Olá,
poetas e leitores!
Antes de qualquer
coisa, lembramos que o dia do poeta foi comemorado ontem, dia 20 de outubro.
Portanto, o Autores S/A abraça a todos os poetas, não só deste concurso, mas
todos aqueles que, de fato, levam a poesia a sério (ah, nem tanto assim
também...) e que tornam as nossas vidas mais leves, doces, alertas, espantadas,
comovidas...
FELIZ
DIA DO POETA!
E
está no ar mais um post repleto de bons poemas do III Concurso de Poesia
Autores S/A! São 32 poetas guerreiros, divididos em oito grupos, lutando pelas
duas vagas que cabem em seus respectivos grupos. Nesta segunda rodada da fase
de grupos, foi proposto a eles que decidissem entre quatro temáticas. São elas:
“espelho”, “o golpe militar”, “facebook” e “casamento”. Estão curiosos para
saberem como ficaram os poemas?
Antes, será anunciado, desta vez mais antecipadamente,
os temas que cada grupo terá de desenvolver na terceira e última rodada da fase
de grupos. Será uma fase decisiva. Quem estará precisando de pontos? Quem já
estará relaxado, com a classificação quase garantida para as oitavas de final?
O tema da terceira rodada da fase de
grupos será:
POEMA
INSPIRADO EM IMAGEM
Esta
temática já se tornou tradicional nos concursos do Autores S/A. Os poetas
precisam “destrinchar” a imagem proposta e, dela, da maneira mais criativa
possível, “extrair” poesia. É muito importante que o poeta fuja do óbvio e
mergulhe fundo nas imagens propostas, pesquisando sobre elas, embasando-se o
máximo possível.
Para
cada grupo, será proposta uma imagem diferente. Poetas, façam a leitura, a seguir,
das imagens que pertencem a vossos grupos:
Os
poetas do GRUPO A terão de se inspirar nesta imagem:
Os
poetas do GRUPO B terão de se inspirar nesta imagem:
Os
poetas do GRUPO C terão de se inspirar nesta imagem:
Capa de “Abbey Road”, Beatles
Os
poetas do GRUPO D terão de se inspirar nesta imagem:
Os
poetas do GRUPO E terão de se inspirar nesta imagem:
Por Francys Alys
Os
poetas do GRUPO F terão de se inspirar nesta imagem:
Por
Kevin Carter, prêmio Pulitzer em 1994
Os
poetas do GRUPO G terão de se inspirar nesta imagem:
“Cotidiano”, Guta Carvalho
Os
poetas do GRUPO H terão de se inspirar nesta imagem:
“Behind the loyalist lines”,
por *Robert Capa (1936)
*Completa, em 2014, centenário de nascimento
Os
poemas inspirados nas imagens deverão ser enviados somente de sexta-feira, dia 24/10/14, até domingo, dia 26/10/2014,
às 22 horas, para o e-mail poesiaautoressa@gmail.com
. (o que não impede, obviamente, do poeta já ir desenvolvendo seu poema desde já).
Por
hora, apreciemos os poemas da segunda rodada e vamos aguardar, ansiosos, os
resultados, que serão revelados nesta quinta-feira!
Desejamos a todos uma ótima leitura e,
claro: não deixem de comentar e votar, no campo dos comentários deste post. A
votação só será válida se o comentarista estiver LOGADO COM A CONTA DO GOOGLE! A votação será iniciada às 20:00 de terça-feira e encerrada às 17 horas de quinta-feira, dia 23/10/14. Ao
final das 3 rodadas, serão somados todos os votos dados e elegeremos o poeta
vencedor pelo voto popular.
PREMIAÇÃO DA RODADA
Nesta
rodada, o poeta Raimundo de Moraes,
que disputa pelo grupo D, ofereceu oito exemplares de seu livro, “Tríade”, assim como fez o poeta Ricardo Thadeu na rodada passada, com o
livro “Trilogia do Tempo”.
Será
premiado 01 poeta de cada grupo – aquele que tiver vencido o duelo por 2 x 0.
Caso dois poetas de um mesmo grupo vençam por 2 x 0 ou haja dois empates em 1 x
1, será premiado o poeta que estiver em primeiro lugar no grupo, somados os
pontos da rodada passada e considerando-se os critérios de desempate.
Boa
sorte a todos!
POEMAS
DA
SEGUNDA
RODADA
DA
FASE
DE GRUPOS
GRUPO
A
2º
RODADA
DUELO 01
Títulos:
“Degelo
de olhos”, de Nathan Sousa (PI)
X
“Eco”, de Jacqueline Salgado (SP)
Título: Degelo de olhos (Nathan Sousa)
O
espelho da sala.
Minha
irmã lendo
Camões em
Braille.
Que
mares sussurram
sobre
o oriente deste
olho
ermo?
Vejo
uma aura alternando
cores,
e o que digo me
decompõe
como o
choro
das camadas polares.
Provei
da água dos becos
e
aliviei o peso do rosto
amaciando
a carne no
anonimato
das coisas
taciturnas.
O
espelho da sala.
Minha
irmã tecendo
clarões.
Título: Eco (Jacqueline Salgado)
Tudo que eu queria agora
era emanar
um eco
profundo e mudo,
cavar no oceano da minha garganta
um tsunami de despalavras
que coubessem exatamente
na primeira linha da voz.
