” e os “eus-demônios (...) comem minhas carnes/ internas com pauzinhos japoneses/ usados”. Não gosto também de achados como “garrafa de licor alcoólatra”, e não entendi a função de tantos sinais gráficos. Já as citações aos poetas malditos — Bukowski, Leminski, Hilst e Rimbaud — soaram estranhas dentro do tema (quero dizer que a personagem não me parece ser leitora desse tipo de poesia). A principal qualidade desse trabalho, no entanto, é a sua vontade de se arriscar, e considero isso louvável — desde que, com o tempo, se apure.


Título: Espera (Marcelo Asth)

Susanna Busato: Este poema procura as rimas. Não segue, entretanto, uma regularidade. Há momentos um pouco infelizes: “Estar contigo em mente” (em voz alta soa ruim); “Depois de seus olhos – pudera! - / Desfolho os roteiros da gente” (rima forçada em “olhos” que não leva a sentido algum). Apesar das observações, “Espera” tem uma performance melhor.


Luís Henrique Pellanda: Um poema correto, bom de ler, em termos de ritmo e musicalidade, com um ou outro engate no caminho. Mas peca pela ingenuidade da forma, principalmente nas rimas e nas aliterações, meio forçadas, pouco originais: “Vontades, massivas, missivas/ furtivas, festivas, festeiras”; “No extático estático estado”; “Em cenas pruma primavera/ ornada de flores carentes”. Em certo ponto, para rimar com a primavera acima, o uso da expressão “— pudera! —”, entre travessões, dá ao texto uma entonação arcaizante que faz com que o poema pareça pertencer a outra época.  

Escolha de Susanna Busato: “Espera”, de Marcelo Asth
Escolha de Luís Henrique Pellanda: “Natureza morta”, de Cinthia Kriemler


PLACAR FINAL: Cinthia Kriemler 1 x1 Marcelo Asth

SITUAÇÃO FINAL DO GRUPO G:


CLASSIFICADOS: CINTHIA KRIEMLER (1º) E DANIELLE TAKASE (2º)




GRUPO H
3º RODADA

IMAGEM TEMÁTICA:



DUELO 01

Títulos:
“Xeque-mate”, de Francisco Ferreira (MG)
X
Avant-garde
(ou uma legenda para Capa de um álbum de guerra)”, de Jorge Augusto Silva (BA)

Título: Xeque Mate (Francisco Ferreira)


Susanna Busato: O poema necessitaria ser mais trabalhado. A imagem de “Excalibur” não encontra referência no que vem em seguida no poema, tampouco na imagem da “Fênix” que a antecede. Há uma vírgula separando sujeito do verbo; não se percebe um efeito de sentido nesse desvio da regra.

Luís Henrique Pellanda: A imagem do poeta como uma Excalibur embainhada na pedra é excelente, e podia ter se desenvolvido de alguma maneira. Mas a expectativa não se cumpre, e o poema termina meio solto, hermético demais, enigmático demais. A referência à fênix, por exemplo, é outra coisa que não se conclui, que não fecha. No final, o “destino” em caixa alta, destacando-se da palavra “preDESTINOu”, é um recurso desnecessário. E há que se tomar um cuidado ali com o título, em que está faltando o hífen.

Título: Avant-garde
(ou uma legenda para Capa de um álbum de guerra) (Jorge Augusto Silva)

Susanna Busato: Este poema procura construir a imagem do duplo, tendo como referência o jogo de xadrez, que se amplia como imagem no embate entre o soldado e a guerra. As duas primeiras partes trabalham bem a forma sonora e o ritmo. A parte terceira, no entanto, não é tão feliz nesse trabalho e necessitaria ser repensada enquanto forma.

Luís Henrique Pellanda: Poema bem resolvido, e até elegante, que trabalha com acerto e alguma beleza sombria o tema da foto de Capa. Os paralelos óbvios entre vida e jogo, morte e derrota, xadrez e guerra, são contornados com boas soluções, como o “caminhar para o abismo” sendo “o exercício do soldado quando se move no tabuleiro”; ou a referência à “batalha que se trava/ entre o soldado e o nada”; e principalmente os ótimos versos finais, “(...) o que está em jogo/ é preencher o vazio a socos”. Eu teria escondido um pouco os “fios” do texto, a maquinaria por trás dele, as citações diretas a metáforas e metonímias, ou aos signos e à semiose. Mas é questão de opção, e não compromete o resultado. De negativo, o subtítulo.



