quinta-feira, 17 de março de 2011

Tra la la la - Carmen e a Ópera "é" de todos.


Amigos leitores,

Ópera é o assunto de hoje. Complexo sem dúvida; mais do que parece, muito menos do que se acredita. Maravilhas da  sensibilidade e da criação humana costumam contrariar o gosto do senso comum e, infelizmente, até de "conhecedores" do tema, ou seja, de quem se esperaria o mínimo de reverência. 


O repertório operístico é o modelo de contradição mais perfeito, se confrontado com os valores (ou a falta deles) na sociedade contemporânea. Na ópera não encontramos soluções fáceis, mesmo para a maioria das árias e cabaletas não se costuma(va) ganhar o público se rendendo por exemplo aos modelos harmônicos e à leveza melódica das operetas. Contrariando a idéia anêmica e simplista que habitualmente se faz da Ópera, o gênero oferece configurações diversas de acordo com o tempo. Temos a ópera barroca, clássica, romântica; e as nacionais, italiana, francesa, alemã, inglesa, portanto, o gênero na sua realidade dramática, musical e histórica está muito longe de se limitar ao sempre esplêndido "Fígaro, Fígaro, Fígaro!" (Largo al Factotum), ou ao bel canto verdiano, o que não se trata (POR FAVOR!) de um comentário pejorativo, muito longe disso (!), pois adoro Rossini e Verdi, a despeito de alguns "intelctualóides" metidos à besta que julgam obras como Carmem, Barbeiro de Sevilha e La Traviata como exemplos de uma cultura ultrapassada. Mas sobre isso ainda falarei em outra ocasião.        


Não é por acaso que nas coleções lançadas para venda em bancas de jornal ou nos domingos, na compra de um determinado jornal, o primeiro título é Carmen, quando não o segundo. Sempre mencionada como a ópera mais popular, de fato vários trechos - atenção, eu disse trechos - dela são bastante conhecidas, como também são bastante populares muitos coros e árias de Verdi. Mas entre o público de ópera, Carmen não é mais popular do que La Traviata (Verdi), Madamma Butterfly (Puccini), A Flauta Mágica (Mozart), ou até mesmo obras integralmente desconhecidas do público leigo como La Gioconda, de Ponchielli. Para os amantes de ópera, ambas se igualam em popularidade.



O enorme reconhecimento, mais do que merecido, que recebeu Bizet através de Carmen não é o motivo pelo qual a obra lírica mais conhecida do repertório francês protagoniza meu primeiro post sobre ópera. Eu já havia programado um post, mas sobre as origens do gênero, porém, quando soube da estreia de Carmen no cinema decidi alterar meu plano original.



As origens da ópera Carmen estão na literatura. Um conto do escritor francês Prosper Mérimée adaptado pelos libretistas Ludovic Halévy e Henri Meilhac para o teatro cantado alçou a abrasiva cigana das páginas do romantismo para os palcos do mundo lírico. Deu-se a explosão. Mas há muitas controvérsias sobre o sucesso de Carmen entre os contemporâneos de Bizet, este revelando-se amargurado como se lê numa carta enviada a um amigo: “...para ter sucesso (...) é necessário estar morto ou ser alemão”.  Provavelmente o gênio francês se referia à Wagner, que na época dividia com Verdi a hegemonia diante do público.


Mas há historiadores que analisam a tese do malogro de Carmen na estreia, dia 03 de março de 1875, de forma a entender que a recepção do público pode ter sido aquém do que se esperava, o que não quer dizer que a ópera tenha sido um fracasso total, levando em conta que a primeira temporada somou 37 apresentações, número considerado expressivo para uma ópera estreante. 




Carmen foi encomendada pelos responsáveis da Opéra-Comique de Paris, mas onde a trágica história da cigana assassinada por um ex-amante obsessivo se encaixaria num teatro notabilizado por suas comédias embaladas em plumas para o entretenimento inofensivo  dos parisienses de família?

Semana que vem continuaremos.

Abraços e até quinta-feira!

 XXXIII
           










                         

Os piores livros E-VER!

Olá, queridos Autorizados,
desculpem o sumiço horrível, mas esse início de ano tem sido especialmente difícil para mim (TT). Muita correria, work, work, work! Para celebrar o início das minhas postagens nesse ano, gostaria de (re) postar uma das primeiras listas que fiz na nossa rede social Letrados de Nova Friburgo (e do Brasil todo hauhauhau). Ela é de 9 de outubro de 2009 e foi feita a partir de algo que aconteceu comigo na xerox da Estácio, no campus West Shopping.

Bjocas, good to be back com as listinhas mais fuleiras da net! 


Letrados,


Adoro uma listinha... Os melhores isso, os piores aquilo... E segunda-feira, quando estava na xerox do campus West Shopping (em Campo Grande) tive um momento de alegria besta, aquela felicidade que invade ocoração, aperta o peito e te emociona, sabem? Eis que olho para os livros que estavam, graciosos, no display e o que encontro, na promoção, meu povo? Um livro do José Sarney. E pra quem já está se perguntando o porquê de tamanha felicidade... Claro que não foi por ter visto a "magnífica" obra literária (argh!), mas por ter ouvido algo lindo, poético de uma das meninas da copiadora. Eis o diálogo:


EU: "Cruzes, um livro do Sarney, que mau agouro!!!!!"
A MOÇA DA COPIADORA: "E olha que está em promoção, nunca vendemos um, esse, nem de graça!!!!