Tudo que eu queria era
escutar os gritos que sufoquei
à beira dos rios
que não deixei escapar por entre a noite
e que hoje reviram-se gelados dentro de mim
como estrelas secas.
O silêncio lateja-me os orifícios.
Tudo o que eu queria agora
era um eco
profundo e mudo
como aquele que se tem
quando se parte os dois lados do espelho.
DUELO 02
Títulos:
“jogo
de um só espelho”, de Bianca Velloso (SC)
X
“A
carnadura dos reflexos da memória”, de Danilo Fernandes (MS)
Título: jogo de um só
espelho (Bianca Velloso)
no
espelho todas as fases da lua
a
deusa tríplice
:
donzela, mãe e anciã
.
.
.
no
espelho todas as faces do medo
o
demônio do tempo
:
ora narciso ora quasímodo
.
.
.
no
espelho todas os interstícios do poema
objeto
mudo que diz quase tudo
reflexo
de um mundo surdo de si
imagem
virtual transmutada
pelo
olhar vago e cego do humano
.
.
.
frágeis
e tácitos fractais de um mesmo espectro
Título: A carnadura dos
reflexos da memória (Danilo Fernandes)
Da
madeira morna de minha cama
o
suor evapora das gerações,
que
já pousaram moribundas,
mórbidas
e pessimamente
forjadas
em seu próprio cinismo
Levanto-me
de minha cama:
esta
testemunha de tantos anos,
que
se entortou no limiar vital
para,
quem sabe, rever a mim mesmo
em
um pedaço fosco de espelho
Mas
meu suco gástrico onde
avós,
filhos, netos e amantes
pululam
ressequidos pelo sol
de
um julho distorcido
pela
vã memória de um velho
me
tolhe o movimento das pernas
e
queima como quem discursa
a
dor acumulada das imagens
Só
com esforço o esqueleto
se
arrasta pelo chão cinzento
E
para diante do retângulo,
mas
eu sou estrutura frágil
paro
me esquecendo dos meus,
mas
sou pintura mal feita:
uma
falsificação disforme
Quem
está neste espelho
é
o mesmo que correu pelo sítio
naquele
verão de 64
antes
da tormenta chegar em ondas,
e
da grande pancada que sangrar?
O
homem que se equilibra
é
mesmo o cara que dançou
com
o amor da vida e se esqueceu
por
um instante do peso da palavra
no
meio de uma rua mal iluminada?
Um
golpe de vida em minha fronte
me
faz andar com pernas de gelo
que
escorregam semimortas
e
me derrubam na mesma madeira
a
madeira rude das minhas lembranças
Ver
o outro que sou eu mesmo
é
peso enorme e impossível de carregar...
Não
sou o remédio de ontem
sou
doença se agravando no tempo...
GRUPO
B
2º
RODADA
TEMA:
“ESPELHO”
situação no momento:
situação no momento:
“Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?”
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?”
(“Retrato”, Cecilia Meireles)
DUELO 01
Títulos:
“defronte”, de André Oviedo (SP)
X
“Coleção”, de Dora Oliveira (MG)
Título: defronte (André Oviedo)
o grande trabalho
do poeta
é colocar
espelhos ocultos
sob o que escreve,
para que o leitor,
à medida em que
vê os versos,
lance sobre si
um olhar breve.
o grande trabalho
do poeta
é colocar
espelhos ocultos
sob o que escreve,
para que o leitor,
à medida em que
lê os versos,
veja quanto de si
o poema descreve.
o grande trabalho
do poeta,
presumo
e insisto:
é fazer ver
e ser visto.
Título: Coleção (Dora Oliveira)
Gosto
tanto de espelhos
que
tenho uma coleção.
O
primeiro foi presente dos meus pais.
Grandioso,
fica no alto da parede.
Não
passo um dia sequer
sem
mirar-me em seu lume cristalino.
Dos
mestres recebi espelhos
polidos
com ciência.
Amálgama
duradoura
que
clareia meus compartimentos.
Narciso
enviou-me um espelho
frágil
e fosco.
Veio
trincado.
A
moldura era belíssima.
Até
a minha gata,
deu-me
um espelho gracioso,
enigmático
e reluzente.
Esfregava
os dedos nos olhos ardidos
pela
poluição do centro da cidade.
Um
velho de chapéu de palha
ofereceu-me
um espelho oval,
desses
ordinários, de bolso.
Disse-me
que “viver
é
retirar os ciscos dos olhos.”
Um
poeta que mora na montanha,
um
cordelista, um cão de rua
e
uma gari alegre, de batom lilás,
aumentaram
a minha coleção
com
espelhos cintilantes,
planos, esféricos,
convexos...
Alguns
raros e excêntricos.
Ainda
faço coleção de espelhos,
troco
com os amigos...
Em
muitos, o tempo deixou a expiração.
Consegui
colar as rachaduras de uns
e
conservo outros embaçados.
Quase
nada se vê neles.
Têm
valor afetivo, pura teimosia e apego.
Presentes
de amores mal passados.
Acontece
de um se espatifar ao chão.
Impossível
restaurá-lo
tal
a profusão de cacos.
Os
cortes são inexoráveis.
Nada
reflete melhor
o
fim de tudo
que
um espelho quebrado.