Escolha de Susanna Busato: “Avant-garde”, de Jorge Augusto Silva
Escolha de Luís Henrique Pellanda: “Avant-garde”, de Jorge Augusto Silva


PLACAR FINAL: Jorge Augusto Silva 2 x 0 Francisco Ferreira



DUELO 02

Títulos:
“Engatilhados”, de Natasha Félix (SP)
X
“Especular”, de Thiago Carvalho (RJ)


Título: Engatilhados (Natasha Félix)

Susanna Busato: O poema impacta logo no início com uma rima toante e com o ritmo que acentua o valor das palavras e das imagens, e leva a leitura avante. Interessante e feliz o uso da palavra “Capa”, grafada em letra maiúscula como um símbolo que se mistura ao nome do fotógrafo, personagem aludido nos versos seguintes.

Luís Henrique Pellanda: O começo é bastante bom, promissor: “as trincheiras não marcam territórios”. A ideia da trincheira como um corte na terra, um golpe que a fere e ofende a humanidade, é ótima. Na segunda estrofe, porém, os “corações furados de bala” e os “dentes” que “rangem pecados”, me pareceram excessivamente sentimentais, dramáticos, e até moralistas. A partir daí a leitura, para mim, ficou um pouco comprometida por essa sensação, que se repetiu em versos como “marcas sepultadas em sacos fechados/ de um mundo sem eco. /de um mundo sem nada”.



Título: Especular (Thiago Carvalho)
 
Susanna Busato: Poema “redondo” em termos de métrica e rima. Bem acabado.


Luís Henrique Pellanda: A simplicidade, aqui, funciona. Não há muito que apontar, o poema se resolve rapidamente. São eficientes as menções ao olhar dos soldados, que atravessa a foto de margem a margem, e à coincidência entre o preto e o branco do xadrez e os da fotografia de Capa. Espelho e duplo, aliados e rivais, está tudo ali, boa concisão. 

Escolha de Susanna Busato: “Engatilhados”, de Natasha Félix
Escolha de Luís Henrique Pellanda: “Especular”, de Thiago Carvalho

PLACAR FINAL: Natasha Félix 1 x 1 Thiago Carvalho



SITUAÇÃO FINAL DO GRUPO H:



CLASSIFICADOS: JORGE AUGUSTO SILVA (1º) E THIAGO CARVALHO (2º)


CURIOSIDADES

- Todos os participantes que retornaram à disputa após a desistência de alguns poetas ficaram na liderança de seus grupos: Danilo Fernandes no GRUPO A; Adalberto Carmo no GRUPO C e Marília Lima no GRUPO E. Ricardo Thadeu ficou em segundo lugar no GRUPO E, com o mesmo número de pontos que Marília Lima.

- Gerci Oliveira foi a única participante que não pontuou na fase de grupos.

- Os poetas que mais pontuaram na fase de grupos foram: Jorge Augusto Silva, da Bahia (GRUPO H); Marília Lima (de São Paulo) e Ricardo Thadeu (da Bahia), ambos do GRUPO E.

- Dos que foram cabeças-de-chave, somente dois poetas se classificaram: Nathan Sousa (GRUPO A) e Álvaro Barcellos (GRUPO C).

- O poeta Thiago Carvalho, do GRUPO H, se classificou com 3 empates.

- Nenhum poeta de Minas Gerais se classificou; já o Nordeste continua em peso na disputa: Hugo Costa (PB), Nathan Sousa (PI), Raimundo de Moraes (PE), Francisco Carvalho (MA), Ricardo Thadeu (BA), Jorge Augusto Silva (BA).

GRANDE SURPRESA



Chegou a hora, aliás, já passou da hora, né, gente?
NÃO TEM NINGUÉM “MORTO” NO CONCURSO.
Os 16 desclassificados na fase de grupos ganham a chance de uma 

REPESCAGEM.