Lindo, não? Só tenho uma coisa para dizer para a versão escritora do senadorrrr: "Volta pro mar, oferenda!" Sem ofensa às oferendas, please.

Bem, como A-DO-RO vcs, vou dar uma listinha com os piores livros ever. Muito fácil dar uma lista dos bons, "bão mermo" é uma listinha dos "brabu". Se vc tem coragem, segura na minha mão e, vamos juntos!!!!!!



 Série Sabrina, atire a 1ª pedra quem nuca leu!!!!!



Ela é simpática, é de Nova Iguaçu e tals, mas aí escrever um livro de "memórias"... Acho que a capa já diz tudo né, pessoal?



Onde esse mundo vai parar,minha gente?



A véia era doida, talentosa e engraçada, mas, "péraímermão", o que vc faz se ganha uma biografia da Dercy de aniversário?




Livros da Barbara Cartland. Nada contra, nunca os li, mas uma vez vi uma foto da Barbarazinha na sua mansão, toda rosa, ela, a mansão, os cachorros que estavam em volta... Aff. Traumatizei.



Um minuto de silêncio.
Mais um minuto, por fafor.


Esse é fofinho. Nem só de James Joyce e Clarice Lispector vivemos nós, não?



Tenho um carinho especial por esse. Li quando tinha 13 anos, quem gongar perde três pontos na AV2.

E, como estou MORRENDO de ansiedade para o novo filme do Freddie Kruger, uma imagem de terror pra ninguém dormir tranquilo hj. O nosso ilustre imortal da academia brasileira de letras:
         Afffffffff!!!
Bjocas e até amanhã!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!










quinta-feira, 10 de março de 2011

"C" de Cinema


Era uma vez um cinema brasileiro 
que se chamava ópera...

"C" de Carmem

Mais de meio século depois... 

...Eis a ópera que passou a se chamar... Cinema! 





Conteúdo alternativo nas salas de projeção é uma tendência mundial, porém, já há alguns anos o MET (Metropoitan Opera House) tem suas produções exibidas (ao vivo!) nos cinemas. É isso mesmo, o que o público assiste na casa de ópera, os espectadores nos cinemas também assistem, simultaneamente.



Será que está chegando nossa vez afinal, amantes brasileiros da ópera? Sinceramente, não sei. Mas é fato: a rede Cinemark, com exclusividade, exibirá em todo o Brasil a obra mais famosa de Georges Bizet. Os ingressos estão sendo vendidos desde fevereiro.  

Carmem será exibida nos dias:    


12/03 - sábado às 19h

13/03 - domingo às 17h

15/03 - terça às 20h

20/03 - domingo às 17h

O preço para alguns parecerá salgado, R$50,00 (inteira) e R$25 (meia entrada), mas só a partitura extraordinária de Bizet vale isso e muito mais, imagina encenada, e vista no cinema!


É bom lembrar que não serão exibições ao vivo, mas uma apresentação gravada. Bem, nada que diminua o prazer inesquecível de se ver e ouvir uma obra tão esplêndida.


Não percam!


Semana que vem estarei no Autores S/A com um post especial sobre a obra mais famosa de Bizet. Aguardem!



Camillo Landoni

XXXII


quinta-feira, 3 de março de 2011

Deuses e Monstros - Final


Bom-dia, tarde, noite, e semana, amigos autorizados!


Depois de celebrarmos na Grécia... passamos por Roma? humm... Depois de dançarmos como bobos felizes nas brechas profanas da Idade Média, e atravessarmos o Atlântico com os europeus que fincaram seus pavilhões e símbolos de fé no nosso chão carnavalizado pelo canto e pela dança dos índios, índios mesmo (!) nada de fantasia, continuaremos nossa "histórica" viagem. 

Venham e deixem o mar, 
que não morre nunca, 
         nos arrastar...         

"E além do rio andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante os outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então para a outra banda do rio Diogo Dias, que fora almoxarife de Sacavém, o qual é homem gracioso e de prazer. E levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se a dançar com eles, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem fez ali muitas voltas ligeiras, andando no chão, e salto real, de que se eles espantavam e riam e folgavam muito."


Pero Vaz de Caminha. 


"Sei que há léguas a nos separar, tanto mar, tanto mar..."
-






"Escravo fugido, um louco varrido, vou fazer meu festival, 
mambembe, cigano, na boca do povo, cantando..."
-




"Com a lança e o elmo em fogo de Santelmo 
Vendo o marador a meiga Saruí
Transtornou-se em flor de cambuci
Tingida de aniz marijuana"





"Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!"






"- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
- Que eu quero morrer no seu bloco...
- Que eu quero me arder no seu fogo."







"É sol e chuva, é penumbra e luz
Meu corpo está gelado e queima
Pode acontecer
Podes vir me procurar
Posso não estar aqui."




"Alô, liberdade
levante, lava o rosto
Fica em pé
Como é, liberdade ...
Vou ter que requentar
O teu café."




"Em toda canção
O palhaço é um charlatão
Esparrama tanta gargalhada
Da boca para fora
Dizem que seu coração pintado
Toda tarde de domingo chora"






-
"Io faccio samba e amore fino a tardi
E per adesso non mi sveglio, no"











"No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança"






"Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta-feira sempre desce o pano"



"Eu tenho tanta alegria, adiada,
Abafada, quem dera gritar...
Tô me guardando
pra quando o carnaval chegar (de novo)"


Espero que tenham se deliciado com a viagem.
Um tchau a todos e bom carnaval!

*Acima dos vídeos, versos de Chico Buarque.

Até!

XXXI