DUELO 02
Títulos:
“um
estranho no espelho”, de Herton Gomes (RJ)
X
“Retrovisor”, de Hugo Costa (PB)
Título: um estranho no espelho (Herton Gomes)
Quem
é esse trapo?
com
quem me deparo em frente ao espelho
olhar
cabisbaixo
semblante
cansado
estrangeiro
de mim
tão
apodrecido
antes
da primavera
com
cara de fera
com
fome
Quem
é esse homem?
Com
dores na alma
e
no rim
Quem
é esse cão acuado?
Com
o coração enferrujado
boca
com gosto de cárie
quem
é essa barbárie?
Pele
amarrotada
alma
enrugada
de
véspera
tão
antes do tempo previsto
quem
é esse bicho?
Quem
é esse rato?
Que
hoje chafurda no lixo
que
um dia já foi quase um gato
de
pelúcia
de
madame
tão
bem cuidado
e
cheio de astúcia
e
hoje é esse bagaço
esse
vexame
quem
é esse trapo?
Esse
saco de estopa
esse
pano de chão
encardido
fadigado
corroído
pela
falta de paixão
constrangido
derrotado
abatido
de
tanta desilusão
quem
é esse verme?
Que
não ousa me encarar no espelho
esse
porco
que me olha torto
enviesado
olhos
vermelhos
inchados
de
tanto chorar
de
tanto esperar
de
tanto dar murro em ponta de faca
Quem é essa
carcaça?
essa coisa medonha
que
me olha com vergonha e piedade
me
assusta
me
aflige
me
apavora
quem
ele é?
Um
anjo ao avesso
uma
puta
ou
um rascunho de mulher?
Esse
cadáver
esse
covarde
quando
foi que ele morreu?
Quem
é esse trapo?
Esse
velho fedorento
nesse
esboço
nesse
corpo
nesse
rosto de lamento
que
um dia já foi meu?
Título: Retrovisor (Hugo Costa)
São
claros
os
espelhos do tempo:
um
pedaço de melodia
uma
letra
a
lembrança de um rosto antigo
que
ficou pela estrada
e
já não se sabe a forma exata
nesta
manhã de domingo
Se
conserva o primeiro cabelo
que
estas mãos, trêmulas, que hoje vos escreve
um
dia tocaram
tirando
o primeiro vestido
sentindo
o primeiro arrepio
plantando
e colhendo a doçura
ou,
às vezes, o amargo
da
fruta palavra,
quando
tudo
por
um pequeno instante
fez
absoluto sentido.
É
a vida
nos
tatuando as costas:
ora
cruzes,
ora
poemas.
GRUPO
C
2º
RODADA
TEMA:
“CASAMENTO”
DUELO 01
Títulos:
“Dos
amores mais cuidados”, de Álvaro Barcellos (SP)
X
“quem
quer casar com o poeta?”, de Bruno Baptista (RJ)
Título: Dos amores mais
cuidados (Álvaro Barcellos)
Quem
dera eu nunca precise
te
dizer adeus
e
nem ouvi-lo de ti…
por
julgar que os amores
cultivados
nos jardins
mais
densos
mais
caudalosos
mais
cuidados
devam
perpetuar-se
como
convém aos corações
tão
plenos de pulso
–
marco dos amantes
mar
dos amantes
nau
dos amantes
leito
dos amantes
paz
dos amantes
diamantes.
Título: quem quer casar
com o poeta? (Bruno Baptista)
quem
quer casar com o poeta?
pergunta
à mulher da noite
pergunta
à mulher de dia
pergunta
até à que ficou pra tia
pergunta
à mulher de vestido
pergunta
à mulher de saia
pergunta
à sereia mais feia
'prefiro
morrer na praia'
quem
quer casar com o poeta?
quem
'nem morta'?
quem
ao ver a porta aberta
opta
por bater a porta?
DUELO 02
Títulos:
“Velho
novo dia”, de André Barbosa (CE)
x
“casa.mentos”, de Adalberto Carmo (SP)
Título: Velho novo dia (André Barbosa)
O
sol surge lá ao longe no horizonte,
E
galos cantam nos quintais de alguns casebres.
Pequenas
crias nos seus ninhos são nutridas,
O
João de barro dá início à construção.
Buzinas
frenéticas travestidas de bom dia
Berram
e ecoam despertando a multidão.
Pernas
caminham para as suas árduas labutas,
Indo
à luta sem saber quem vai vencer.
Mil
estorninhos fazem balé ao som do vento
No
mesmo instante que mil homens estendem a mão.
Olhos
abrem e fecham ao tocar de amantes bocas;
As
alianças vão fazendo a morada em dedos,
E
dá-se o ensejo da sagrada comunhão.
Título: casa.mentos (Adalberto Carmo)
O
coração,
onde?
Boia
doce em líquido preto
preto & cheio de bolhas
GRUPO
D
2º
RODADA
TEMA:
“CASAMENTO”
“Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.
Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.
Depressa, que o amor
não pode esperar!”
no mar ou no céu
quero me casar.
Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.
Depressa, que o amor
não pode esperar!”