Sim, é isso mesmo que vocês leram!
Dos 16, 04 poetas irão retornar à disputa, a todo vapor!

A organização chegou a essa conclusão devido o alto nível qualitativo que foi atingido nesta fase de grupos e para tentar reparar, de certa forma, a eliminação precoce de alguns poetas na segunda rodada da fase de grupos, sem que isso tenha sido alertado que isso poderia ocorrer.

Prestem bem atenção, o esquema será o seguinte:
OS 16 SE ENFRENTARÃO E SERÃO JULGADOS POR 3 JURADOS. LEMBRAM DAQUELE RANKING DA SEGUNDA ETAPA? POIS ENTÃO, SERÁ ASSIM: PONTO A PONTO, DÉCIMO A DÉCIMO. OS QUATRO PRIMEIROS AVANÇAM DIRETO PARA AS SEXTAS DE FINAL (QUE ERAM QUARTAS).

EM CASO DE EMPATE NO RANKING DA REPESCAGEM, OS CRITÉRIOS SERÃO:
1º PONTOS ADQUIRIDOS NA FASE DE GRUPOS
2º PONTOS ADQUIRIDOS COM O HAICAI
3º POSIÇÃO NO RANKING DA SEGUNDA ETAPA

O 1º LUGAR ENFRENTARÁ O 4º LUGAR
NAS SEXTAS DE FINAL.
O 2º LUGAR ENFRENTARÁ O 3º LUGAR
NAS SEXTAS DE FINAL

Será uma disputa e tanto! Afinal, grandes poetas são esses 16 que não avançaram para as oitavas. Esta repescagem será uma espécie de oitavas de final mais difícil para esses poetas.

Os poemas deverão seguir a mesma temática e o mesmo prazo estabelecido para os classificados na fase de grupos. Ou seja:

TEMA: “MULHERES DE CHICO”
PRAZO: ATÉ DOMINGO, ÀS 20 HORAS

Vejam, agora, como ficaram os confrontos das oitavas de final como será a perspectiva das próximas fases de mata-mata:




*o repescado que consta na semifinal será da fase do terceto final. Na ocasião, será devidamente explicado quais serão os critérios necessários para ser repescado, com antecedência. 


BOA SORTE A TODOS!


AUTORES S/A

6 comentários:

Anônimo disse...

Um show! Algo de primeira linha, grandeza! jurados punks que dão outro show a parte! super recomendo esse blog!!! Parabéns a todos!

Cinthia Kriemler disse...

Como não sou " repescada", posso dizer. O sistema de pontuação em rodada de três foi bom, mas o fato de serem dois jurados, não, o que acabou deixando muita gente boa de fora. Por pontos, não por mérito ou demérito. A repescagem vem corrigir um pouco isso. Acho que foi legal fazer isso, Lohan!

Anônimo disse...

Liga não, Lohan! Isso é coisa de poeta que está se dando bem no concurso e é extremamente competitivo, sabe que nesse time que teoricamente ficaria de fora tem muita gente boa! Super válida sua atitude, desejo sorte a todos!

Gerci Godoy disse...

Este concurso é muito interessante, talvez o melhor concurso virtual dos quais participei. estou contente com a repescagem, embora saiba que meus concorrentes estão melhor pontuados, mas amo escrever, brincar, trocar. Todos nós estamos de parabéns. Obrigada Lohan

André Anlub disse...

Boa noite trupe poética.
Entrei na repescagem e estou muito satisfeito, e caso não houvesse a mesma também continuaria satisfeito. Não acho que altere alguma coisa no final e/ou que algum poeta se sentiu ameaçado de perder o concurso. Quem confia no próprio taco participa sem medo, e sabe que ganhando ou perdendo o que vale/valeu foi a experiência. No fundo, no fundo quem sobrevive é o talento, dentro ou fora de concursos.
Amplexos,
André Anlub

Gerci Godoy disse...

vou me esforçar e dar o melhor que puder, embora ache bem difícil poetar inspirada na poética do Chico. tenho vontade de só ficar escutando as as composições. vale o desafio