(“Quero
me casar”, Carlos Drummond de Andrade)
DUELO 01
Títulos:
“Quando
você se percebe padrão, e não uma fase”, de Simone Prado (RJ)
X
“Divórcio”, de Isadora Bellavinha (RJ)
Título: Quando você se
percebe padrão, e não uma fase (Simone Prado)
,cama
lençol
cuidadosa
saída
antes
íris
–
um
gato
da
janela do quarto
ganha
os jardins
roupas
rápidos
objetos
recolhidos
descem
escadas
giro
das chaves
carro
e
o lençol de flores
estampado
na memória:
ao
lado –
ninguém
Título: Divórcio (Isadora Bellavinha)
Não há mais muito há dizer.
Aquela vez
juntos
você sozinha no árido deserto das palavras
aquela vez
a secura das palavras:
- não há mais muito a dizer.
A pertinência das contas,
a pertinência dos anos,
a pertinência dos almoços em família
o juramento de amor
pra sempre
diluído em rotina.
Aquela vez
quando te olhei nos olhos
e a ruína dos seus sonhos não estava
e não restava vestígio das coisas infindas
e nada estava pra dentro dos olhos opacos
e nada ficara dos poemas
e nenhum desejo submerso na retina
e nem sequer saudade
e nenhuma memória fingida
e nenhum escombro
e nem mesmo agonia
tudo, meticulosamente apagado
_nada havia.
Aquela vez
você me disse
- não olhe tão fundo.
DUELO 02
Títulos:
“Revelações
para harpa e oboé”, de Raimundo de Moraes (PE)
X
“Tênue”, de Andressa Barrichello (PR)
Título: Revelações
para harpa e oboé (Raimundo de Moraes)
Não
o encontro
sobre
a cama
nem
quando
faço
café
e
torradas
para
dois
Não me encontra
quando digo
onde estive
ou se está
onde sempre
fico
Não
o encontro
quando
me compra
as
flores preferidas
nem
quando
chega
pontual
para
o jantar
Não me encontra
na exposição
de George Tooker
mesmo quando
fazem fila
para me ver
Não o encontro
cara a cara
quando meus olhos
estão nos seus
e meu corpo
é um mapa
E assim
perdidos e cegos
quem sabe
nos casamos
e seremos
felizes
Título: Tênue (Andressa Barrichello)
Quero ir longe
Voar mais alto, mais azul que
as pipas flutuantes emersas no céu do parque
Mas eu careço um amor que abarque
a força do vento na sequência dos dias
sem nunca, em desalinho
rasgar as cores da fina seda
careço um amor que não ceda
E seja invisível cola no cenário infinito e vazio
Porque felicidade das pipas
é a liberdade em haste de palito;
é a segurança do fio e do fito.
GRUPO
E
2º
RODADA
TEMA:
“FACEBOOK”
situação no momento:
DUELO 01
Títulos:
...F@CEBUQUIANA, de Luiz Otávio Oliani (RJ)
X
“Outra
face”, de Ricardo Thadeu (BA)
Título: ...F@CEBUQUIANA (Luiz Otávio Oliani)
a
palavra é táxi
em
disparada
no
universo virtual
entre
“curtir”
“compartilhar”
tudo
é volátil
entre
signos
os
olhos digitam o mundo
mãos
leem imagens
o
que fica do facebook?
poemas
ali nascidos
ganham
vida
se
apenas
se migrarem ao livro
Título: Outra face (Ricardo Thadeu)
Estou
cansado deste ser curtido,
nascido
do outro lado da tela.
Compartilho
o luar da estrada
na
caravela de antigas feridas.
Adormeço
nas remotas páginas
que
cutucam outras falsas vidas.
Assoberbado
e sem tino, espero:
DUELO 02
Títulos:
“Face
to face”, de Marília Lima (SP)
x
“Ode
ao Facebook”, de Gerci Oliveira (RS)
Título: Face to face (Marília Lima)
Em
cliques,
recria-se
a vida
a
foto
a
festa
o
ego
a
frase de efeito
o
prazer
a
notícia
a
solidão
_Cada
qual seu próprio Deus_
Na
tela,
janela às avessas,
debruça-se
o mundo.
Título: Ode ao Facebook (Gerci Oliveira)
Abro a janela da rede
os
dedos percorrem as teclas
feito
jogo de amarelinha
O
pensamento enlaça
moradas
de saber
liames me enredam
degusto
extasiada a força do face
nas entrelinhas descerro máscaras
concordo,
discordo
me
mostro, me escondo
em contornos virtuais
de sombras e luzes
reparto
ideias e sonhos
componho meu tempo
GRUPO
F
2º
RODADA
TEMA:
“FACEBOOK”
situação no momento:
“Eu quero entrar na rede pra
contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar”
Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar”
(“Pela
Internet”, Gilberto Gil)
DUELO 01
Títulos:
“Fenômeno-book”, de Francisco Carvalho (MA)
X
“O
outro lado”, de Desirée Jung (Vancouver, Canadá)
Título: Fenômeno-book (Francisco Carvalho)
quanto
há de flexibilidade e tolerância
na
cose_dura da cadeia social?
há
rédeas ou algum espaço
para
a ingenuidade nessa roda toda?
quem
vê meu perfil,
observa
minha face pelas esquinas?
existe
melhor espaço para ler o futuro
do
que na linha do tempo?
vida,
fenômeno-book aberto...
um
fake me esfaqueia inbox,
meu
sangue escorre
por
vias compartilhadas,
sou
eu o morto no fundo da rede
que
esses homens carregam...
70
x 7 likes podem me ressuscitar.
Título: O Outro Lado (Desirée Jung)
Porque
você me traiu, te deixo com um toque,
uma
fotografia partida, eu e meus sonhos estampados
no
Facebook. Tulipas ao longo do córrego, um abraço,
e
o outro lado da dor.
Porque
você partiu, te esqueço no mundo virtual
numa
revolta contida, na traição de pedras e perdas,
revoltada
pela sorte da outra que sorri para você na internet.
Nunca
me vi na foto sem o seu olhar.
Porque
o tempo passa na película viva das rosas,
a
postagem se despedaça, e muitas pétalas, outrora coloridas,
me
seguem, muitos me seguem, sem saber de fato
que
estou alienada pela vertigem dos flashes clicados por você.
Porque
me acostumei com a falta, e na revelação
de
mim mesma, encontro algo melhor, guardo o retrato feliz.
O
outro lado de mim é o melhor que você jamais conheceu.
Assim
deixo você ir e suspiro pela vida, sem miragem, só.
DUELO 02
Títulos:
“Livro
de faces”, de André Kondo (SP)
X
“Vida
que segue no face”, de Maria Amélia Elói (DF)
Título: Livro de faces (André Kondo)
Capturado
por esta rede
de
tramas sociais
virtualmente
vivo
neste
livro de faces
Minhas
horas escorrem
em
acessos estéreis
a
teatral face a parir
máscaras
de comédia
A
vida em suspenso
as
distantes faces da tela
desviam
o meu olhar
dos
rostos de quem me cerca
Tenho
mil amigos
vou
a mil eventos
participo
de mil grupos
nas
páginas deste livro de mil faces
Na
madrugada
o
desligar do LED
a
tela negra reflete
a
solitária face em epílogo:
Não
me curto
não
me compartilho
não
me reconheço
solicito
a minha amizade
mas
não me aceito.
Título: Vida que segue
no face (Maria Amélia Elói)
é tanta vida cá dentro
que nem mais saio lá fora
vi uma amora florindo
curti o tombo da tia
foto do chefe sem sunga
viral do gato atrevido
receita sem leite ou glúten
vídeo de alguma verdade
troca de delicadezas
ruídos disseminados
quem faz um milhão de amigos
carece sair da toca?
basta teclar um sorriso
postar a selfie e hashtag
filho namora sem beijo
obesidade chegando
mulher se gruda na rede
jantar à mesa não rola
bebê chorando no berço
tem o bumbum todo assado
e viva a ciberfamília
que não conversa nem briga
não há mais olho no olho
a bike tá encostada
piscina fica vazia
realidade esquisita
confinamento de dores
suor, saliva, temperos
delícias abduzidas
o vício que me consome
partilho tanto cá dentro
que nem sei mais ser lá fora
#vidaquebrilhanoface
#vidadefatoquemirra
é tanta vida cá dentro
que nem mais saio lá fora
vi uma amora florindo
curti o tombo da tia
foto do chefe sem sunga
viral do gato atrevido
receita sem leite ou glúten
vídeo de alguma verdade
troca de delicadezas
ruídos disseminados
quem faz um milhão de amigos
carece sair da toca?
basta teclar um sorriso
postar a selfie e hashtag
filho namora sem beijo
obesidade chegando
mulher se gruda na rede
jantar à mesa não rola
bebê chorando no berço
tem o bumbum todo assado
e viva a ciberfamília
que não conversa nem briga
não há mais olho no olho
a bike tá encostada
piscina fica vazia
realidade esquisita
confinamento de dores
suor, saliva, temperos
delícias abduzidas
o vício que me consome
partilho tanto cá dentro
que nem sei mais ser lá fora
#vidaquebrilhanoface
#vidadefatoquemirra
GRUPO
G
2º
RODADA
TEMA:
“O GOLPE MILITAR”
situação no momento:
DUELO 01
Títulos:
“da
desmemória (ou de um abraço em Galeano)”, de Danielle Takase (SP)
X
“Ossos
anônimos”, de Cinthia Kriemler (DF)
Título: da desmemória
(ou de um abraço em Galeano) (Danielle Takase)
sofremos
de uma doença crônica
(que
em cada organismo manifesta
diferentes
sintomas:
paralisação
dos músculos,
emudecimento
acompanhado de
ensurdecimento,
impotência,
visão
torpe
podendo
esta levar à cegueira
parcial
ou total
da
realidade)
pandemia
:
desde que o mundo é este mundo
há
registros desses casos
(são
inúmeros
incontáveis
mantidos
em quarentena
escondidos
atrás dos muros que levantaram
em
torno de si
em
vão na tentativa de prevenir-se
de
outras doenças
lavando
as mãos com álcool gel
com
cadeados até nas cortinas)
para
esse ar plúmbeo que se respira
não
há registro de cura
até
o presente momento
(boatos
que existem, mas faz-se questão de escondê-los
−
questão de segurança pública −
para
não gerar
falsas
esperanças
nem
agitações
pois
o mote é
tudo
estar sob controle
e
ordem
e
progresso)
é
fatal: sobrevive-se
o
problema não é a doença
são
as sequelas
de
anos de esquecimento
e
perdão
a
história perdoa para cometer os mesmos erros
e
cinquenta anos depois de uma grande mentira
tomada
como verdade
a
desmemória ainda faz
com
que seus contaminados olhem para traz
e
para frente
acreditando
nos mesmos argumentos
cultivadores-conservadores
dessa mentalidade
assim
se desintoxica da culpa
construindo
um discurso de impunidade
cemitérios
lotados de mortes em vida
sem
caixão nem cinzas
somente
grades para todo lado
e
zonas de isolamento às margens
não
se vê não se ouve não se fala
não
se sente nada
além
do medo
sem
saber que já se está doente.
Título: Ossos anônimos (Cinthia Kriemler)
"longe vá temor servil..."
um
fêmur lateja, dilacerado, sob a terra
vermelha
entranhado
ao pó que o sepulta (e que
acoberta
pecados infames, o húmus
fértil
em [nutri]entes mórbidos
:
ela e eles e elas e tantos
adubando
a memória da dor
do golpe
nos
rins, na cabeça, no pau
de
arara respingado de mijos, espermas
plasmas,
fluidos arrancados
sem
gozo
no
pântano subterrâneo, insepultos
|em cárcere
coletivo|
ossos
anônimos não esperam
anistia,
eucaristia profanada pelo algoz
somente
uma lápide, uma carpideira honesta, um
réquiem,
um nada eterno
acima,
no abismo disfarçado em superfície
disciplinadas, moderadas
obedientes botas batem
o calcanhar
em continência
depois
esmagam com o tacão pesado
meninos
e meninas
nas
ruas [úteros maduros
censura,
coação, tortura
e
reação
estudantes,
artistas, operários, gente
alienada, consciente,
amedrontada
e
os alcaguetes
entregando
Marighellas, Honestinos
zés
ruelas
no
Calabouço, morre Edson Luís
— dezoito
anos
com
dezessete, uma menina sem
nome
apanha
do
seu primeiro fuzil
o
fêmur, dilacerado
lateja
DUELO 02
Títulos:
“Golpe”, de Marcelo Asth (RJ)
X
“Espanto”, de Georgio Rios (BA)
Título: Golpe (Marcelo Asth)
Caía o viaduto como tarde,
Era tarde e tudo escurecia.
Os cães soltaram-se
E tinham fome,
Num galope cheio de dentes
Numa rua já vazia.
Como o pior dos golpes,
Como gases sorrateiros,
Tristes trevas debruçaram
Nas estrelas da bandeira.
Torpe golpe traiçoeiro
Das medidas do poder,
Que o controle que se exerce
Sobre qualquer ser que seja,
Só instaura leis de medo
Nos silêncios, gotas frias -
Que pingam na testa fraca
Da estátua da Justiça.
Exílio de todo o riso
na terra silenciosa,
Onde a canção que se canta
Grita muda e poderosa
Pra cobiça dos poderes,
Palavras, forças amadas
Militando em verdade.
Triste golpe limitar
A palavra liberdade.
Caía o viaduto como tarde,
Era tarde e tudo escurecia.
Os cães soltaram-se
E tinham fome,
Num galope cheio de dentes
Numa rua já vazia.
Como o pior dos golpes,
Como gases sorrateiros,
Tristes trevas debruçaram
Nas estrelas da bandeira.
Torpe golpe traiçoeiro
Das medidas do poder,
Que o controle que se exerce
Sobre qualquer ser que seja,
Só instaura leis de medo
Nos silêncios, gotas frias -
Que pingam na testa fraca
Da estátua da Justiça.
Exílio de todo o riso
na terra silenciosa,
Onde a canção que se canta
Grita muda e poderosa
Pra cobiça dos poderes,
Palavras, forças amadas
Militando em verdade.
Triste golpe limitar
A palavra liberdade.
Título: Espanto (Georgio Rios)
Tudo não passou de espanto.
A hora arbitrária, arraigada nos gritos
resvala nas sombras,
sob o som das botas.
É verdade, eles "entraram em nossos jardins",
mas, não temamos,
isto não passou de espanto.
Não temamos assim:
os sons das sirenes,
o choro noturno dos filhos,
o descarga no peito
o escuro vão dos corredores.
Sim, “eles roubaram nossas flores”
na mansa hora dos cordeiros, não temamos.
Não temamos, sobretudo,
para que não viremos fotos,
emolduradas e frias,
afagando as lembranças fortes
com a migalha das flores.
GRUPO
H
2º
RODADA
TEMA:
“O GOLPE MILITAR”
situação no momento:
“Pai, afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue”
(“Cálice”,
Chico Buarque)
DUELO 01
Títulos:
“Guernica”, de Jorge Augusto Silva (BA)
X
“Epopeia
muda”, de Natasha Félix (SP)
Título: Guernica (Jorge Augusto Silva)
‘cai
como um corpo morto cai’
do
décimo quarto andar
do
edifício João Goulart na Rua Chile
os
sonhos todos despedaçados no chão
como
um quadro de Picasso
outro
corpo encontrado esquartejado
dentro
do saco de lixo na Avenida São João
um
frigorífico abandonado, esquina da rua Freire Neto
produzia trezentos
quilos de ossos, sobras e restos
no
subsolo do edifício Campos Sales
José
Silva todo amarrado em arame farpado
tenta puxar
na memória uma oração
pede
perdão de nenhum pecado
mas
o sangue que escorre lava
seu
corpo em extremunção
uma
mão sem os cinco dedos acena adeus na esquina
da
rua Castelo Branco com a Costa e Silva
o
agente da DOPS chuta-a para o bueiro
no
fim da madrugada nuvens despencam água
lava
o vermelho dos homens e da bandeira
-
os de preto vão para suas casas
o
sol anuncia a ressaca da noite que acaba:
corpos
não identificados serão encontrados
enchendo
de vazio os porta-retratos.
Título: Epopeia muda (Natasha Félix)
Chove.
Não se ouve nada
além das cantigas de ninar
pesadelos.
Chove
grosso.
Chumbo molhado
Desacato
silenciado:
entre quatro paredes
sangue
num prato.
Nas
ruas, o burguês obedece
Aqui
dentro arde
O instante
Interminável
Do não.
O
camarada perguntou
“Qual
a direção do teu medo?
Pra
lá onde há
Condecorações e fardas
Ou
no fundo do cômodo,
Junto
ao escombro,
Debaixo
da mesa?”
Meu
medo não abre o guarda-chuva
Resfria
o corpo
Mas
enfrenta o desespero
Agudo.
Luto.
DUELO 02
Títulos:
“Da
impossibilidade mnemônica”, de Thiago Carvalho (RJ)
x
“Deportação”, de Francisco Ferreira (MG)
Título: Da
impossibilidade mnemônica (Thiago Carvalho)
O
sonho hippie me ninou...
(...reticências...)
(...reticências...)
(...reticências...)
...o
sonho yuppie me beijou.
Desperto,
Recordo
Somente
Quase-sonhos...
Título: Deportação (Francisco Ferreira)
Falas
de vidro estilhaçadas
abrem
portas, criam vácuos
para
a tortura se aninhar.
Aves
de rapina
sobrevoam
mentes e corações
cassando-os,
sustentam-se deles.
Harpias
fecundam ovos goros
construindo
teias no entrelace de suas presas
(m)atam-nas
em masmorras.
Ventos
de chumbo desfazem
as
tramas da bandeira
de
fio em fio, leva de mim, a Pátria.
Para
longe...
48 comentários:
''epopeia muda'' de Natasha Felix
Vida que segue no face (Maria Amélia Elói), Guernica (Jorge Augusto Silva) e Da impossibilidade mnemônica (Thiago Carvalho) são os melhores!
Mas fico com o "vida que se segue no face" pq fazer um poema com esse tema é difícil, e ela trouxe uma leveza boa de ler.
"Fênomeno-book", poema fenomenal sobre um tema dificílimo. Parabéns, Carvalho.
Fenômeno book de Francisco carvalho
fenomeno-book,um poema maravilhoso que nos faz refletir sobre essa era digital nas redes sociais...muito bom!!
Francisco Carvalho responde agora perguntando: quem é ingenuo? Ninguém. Esse poema é de uma maturidade, que só as crianças podem conservar, e crianças hoje em dia sabem mais que os adultos em termos de vida virtual, e virtuosidades.
Voto em "Fenômeno-book", de Francisco Carvalho, pelo conjunto do poema. As imagens suscitadas na penúltima estrofe são boas, e a quebra do paralelismo semântico, o humor e o tom de ironia do último verso tiram o poema do óbvio. Gostei!
Estamos na era digital, mas a poesia continua se impondo neste mundo pós(ou ultra)-moderno. E Carvalho Júnior acertou em cheio em cada palavra e em cada verso.
Fenomeno book de Francisco Carvalho
Voto nesse fenômeno contemporâneo, que é o poema Fenômeno-book, de Francisco Carvalho.
Voto no "Fenômeno-book" de Francisco Carvalho!
voto no poema Fenômeno-book, de Francisco Carvalho.
Eu voto no poema "Fenômeno-book", de Francisco Carvalho !
O meu voto vai para o "Fenômeno-book", de autoria do poeta Francisco Carvalho.
Achei incrível o poema do André Kondo, Livro de faces
mas
seguindo a minha regra de votar em quem faz chorar, desta vez o voto vai para:
um estranho no espelho (Herton Gomes)
poema maldade esse.. rsrsrs
Voto no poema "Fenômeno-book" de Francisco Carvalho.
Fenômeno-book, incrível, de Carvalho Junior
Fenômeno-book, do incrível Carvalho Junior
"Fênomeno-book", poema marcante e de uma grande potência cultural... Francisco Carvalho, abraço.
"Fenômeno-book". Francisco Carvalho.
Me encantei com todas os trabalhos, em especial aquele cujo tema é: golpe militar, mas o de Francisco Ferreira, ganha meu voto, "Deportação"
Eu voto em Fenòmeno-book de Francisco Carvalho
Boa tarde,
A segunda leva de poemas ainda não me surpreende. Quero que me derrubem da cadeira. Nada.
Panoramicamente, os mesmos poetas, a mesma cadência. Pé medroso na tábua.
Destaco os poemas sobre o golpe. Takase, a melhor da última leva, derrapou em seu ‘desmemória’ nesta leva. Em ‘Ossos anônimos’ sente-se a dor época tematizada, a qual eu enfrentei e sobrevivi. Dilacera o fêmur entreposto à memória do leitor.
‘Golpe’ não descortina um jogo de palavras tão feliz, como o poeta fez na última leva. Em compensação, encaixa um desfecho arrebatador.
‘Guernica’ é meu eleito da leva. Um retrato que se associa magistralmente ao golpe militar. A fragmentação de um poder, de um povo. Embora o poeta ainda peque em algumas figuras de linguagem mal construídas, o todo não se dilui.
Os poemas sobre ‘facebook’ me decepcionaram (talvez seja devido meu ódio por redes sociais). Destaco apenas ‘vida que segue no face’, que tem um epílogo fantástico. ‘Livro de faces’ estaria no mesmo patamar se o poeta não optasse por um linguajar corriqueiro em seu desenvolvimento. O desenlace é o ponto alto, mas não salva o poema.
O poema que fez gracinha com o @ no título acredito ser o pior de toda a leva. Soa como dica em rodapé de livro didático para alunos do fundamental.
Casamento é escolha de gente insana.
Não existe poesia em casamento. Então o que se vê? Poesia sobre separação. Poetas em sintonia com o mundo real. Destaco ‘revelações para harpa e oboé’ e ‘quando você se percebe padrão, e não uma fase’. Não são grandes feitos, mas permitem vozes às entrelinhas, o que é essencial em qualquer poema de qualidade. A poeta Isadora incorreu no mesmo pecado, em ‘Divórcio’: encher linguiça. Está entre os sete pecados capitais da escrita poética, moça. Se bem que, visto pelo seu título, todo divórcio é extenso e cansativo. Os cacos sanguinolentos do Adalberto quase pescaram minha atenção. Senti falta de algo mais, sem que quebrasse a estrutura minimalista. Mais um pecado capital. Vou explicar uma coisa, poetas. Copiem e colem em seus arquivos protegidos, em letras garrafais: vimos dois exemplos contrários e negativos de como se fazer poesia. Um opta pela extensão em demasia. O outro, pelo minimalismo leminskiano que não chega nem no esporão do Leminski porque ausenta o elemento de impacto. Ser menos pode não significar ser mais caso o elemento de impacto inexista.
Espelho espelho meu, quem é melhor crítico do que eu?
Espelho remete a poemas introspectivos, com graus psicológicos sobressalentes ao físico. Não foi o que li. ‘um estranho no espelho’ é exemplo de uma repetição maçante de adjetivações. Outro pecado capital. Adjetivo e poesia não combinam pior ainda quando são escritos às pencas. ‘Coleção’ peca pelo tom narrativo excessivo. Lirismo não significa rima, mas há de se buscar lirismo por outras vias. A poeta talvez seja exímia contista. Salvo apenas a intencionalidade. ‘defronte’ é um meta-poema inteligente, de repetição semiológica proposital e válida. ‘ecos’ não cria uma imagem convincente e ‘degelo de olhos’ segue a mesma linha, invocando uma imagem que foge entre os dedos do subjetivismo exacerbado.
Difícil apontar favoritismo. Percebo muita regularidade e comodismo e pouca ousadia. Sair da zona de conforto faz nascer verdadeiros poetas. Após a leitura da terceira leva, me sentirei mais seguro em emitir uma opinião sobre o favorito da competição.
Me aguardem.
Cordialmente,
F.N.V.
Mais uma obra de arte/palavra de Carvalho Junior! Muito criativo o poema "Fenômeno - Book", também muito inteligente!
Gostei muito do poema "Fenômeno-Book" de Francisco Carvalho, então é o meu voto
"Fenômeno book" de autoria do poeta Francisco Carvalho.
Sem dúvida, meu voto vai para "Fenômeno-book", de Francisco Carvalho.
Voto no poema "Fenômeno-Book" de Francisco Carvalho.
Meu voto é para poema "Fenômeno-Book" de Francisco Carvalho.
Voto no poema Fenômeno Book, de Francisco Carvalho
Voto em Deportação, de Francisco Ferreira
Fenomeno Book de Francisco Carvalho.
Fenomeno Book de Francisco Carvalho.
Eu voto "Fenômeno-Boock" Francisco Carvalho
Voto no poema fenomeno book de francisco carvalho
poema muito interessante emocionante voto Francisco Carvalho
poema muito interessante emocionante voto Francisco Carvalho
eu voto fenomeno book do poeta francisco carvalho
Voto no poema "Fenômeno-Book" de Francisco Carvalho
voto no poema "Fenômeno-Book" de Francisco Carvalho.
voto no poema fenômeno box do amigo Carvalho júnior
voto no poema "Fenômeno-Book" de Francisco Carvalho
Novamente Jorge Augusto deu prova de sua excelência. Sua "Guernica" é de uma maestria admirável em se tratando de poema/redação para concurso. Pra mim sua arte distancia-se mais da de seus colegas pela abrangência da visão nos infinitos meandros da forma.
E gostei também deveras da leveza madrigal do poema do André Oviedo.
Meu voto é para poema "Fenômeno-Book" de Francisco Carvalho.
voto no poema "fenomeno book de francisco Carvalho
eu voto no " fenômeno book" de Francisco Carvalho
voto no poema "Fenômeno-Book" de Francisco Carvalho
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